Pokémon - Cicatrizes escrita por Golden Boy


Capítulo 6
Fly Away


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo focado no Skarmory. Acho que é um dos que mais gostei de escrever.



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Skarmory conseguia percorrer Johto de ponta a ponta em poucas horas. Além de rápido, ele também tinha uma memória afiada e por isso conseguia chegar em qualquer cidade do país. Por isso a missão de Gold não era nada demais para ele.

    O pergaminho enrolado em sua perna direita não causava desconforto algum a seu vôo, e também não atrapalhava sua aerodinâmica. Ele gostava de se sentir útil novamente a Gold. Desde que o levara a Newbark, tudo parecia ter mudado. Ele entendia a reação de Gold quanto a notícia da fuga de Archer (ele sabia porque ouvia o que acontecia fora da pokébola: uma das mordomias que estar numa great ball lhe proporcionava). E de certa forma, gostava de vê-lo ativo novamente. Mesmo que fosse por circunstâncias extremas.

    Skarmory sentiu uma sensação boa emanando de algo que vinha da mesma direção que ele, e se virou. Um pequeno pokémon rosa com uma cauda longa e olhos azuis estava flutuando praticamente ao seu lado.

    — Com licença… — perguntou o pokémon rosa, com uma voz doce. — você sabe para onde fica a Caverna de Cerulean? Um Zubat me disse que era para esse lado, mas um Pidgey me disse que fica em Kanto! Ele fugiu antes que eu pudesse perguntar a que canto ele se referia…

    — Oh! — exclamou Skarmory, batendo as asas para se manter no mesmo lugar. — Kanto é outro país, naquela direção — Skarmory apontou a direção de Kanto com o bico. — Se quiser, posso te levar lá depois que completar minha tarefa.

    — Tarefa? Que tarefa? — O pokémon rosa parecia genuinamente curioso.

    — Preciso entregar uma carta para um amigo do meu treinador!

    — Treinador… entendo. Você tem um nome, Skarmory? — Skarmory não tinha certeza se tinha entendido a pergunta. Ele tinha um nome, que por acaso era o mesmo de sua espécie! Mas… de certa forma, ele sabia do que o pokémon rosa estava falando.

    — Você por acaso tem? Aposto que nem tem treinador!

    — É verdade — concordou o pokémon rosa. — não tenho um nome, mas acho que é por que sou o único de minha espécie. 

    — Ah… — Skarmory se sentiu culpado pelo tom que usou. — e que espécie seria essa? — acrescentou, com uma sucinta curiosidade.

    — Mew. 

    — Hm… é um bom nome, sabia? — Skarmory sorriu. — Que tal fazermos assim, você vem comigo até Ecruteak e depois eu te levo para Kanto. Vai ser uma boa aventura, não?

    — Sim! — Mew rodopiou, e com isso Skarmory voltou a voar, agora com um companheiro voando ao seu lado. Skarmory apontou a cidade no horizonte, e eles apostaram corrida.

 

+++++

 

    Ecruteak era linda durante a noite. As lanternas penduradas, tsuri-dōrō, se acendiam nos telhados e varandas das casas, assim como as lanternas de pedra montadas em diversas partes da cidade para manter a iluminação das ruas. A madeira escura contrastava com tanto fogo, e dava um tom soturno (mas agradável) à cidade.

    Skarmory venceu a corrida, e pousou na praça no centro da cidade arfando um pouco. Mew veio logo atrás dele, voando ao seu redor e reclamando por sua derrota. Skarmory então olhou ao redor. As ruas estavam vazias.

    O pokémon metálico levantou voo novamente, para localizar o ginásio, e conseguiu achá-lo quase de imediato. Foi até lá, com Mew ao seu lado, e ouviu barulhos do lado de dentro. Ele não recuou, e avançou pela porta.

    Lá dentro, dois homens vestidos de preto e branco cercavam Morty, o homem loiro de roupas roxas.

    — Nos leve à Torre Queimada! — comandava um deles, antes de Skarmory entrar. Morty sorriu com a chegada do Pokémon, que ele reconheceu de imediato. — Um Skarmory?! — O homem que parecia o líder se virou. Ele era ligeiramente mais baixo que o outro, mas era o único que havia se disposto a falar.

    — Skarmory! Então o Gold finalmente resolveu dar sinal de vida. — Morty sorriu, como se ignorasse a presença dos dois intrusos. — Vamos acabar com esses caras. Misdreavus, Dark Pulse! — Com esse comando, um pokémon fantasma emergiu da parede. O Misdreavus lançou uma pulsação sombria num dos homens, que se ajoelhou com a dor. 

    O outro homem tentou alcançar uma pokébola no cinto, mas uma rajada de vento de Skarmory o impediu e o derrubou. O pokémon metálico se virou, procurando por Mew, mas o pokémon rosa havia sumido. 

    — Maldição… — murmurou o homem ajoelhado, com uma pokébola negra em mãos. — Ditto, acabe com eles. — Nem Skarmory, nem Misdreavus puderam agir rápido o suficiente para que esse homem não liberasse seu pokémon.

    Uma gosma roxa com olhos pretos se materializou diante dele.

    — Ditto? — Morty repetiu, sozinho. Ele ajeitou a bandana em sua testa e deu um passo para trás enquanto o pokémon roxo assumia a forma de Misdreavus. Era exatamente igual, menos pelos olhos.

    O Ditto, transformado em Misdreavus, atirou uma pulsação sombria em Morty, que desviou com agilidade. O Misdreavus original se pôs entre o treinador e o inimigo, e foi quando a cópia percebeu que estava cercada. 

    Skarmory lançou duas penas afiadas na direção do Misdreavus falso, mas errou, e as lâminas de ferro cravaram-se na parede de madeira. 

    O Ditto tomou outra forma, então. A forma de um Abra, para a surpresa de Morty. O Abra encostou no treinador, e sumiu com ele. 

 

+++++

 

    — Então o Gold foi para o Planalto Índigo, huh? — disse Morty, com Skarmory ao seu lado. Eles se sentaram na varanda do ginásio, para que o líder lesse a carta. 

 

Morty!

    Desculpe ter sumido do ginásio sem te avisar. Espero que não tenha ido me visitar nesse tempo em que estive fora, porque se você foi, deve ter encontrado as portas trancadas e se preocupado.

    É o seguinte: Eu tô no Planalto Índigo com o Silver, a Crystal e o Lance. O Thomas tá aqui também, para minha infelicidade. Mas nem tudo são flores, não é? 

    Eu só tô mandando essa carta por que é um assunto sério, e eu não posso permitir que ela seja interceptada, então Skarmory vai entregá-la pessoalmente.

    Preciso de uma previsão sua. Preciso saber exatamente o que o Archer quer. Não posso dormir à noite sabendo que ele está livre. Por favor. Eu sei que você odeia usar seus poderes a não ser que seja estritamente necessário, mas nesse caso é realmente algo importante.

    Então… anota aí a resposta do outro lado da carta e envia de volta, beleza? 

 

Gold, da Cidade de Newbark

 

 — Idiota. — murmurou Morty, balançando a cabeça. — Eu não posso fazer uma previsão sem um objeto...

Skaa! — O pokémon metálico grasnou em resposta, mesmo sabendo que Morty não entenderia.

— Hum… a não ser que eu fosse para lá. Skarmory, você acha que poderia me levar até o… — Nessa hora, ele entendeu. A presença daqueles homens de preto e branco não tinha sido uma coincidência. A polícia já tinha prendido o que havia ficado, e o levaram para Goldenrod. Ele faria uma visita à ele, em breve. A Team Rocket, querendo entrar na Torre Queimada? Por que diabos eles iriam querer ir lá?

    Só se eles soubessem do retorno de Ho-oh. Tinha sido há algumas semanas. O pokémon arco íris sobrevoou Ecruteak, e por conta disso todos os religiosos da cidade estavam reclusos em suas casas para rezar. Se a Team Rocket estava atrás de Ho-oh, isso podia significar problemas. Ele escreveu isso no verso da carta, e também disse que não poderia procurar por Archie sem a presença de algum objeto que pertença a ele, mas ele poderia tentar rastreá-lo usando as memórias de Gold. Para isso, ele iria até o Planalto Índigo dentro de três dias, assim que acabasse de investigar a presença da Team Rocket em Ecruteak.

    Ele colocou o papel no mesmo porta pergaminho preso à perna de Skarmory, e o despachou. Não sem antes alimentá-lo com os melhores biscoitos de aveia de toda Ecruteak!

    Skarmory partiu, ainda procurando por Mew.

 

+++++

 

    — Desculpe ter sumido! — gritou o pokémon rosa, surgindo diante de Skarmory em pleno voo. O pokémon metálico se assustou, e quase caiu.

    — Não me assuste assim, Mew! — respondeu Skarmory, retomando a altura.

    — Desculpe. Eu não posso aparecer para humanos! Se eles me veem, eles ficam tentando me prender… são todos iguais.

    — O meu treinador não! Aposto que ele nunca faria isso. — Skarmory parecia orgulhoso.

    — Mas ele te deixa preso! Por que não faria o mesmo comigo?

    — Bem… sim, mas eu gosto de ficar na minha great ball. Eu posso mudar a paisagem, e fingir que estou voando até! E eu ouço tudo o que ele fala… é bem bom, sabia? 

    — Hm. — Mew parecia receoso. — Uma vez eu fiquei numa pokébola, mas era bem diferente disso. Era escuro, e frio. Eles tiraram uma gota do meu sangue antes que eu pudesse fugir.

    — É?! Eles quem? Aposto que foi a Team Rocket! Meu treinador ajudou a acabar com eles!

    — É… talvez. Mas temos que ir! Preciso chegar na Caverna de Cerulea nantes do nascer do Sol.

    — Ah sim. Quase me esqueci! — Skarmory sorriu e voltou a voar na direção de Kanto.

 

+++++

 

    Já era meia noite quando eles chegaram em Viridian. Nesse horário, realmente não tinha ninguém nas ruas. O Centro Pokémon estava aberto, porém. 

    — Mew, estamos em Kanto. A Caverna de Cerulean deve ser aqui em algum lugar, mas eu não saberia dizer onde… desculpe. — apologizou-se Skarmory.

— Está tudo bem. Vou perguntar para aquele Caterpie se ele sabe onde fica! — Mew sorriu com o corpo inteiro. Ele era realmente animado, pensou Skarmory.

— Escuta… toma cuidado. — Skarmory advertiu. Se a Team Rocket estava mesmo atrás dele, e faria sentido eles estarem, afinal ele era o único de sua espécie, ele precisava tomar cuidado. — Se alguém começar a te seguir, me procura. Eu e meu treinador vamos fazer de tudo pra te proteger da Team Rocket, ok?

— Ok! — Mew respondeu, e sumiu. Skarmory olhou ao redor, mas não o viu mais.

No chão de grama diante dele, havia uma pedra azul bonita, cercada por pedras e rochas. Skarmory a pegou com sua pata, e levantou voo novamente para o Planalto Índigo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O que acharam da aparição do Mew? Comentem :)



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