Virtual Love escrita por PJOdasfic


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Eu até poderia explicar as semanas que se seguiram, mas resumidamente elas se basearam em três pontos principais:

1) Eu, Miranda e nossa nova amizade colorida. Depois daquela noite, eu percebi que todos aqueles anos de amizade com ela não foram suficientes para que eu a conhecesse de verdade. Na maioria dos momentos, Miranda era doce, gentil... Mas depois do que fizemos foi como se algo de errado estivesse acontecendo com ela. Mas isso não era o maior dos problemas. O problema era que ela parecia usar o sexo como uma droga, como se aquilo fosse a fazer mais feliz, e isso me fazia sentir culpado, tanto por não ser algo recíproco quanto por não saber a razão dela estar daquele jeito.

2) ‎Frank e Hazel - finalmente - saíram juntos. O encontro havia sido um sucesso, e estavam até mais próximos. Ter um relacionamento, mesmo que só amizade - por enquanto -, como o deles era uma coisa muito desejável. Apesar de ambos se gostarem, dava para perceber o quão eles se respeitavam, deixando tudo acontecer naturalmente, sem se importar com o que os outros pensavam.

3) Com certeza tinha algo entre Nico e Reyna. Qualquer um poderia sentir a química entre aqueles dois, e isso me fazia sentir raiva dela. Poxa, Reyna tinha vários garotos aos seus pés, por que tinha que escolher logo o Nico? Se bem que ele é uma maravilha mesmo, embora devesse ser a minha maravilha.

Mas ele não seria mais, não depois do que eu o ouvi dizendo. Não que eu seja de ouvir a conversa dos outros, mas durante um dos intervalos, enquanto andava pelo corredor, pude ouvir ele cochichar para Reyna:

— Eu não gosto do Solace. – não era ódio que tinha em sua voz, era algo pior, como um tipo de nojo.

Durante umas duas semanas eu fiquei destruído, me perguntando o que eu poderia ter feito para fazê-lo não gostar de mim, ou o que eu poderia fazer para mudar essa ideia que ele tinha de mim. Mas com o tempo, eu percebi que não deveria ficar forçando, mesmo que indiretamente, para que ele gostasse de mim. E que, mesmo ainda gostando dele, eu deveria tentar seguir em frente, achar outra pessoa, qualquer coisa que me fizesse esquecer ele.

Bem, havia Miranda, mas depois do que eu descobri naquela noite, não iríamos mais nos amar.

Era fim de noite de uma sexta-feira, estávamos dirigindo por uma estrada deserta, com uma faixa litorânea no lado esquerdo e montanhas no lado esquerdo, afastada de toda a confusão e agito da cidade. Quando o sol começara a se pôr, Miranda me pediu para que eu estacionasse o carro perto da faixa de areia. Ela ficou em silêncio por um tempo, apenas observando o sol se pôr, até que eu criei coragem e quebrei o silêncio:

— Por que a gente fica se comendo toda vez que estamos sozinhos?

Ela ficou quieta, mas não parecia estar surpresa; era como se já tivesse imaginado essa conversa algum dia.

— Vamos continuar sendo amigos?

— O quê?

— Não vai contar isso pra ninguém, certo?

— Sabe que pode confiar em mim... – falei meio inseguro sobre o que ela iria dizer.

— É como se fosse um calmante. Não sinto tremores, não ouço elas, não me sinto nervosa... tudo fica mais tranquilo quando estou transando. E não, não é vício. Eu simplesmente não sei o que tem de errado comigo...

Suas mãos tremiam enquanto lágrimas pesadas escorriam de seus olhos. Em todos aqueles anos de amizade, eu nunca a tinha visto chorar daquele jeito, desesperada. Enlacei minha mão na sua e perguntei o que estava acontecendo.

— É como estar com um fone de ouvido. No começo elas vinham de leve, como um ruído branco, e se eu tirasse o fone, elas sumiam. Mas daí isso começou a ficar mais forte e quando me dei por mim, já não adiantava tirar o fone. Elas ficam presentes o tempo todo, gritando mais alto do que todo mundo. – falou ela e eu não entendi uma palavra sequer.

— Elas quem?

— As vozes. – como se lesse minha mente, ela continuou: — Isso começou há mais ou menos uns três meses. Pensei que fosse só stress acumulado e não dei bola, mas começou a piorar. Eu pesquisei o histórico da minha família e na parte materna isso é bem comum, quase que hereditário. Mas meu pai não pode saber disso, entendeu? Ninguém pode saber. Não podem. – havia um pânico na voz dela, e eu também estava assustado, mas continuava sem entender nada.

— Que vozes? O que seu pai não pode saber?

— A-acho que estou ficando louca, esquizofrênica, eu não sei o que é, só sei que não é normal. E eu não sabia em quem me apoiar, não aguentava mais suportar isso sozinha e... – ela se interrompeu, tendo outro acesso de choro. Mas quem não teria?

Eu a abracei, sem saber o que dizer para ajudá-la. Uma vez, na escola, fizemos um trabalho sobre isso. Esquizofrenia é uma doença mental na qual a pessoa tem pensamentos ou experiências que parecem não ter contato com a realidade. Não tem cura e pode ser hereditário. Nesse trabalho, ouvimos um áudio de como eram as vozes na mente de um esquizofrênico. É horrível.

Se ela realmente tivesse aquilo, iria precisar de tratamentos e remédios, mas para isso, o pai dela teria que saber o que estava acontecendo. Mas eu entendia o porquê dela não querer contar.

Quando Miranda era pequena, com uns seis, sete anos, sua mãe começou a apresentar os sintomas da doença, e quando o resultado do exame chegou, comprovando a doença, o pai dela deu um pé na bunda dela. Pode se dizer que ele é meio - bastante, na verdade - preconceituoso contra pessoas com algum tipo de doença assim. Acho que, na verdade, o mais doente é ele.

— Ei, seja lá o que estiver acontecendo com você, nós vamos dar um jeito, entendeu?

— Mas e se meu pai descobrir? As clínicas são horríveis. As pessoas de lá se parecem com zumbis. – às vezes nós dois íamos passear escondidos no manicômio onde a mãe dela estava, sem que ninguém soubesse, é claro, e realmente era horrível.

— Nós damos um jeito. Apagamos a memória dele, fugimos, sei lá, mas vamos achar alguma solução, não se preocupe.

Ela ficou em silêncio, apenas fitando o horizonte e estalando os dedos. Então disse:

— Se nós fugirmos, podemos ir para a Itália?

— Itália?

— Ah, sabe como é. Ficar loucão de vinho e tals. – ela riu, e eu também ri, aliviado. Pelo menos uma antiga parte da Miranda antiga ainda estava viva — Mas falando sério agora. Por enquanto eu não tenho nenhum remédio, então eu queria saber se você poderia... entendeu, não é?

— Entendi...

— Eu me sinto uma vadia. E uma louca. Caramba, que droga! – falou ela, dando um soco na porta do carro. Ela suspirou fundo, murmurando algo que eu não fui capaz de ouvir e falou: — Você está gostando de alguém?

Talvez tivesse sido aquele assunto, ou o estalar constante dos dedos dela, ou o meu segredo estando prestes a ser revelado, mas uma dessas coisas - ou todas - me deixou nervoso. E culpado. Caramba, o meu problema comparado ao de Miranda não era nada.

— Estou, mas ninguém pode saber, entendeu?

— Por quê? Você está gostando de uma louca esquizofrênica? – brincou ela.

— Não, estou gostando de um garoto.


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Notas finais do capítulo

E se você gostou do capítulo, não se esqueça de comentar e favoritar, não seja um fantasminha!

—CriaDeApolo



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