When it all began escrita por Rafs


Capítulo 5
Dor


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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No dia seguinte na aula eu sabia que não me livraria tão facilmente de Chris como eu havia o ignorado pelo celular. Quando cheguei, ele e sua trupe de escoteiro não estavam reunidos na frente do colégio como nos últimos dias, ao invés disso ele me esperava com uma pose no meu armário. Pensei em ignora-lo e passar direto, mas ficaria sem o meu caderno para a próxima aula. Acabo então sendo obrigada a parar de frente a um Chris de braços cruzados me encarando o mais penetrantemente que conseguia.

— Por que você chamou ele? – Pergunta ele desconfiado

— Bom dia para você também, flor do dia. – enrolo abrindo o armário na sua cara.

— Bom dia não é importante.

— Então por que chamar seu irmão para ir com a gente no cinema seria? – Ele me observa trocando uns cadernos nos armários pelos que estavam na minha mochila.

— Sei lá, você não é disso. – Seguimos pelos corredores até chega na porta da minha aula. Antes de entrar e voltar a ignora-lo decido dizer uma parte da verdade.

— A gente estava conversando, ele veio me avisar que você não viria como você pediu a ele e comentou que você disse algo sobre ir no cinema, e eu pensei por que não? – Mentira, eu queria

— Como eu pedi, é....? – Ele resmunga

— Sim! E você é amigo dos meninos da reserva, por que não me esforçar para ser amiga deles um pouco pelo menos? – Mentira, eu não estava pensando nele na hora— Além do mais ele é seu irmão, nos conhecemos a anos. Estou indo para a aula não sentindo você me perturbar mais com isso, então pare, ai quem sabe eu não te tire do silencioso?

— Aham... – entro na sala deixando um Chris pensativo para trás, percebo por que não foi capaz de formular uma resposta articulada para a minha implicância.

                                  *                               *                              *              

            Envio uma mensagem a Mary e Stuart que iria no cinema com Chris, deixei de lado os acompanhantes adicionais, mas mesmo assim eles ficam mais aliviados por eu ter companhia. Mas não imagino as chances que Chris teria contra um urso que começou a aterrorizar os moradores.

            Na saída da aula aparentemente esperamos por alguém, ele manda mensagem no celular enquanto aguardamos quem quer que vá com a gente seja. Vejo os garotos do mato se aproximando animados até demais. Fico tonta só de pensar se todos vão com a gente e a besteira que eu fiz, vão acabar nos fazendo ser expulsos do cinema. E me recuso a isso acontecer, é muito próximo da minha casa e o único da pequena cidade. Eles chegam apressados do nosso lado me olhando, Chris logo fica na minha frente olhando ameaçadoramente para eles. Estranhamente me sinto o cordeirinho no meio do grupo. São todos estranhamente altos e em boa forma, até Dylan, como Angel disse que é mais novo é alguns centímetros mais alto. Ele é também o mais calado e quieto do grupo.

— Eu falei para eles para não me acompanharem. Se Sam estivesse aqui vocês estariam encrencados. – Diz um dos garotos. Eles parecem atender ao nome do Sam com algum respeito, mas a falta de presença dele não deu a eles a chance de mudarem de comportamento.

— Não precisa se assustar com a gente não, gatinha. A gente não morde! – Comenta um deles que tinha brilhantes olhos azuis e todos riem, devem ter reparado na minha cara de assustada. Eles eram uma verdadeira multidão.

— Vocês não têm mais o que fazer não? – Pergunta Chris enxotando eles dali, logo vão embora acenando animadamente para a gente. Sobrando apenas um deles, aquele que havia mencionado Sam. – Mor, esse é Jason, ele que vai com a gente.

— Oi Jason, prazer em conhece-lo, sou a Morgan. – Digo sorrindo, sua mudança de comportamento é visível, ele estranhamente fica meio envergonhado, parece ser mais solto ao lado dos outros, mas agora sozinho com a gente parece bem diferente. Ele aperta a minha mão em resposta.

— Prazer. – Ele diz tímido.

            Agora finalmente podemos seguir para o cinema. Jason parece conversar mais confortavelmente com Chris, então acabo ficando quieta durante os 20 minutos de caminhada observando o tempo ao meu redor. Não está tão frio quanto ontem, mas ainda é frio.

            Me pergunto sobre onde estaria Sam, mas a resposta é respondida assim que chegamos. Ele estava encostado no carro no início da rua do Cinema olhando para qualquer coisa, a uns dois metros deles ele abaixa o olhar e nos vê. Ele estava estranhamente bonito. Tinha os cabelos escuros um pouco bagunçados pelo vento, parecia. Usava a mesma jaqueta cor de areia de ontem e uma calça jeans. Quando chegamos ao seu lado ele desencosta do carro para falar com a gente, ou comigo já que ele olha em meus olhos o tempo todo desde que nos viu.

— Oi – Digo feliz por ele ter vindo.

— Oi – ele responde me dando um sorriso lindo, nos encaramos por poucos segundos até eu olhar para o lado e ver Chris e Jason nos olhando estranho. O sentimento que senti no dia anterior volta com toda força, uma atração que não consigo explicar.

— Okay... comprou os ingressos que eu pedi? – Perguntou Chris hesitante para o Sam.

— Aqui. – Seu sorriso bobo some e ele vira para o irmão, Chris checa e entrega um para cada um.

            Seguimos para a fila para comprar pipoca e fico animada, já estava cheia de fome.

— Chris, divide uma pipoca doce comigo? – Pergunto

— Ah não Mor, só a salgada está bom. – Faço biquinho – Não vai me convencer, sabe quanto já gastei com você esses dias?

— Você é muito maall. – Canto para ele. Pago metade do preço da pipoca salgada gigante que iria dividir com ele, e pago o meu refrigerante. Esperamos Sam e Jason comprarem os deles e entramos na sala.

            A sala estava escura, mas ainda não tão fria quanto geralmente fica. Acendo a luz do meu celular equilibrando meu celular na outra mão para enxergar o número do banco. Passo por dois bancos e logo já era a minha, Chris que tinha entrado na fileira de cadeiras na minha frente se senta a minha direita, vejo Sam e Jason sem dificuldades em achar os seus lugares. O de Sam acaba sendo exatamente ao meu outro lado e o de Jason do outro lado de Sam.

            Me concentro no filme e em comer a pipoca. Mas ainda consciente da presença ao meu lado esquerdo. O filme era um de ação bem exagerada e muito palavrão que eu e Chris adoramos e rimos em diversos momentos. Sam é mais contido, mas o sinto rir em algumas partes, já Jason, bom, ele deve estar amando o filme, sua gargalhada as vezes é alta e dura muito tempo.

            Durante o filme, paro de comer a pipoca salgada e vejo algo se aproximando de mim a esquerda, quando olho para Sam, ele me encara com olhos doces e oferece a pipoca, quando vejo, o saco dele era cheio de pipoca com chocolate. Não consigo segurar o discreto sorriso e pego. Finjo que não ligo quando nossas mãos se encostam sem querer, eu recuo a mão para ele pegar, ele pega e depois eu pego outra. Me sinto da idade da minha irmã nesse momento e isso é estranho.

            Esse sentimento é estranho, convivemos por vários anos, não tão próximos por que ele evitava, por que era mais amiga de Chris, por que algo me impedia de me aproximar. Mas agora, parece que um sentimento, que estava guardado, emana por todos os lados me aproximando cada vez mais dele. Deixo o assunto para depois e volto a prestar atenção no filme esperando que isso me distraia.

            Depois de mais da metade do filme sinto Chris se mexer e pegar o celular, ele olha as mensagens, ele perde a parte mais engraçada do filme segundo as risadas histéricas de Jason, e eu acabo não prestando tanta atenção, com ela focada em Chris, ele responde umas mensagens. Ele vira para mim e se aproxima do meu ouvido.

— Tenho que ir, desculpa Mor. – eu fico confusa.

— O que? – Sussurro mais para mim mesma por que ele já havia levantado, passado por mim se aproximado do irmão e falado algo baixo para ele também e ele assim, sai do cinema.

            Em choque eu finalmente resolvo me movimentar e levanto apressada e quase passando por cima das pernas de Sam e Jason. Alcanço Chris já do lado de fora.

— Espera, como assim, Chris? – Digo apressada.

— Desculpa Morgan, o filme demorou mais do que eu esperava, eu preciso ir.

— Sinto que já ouvi essas palavras antes. Ir para onde? – Questiono, a irritação começando a me alcançar. Não é a primeira vez que ele faz isso, e nem a segunda. Há duas semanas ele fez a mesma coisa e voltei andando triste e sozinha para casa, acabei parando no Phil’s e comendo duas casquinhas de sorvete. Ele tinha dito das outras vezes que era só aquela vez e que ele me compensava depois.

— Só dessa vez Mor, não vai acontecer de novo, eu te compenso depois. – Ele diz e se vira para voltar a andar.

— Não, não é! – Digo mais forte e mais alto a irritação ficando forte e a garganta com um nó. O tempo que já estava ruim agora dar sinais mais expressivos de chuva com um grande trovão. – Você já está se repetindo. Por que não pode me dizer para onde vai sempre que some? Para onde foi quando me deixou sozinha no cinema duas semanas atrás? Ou quando me deu um bolo na lanchonete do Phil’s? – O nó na minha garganta fica mais apertado, quase não consigo segurar meus olhos de marejarem – Eu te esperei quase a noite toda lá. – Digo com dor.

A chuva então começa a cair forte como um soco no chão de concreto.

— Mor, por favor me perdoe, eu, eu tenho coisas a fazer. Trabalho na reserva eu não posso explicar. Está na minha hora, desculpa. – Ele diz inseguro do que dizia.

             Ele não ligou, não ligou para a minha dor e se foi na rua escura correndo na chuva forte sem mais. Não seguro mais meus olhos de marejarem e de algumas lágrimas teimosas de caírem. Sua insensibilidade repentina me atinge, éramos tão colados, não faz sentido. Nada faz sentido.

            Me viro rápido e encaro Sam lá, ele me olhava com dor, como se doesse nele me ver assim.

— Por que eu sinto que isso não é culpa sua, sendo que claramente era para ser. – de alguma forma, eu sabia que Sam estava envolvido nesse trabalho estranho que ele dizia fazer na reserva.

— Por que não é. – ele diz se aproximando, ele para a minha frente sem tirar os olhos de mim, levanta as mãos e passa a mão na minha cabeça e acaricia o meu cabelo – Admito que as vezes temos os nossos horários loucos e nossas esquisitices, mas não a esse ponto. Me desculpe ele estar fazendo isso. É por isso que geralmente não nos envolvemos com pessoas de fora da reserva.

— Então por que você ainda está aqui? – Pergunto, ele me olha com ternura.

— Por que não aguento mais não estar. – Sinto a chuva diminuir a chuviscos.

— O que isso significa? – Fungo parando de chorar

— Não se preocupe. Vamos, eu te levo em casa. – Sigo sem pensar muito. Parou de chover e caminhamos em um silêncio confortável os 15 minutos até a minha casa.

— Você quer entrar? – Pergunto, me sinto abatida, eu não fico assim tem muitos anos, não imaginava que isso fosse me doer tanto, me sinto estranhamente sensível e isso me irrita, mas boa parte da irritação vai embora como um sopro de vento com a presença se Sam aqui.

— Não, obrigado, preciso voltar, Jason ainda está no cinema.

— Tadinho, esqueci dele, me senti culpada. – Volto a ficar triste pela minha ação

— Não se preocupe, Jason não se importa, ele estava se divertindo com o filme.

— É, eu vi. – Rimos juntos com nossa risada ecoando pelo silêncio da noite. Ele se aproxima e meu coração acelera estranhamente, ele me dá um beijo na testa.

— Tchau Morgan.

— Tchau Sam.


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Notas finais do capítulo

Um pouquinho mais longo que o normal. Eu queria muito por todos esses acontecimentos juntos em um só capítulo.



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