Amanhecer: Novos Começos escrita por Sarah Lee


Capítulo 3
Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Olha quem chegou! Meio atrasada mas foi por uma boa causa, eu jurooooo u3u
Efim, sobre o cap de hoje, ele me deixou um gosto meio agridoce na boca, tem muito amor e muito drama, então espero que gostem.
Também gostaria de perguntar se vocês gostariam de alguns extras para essa história, eu já tenho algumas ideias em mente mas queria ouvir de vocês também! Quais relações e cenas vocês gostariam de ter desenvolvidas nessa fic que amamos. Lembrando que elas não precisam fazer parte exatamente da narrativa oficial, ou estar em ordem cronológica. Bjocas e boa leitura então ;D



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A minha rotina mudou mais uma vez nas semanas seguintes, quando voltei de Phoenix. Jake já não aparecia mais em casa com tanta frequência, na verdade, eu dificilmente o via, eram apenas ligações e carona do colégio para casa agora. Pelo o que ele me contou, a matilha estava se revezando para ajudar na recuperação de Paul, mas acima de tudo, para vigiá-lo. Todos os dias eles contavam coisas sobre a vida pessoal dele, e sobre a vida com a matilha, para tentar ajudá-lo a se lembrar do que havia perdido. Porém, apesar dos esforços dos lobisomens, ainda não haviam respostas, Paul continuava incomunicável. Toda essa situação me apertava o coração. Os dias continuavam seguindo e eu ficava cada vez mais angustiada por não poder sequer vê-lo, nem a ele ou a Jacob, estava em privação quase total de informações e relações, e isso estava me deixando maluca. Estava prestes a explodir e ir eu mesma para a reserva. Quando já havia levantado da cama, decidida finalmente, o telefone tocou.

— Ei… Bella? — Era Jared que estava falando, sua voz era baixa e urgente.

— Jared? — A surpresa era imensa, eu não esperava receber alguma ligação dele, nem sabia que ele tinha meu telefone. — O que houve? — Fiquei curiosa, estava ávida por informação, sejam elas quais forem.

— Você pode conversar agora? — Ele estava bem nervoso, o que me deixou assustada.

— Claro… — Respondi. — O que foi?

— Não assim, estaremos aí em um minuto — Tentei protestar, mas ele já havia desligado o telefone.

Os minutos se passaram lentos demais enquanto eu esperava, Jared nunca foi o mais próximo de mim, eu pensava mais nele como o melhor amigo de Sam. Talvez o segundo em comando da alcateia. E ele parecia preocupado no telefone. Mas se fosse algo realmente importante, Jake não seria o primeiro que me ligaria? A situação ficava cada vez mais estranha, instintivamente meu estômago começou a se comprimir.

— Ei… Bella…! — Jared chamava na minha janela, e para a minha quase surpresa, Embry estava logo atrás, visivelmente nervoso. Ele ficava vigiando os lados, como se eles estivessem cometendo um crime ao vir me ver.

— Não era mais fácil continuar a ligação? —  Sussurrei nervosa, se charlie ainda estivesse acordado, eu estaria com problemas. 

— Não com Jake vigiando — Ele se afastou um pouco e estendeu os braços. — Tem que ser pessoalmente.

FIquei tanto tempo presa na frase “Não com Jake vigiando”, que eu demorei para entender que ele queria que eu pulasse. Eu vacilei um pouco, não sou do tipo de garota que se joga de janelas nos braços de alguém. Mas a minha curiosidade estava gritando mais alto. Voltei para fechar cuidadosamente a minha porta e trancá-la,  peguei um casaco grosso e me permiti suspirar uma última vez antes de pular, deixando o medo apertar meu peito. Notei minha respiração fazendo pequenas nuvens de fumaça janela afora, a noite estava muito fria em Forks, e me parecia que ficaria ainda mais agora. Peguei um leve impulso e então atravessei a janela em um salto. - Pensando melhor, teria sido mais prudente ter passado tranquilamente por ela, e depois saltando para o gramado. - Então agradeci pelos meus reflexos estarem bem melhores ultimamente. O frio na barriga de pular de tamanha altura me era dolorosamente familiar, eu olhei pra cima enquanto caia pelo ar e consegui ver o mar negro do céu que me cobria. Mas dessa vez, quando eu aterrissei, não havia água gelada. Somente havia calor.

— Você é mais leve do que eu pensava — Jared disse com um sorriso e embry riu, atirando um feixe de luz na escuridão da noite. — Vamos...

Não tive tempo de falar qualquer coisa, os dois dispararam, comigo ainda nos braços de Jared, para a floresta. Fui levada para algum lugar longe de tudo que reconhecia, e por um momento achei que isso seria uma brincadeira de mal gosto dos meninos. Mas o clima sombrio não me deixava achar graça das coisas.

— O que aconteceu? Falem logo! — Estava cansada de joguinhos e de parecer que sou a única que não sei das coisas importantes que estão acontecendo. O frio cortante estava me congelando, apesar do casaco grosso. Mas talvez não fosse o frio o real culpado do meu tremor.

Os meninos se entreolharam antes de falar, como se para confirmar que isso era uma boa ideia. — A situação do Paul mudou... — Embry disse por fim. Ele não me olhava, estava distraído demais verificando, quase que discretamente, nossos arredores.

— Achei que ele estava em um tipo estado quase vegetativo, ou coisa parecida... — Respondi, e por algum motivo isso me pareceu uma bobagem agora que falei em voz alta. Se algo havia mudado Jake deveria ter me avisado. Mais uma vez alguém estava tomando decisões sobre mim sem meu consentimento, e eu achando que já tinha deixado isso para trás.

— Ele não falava, mas conseguia se movimentar um pouco. Parecia entender quando contávamos as nossas histórias para ele, ou quando falávamos de sua família. Algumas vezes, ele respondia com a cabeça, e em outras, parecia não estar ouvindo. Sue ainda não conseguia fazê-lo comer coisas sólidas, e não sabíamos nem ao menos se ele estava com dor ou algo do tipo — Jared confirmou. — Mas alguns dais atrás, ele começou a tentar balbuciar alguma coisa —  Ele tinha parado de falar mais uma vez, e fitava o amigo nervosamente. Jared deu um leve tapa em Embry, a mania de perseguição do outro também o devia estar deixando irritado.

— O que ele dizia? — Um nó se formando na minha garganta.

— Ele estava dizendo seu nome Bella... — Jared me olhou como se não entendesse mais nada. Em contrapartida, Embry desviou o olhar novamente, estava constrangido por algum motivo.

Eu não sei o que eu deveria pensar, ou se devia pensar em algo. FIquei um tempo digerindo as coisa, até eu conseguir formular duas principais possibilidades para o comportamento de Paul. A primeira era que, como eu fui a última pessoa que esteve com ele, o trauma deve ter feito meu nome ficar preso em algum lugar com suas memórias perdidas. Já a segunda, ele me culpava pelo ocorrido, assim como eu me culpava, e só queria esclarecer algumas coisas. Independente de qual fosse o motivo, e quais consequências isso traria a todos, eu já estava nas costas de Embry. Enquanto, como lobos, eles corriam para a reserva. Ainda não sabia qual era o motivo de Jacob não ter me contado toda a verdade sobre o que estava acontecendo com Paul, mas eu já estava cansada de ser a menina protegida. Descobriria a verdade por mim mesma, querendo ele ou não.

Estava desesperada para ocupar meus pensamentos enquanto corríamos, não podia deixar meus joelhos continuarem tremendo, agora que o frio já não era uma desculpa. Os pelos macios cinza-escuro de Embry acariciavam gentilmente a minha pele, e eu me concentrei em passar a mão deles de um jeito quase hipnótico. Só fui voltar a realidade quando chegamos na reserva.

A noite parecia ainda mais espessa aqui, só a luz do hospital estava acesa.

Com os lobos logo atrás de mim, fui me aproximando das portas do lugar, tentando me preparar para o que eu encontraria lá dentro. Se todas as preocupações que eu ouvi até agora fossem verdade, provavelmente seria um péssima ideia me aproximar de Paul. Mas dessa vez, eu prefiro me arriscar do que continuar vivendo em segurança. Estava na hora da princesa descer sozinha da torre mais alta.

— Estamo aqui com você Bella — Embry falou quando eu parei na frente da entrada, me dando confiança. Custei a dar o primeiro passo para dentro do lugar.

A claridade branca, contrastada pela escuridão do lado de fora, me tirou a visão por alguns segundos. Tudo estava exatamente como eu me lembrava quando estive aqui na última vez, com Paul ainda desacordado. Inclusive Sam, parecia que ele não tinha saído daquela cadeira ao lado do leito uma única vez até agora. A sua aparência já estava melhor, mas as olheiras persistiram. Enquanto me aproximava, eu esperei alguma censura vinda dele, talvez ele se levantasse para me tirar do lugar como acredito que Jacob faria. Mas ele apenas me fitou nos olhos impassíveis, e me cumprimentou com um gesto de cabeça depois. Eu pude perceber suas mãos se apertaram uma na outra, quando eu puxei a cortina que separava o leito do resto do hospital.

Paul estava deitado na cama, assim como eu me lembrava. A grande bandagem que ele tinha já havia sido removida, e uma cicatriz enorme rasgava, de fora a fora, seu peito. Ele olhava pela janela quando cheguei, não notando a minha presença, seus olhos não tinham expressão alguma. Inconscientemente tentei me aproximar ainda mais dele, talvez tocar suas cicatrizes, para provar para mim que eram reais. Mas foi quando a mão de Sam finalmente me segurou forte no lugar, e ele negou com a cabeça. Quando retornei a olhar para Paul, ele olhava para mim, e eu pude confirmar que realmente não havia luz no seu olhar. De tudo, isso era o mais perturbador para mim.

— Bella… —  A sua voz era baixa e fraca. Quase inexistente. Ele falou meu nome de uma maneira desconcertante, quase como se fosse uma pergunta. Eu podia jurar que, por um segundo, vi dor nos olhos dele. Mas já havia desaparecido.

— Sim, Paul. Sou eu... — Não sabia até onde eu poderia chegar para não botar a vida de todos nós em perigo. Ou pior, o ferir ainda mais. A mão de Sam ainda me segurava à realidade, eu me concentrava no calor dela para não desmoronar. — Você me reconhece? — A pergunta saiu quase como um sussurro, eu não sabia se ele tinha ouvido.

Se a teoria de Jacob estava certa, então muito provavelmente ele não se lembrava de mim, ou tinha uma vaga ideia de quem eu era. Paul ficou tempo de mais calado, e eu ficava cada vez mais apreensiva se teria uma resposta. Mas depois de uma espera que pareceu uma eternidade, um aceno leve com a cabeça dizia que ele teria me reconhecido. Ouvi um leve suspiro de alívio dos meninos atrás de mim, mas quando virei para conferir, Sam ainda estava tenso. — Você se lembra de alguma coisa que aconteceu na floresta aquele dia? — Não consegui segurar a pergunta, os meninos podiam ter dado toda a informação “por cima” do que havia acontecido, mas só eu conseguiria dar os detalhes. Da briga no carro, da conversa enquanto caminhávamos, do desabafo de seu coração. A luz que eu finalmente tinha encontrado dentro dele. Mas dessa vez ele negou. Meu coração parecia ter despencado no chão, lágrimas começaram a se acomular nos meu olhos enquanto eu me forçava a não chorar. Ele me reconheceu, e eu me agarrei nesse avanço.

Sam me apontou o relógio com os olhos cansados, e eu percebi que era bem tarde. Eu não queria ir embora, mas algo no jeito que ele me olhava indicava que eu não deveria forçar mais. Eu deveria deixar Paul descansar, e respeitar os limites de todos.

— Eu volto amanhã — Prometi mais para mim do que para ele. Paul apenas acenou com a cabeça e voltou a olhar pela janela. Eu já estava prestes a me retirar, quando senti a primeira lágrima escapando. Sam apertou a mão gentilmente no meu ombro e me acompanhou para fora do lugar.

— Foi um progresso... — Ele disse, me confortando. Eu fiquei alguns minutos com a cabeça enterrada no seu peito para me acalmar. Parecia que o peso de tudo que aconteceu nos últimos dias finalmente tinha me acertado. Jacob tão distante, a falta que eu sentia da minha mãe, Paul ferido. Tudo voltou para cobrar seu preço, e o resultado foi eu transbordar em lágrimas. — Pequeno, mas finalmente temos progresso... — Sua mão quente me afagava, e seu calor paternal estava ali novamente para eu me apoiar.

Já haviam se passado minutos quando eu finalmente parei de chorar, e foi nesse momento Jacob apareceu. Demorei alguns segundos, por causa da noite e das lágrimas, para perceber que ele não estava sozinho quando se aproximou. Por alguma razão Leah estava com ele.

— O que ela faz aqui... — Ele sussurrou entre dentes. Jake olhava com censura para Sam, e acredito que tudo ficou pior quando percebeu que eu estava chorando.

— Eu quis vir — Me posicionei, não precisava de ninguém falando por mim. Tentei secar meu rosto molhado para parecer mais confiante, Jake não tinha o direito de estar com raiva agora.

— Nós a chamamos Jacob —  E quem disse isso foi Leah. Eu demorei para a reconhecer quando ela falou. Leah já não era aquela garotinha com olhar afiado que eu conheci no enterro de seu pai, ela havia mudado. Mudado muito. Estava mais alta e forte, os músculos se definindo graciosamente pelo seu corpo elegante. Ela havia cortado ainda mais o cabelo, o que deixava seu rosto anguloso ainda mais feroz e imponente. Eu demorei alguns segundos para teorizar que ela talvez fosse uma loba também. — Acho que já está na hora de você superar suas paranóias — Ela cuspiu as palavras como se fosse veneno para ele.

— Igual a você? — Ele revidou, ainda mais desafiador com o olhar.

— Bella estava segura — Sam falou, autoritário. Foi só então que eu percebi que Jake estava tremendo. — Nós precisávamos tentar isso.

— Não me importa o que vocês pensaram, eu havia mandado não trazê-la! — Os tremores cresciam mais e mais pelo seu corpo. Mas percebi que ele estava se controlando para não transformar tão perto de mim.

— Você mandou? — Leah riu com sarcasmo. — Como se você tivesse autoridade para mandar alguma coisa.

— Você preferia descartar essa possibilidade sem ao menos tentar? Você conseguiria dormir de noite sabendo que seu amigo está sofrendo, e não tentou de tudo só por causa de algo tão improvável? — Percebi nesse momento que era como se Sam ignorasse a existência de Leah e, apesar dela ser bem desagradável, fiquei com pena dela.

— Será que dá para parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui!? — Gritei, pegando os três de surpresa. Estava farta de ser a protegida do grupo, estava farta de segredos e situações que não me explicavam. Eu estava farta das pessoas tomarem decisões sobre mim às minhas custas. — Você! — Encarei Jacob. Com a surpresa da situação ele havia parado de tremer. — Está tarde, você pode me explicar tudo no caminho da minha casa — Virei para agradecer Sam, agora eu lutaria minhas próprias batalhas e buscaria minhas próprias respostas.

 

Andávamos pela beira da estrada como duas assombrações, e apesar do casaco, eu me encolhia de frio. Jacob não fazia barulho atrás de mim, mas eu sabia que ele estava me acompanhando. Resolvi dar tempo para ele elaborar suas respostas e lutar contra seus demônios. Estávamos quase chegando na escola quando senti seu abraço quente me envolvendo por trás, e eu parei um pouco para abraçá-lo de volta, absorvendo o calor que me fazia falta.

Ficamos um tempo parados, ouvindo nossas próprias respirações, até Jacob finalmente encontrar sua voz. — Será que você poderia me perdoar? — A voz grave e rouca vibrando na minha cabeça, e a respiração ardente fazendo cócegas no meu pescoço. — Talvez eu tenha sido um pouco superprotetor.

— Um pouco? — Desafiei, e pude sentir um leve sorriso se formando na minha nuca. Eu não queria brigar ou chorar, estava farta de lágrimas. — Só me conte tudo, ok? A partir de agora e para sempre, eu quero ser informada de tudo que me envolva.

— Chega de segredos — Ele beijou minha cabeça, me fazendo arrepiar.

— Chega de segredos — Eu repeti. — Estamos nessa juntos — E ele finalmente voltou a sorrir.

Voltamos a caminhar novamente, mas agora ele me protegia do frio da noite, como deveria ser.

— Porque você não me contou sobre Paul? — Perguntei enquanto segurava mais forte seu braço em torno de mim. Essa situação era a que mais me machucava.

— Porque eu tinha medo, medo de algo ter mudado — Ele falou, constrangido. Um leve rubor surgindo por baixo da pele caramelo. 

— Mudado nele? — Respondi.

— Mudado em você… — Era visível o desconforto na sua voz. O que em deixou ainda mais curiosa. 

— Isso tem haver com aquela coisa improvável de acontecer que Sam mencionou? — Pela careta que Jake fez, eu sabia que estava chegando onde eu queria.

— Isso… — Ele suspirou, derrotado. — Eu e Leah tivemos uma conversa sobre esse assunto outro dia, e eu criei algumas paranóias — Jake tentou sorrir, mas não foi convincente.

— Leah é uma loba também? — Ele me confirmou com a cabeça. — Então sobre o que era essa conversa? — Jacob engoliu seco por um momento. Pela posição da lua no céu, eu provavelmente faltaria a escola amanhã. Essa noite teria muito para eu digerir.

“Existem coisas sobre os lobos que você ainda não sabe Bella, ou que eu preferia que você não soubesse. Que eu gostaria que não existissem. As lendas, normalmente, explicam sobre nosso passado e criação, mas ela são apenas isso, lendas. Veja, esse conhecimento que é passado de geração para geração, pelas histórias que os sábios nos contam desde que éramos bebês, não são exatamente precisas. As coisas acabam mudando depois de muito tempo, e elas contam mais sobre o ínicio da nossa tribo. Elas trazem muitos pontos e saberes importantes, mas não há como ter cem por cento de certeza sobre tudo que é contado. No final, podem existir variações e outros pontos de vista sobre certos aspectos. E um desses é o imprinting." 

Jacob estava mais nervoso quando continuou. “Eu não sou apenas feito de pele, ossos e calor, sabe? Tem muita sobre instinto em nós, já que, teoricamente, somos metade animais. ‘Filhos da lua’, como as lendas costumam nos referir. Você tem que entender que, existe algo dentro de nós, você pode chamar do que quiser, ‘grande espírito’, ‘força da natureza’, nossa ‘metade animal’. O ponto é que isso que está aqui dentro, e exerce uma força gigantesca sobre mim. As vezes, é difícil controlar os sentimentos que são meus” Jake apontou para o peito. “E que são dele. Por isso que é tão difícil controlar as emoções. Principalmente a raiva. Porque ele potencializa tudo! Não são só as minhas emoções que eu sinto. Mas também não é só de raiva que estamos falando”. Estávamos sentados na floresta na frente da minha casa agora, dentro o suficiente para ninguém poder nos ver. Jake tinha dificuldade de encontrar as palavras certas para continuar. Ele não conseguia me encarar nos olhos e isso me machucava. Mas eu estava tão imersa na história que não conseguia pensar em muita coisa. Quero saber de toda a situação antes de tomar minhas conclusões.

“Quando o Lobo encontra o ser ideal, é raro, mas acontece. É a vontade dele que sobrepõe a nossa. É quando corre o imprinting. É uma questão de instinto, não dá para saber quando ou com quem vai acontecer. Mas quando acontece, é absoluto. O imprinting é o encontro com o parceiro perfeito. É a pessoa que te fará mais feliz, você fica ligado com ela pelo resto da sua vida. E seria impossível ficar mais feliz com essa decisão. Não é como se fosse um tipo de amor à primeira vista, na verdade. Quando você encontra essa pessoa, tudo muda. É como se a gravidade mudasse de repente. Não é mais a terra que te segura no chão, é essa pessoa. Você se torna o que ela precisa que você seja. Um protetor, amante ou amigo. Se torna doloroso se afastar dela, se torna impossível respirar sem ela. É algo como a sua alma gêmea para os lobos”.

— Foi o que aconteceu com Emilly e Sam? — Por um segundo fiquei surpresa com a minha própria voz, era como se não fosse eu que estivesse falando. Parecia que eu era apenas uma espectadora, vendo os eventos se desenrolaram bem na minha frente. Eu não estava mais fisicamente aqui. Jake confirmou com a cabeça, mas ainda não me encarava.

Pensei por um momento em como era a relação de Emily e Sam, e eu me lembro de já ter notado algo diferente antes. Como se fosse impensável imaginar Emily sem Sam do seu lado, ou vise versa. Era como se um dependesse do outro para continuar existindo.

— Por isso eu fico sempre tão irritado com tudo isso, Bella! — As mãos dele haviam começado a tremer um pouco. Mas ele apertou o punho para que eu não notasse. — Eu nem queria ser um lobo, ou fazer parte do bando. E agora, essa coisa dentro de mim pode até tirar a minha chance de escolha! — Ele finalmente me encarou, dor de mais no olhar. O calor havia desaparecido. — As lendas não são exatas, mas existem algumas teorias. De modo geral, pode acontecer no momento que a ligação entre as pessoas é extremamente forte, algo perto do “amor incondicional”. Quando ela está mais “pronta” para lidar com os desafios de viver tão próxima dessa vida. Aquela pessoa que já sacrificou tanto por você, que não há mais escolha a não ser se tornar completamente reverente a ela — Ele parecia mais aliviado agora. Tinha tirado o maior peso do mundo das costas. — Eu só estava com medo de você ter se tornado o “par perfeito” de Paul no final das contas. Eu tinha medo de te perder Bells. — Jacob me puxou para mais perto, me abraçando forte e dando um beijo no topo da minha cabeça. O calor dele me fazendo derreter nessa noite fria, e eu deixei que me derretesse. Estava quase voltando a ser eu mesma quando uma coisa me veio à cabeça.

— E como Leah entra nessa história? — Eu já tinha quase entendido como ela se encaixava nessa trama toda, mas eu ainda precisava das palavras dele. “Igual a você?”, foi o que ele disse para ela. Pelo jeito os dois tinham questões parecidas. Enquanto Jacob falava, algo crescia dentro de mim. Eu não sabia o que era, nem se isso tinha um nome, mas a sensação começava a me parecer familiar de mais. Era algo que eu estava guardando lá no fundo, algo que eu não me permitia mais sentir, e eu não sabia o porquê. Isso estava louco para tomar conta de mim agora. 

Quando eu me referi a Leah, Jake paralisou no lugar. Eu podia ouvir seu coração ficando mais acelerado, e sentir sua mão se fechando com força no chão.

— Leah era a namorada de Sam — Ele falou, com um gosto amargo na boca e raiva no olhar. — Antes dele mudar, e ela também entrar para a alcatéia. Eles estavam namorando há alguns anos, quando Sam conheceu a prima dela. Emilly.

Era como se a minha alma, que estava voltando lentamente para meu corpo, fosse, de súbito, puxada pela gravidade em uma queda rápida. Eu digeri todos os fatos com o mesmo gosto amargo na boca. Aquela coisa dentro do meu peito havia se libertado, e eu a conhecia tão bem. Era a mesma coisa que me fez companhia quando Edward me abandonou na floresta. Um sentimento tão cruel e familiar que me fazia querer gritar. Quando eu levantei, Jake também se ergueu, assustado. Ele me menção que iria me segurar quando eu comecei a me afastar dele, mas apenas tocou levemente no meu braço, incapaz de me fazer ficar. Não cheguei a olhar para trás quando andava rapidamente para casa. Precisava de um tempo sozinha agora.

Talvez o único conforto que eu teria hoje, era saber exatamente o que estava me esperando quando eu caísse no sono.


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Notas finais do capítulo

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