Quando a voz de KunKun soou pelo auto falante do celular, Raquel se arrependeu na mesma hora de não ter desligado o aparelho quando fora dormir na noite anterior. Ainda de olhos fechados, vasculhou a cama com a mão até achar o aparelho quase caindo do colchão e o atendeu, mesmo que quisesse apenas ignorar a chamada e voltar ao seu tão adorado sono.

A pessoa podia ligar de novo e ela não estava a fim de ser presa na China por ter matado alguém só porque a pessoa não tinha o mínimo de senso de auto preservação.

— O que é? – o mau humor era claro na voz rouca por ter acabado de despertar.

— Oi, JieJie, é o Mu Ziyang. – a voz animada até a fez abrir os olhos de leve, mas se arrependeu quando a luz os machucou e voltou a fechá-los. Ela fez um som com a garganta para mostrar que ainda estava na linha. – Tá um dia lindo lá fora e eu pensei... Querem ir fazer compras comigo?

— Deixa eu adivinhar, você ligou pra Lunie e não conseguiu falar com ela? Porque não é possível que você tenha achado que era uma boa ideia ligar pra mim às... – ela parou de falar para ver as horas. – Às oito horas da manhã do único dia de folga que eu tive em duas semanas pra me chamar pra fazer compras.

Ela o ouviu suspirar do outro lado da linha e sabia que ele estava pensando em alguma resposta à altura. Ele era um pouquinho devagar quando era confrontado, então logo acabou se dando por vencido.

— É, o celular dela deu fora de área. Chama ela pra mim, por favor!

Foi a vez de Raquel respirar fundo, tentando arrumar uma paciência que ela sabia que não tinha naquele estado de sonolência.

— Tá, espera. – a resposta seca foi seguida de vários agradecimentos do outro lado. – Shhhhh! Se falar mais alguma coisa eu desligo na sua cara.

Mesmo contra sua vontade, ela levantou da cama e caminhou, com os olhos semicerrados até o outro quarto, onde Lunie e Letícia dormiam em camas diferentes.

— Lunie... Lunie... – Raquel sacudiu a amiga, que só resmungou e não abriu os olhos. – Caralho! Acorda logo. – se os primeiros chamados não tinham sido os mais delicados, aquele sobressaltou as duas ocupantes do quarto. – Mu Ziyang quer falar com você. – sem esperar uma resposta, colocou o celular nas mãos alheias, que a encarou totalmente confusa por ainda estar parcialmente dormindo.

Lunie viu a amiga caminhar tropegamente para fora do lugar e, só então, parou para prestar atenção no aparelho em sua mão. Ela viu a chamada em andamento e resolveu que seria uma boa ideia responder Mu Ziyang, mas até conseguir sentar e levar o celular até o ouvido se passou pelo menos mais um minuto.

— Fala.

— Compras. Agora. Você tem vinte minutos pra se arrumar. Tenho o dia todo pra servir de seu consultor de moda pessoal. Chama a Letícia também. – apesar das frases serem ordens, soaram como pedidos feitos por uma criança animada. Lunie negou com a cabeça, querendo rir, mesmo que o sono ainda a mantivesse com uma expressão nem um pouco boa.

— Sem chance. Tô com sono, o Ling Chao me ignorou a semana toda e eu só quero dormir.

— Na verdade ele te ignorou por duas semanas, e eu não te perguntei, eu te intimei. Você mesma disse que seu guarda roupa precisava de um up. Vamos! Eu prometo te levar no melhor café da cidade antes da gente passar o dia nas melhores lojas.

Apesar do sono ser algo essencial para Lunie, ela não poderia deixar aquele convite passar. Mu Ziyang era um modelo internacional e conhecia muito bem sobre moda. Não perderia aquela ajuda por causa do Ling Chao e por causa de algumas horas a mais de sono, perderia?

— Mas vinte minutos pra eu me arrumar? Eu nem levantei da cama ainda.

— Quinze. Eu já estou à caminho. – ela bufou e ele riu. – Vou desligar. Se eu chegar e você não estiver pronta, vou pra empresa  amanhã com uma camiseta escrita “Ling Chao e Lunie para sempre” dentro de um coração. – o queixo dela caiu, imaginando o quão constrangedor seria aquela cena.

— Você não teria coragem.

— Não teria? – a chamada foi encerrada assim que ele terminou de falar, então ela não teve como responder.

Se deu por vencida e jogou as cobertas para longe e andou até Letícia para chamá-la para ir junto. Se precisaria sair tão cedo pelo menos poderia contar com a menina, já que duvidava que Raquel aceitaria ir para algum lugar que incluísse algo a mais do que as paredes daquele dormitório.

— Lê... Lê! – Letícia, que tinha se sobressaltado quando Raquel as acordou, voltara a dormir e estava a ponto de xingar alguém por não darem paz para seu sono quando viu que era Lunie que a chamava. Ela resmungou alguma coisa e Lunie a julgou acordada o suficiente para escutá-la. - Vamos fazer compras com o Mu Ziyang?

— Não. – a resposta veio tão alta e clara que Lunie se viu fazendo uma careta e desistindo, sem insistir nem mais uma vez.

— Tá bom, sua chata.

Ela pegou uma muda de roupas e tomou um banho muito rápido, amaldiçoando Mu Ziyang mentalmente por ter dado tão pouco tempo para ela se arrumar, ainda mais com aquela ameaça idiota. Quando terminou de se trocar e começara a pentear os cabelos, alguém bateu à porta e ela foi atender.

— Você tá pronta? – a pergunta era retórica, já que a toalha sobre os ombros alheios e os cabelos parcialmente penteados já mostravam que ela não estava. – Quer ajuda?

— Quero que você vá se ferrar por me acordar tão cedo, mas pode ajudar pegando o celular e entregando pra Raquel, por favor.

— Eu não, ela é brava. – ele fez uma expressão assustada e Lunie gargalhou, sabendo um ponto fraco que usaria com ele na próxima vez que ele lhe ameaçasse com alguma coisa. Poderia usar naquele momento, mas já estava pronta mesmo. E a promessa tentadora de Mu Ziyang de levá-la para tomar café da manhã também ajudou.

Não demorou para que terminasse de prender os cabelos e fizesse um maquiagem leve.

— Seu celular. – ela falou, estendendo o aparelho para Raquel. Tinha falado alto o suficiente para acordá-la. Era sua pequena vingança por ter sido despertada sem nenhum cuidado.

— Enfia no...

— Grossa! – não deixou que ela terminasse a falar, deixando o celular em qualquer canto do quarto. – Tô saindo.

— Você pode ir até pro inferno, só me deixa dormir.

Mu Ziyang riu às costas de Lunie, que fez uma careta para ela antes de sair, acompanhada por ele.

— Pronta pro melhor dia da sua vida? – o maior sorriu, abrindo a porta do carro para que ela entrasse e se acomodasse.

Ela achava pouco provável que aquele fosse o melhor dia de sua vida, mas queria ver até onde ele poderia tentar.

— Surpreenda-me.

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Lunie não se lembrava de ter se divertido tanto em muito tempo. Primeiro tomaram café da manhã em um lugar maravilhoso e com comidas incrivelmente gostosas. O bolo de chocolate que pedira combinava completamente com a bebida que Mu Ziyang lhe indicara e ela teve que pensar seriamente se não poderiam ficar ali pelo resto do dia. Era bom, com uma iluminação aconchegante e, se ela estivesse com seu celular, poderia tirar várias fotos conceituais.

Sim, por algum milagre ela tinha saído sem o aparelho que, normalmente, parecia ser parte de seu corpo mais do que qualquer outro membro. Como ele tinha perdido a carga durante a noite e Mu Ziyang não dera tempo para que ela o carregasse, deixou-o no dormitório. Não que estivesse preocupada com aquilo. A companhia e todas as atividades faziam-na lembrar do aparelho apenas quando queria tirar alguma foto ou gravar algum momento.

Depois do café, eles passaram a caminhar por uma rua com lojas de marcas bem famosas, entrando em todas para experimentar roupas, combinar peças e comprar. Eles tinham que agradecer pelo carro do mais velho não estar parado muito longe, pois cada vez que suas mãos ficavam cheias de sacolas, eles iam até o veículo se livrar do peso para que pudessem continuar as compras sem nenhum impedimento.

— Eu não sei. Acho que a laranja combina mais do que a lilás. – Mu Ziyang estava sentado em um puff e mostrou a foto que tinha tirado e Lunie teve que concordar. – Nossa, já tá bem tarde. Pausa pro almoço?

Eles tinham ficado tão focados que nem tinham percebido que realmente passara, e muito, de um horário saudável para comer, levando em conta que tinham tomado café tão cedo.

— Nossa, vamos. Eu nem tinha me tocado que tô morrendo de fome. – Lunie riu e, depois que pagaram as roupas que tinham escolhido, andaram calmamente até um restaurante de comida coreana não muito longe dali.

— E então? Como está o seu dia de princesa? – ela sorriu e nem precisou responder com palavras o quanto estava se divertindo. Mas logo o sorriso deu lugar à uma expressão confusa.

— Por que quis me trazer? Quer dizer, eu sei que já falei que a gente devia fazer um dia de compras e tudo mais, mas...

— Porque você é legal, divertida e não merece ficar chateada e pra baixo porque o Ling Chao é cego. – ele foi bem direto, mas teve que parar a explicação para que pudessem fazer seus pedidos ao garçom. Apenas quando voltaram a ficar sozinhos que continuou o raciocínio. – Queria que a Letícia estivesse aqui também, já que ela te distrai e faria você se divertir ainda mais, mas acho que consegui o que eu queria mesmo sem ela.

Ela o analisou por alguns segundos, vendo que o olhar de Mu Ziyang era bem sincero e que ele não parecia querer nada em troca por aquele dia de “levantar o astral da Lunie”, mas não custava ter certeza.

— E por que você se importa? Quer dizer... Não que eu esteja reclamando, mas não quero nenhum mal entendido entre a gente.

— Eu sou gay, Lunie, então não, não estou interessado em você desse jeito, se é o que está pensando. – a risada contida fazia com que os olhos dele quase sumissem em uma linha horizontal. – Eu gostei de você. De vocês três, na verdade. Letícia é meio estabanada, mas é esperta e faz uma ótima equipe com o Lin e com o Taoo. A JieJie é assustadora, me dá um pouco de medo, e eu já não aguento ver ela e o LaoYue discutindo, mas ela é legal e cuida de todo mundo, mesmo que queira manter a pose de fria. E você é talentosa, legal, divertida e uma companhia incrível. Eu quero que vocês fiquem bem e se sintam felizes. Não quero que queiram ir embora.

— Você é muito legal, sabia? Ai, eu nem sei o que dizer depois disso. Só quero te abraçar por ser maravilhoso. – como seria bem estranho sair de seu lugar para abraçar Mu Ziyang em meio à um restaurante cheio, ela se contentou em tocar a mão dele que repousava sobre a mesa. – Nós não queremos ir embora, mas vai levar um tempo pra gente se acostumar com a realidade diferente que a gente imaginou. Principalmente eu.

Aquela era uma verdade da qual estava querendo fugir, mas como poderia? Estava cada vez mais claro que toda a fantasia que desenrolara em meses e mais meses, sobre ser o amor da vida de Ling Chao, era só isso, uma fantasia. Ela sentia o coração doer cada vez que tentava uma aproximação e era tratada de forma contida, quase como se ele tivesse medo de falar com ela.

— Só tenho que te pedir uma coisa. Sobre eu ser gay... Não comenta com ninguém. Só o LaoYue e a Sra.Qin que sabiam antes de você e eu não estou pronto pra contar pros outros ainda. – era lógico que ela não contaria, então concordou imediatamente. – E sobre os seus sentimentos, relaxe. Não queira que as coisas funcionem exatamente como você planejou sempre. As pessoas são mais complicadas na vida real do que nas histórias que a gente cria na nossa cabeça.

Ele tinha um ponto. Mesmo que seu orgulho lhe pedisse para que não criasse mais nenhum tipo de esperanças ou expectativas, pensou que talvez não fosse tão ruim se apenas relaxasse. As coisas poderiam começar a andar melhor se parasse de esperar tanto.

Enquanto comiam, outra dúvida cruzou a mente de Lunie.

— E por que hoje? E tão cedo? A gente não podia ter combinado algum outro dia?

Mu Ziyang escondeu o riso sem graça por trás de um pedaço de frango, antes de responder.

— É que... Eu tinha uma sessão de fotos, mas desmarcaram, aí como eu já tava arrumado e acordado, pensei que seria uma boa ideia.

Lunie queria poder dar uns bons tapas nele, mas acabou apenas fazendo uma careta de indignação, que gerou uma gargalhada.

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— Ling Chao, você sabia que a gente tem um novo casal na empresa? – YueYue entrou na cozinha compartilhada, mostrando o celular para os presentes ali. – YangYang tá namorando e nem falou pra gente.

Mu Ziyang franziu o cenho, pegando o celular das mãos do mais velho e tentando distinguir as fotos da tela. Era ele e Lunie no dia em que foram fazer compras, e as postagens do Super Topic com seu nome diziam que eles estariam em um relacionamento. Ele olhou para YueYue e piscou antes de encolher os ombros e devolver o celular para o líder.

— Nossa, como essas pessoas gostam de inventar coisas. É lógico que foi só um dia de compras com uma amiga. Pelo menos pra mim, foi. Se ela imagina outra coisa, aí eu não sei. – ele queria rir da forma rápida que Ling Chao tinha o olhado. Poderia até jurar que ouviu o pescoço do mais novo estalar, mas ele não disse nada. – Ela é divertida, bonita, tem bom gosto e foi uma companhia bem agradável, se querem saber.

— Eu não acho que ela gosta de você desse jeito. Ela é agradável com todo mundo. E simpática também. – Ling Chao falou, mas pareceu ter se arrependido em seguida, pois voltou a dar atenção ao que comia.

ONER estava esperando para fazer uma gravação e um photoshoot com os novos trainees da empresa. A ideia era que o público sempre associasse a imagem dos trainees com o grupo que fazia sucesso, assim gerando mais ansiedade para o debut deles. Estavam prontos e esperando que os trainees terminassem as maquiagens e cabelo.

— Bom, eu só espero que esse boato não vá tão longe, porque pode ser ruim pra imagem dela. – YueYue voltou a olhar as publicações, vendo os tipos de comentários que aquela notícia falsa despertava nos fãs. – As pessoas são bem cruéis.

Na verdade aquilo podia ser bem ruim para o grupo inteiro, já que boatos sobre uma poderiam resvalar nas outras, mas eles preferiram deixar aquilo de lado e encerrar o assunto quando viram que os trainees começavam a chegar da sala de maquiagem.

— Eu aposto que você e o LaoYue seriam melhores amigos. Não sei porque não gosta dele. – Lin era o único que ainda acreditava que poderia convencer Raquel e YueYue a se entenderem, porque o restante já tinha desistido. Até Zhouyi tinha tentado, mas no final apenas disse que esperava que a animosidade deles não resvalasse nas câmeras. Mas eles pareciam bons em esconder que quase não se falavam, e que brigavam toda vez que tentavam. – Vamos! A briga de vocês foi só por um mal entendido. Ele escutou uma coisa e achou que tinha ouvido outra.

Os dois caminhavam tranquilamente até a cozinha, já que os outros três ainda estavam na metade do processo de se arrumar.

— Ah, entendi, não foi o que eu disse, então? Foi ele que entendeu errado? – o pobre menino não sentiu a ironia pingar em cada palavra das frases e se apressou a concordar.

— Sim! Isso mesmo. Ele entendeu errado.

— Deve estar com problema de audição. É normal pela idade avançada, mas sugiro procurar um médico. – a resposta foi para Lin, mas ela olhava diretamente para YueYue ao dizer aquilo.

Os dois tinham começado aquilo tudo realmente se evitando ao máximo, mas as personalidades de ambos eram muito fortes e era bem comum um provocar o outro daquele jeito. Se Lunie estivesse ali, Raquel teria levado um tapa.

— Que eu saiba a gente tem a mesma idade. Na verdade, você é mais velha que eu até. – ele sabia que aquilo era provocação, mas não conseguiu segurar a língua e respondeu.

— E não é que a idade tá me afetando também? Porque eu não lembro de estar falando com você. Será que é Alzheimer?

— Olha aqui...

— Ai, pelo amor de Deus! – Ling Chao reclamou, atrapalhando a discussão. – Vocês parecem crianças brigando desse jeito. - por algum milagre aquilo fez os dois ficarem em silêncio, só olhando com expressão de desdém um para o outro. – Ou melhor, parecem um casal de velhos. – ele riu da própria conclusão e estava pronto para receber as reclamações quando os outros três entraram na cozinha. – Oi, Lunie... Se divertiu fazendo compras com o Mu Ziyang? – o sorriso que ele deu para ela a fez sorrir junto, automaticamente.

— Foi divertido. – ela estava estranhando o fato dele falar com ela depois de quase duas semanas sendo quase uma parede, mas decidiu seguir os conselhos do amigo. – A gente passou o dia comprando coisas bonitas e comemos em lugares legais também.

— Mas você ainda não usou as roupas novas, né? Quer dizer, esses dois dias você usou só roupas de ensaio que você já veio antes.

Lunie não sabia se ficava feliz por saber que ele reparava nela durante os ensaios ou se ficava extremamente chocada, mas não teve tempo para escolher, já que logo todos foram chamados para a van, que os levaria para o lugar das fotos. Ling Chao não sentou ao seu lado, já que YueYue fez questão de colocá-lo entre ele mesmo e Raquel, mas ele foi o caminho todo fazendo perguntas sobre o dia que tinha passeado com Mu Ziyang. Ele até a fez prometer que fariam o mesmo algum dia, mas apenas os dois, porque o amigo não aprovava muito seu senso de moda.

Lunie estava realmente surpresa, mas acabou se deixando levar pela conversa e, por que não dizer, pelas batidas descompassadas de seu coração ao ter a atenção de Ling Chao toda pra si.

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O lugar era aberto, o que explicava a equipe ter decidido levá-los prontos. Seria um ensaio com uma temática leve, que seria postado assim que o outono se iniciasse. A empresa adorava aquele tipo de coisa.

— Ok, eu preciso que vocês estejam muito felizes. Brinquem com as folhas, se abracem. Outono é uma estação aconchegante e bonita. – a diretora de arte pediu para que os ajudantes colocassem os objetos cenográficos e foi chamando um por um. Depois teriam fotos em duplas e grupos.

— Eu prefiro o verão. – Lunie olhava uma folha amarelada sem muita animação.

— Mas o outono não é ruim. Dá vontade de ficar perto das pessoas que a gente gosta, abraçar... E as cores combinam com você, Lunie. – Ling Chao voltou a começar uma conversa. Com delicadeza, tirou a folha da mão dela e colocou como um enfeite nos cabelos cacheados. – Olha, ficou mais bonita assim.

Ele estava bem em sua frente e o sorriso leve que adornava os lábios chegava aos olhos. Lunie se viu tendo que se segurar para não balançar a cabeça, para focar em outra coisa que não fossem os lábios bonitos ou as mãos de dedos longos tocando as suas.

— Obrigada. – ela sentiu o rosto ferver e só não agradeceu quando o chamaram para fotografar porque, apesar de estar brava por ter sido tratada como uma colega de trabalho por dias a fio, ainda era completamente apaixonada por aquele homem, e estava amando aquele momento.

Depois daquilo ainda ocorreram algumas coisas que ela esperava que estivessem bem guardadas no cartão de memória da fotógrafa, como as fotos em dupla dela e do Ling Chao, a bagunça que Letícia e os meninos fizeram com um monte de folhas quando ela devia fotografar com o Lin e, principalmente, Raquel e YueYue tendo que fazer fotos fofas juntos. Ela não deixaria a amiga esquecer daquilo por nada.

O ensaio terminou bem tarde, com o céu passando de um tom de laranja para o azul escuro, então toda a equipe decidiu comer junta em um lugar ali perto. A noite teve direito a Ling Chao sentado ao seu lado durante todo o jantar, lhe dando atenção, elogiando e sendo o que ela vinha imaginando que seria desde o começo.

Lunie não queria que aquela noite acabasse nunca.

Continua...