Isolated escrita por Fanfictioner


Capítulo 8
Delícias Gasosas de Remo Lupin


Notas iniciais do capítulo

Oioioi meu povo! Todo mundo em casa? Eu espero que sim! Desejando muito que tudo isso da covid-19 passe logo e todo mundo possa, aos poucos, voltar à normalidade...
Eu simplesmente amei o fato de vocês terem opinado tanto no último capítulo, é muito bom receber essas reviews de vocês... essa semana vou deixar um bônus, e sábado teremos capítulo novo também! YAY!
Dado eu ser tão amorzinho, espero todo o carinho de vocês nesse capítulo que tá bem focado no nosso James Potter maravilhoso!
Boa leitura!



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Os dias que se seguiram, de quinta a sábado foram particularmente monótonos, e James chegou a ter certeza, em alguns momentos, que estava beirando a insanidade. Passava o dia inteiro sozinho, tirando a visita de pouco mais de dez minutos de Madame Pomfrey, sempre entre 10 e 11h da manhã. Havia também os elfos que traziam as refeições, mas não eram particularmente dispostos a qualquer conversa, como James foi descobrindo ao longo de suas muitas tentativas.

Estando sozinho, as horas pareciam se arrastar e durarem o dobro do tempo, de maneira que James lia, estudava, anotava por horas a fio, e então era apenas três da tarde. A carta com respostas de seus pais chegou na sexta após o almoço, mas Phineas, esgotado de voar desde Manchester até Hogwarts, não esperou que James redigisse uma resposta ou algo do tipo.

No segundo em que percebeu que, outra vez, não havia comida ou água à sua disposição, a coruja serra-afiada bicou seu dono com muito menos delicadeza do que o habitual, deixando ali um machucado, e voou janela a fora, em direção ao Corujal de Hogwarts, possivelmente calmo àquelas horas.

— Você com uma cara de bunda insuportável, Pontas! – Sirius resmungou assim que começaram a conversar naquela tarde. – Lily beija mal desse jeito para você estar ranzinza ou são poções que são tão ruins assim?

— Vou trancar você sozinho nessa torre e quero ver a cara de bunda,  seu cachorro! – Pontas mostrou o dedo do meio para Sirius, em um tom brincalhão, mas claramente cheio de frustração e tédio. Evitou entrar no assunto Lily Evans – As poções têm um gosto horrível, é tipo um suco dos piores feijõezinhos! E meu nariz arde como se estivesse em vias de sangrar. É uma bela bosta de dragão, isso tudo!

— Que merda! Sinto muito. Mas você está melhorando, não está? Quer dizer, deve estar se recuperando, com todos esses remédios, não é?

— Sim, estou sim. Eu devo ficar bem até domingo. Desde ontem de tarde não tive mais febre, e a tosse tem diminuído. Mas vou precisar ficar mais uma semana aqui, para não contaminar vocês... sabe como é, se você pegasse Varíola de Dragão e ficasse verde, perderia de vez qualquer chance de ainda ficar com alguém nessa vida.

Pedro gargalhou, sentado ao pé da cama de Remo. Sirius mandou James ir para um lugar não muito educado, fazendo o amigo rir gostosamente. Sentia falta dessas baboseiras no dormitório, e de roubar Delícias Gasosas do malão de Remo, seu doce preferido e que sempre acabava dois dias após os passeios a Hogsmeade.

— Perde os amigos, mas não a piada, né Veado? E a ruiva? Já voltou para dizer que te ama e te dar uns amassos de novo?   - Sirius devolveu a implicação, fazendo James corar e negar com cabeça, com o sorriso consideravelmente menor.

— Não. Talvez amanhã, talvez não. Acho que vou deixá-la em paz, quando chegar. Ela vai estar cansada, e provavelmente debilitada e querendo ficar quieta, não vou perturbá-la estando tão doente. Madame Pomfrey disse que ela está desacordada ou algo do tipo, que as poções fizeram mal ao estômago dela.

Sirius fechou o semblante, constrangido e preocupado. Pedro baixou o olhar, em sinal de respeito, como se James tivesse acabado de dizer que Lily morrera ou coisa parecida, fazendo o clima ficar péssimo.

— Ei, ela não tá morta, gente! Que isso! Agora andem, quem vem trazer Delícias Gasosas para seu amigo enfermo, em leito de morte?

— Sé se for morte por falta de comer besteira, né, Pontas? – Remo resmungou. – Só tenho mais um pacote, e não poderemos sair para comprar por causa do isolamento. Eu deveria ser canonizado por dividir minhas Delícias com você!

— Ah vai, Aluado! E todos os deveres de transfiguração que eu lhe passo cola? Eim? Você não compartilharia doces com seu cervo favorito? – James falseou uma voz manhosa e fez uma careta bicuda, levando Aluado a rir.

— Imagina o dia que ele tiver que pedir algo para a Lily?! – debochou. – Tá bem veado, eu vou dar um jeito de isso chegar aí. Quer o que mais? A sua Cleansweep?

Remo tomou o espelho das mãos de Sirius, virando-o na direção da nova, e ainda brilhantemente polida, vassoura de quadribol de James, na intenção de provocá-lo.

— Não seria má ideia, antes que o Almofadinhas descalibre toda a minha vassoura de corrida novinha. – ele devolveu a provocação, fazendo Remo rir pelo nariz

— Eu devia é montar sua vassoura todo dia, seu biltre arrogante! Eu quem indiquei que você a comprasse, Veado!

— Agora ele virou a Evans, Pontas! – Pedro comentou, fazendo todos rirem à lembrança daquele dia na beira do Lago Negro.

— Ei vocês dois! Querem vir aqui me ajudar a arrumar o contrabando do Pontas? Seus mongolóides!

Então Sirius e Pedro sumiram do reflexo, indo ajudar Remo a separar as coisas que James pedira. Estariam todos em sérios problemas se fossem pegos indo até a sala aonde James estava isolado. E pior, como entrariam? Aparentemente, o feitiço da Potente Tranca na porta só podia ser desfeito por Madame Pomfrey, e embora a capa da invisibilidade estivesse no dormitório da Grifinória, o Mapa do Maroto estava ali, com ele, trancado na sala dos monitores.

Mas as preocupações se mostraram desnecessárias quando, cerca de meia hora depois, duas das corujas de igreja da escola entraram, meio estabanadas, pela janela maior da torre. O embrulho grande de papel pardo que elas traziam pelo bico claramente era a vassoura de James, enquanto o pacote pequeno preso na pata da menor das duas devia ser as Delícias Gasosas de Remo, que fizeram imediatamente a boca de James encher de água. Embora fosse uma distância curta do corujal até ali, o peso da vassoura fez as corujas ficarem exaustas, e por momentos ambas ficaram sobre a cama de James, empoleiradas na cabeceira, piando baixinho.

James então conjurou água da ponta de sua varinha e deixou as aves beberem de sua mão, ainda que fosse meio incômodo. Alguns minutos depois, devidamente hidratadas e acarinhadas, foram embora, fazendo James se sentir novamente muito sozinho. Enviou um patrono aos amigos para dizer que recebera as encomendas, e então deitou para comer seu doce, soterrado por um humor deprimido e modorrento que o fez não levantar nem mesmo para jantar, adormecendo daquele mesmo jeito, ansioso e emocionalmente desgastado.

Dia 08 de15

Sábado amanheceu chuvoso, e James só se levantou para ir ao banheiro quando sua bexiga realmente deixou claro que não aguentaria mais. A janta intocada tinha sumido e dado lugar a um banquete de café da manhã, com direito a chá, suco de abóbora, um copo de leite, bolinhos de blueberry, bacon e ovos.

Beliscou algo da comida porque seu estômago parecia muito irritado com o desleixo de seu próprio dono e fazia questão de roncar alto, mas fora isso, James ficou na cama. Sentia uma monotonia cheia de saudosismo que o fazia sentir mais doente do que qualquer outro de seus dias ali. Saudade dos pais, saudade de estar com os marotos e jogar qualquer coisa no salão comunal, saudade de andar pelo castelo com a capa da invisibilidade, de planejar brincadeiras que deixariam Sr. Filch maluco. Saudades de Lily Evans.

Madame Pomfrey apareceu pontualmente as 10h30, encontrando James prostrado na cama e a sala dos monitores pouco organizada.

— Potter! Você piorou? – ela perguntou, preocupando-se primeiro, antes de ficar irritadiça e reclamar da bagunça.

— Não. Só estou meio apático, e ansioso. – murmurou em tom baixo, parecendo sem um pingo de vitalidade.

Sua garganta estava quase limpa e sem ferimentos, e a febre realmente não voltara há mais de 24h, deixando a enfermeira muito mais tranquila. Ministrou duas poções antígenas e que ajudassem a cicatrizar o que faltava das vias respiratórias de James, sendo muito mais rápida do que todos os dias daquela semana.

— Já que está bem, arrume essa porcaria toda, esse quarto está imundo! Não tem a menor condição de a senhorita Evans ficar aqui quando chegar, mais tarde!

Muito consciente de suas intenções ao dizer isso, Madame Pomfrey deu um sorrisinho de canto ao notar que James se sentara na cama e estava extremamente atento. Ele realmente gostava dela, como corriam as fofocas pelo castelo. Lily Evans seria realmente sortuda, pois, conhecendo Potter há tantos anos como o fazia, Madame Pomfrey sabia o enorme coração do menino, e embora fosse arteiro e agitado, era muito nobre e honesto, e não se lembrava de uma vez em que ele não tivesse assumido a responsabilidade por ter ido parar na enfermaria.

— Lily volta hoje?! – seus olhos estavam arregalados, e havia um princípio de sorriso no canto de seus lábios.

— Tudo indica que sim. Tiraram ela da sedação ontem pela manhã e a senhorita Evans reagiu muito melhor do que todos esperavam. Ontem de noite ela conseguiu comer, e se os últimos testes dessa manhã estiverem estáveis, ela voltará perto do fim da tarde. E ficará em isolamento mais uns dez dias, óbvio. Mas na escola e aos meus cuidados!

 Madame Pomfrey sorriu genuinamente, ansiosa por poder cuidar de novo de sua paciente, o que quase comoveu James, até que ele lembrou-se da fala racista da enfermeira e então reprimiu esses pensamentos, sem, no entanto conseguir parar de sorrir ante a ideia de que Lily estaria de volta. Carregando seus equipamentos habituais, Madame Pomfrey foi embora, deixando James muito animado para organizar a sala dos monitores, um sentimento que ele nem sabia que era possível!

Depois de as toalhas terem recebido um feitiço, quase 100% eficiente, de higienização e terem sido dobradas e guardadas nos devidos lugares, James fez sua cama e pendurou os roupões dele e de Lily nos locais apropriados. A vassoura que conjurou varreu o chão com ajuda de magia, e logo o quarto adaptado já estava organizado e devidamente pronto para receber Lily.

James sentia-se tão elétrico com a possibilidade de ver Lily em poucas horas que achou que teria um acesso por hiperatividade. Ou talvez fosse o excesso de doces da noite passada, embora já devessem ter perdido o efeito, pensava consigo.

Um banho. Um banho quente resolveria tudo! O faria se acalmar, ficar limpo e cheiroso, e ainda o permitiria relaxar da clara tensão que sentia perante a ideia de poder abraçar Lily e conversar novamente as amenidades de sempre (ou, mais ainda, falar com ela sobre o beijo que já parecia ter sido há décadas!).

Quando as torneiras pararam de encher a banheira, James entrou na água, sentindo os vapores subirem e a temperatura dali arder em contato com sua pele nua. Mergulhou de cabeça, deixando a água quente consumi-lo por inteiro durante alguns segundos. Recostou-se contra o mármore, frio o bastante para o fazer ter um arrepio, concentrando-se na sensação reconfortante daquele banho de imersão. O primeiro desde a madrugada com Lily.

Seus pensamentos vagaram até aquela noite, primeiro preocupados pela lembrança de Lily batendo a cabeça no chão e parecendo bêbada ou drogada. Então as imagens dela ali, naquela mesma banheira, entrando numa água menos quente do que essa, os contornos de sua silhueta parecendo uma pintura viva à luz bruxuleante da madrugada; os cabelos ruivos encostando, em parte, no peito de James quando ela recostou-se, a pele macia e fervente de febre, sensíveis ao toque frio dele.

Não sendo suficiente, recordou-se ainda do beijo, de como as mãos de Lily tinham se encaixado bem na curva do pescoço de James, dando-lhe a mais real das sensações que era a de estarem de fato ali, naquele momento. Depois, o corpo quase escultural de Lily, a seus olhos, saindo da banheira, os contornos delineados pela roupa molhada e colada nela.

Essa ideia fez o corpo de James esquentar ao menos dois graus, independente da água quente, o que o levou a concluir que talvez devesse nadar um pouco para controlar toda aquela energia. Algum tempo depois, após lavar o cabelo e dar voltas em torno da banheira de pedra o suficiente para acalmá-lo, James sentiu que podia sair e se trocar. O almoço tinha acabado de ser servido, e a carne assada fumegava em seu prato, enchendo-lhe a boca de saliva com o perfume do tempero usado.

As horas foram se estendendo, e por mais que não fosse admitir, James estava muito ansioso para que Lily chegasse logo. Tentou ler algo de Defesa Contra as Artes das Trevas: Um Manual Prático, seu primeiro esforço em aprofundar seus estudos para os NIEMs para a carreira de Auror, embora tenha se mostrado uma tentativa fracassada devido a sua inquietude.

Perto das cinco da tarde, quando supostamente Lily deveria estar chegando, sem conseguir aguentar mais aquela espera, James pegou sua vassoura de corrida, fazendo acrobacias e voltas certamente arriscadas e não recomendadas para ambientes fechados. Soltou o pomo de ouro pela sala, numa brincadeira não muito segura de apanhador de quadribol, perseguindo-o por um bom tempo, até que finalmente aparou-o.

Quando os elfos trouxeram o jantar, a comida era para apenas uma pessoa, e nem Lily nem Madame Pomfrey tinham aparecido, deixando James numa mescla de frustração e preocupação. Lily não voltara naquele dia como a enfermeira dissera que aconteceria. Será que algo tinha acontecido? O exame tinha tido um resultado ruim? Teria ela sido sedada de novo? Madame Pomfrey tinha falado aquilo apenas para que ele arrumasse o dormitório?

Bobeira, ela não poderia saber dos sentimentos de James, poderia? De repente ele sentia-se traído também, enganado. Sentia-se burro por ser tão vulnerável a qualquer coisa que se referisse a Lily.  

Irritado e pensando rápido demais, James apanhou alguns dos bolinhos de carne que havia em seu prato e montou em sua Cleansweep 77, voando em alta velocidade pela sala, num comportamento que sua mãe claramente reprovaria, de comer enquanto voava na vassoura.

Sentia a raiva e a preocupação queimando dentro de si, queria esmurrar aquela porta, retirar todos aqueles feitiços, e sair atrás de informações, atrás de companhia e amparo. Aonde estava Lily? Estava bem? Por que ele era obrigado a ficar ali, sozinho? Não aguentava mais a ideia ou a experiência de ser um animal enjaulado, separado de todos seus amigos, por uma doença que nem mesmo tivera a culpa de contrair.

Demorou muito até que a raiva passasse, de maneira que James se deitou e até mesmo adormeceu ainda muito chateado, socando o travesseiro e cruzando os braços ao se cobrir, sentindo seus sentimentos arderem de irritação, ainda bastante confuso, meio magoado, certamente frustrado e, inexplicavelmente, com vontade de chorar. As lágrimas saíram quentes, e ele nem mesmo soube entender porque fugiam de seus olhos, encharcando seu travesseiro.

 


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Notas finais do capítulo

James claramente gente como a gente e precisando de terapia para aguentar a quarentena... será que foi trapaça da Madame Pomfrey ou que deu algo errado com a Lily?
Espero vocês nos comentários!



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