O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 47
Benjamin


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, que prometi fortes emoções, então respirem fundo antes de começarem a leitura.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Entrei em casa sorrindo feito um bobo apaixonado, por essa noite ter sido tranquila e tudo ter dado certo, depois de tudo que havíamos passado, Melissa e eu, merecíamos aquele momento de tranquilidade. Enquanto ia em direção as escadas que davam acesso ao segundo andar, notei que a porta que dava acesso ao jardim de inverno, anexo a casa, estava aberta o que me deixou confuso, afinal estava muito tarde e frio para alguém está lá fora, mas assim que comecei a me aproximar da porta identifiquei o cheiro de quem estava lá fora e sorri indo em sua direção.

Sem fazer barulho me sentei ao seu lado, enquanto a via olhando para a lua sem desviar os olhos para me ver.

—O que faz aqui fora mamãe? - questionei preocupado e ela sorriu antes de virar para me ver.

—Estava sem sonho filhote, vim olhar a lua um pouco porque ela sempre me acalma.

—Mãe, aconteceu alguma coisa? Você parece distante.

—Estou bem filhote, não precisa se preocupar. - ela disse amorosa enquanto me olhava como se fosse a última vez que estivesse me vendo. -Posso te pedir uma coisa, filhote?

—Qualquer coisa mãe. - disse olhando em seus olhos escuros.

—Me dá um abraço, querido. - ela pedi entre lágrimas e abracei apertando, enquanto ela sentia o meu cheiro antes de começar a chorar.

—Mãe, não chora...Está tudo bem. - sussurrei nervoso por vê-la chorando e comecei a acariciar as suas costas com carinho, tentando de alguma forma reconforta-la.

Sem dizer nada, mamãe se separou de mim para me olhar nos olhos como se quisesse gravar cada detalhe do meu rosto em sua memória.

—Não quero perder você...Esperei e desejei tanto ser mãe... E não quero perder nenhum dos meus filhotes...Principalmente você...Benjamin...Você é o resultado de seis anos de muito amor e felicidade entre mim e seu pai...Você é o filho da nossa felicidade e não quero que nada de mal lhe aconteça...-ela sussurrou entre lágrimas enquanto olhava em meus olhos acariciando meu rosto com carinho.

—Mãe, não precisa ficar preocupada, vou ficar bem.- assegurei olhando em seus olhos enquanto colocava a minha mão direita em cima da sua, que estava em minha bochecha esquerda.

—Me prometa, que não importa o que aconteça você não irá desistir...Que irá lutar até o fim. -ela pediu séria sem desviar os olhos dos meus.

—Eu prometo mãe. Prometo que não importa o que aconteça não irei desistir...Que vou lutar até o fim, como um bom Clearwater. - jurei e ela respirou fundo antes de encostar a sua testa na minha fechando os olhos, para que pudesse sentir o meu cheiro e ouvir o som do meu coração, algo que ela sempre fazia desde que era pequeno.

—Eu te amo tanto filhote...Tudo que desejo é que possa ser feliz até o último dia da sua vida ao lado do seu imprinting...Que você tenha a chance de experimentar a sensação de saber que será pai, de poder ver o seu filhote crescer e se apaixonar...Viver os melhores momentos que a vida possa lhe oferecer...- mamãe sussurrou ainda de olhos fechados e com sua testa encostada na minha.

—Eu também te amo mãe e não preocupe, vou viver tudo isso e a senhora vai estar ao meu lado acompanhando tudo.

—É tudo que espero. - ela sussurrou antes de me abraçar novamente com carinho.

Fiquei abraçado a minha mãe até ela se acalmar e lhe questionei porque ela estava tão preocupada comigo, mas ela apenas disse que era um pressentimento  antes de mudar de assunto.

—Pelo cheiro que está vindo de você, parece que não fui a única que se divertiu com o meu imprinting essa noite. - mamãe comentou maliciosa empurrando meu ombro com o seu e corei sei graça enquanto ela ria.

—Mãe, é do meu pai que estamos falando. - disse corado tentando não entender o que ela estava sugerindo.

—Antes de Elliot ser seu pai, ele é o meu imprinting e meu marido. Mas voltando ao assunto, vocês se divertiram, amor? Porque eu e seu pai nos divertimos muito, ainda mais depois que você parou de ficar tanto tempo em casa. - ela disse aliviada e sorri.

— Sim, mamãe, nós nos divertimos. Talvez não tanto quanto você e o papai, mas nos divertimos. - disse sem graça e ela concordou sorrindo.

—Fico feliz em saber disso.

—Quem diria, meus pais estavam querendo me ver longe...Que coisa feia dona Leah. - segredei brincando e sorrimos.

—Eu te amo filhote, mas você estava atrapalhando minhas noites românticas com o seu pai. -ela apontou e foi impossível não rir.

—Prometo sair mais de casa, para não atrapalhar as noites românticas de vocês.

—Obrigado pela consideração, Ben.- ela agradeceu aliviada antes de sorrimos.

Ficamos calados aproveitando a companhia um do outro enquanto olhávamos para a lua cheia, que sempre tinha influência sobre nós. Era como se ela nos enfeitiçasse, nos fazendo sempre parar o que estávamos fazendo para admirá-la como um cego que olhava para a luz, e essa noite não seria diferente.

—Mãe? - questionei rompendo o nosso silêncio e ela virou para me ver.

—Sim, querido?

— Hoje quase contei tudo para a Mel, mas o meu espirito de lobo não me deixou falar...Estou tão cansado de mentir para ela. Morro de medo dela descobrir da maneira errada e não me aceitar, sinceramente não sei o que faria se ela me rejeitasse. - sussurrei com a voz embragada só de pensar nessa possibilidade e mamãe me abraçou de lado, antes de deitar a minha cabeça no seu ombro.

—Filhotinho, não se preocupe tudo ficará bem. Você pode não entender agora, mas o seu espirito de lobo sabe o que faz.- ela sussurrou amorosa enquanto acariciava o meu cabelo.

—Espero mãe...Mas aconteceu algo estranho hoje.

—O que amor?

—Quando era pequena, a Melissa amava tanto a história do Mogli, que vivia dizendo que se casaria com um lobo, por isso seu avô paterno lhe deu um lobo de pelúcia...Só que o lobo em questão, que a acompanhou a infância inteira, é uma cópia fiel da minha forma de lobo...Como isso pode ser possível, mãe? Afinal, ela nunca me viu na forma de lobo. - questionei ainda atordoado pela informação que havia descoberto hoje.

—Não sei amor, seu pai sonhava com a minha forma de lobo antes mesmo de saber quem eu era. Talvez, seja a maneira da magia Quileute preparar nossos imprinting para nós, para que possam nos reconhecer e ter certeza que estão em nossos destinos...Mas isso tudo é uma suposição, pois quando se trata da magia Quileute, tudo é incerto. Apenas deixe seus temores de lado e se permita construir uma relação com a Mel, porque vocês dois tem tudo para serem feliz.

—Obrigado por me entender, mamãe. - sussurrei sentindo seu cheiro enquanto a abraçava de lado.

—De nada filhote, acho melhor entramos porque seu pai está inquieto na cama, provavelmente sentindo a minha falta e não quero preocupá-lo. - ela disse e concordei antes dela beijar o alto da minha cabeça e nos levantarmos, seguindo abraçados para dentro.

Me despedi da minha mãe na porta do seu quarto antes de entrar no meu, tirei o celular do bolso do casaco e mandei uma mensagem para minha namorada, dizendo que havia chegado bem em casa antes de ir para o banho.

Enquanto estava embaixo do chuveiro senti uma fisgada forte em meu coração, que me fez perder o ar e me apoiar na parede do box gemendo de dor, o que me deixou preocupado. Afinal, nunca havia sentindo isso antes, mas da mesma forma que a dor veio ela se foi, como se não tivesse sido nada.

Mas algo dentro de mim, dizia que aquela dor era um aviso assim como a sombra de dor e medo, que vi nos olhos da minha mãe horas atrás. Foi aí que senti uma sensação ruim percorrendo meu corpo, me fazendo estremecer de frio em resposta, era como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer, e só uma pessoa me veio na mente.

Determinado sai do box, enrolando a toalha na cintura e fui para o meu quarto para pegar meu celular, antes que pudesse ligar para o meu imprinting o mesmo começou a tocar, indicando em sua tela um número desconhecido, o que me deixou alarmado. Poucas pessoas tinham meu número pessoal e todas estavam devidamente identificadas na minha agenda.

—Alô. - disse cuidadoso enquanto ouvia a outra pessoa respirar aliviada do outro lado da linha, o que me deixou ainda mais preocupado.

—Graças a Deus é você, lobinho...Não sabe como foi difícil achar o seu número. Procurei no senhor google, mas ele não me ajudou. Então, tive que pegar o celular da abelhinha emprestado, passei meia hora tentando lembrar qual era o seu nome de batismo, já que a sua namorada não tinha ninguém na agenda registrado com nenhum apelido fofo, mas não se preocupe porque resolvi isso. -Athena disse de uma só vez do outro lado da linha, enquanto ainda tentava entender por que ela havia me ligado a uma hora dessas, e logo minhas mãos tremeram ao pensar que algo de ruim tivesse acontecido com o meu imprinting.

—Athena, foco. O que aconteceu com a abelhinha? - questionei preocupado, usando o apelido carinhoso pelo qual ela sempre se referia a neta.

—Não aconteceu nada com a abelhinha, ela está bem. Ela está na cozinha comendo sorvete com os irmãos, pelas risadas que ouço, acho que os três estão tendo um momento nostálgico. - ela assegurou e respirei aliviado.

—Graças a Deus ela está bem, senti uma sensação ruim minutos atrás e... -comecei a dizer e Athena me interrompeu.

—Você achou que tivesse acontecido algo com a sua fêmea. - ela constatou e concordei. - Sabe lobinho, as pessoas me acham doida e excêntrica, mas elas não entendem que vejo mais do que essa nossa realidade do dia a dia.

—Acho que não estou entendendo, Athena. - disse cauteloso e ela respirou fundo do outro lado da linha antes de voltar a falar.

—Vi você chegando no destino da abelhinha...Na verdade ela nem deveria ter nascido, isso só aconteceu porque você nasceu e a magia escolheu a minha família, para gerar a sua fêmea. Você pode até tentar esconder a verdade de mim, mas sempre soube tudo antes mesmo da abelhinha te conhecer. Só não entendi, porque não contou o seu segredo a ela.

—Não sei do que está falando, Athena. - me fingi de desentendido e ela gemeu frustrada.

—Sou velha, mas não sou burra, meu jovem. Sou sensitiva, não foi algo que pedi ou desejei ter, mas que me foi concedido, então pare de tentar me enganar porque isso não funciona. -Athena me repreendeu maternal, enquanto ainda tentava processar tudo que ela havia me contado.

—Você sabe o que sou? -questionei sério à espera da sua resposta.

—Sim, você é um lobo, no sentindo literal da palavra. Não é verdade? - ela questionou e suspirei resignado, afinal não adiantava mais mentir, ainda mais para alguém que se sensitiva e acreditava em Athena.

—Sim, Athena. Sou um lobo, no sentindo literal da palavra. Mas o que quis dizer, com me viu no destino da abelhinha? -questionei intrigado para saber mais sobre isso.

—No natal, sempre tenho o costume de ler a mão de todos da família, ninguém realmente leva a sério a minha habilidade sensitiva, mas não fico chateada, afinal as pessoas não são obrigadas a acreditar no que os outros dizem. A mão que sempre me interessou era da abelhinha, afinal estava louca para saber quando vocês se encontrariam, mas esse dia nunca chegava...Você demorou demais lobinho. - ela me repreendeu amorosa e sorri suave antes de me desculpar. -Até que no natal passado, finalmente vi que você estava chegando e a alertei sobre isso, mas a abelhinha não acreditou. Meses depois, a liguei em um belo dia dizendo que deveria ficar atenta, pois iria surgir a chance que sempre desejou profissionalmente, como uma forma de lhe desejar boa sorte na entrevista lhe dei a echarpe, a mesma que ela perdeu no dia da entrevista.

Foi naquele momento que entendi tudo.

—O livro do Mogli...O lobo de pelúcia...Sua insistência para que Melissa, jamais deixasse de acreditar em magia... A echarpe da sorte...Tudo isso foi você, ajudando a magia Quileute, a preparar a Mel para mim...Para que ela pudesse me reconhecer quando chegasse a hora.- disse entre lágrimas me lembrando que minha mãe havia me falado algumas horas atrás e Athena concordou suave.

—Ela precisava ser forte para estar ao seu lado...Para lhe ajudar a defender o seu legado. - ela disse aflita, como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer.

 -O que você viu Athena? A abelhinha está em perigo? -questionei com as mãos tremendo só de pensar na possibilidade de que algo pudesse acontecer a minha fêmea.

—Não é a abelhinha que está em perigo e sim você.... Vi seu próprio sangue destruindo-o... Você precisa voltar para casa, antes que seja tarde demais e você deixe de existir...A abelhinha não pode te perder...A dor de perdê-lo irá consumi-la... Me prometa que protegerá a abelhinha de sentir a dor de perdê-lo. -Athena implorou entre lágrimas e senti meu corpo estremecer de frio com as suas palavras.

—Eu prometo Athena. Prometo que protegerei a abelhinha da dor de me perder. - disse sério e ela agradeceu aliviada.

Conversamos mais um pouco até que ela estar mais calma e lhe prometi que embargaria para La Push após o casamento de Daniel, pois não podia quebrar a promessa que havia feito a Mel, de acompanha-la ao casamento do irmão.

Depois que desligamos, procurei na minha lista telefônica o número do meu padrinho, que me atendeu no segundo toque antes de lhe explicar toda a possível situação que poderíamos enfrentar, ele me garantiu que estaria indo para Forks imediatamente e que no caminho ligaria para Jacob, para que ele garantisse que meus avós saíssem em segurança de lá.

—Não podemos confiar em ninguém. Não sei quem está tentando pegar o meu lugar, pode ser qualquer um, por isso preciso que as pessoas que amo estejam em segurança. - disse ao telefone enquanto andava de um lado para o outro no meu quarto, tentando pensar em quem estava tramando contra mim.

—Apostaria no Harry, ele sempre te odiou. - tio Emmett disse do outro lado da linha, já que meus padrinhos haviam colocado a ligação no viva voz.

— Eu sei, mas não posso acusar ninguém sem provas...O fato de desconfiar dos meus irmãos de bando, já seria visto como um ato de traição pela matinha e pelo concelho, que me acha relapso em minhas funções, por passar mais tempo na Inglaterra do que em La Push.

— Se fosse o contrário, querido, você jamais encontraria a Melissa. - minha madrinha disse amorosa e concordei.

 Conversarmos mais um pouco e meus padrinhos me prometeram antes de desligar, que me ligariam assim que soubessem que meus avós estavam em segurança e lhes agradeci. Em seguida, fui até o meu closet vestir uma calça de moletom qualquer antes de ligar para o meu irmão caçula, que estava de plantão essa noite. Por milagre, Ethan atendeu rápido e lhe contei tudo.

Desde a conversa que tive com a nossa mãe, a dor que senti mais cedo no chuveiro, o telefonema da avó de Melissa e suas preocupações, sobre um possível golpe contra a minha liderança.

—Se for demais para você, irmão quero que saiba...- comecei a dizer e Ethan me interrompeu.

—Somos irmãos Ben e ponto final. Essa irmandade vai muito além da matilha...Se alguém está lhe ameaçando, está me ameaçando também...E onde já se viu, um Clearwater fugir de uma boa briga? - Ethan questionou sorrindo e agradeci antes de me sentir culpado, afinal sabia as consequências do que poderíamos enfrentar.

Se Athena estiver certa, teríamos que enfrentar nossos próprios irmãos de bando, pessoas com quem convivemos, que conhecíamos, resultando em uma guerra que só teria perdedores no final.

—Você já avisou nossos pais? - ele questionou me tirando dos meus pensamentos.

—Não, vou deixá-los dormir sossegados por hoje, amanhã cedo falo com eles. Além do mais, a mamãe já estava preocupada antes mesmo de saber da premunição da Athena.

—Você tem razão, já avisou nossos tios?

—Sim, só está faltando seus padrinhos.

—Deixe isso comigo. Você sabe como o velho irlandês fica furioso, quando ligamos cedo demais e atrapalhamos o jeito dele acordar a minha madrinha. - meu irmão disse malicioso e concordei. - Tente descansar um pouco, irmão. Você ainda vai levar a Mel amanhã no casamento?

— Vou. Prometi a Melissa que a levaria...E se algo acontecer comigo, não quero que a última lembrança que ela tenha de mim, seja quebrando uma promessa que lhe fiz. - disse com a voz embargada ao pensar que talvez amanhã seja a última vez que veria o amor da minha vida.

—Então, faça desse dia inesquecível para ela, mano. -Ethan pediu e concordei antes de nos despedirmos.

Passei a noite toda em claro, pois minha mente agitada não me deixava dormir, só consegui respirar um pouco quando falei com meus avós pelo telefone, confirmando que os mesmos estavam em segurança com Jacob e tia Renesmee do lado da fronteira, que pertencia aos Cullen.

Assim que amanheceu, fui em direção ao banheiro tomar um bom banho antes de me arrumar para o casamento do irmão de Melissa, quando desci as escadas para tomar café encontrei meus pais sentados à mesa, rindo e se beijando enquanto planejavam o que fariam nesse final de semana, e me senti tão culpado por estragar a felicidade deles.

—Olha só amor, como nosso filhote está lindo. - meu pai comentou sorrindo assim que desviou a sua atenção da minha mãe, quando me viu entrar na sala de jantar.

—Nosso filhote é lindo desde que nasceu, amor. Modéstia a parte, nós dois fizemos filhos maravilhosos. - mamãe segredou sorrindo sentada no colo do meu pai com os braços envolta do seu pescoço, antes de levantar os olhos para me ver.

Não sei o que ela viu nos meus olhos, mas o que quer que fosse, fez seu sorriso morrer antes dela levantar do colo do meu pai e vir até mim.

— O que aconteceu, Benjamin? - ela questionou séria parada na minha frente e respirei fundo, indicando que nos sentássemos a mesa antes de lhe contar tudo.

Eles acharam prudente todas as decisões que tomei, para investigar as desconfianças da avó de Melissa, menos a de levar a minha namorada ao casamento do meu cunhado. Tive que usar todos os tipos de argumentos para convencê-los, os quais não surtiram efeito então tudo que me restou foi implorar aos dois, que me deixassem dar esse momento especial ao meu imprinting, se algo me acontecesse.

—Já disse que não, Benjamin e ponto final. Vá para cima agora e arrume as suas coisas, vou ligar para o aeroporto e partiremos para La Push assim que Ethan chegar do plantão. - meu pai disse severo e neguei com a cabeça.

—Sou adulto pai e não uma criança pequena, para acatar as suas ordens sem contestar. Vou levar a Melissa nesse casamento, nem que seja a última coisa que faça. - disse determinado enquanto o olhava sério e vi ele me olhar surpreso, afinal jamais havia contestado uma ordem sua, isso sempre ficava a cargo dos meus irmãos.

—Não estou pedindo Benjamin Elliot, estou mandando...- meu pai começou a dizer severo e minha mãe ficou em nosso meio.

—Vocês dois, já chega. - ela disse séria olhando para nós antes de focar no meu pai. - Elliot, amor, entendo e compartilho da sua preocupação com o nosso filhote, mas o Ben tem razão, se fosse o contrário, tomaríamos a mesma decisão, não é verdade?

—É.- meu pai disse e suspirou resignado antes da minha mãe virar para me ver.

—Eu entendo a sua decisão, mas tudo que lhe peço é que não esqueça o que me prometeu ontem.

—Não vou esquecer, mãe. - disse olhando nos seus olhos escuros e ela concordou antes de indicar com a cabeça que deveria falar com meu pai, sem dizer uma palavra ela saiu do nosso meio e olhei arrependido para o meu pai.

—Me desculpe, pai. Não devia...- comecei a dizer e ele me interrompeu antes de colocar a mão no meu ombro enquanto me olhava nos olhos.

—Eu é que peço desculpas, filho. A sua mãe tem razão, se estivesse no seu lugar faria a mesma coisa, enfrentaria o mundo só para ter um ultimo momento com a mulher que amo. Apenas, tome cuidado. - ele pediu amoroso e concordei antes de abraça-lo com carinho. -Eu te amo tanto, meu garotinho, lembre-se sempre disso.

—Eu vou lembrar pai, e também te amo muito. - disse e ele se afastou de leve de mim para poder beijar a minha testa com carinho.

—Obrigado por tudo que fizeram por mim, tenho muito orgulho de ser filho de vocês. - disse olhando para os meus pais que concordaram antes de me envolveram em um abraço duplo, antes de sair de casa para buscar minha namorada.

Não sabia explicar, só sentia que precisava demonstrar o quanto os amava e o quanto era grato, por tudo que haviam me dado desde antes mesmo de nascer.

Era como se soubesse que a minha vida estava contada, mas ao em vez de ficar apavorado com isso, não. Estava em paz, por ter vivido momentos incríveis ao lado da minha família e amigos, mas principalmente por ter encontrado meu imprinting...A garota mais doce, gentil, altruísta, linda e pura de coração que já conheci na vida, a qual estava nos meus braços agora, enquanto dançávamos a nossa música sem pressa de acabar aquele momento, que desejava que durasse para sempre.

Guardaria em minha memória, cada momento desse dia e de todos que vivemos juntos, como o tesouro mais precioso, a lembrança mais bonita da minha vida, que só começou realmente quando vi Melissa pela primeira vez.

Enquanto dirigia para deixa-la em casa após a festa, começamos a conversa sobre o nosso “sucesso no casamento” do seu irmão, e vê-la rindo ali tão leve e feliz, depois do dia incrível que passamos juntos, me deu a certeza de que havia tomado a decisão certa de leva-la ao casamento, mas antes que pudesse dizer o quanto a amava ou que teria que me ausentar por um tempo, a mesma dor de ontem voltou, só que dessa vez era muito mais intensa chegando a roubar as minhas forças, como se minha vida estivesse se esvaindo naquele instante.

Tive que lutar contra a vontade de desmaiar de dor naquele instante, pois Melissa estava no carro e se perdesse os sentidos poderia machucá-la em um acidente, usando minhas ultimas forças, consegui parar o carro em um acostamento no meio do nada antes de sentir meu coração sendo esmagado tirando meu ar como consequência, me fazendo gemer de dor antes de apoiar a cabeça no volante.

Naquele momento senti a ligação que possuía com meus irmãos de bando, desde que assumi o lugar de alfa na matilha da minha mãe, sendo quebrada uma por uma, provocando uma dor lancinante que parecia me partir ao meio por cada um que me deixava. Não podia acreditar que eles estavam me abandonando...Depois de tantos anos juntos...De tudo que compartilhamos e vivemos...

Me sentia traído e abandonado, e se o que estava sentindo fosse verdade, não sobreviveria por muito tempo sem eles, afinal a força do lobo está na alcateia e a força da alcateia, está no lobo.  Um lobo só poderia existir para viver em bando, e se o meu bando havia me abandonado, qual seria a minha utilidade agora?

Foi quando me lembrei de Melissa e da promessa que havia feito ontem a minha mãe, e comecei a lutar para me manter respirando, pois não deixaria a dor da rejeição do meu bando me matar...Não quando tinha tanto para viver e construir ao lado do meu imprinting, mas mesmo lutando a dor era insuportável e foi impossível segurar outro gemido, quando a dor ficou mais forte.

—Amor, o que está acontecendo? -Mel questionou apavorada enquanto me ajudava a sentar no banco do motorista e vê-la daquela forma, tão assustada e preocupada por minha causa, aumentou ainda mais a minha dor, afinal não queria que a sua última lembrança de mim fosse dessa forma.

—Por favor, Benjamin, me diz como posso te ajudar. -ela implorou entre lágrimas enquanto segurava a minha mão fria, tentando me dar algum tipo de apoio.

“Você precisa pedir ajuda a nossa fêmea, antes que seja tarde demais.” -a voz de lobo sussurrou fraca em minha cabeça e segurei as minhas lágrimas de dor, temendo assustar Melissa ainda mais.

Deus, não queria que ela soubesse do meu segredo dessa forma tão brusca e cruel, Melissa merecia saber a verdade de outra maneira, mas meu espirito animal tinha razão.

Ela era a única para quem poderia pedir ajuda nesse momento, então reunindo as poucas forças que ainda me restavam olhei em seus olhos cor de mel, sabendo que seria a última vez que os veria.

—Você precisa ligar para os meus pais... Precisa dizer a eles...- sussurrei sem forças antes de gemer novamente de dor enquanto segurava a sua mão, deixando-a desesperada por me ver sofrer sem poder fazer nada.

—Tudo bem, estou aqui com você. -Mel sussurrou entre lágrimas enquanto acariciava meu rosto com a mão livre. - O que preciso dizer a eles, amor?

— Precisa dizer a eles... Que meus irmãos de bando...Estão me deixando...- sussurrei sem forças antes de desmaiar em seus braços, sem ao menos ter tido tempo de dizer pela última vez o quanto a amava.


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Notas finais do capítulo

Não sei vocês, mas esse capitulo... Me fez chorar...
Tadinho do Ben.
Beijos e até quarta.



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