O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 24
Melissa


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de O Legado, espero que todos estejam bem e animados para o capitulo de hoje.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.



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Assim que cheguei em casa, fui direto para a cozinha onde encontrei minha mãe cantarolando suave enquanto preparava o jantar.

—Chegou tarde filha, teve outro problema na fabricação dos remédios? - ela questionou preocupada, afinal sempre chegava por volta das cinco e meia e hoje havia chegado as sete.

—Graças a Deus não mamãe. Benjamin precisou de ajuda com alguns documentos administrativos pois Cíntia, a secretaria dele, teve uma emergência e precisou faltar. - expliquei indo até a geladeira para pegar uma garrafa de água, após ter cumprimentado minha mãe com um beijo.

—Entendo...E você como a boa pessoa que é, o ajudou a sair desse problema. - mamãe disse maliciosa e olhei feio para ela.

—Mãe, não aconteceu nada, lá dentro ele é o meu chefe e tudo que fizemos foi apenas trabalhar.

—Mel, filha, já estive apaixonada antes, e os apaixonados nunca conseguem separar as coisas.

—Mas eu consigo. - segredei antes de tomar minha água e mamãe riu.

—O pior cego é aquele que não quer ver, filha. - ela disse suave antes de colocar ligar o forno.

—Mãe, mudando de assunto, o Theo vem jantar hoje aqui? - questionei sem saber como dizer a ela que havia brigado com meu irmão mais velho.

—Ele ligou dizendo que não viria, dando uma justificativa qualquer. Mas sabia que tinha algo errado e segui a minha intuição. - ela disse virando para me ver, e seu olhar me fez sentir ainda mais culpada. - Ele me contou que vocês brigaram, mas não disse o porquê. Foi por causa do Benjamin?

—Não, poucas pessoas sabem sobre ele, só a senhora, a Cíntia, a vovó e com certeza a Judy.

—Então, porque vocês brigaram? - ela questionou curiosa e suspirei envergonhada antes de contar tudo a minha mãe.

—Os dois estão errados e precisam se desculpar.

—O Theo não teve culpa de nada mãe, eu que perdi a cabeça.

—Os dois tem culpa Melissa. Você por ter reagido de uma forma explosiva com o seu irmão e colega de trabalho, e o Theo por não saber diferenciar que ele é o seu irmão fora dos muros do conglomerado, lá dentro você não lhe deve satisfações. E apesar de ficar triste com a briga de vocês, estou feliz por ter se posicionado uma vez na vida, filha.- mamãe disse orgulhosa de mim enquanto lhe olhava confusa por suas palavras.

—Agora acho melhor você subir e tomar um banho, logo todos estarão aqui para o jantar, estou fazendo cordeiro assado com legumes e alecrim. - ela disse e concordei antes de subir.

Cordeiro assado com legumes e alecrim, só era feito por minha mãe quando havia desavenças familiares, esse prato era praticamente um suborno para que as partes ofendidas se sentissem obrigadas a pedir perdão, e isso sempre funcionava. Depois que tomei um banho rápido e troquei de roupa, decidi ligar para Cíntia, afinal gostaria de saber o motivo que a fez faltar ao serviço hoje.

—Oi Mel, é bom ouvir a sua voz. - ela disse com a voz chorosa do outro lado da linha e fiquei preocupada.

—Você está bem? Fiquei tão preocupada quando Benjamin me disse que você não ia trabalhar hoje, tentei fazê-lo me dizer o motivo, mas ele sabe ser evasivo como ninguém. - disse frustrada por me lembrar da sua justificativa me contado o motivo da minha amiga ter faltado hoje.

—Nosso chefe é a melhor pessoa do mundo. Nunca conheci um homem tão gentil e integro quanto ele. E se você não conseguiu arrancar a verdade dele, ninguém mais consegue. - ela disse sugestiva e corei do outro lado da linha.

—Cíntia, você está realmente bem? Sua voz está triste e isso está me deixando preocupada. - disse tentando fazê-la mudar de assunto.

—Não fui trabalhar hoje porque não tinha condições...Sabe, depois do nosso passeio no parque, fui deixar meus sobrinhos na casa da minha irmã e enquanto ajudava a Pandora a fazer um calendário artesanal para a escola, percebi que a minha menstruação estava atrasada uma semana e fiquei apavorada. - ela sussurrou entre lágrimas e meu coração bateu mais forte. - Quando contei pro Douglas, ele não ficou feliz...Mas tudo bem, afinal até eu estava em choque com a possibilidade, ao em vez de me apoiar ele disse que a culpa era minha, por não ter me prevenido...E brigamos feio...Ele me disse coisas horríveis. -ela sussurrou com a voz embargada.

—Isso não é verdade, vocês dois são responsáveis por esse bebê. - disse séria, afinal pelo que me lembrava da conversa que tive com a minha mãe alguns anos atrás, um bebê só podia ser feito por duas pessoas. -Vai ficar tudo bem Cíntia, você não precisa do Douglas para nada, esse bebê terá a melhor mãe do mundo e vou estar ao seu lado para qualquer coisa.

—Obrigada Mel, você é a melhor amiga que eu poderia ter... Mas não há um bebê para que alguém seja culpado. Não sabia que passo seguir no meio dessa confusão toda, por isso na segunda, me arrumei de forma mecânica para o trabalho, pois precisava de um pouco de normalidade para colocar minha cabeça no lugar, foi quando encontrei Benjamin no elevador e ele me questionou se estava bem e acabei contei tudo a ele.- ela explicou ainda com a voz chorosa e respirou fundo antes de continuar.- Foi o Benjamin que me convenceu a fazer o teste para tirar a dúvida, ele até ligou para a minha irmã e lhe contou o que estava acontecendo, porque estava sem condições. Ele foi um verdadeiro anjo da guarda pra mim hoje.

—O que aconteceu entre você e o Douglas?

—Fiz questão de ir até o nosso apartamento esfregar na cara dele o resultado negativo do exame de sangue, ele tentou me pedir perdão, mas não aceitei. Arrumei as minhas malas e agora estou na casa da minha irmã dividindo o quarto com a Pandora, já que o quarto de hospedes agora é o quarto do Ian.

—Sinto muito que esteja passando por tudo isso, Cíntia. Se precisar de um lugar para ficar, tenho certeza que meus pais não vão se opor. - disse sincera, talvez até pudéssemos pensar em alugar um apartamento juntas, até que não seria uma má ideia morar com a minha amiga.

—Obrigada por tudo Mel, mas vou ficar bem aqui com a minha irmã, meus sobrinhos são uma ótima distração para curar um coração partido. E falando em coração, como foi seu encontro com o Ben? - ela questionou curiosa e suspirei vencida, afinal sabia que não poderia escapar desse assunto por muito tempo.

—Tem certeza que quer falar sobre isso?

—Claro que quero, já shippo Belissa, só falta ele acontecer. - ela disse empolgada e fiquei feliz por ouvi-la sorrindo.

—Quem é Belissa?

—Benjamin mais Melissa é igual a Belissa. E então como foi? - ela questionou aflita por detalhes e respirei resignada, antes de lhe contar tudo sobre o meu encontro com Benjamin, no domingo, e do nosso almoço hoje no escritório, lhe deixando a par das minhas inseguranças em relação a me envolver com Benjamin.

—Quer um conselho amiga? - Cíntia questionou de repente e concordei. - Beija ele. Só assim você vai ter certeza absoluta do que senti. O beijo é um verdadeiro termômetro para os sentimentos, se ele for sem graça é porque vocês não têm química, e não vale a pena arriscar sua vida profissional por algo que não seja de tirar o folego. Mas se ele for explosivo, como acho que vai ser, é porque a química entre vocês é boa e vale a pena investir nesse relacionamento. Afinal, você me contou que adorou conversar com ele, que se divertiram muito e isso já é um ponto positivo, Mel, mas uma relação não é feita apenas de um papo bom, precisa de paixão também.

—Não sei se estou pronta para esse passo, mal o conheço Cíntia. -disse em pânico e ela suspirou resignada.

Tudo bem que fiquei frustrada, quando percebi que ele não iria me beijar quando me deixou em casa, mas tomar a inciativa de beijá-lo com certeza era algo que não teria coragem.

—Tudo bem, não precisa seguir o meu conselho logo de cara, faça do seu jeito. Mas se estiver confortável ao lado dele e com vontade, considere a minha ideia maluca. Tenho certeza que depois de um único beijo as coisas irão clarear para você. Me prometi que vai considerar a minha sugestão?

—Prometo Cíntia, agora preciso desligar porque a minha mãe está me chamando para o jantar. - disse assim que ouvi a minha mãe me chamando lá em baixo.

—Tudo bem, vejo você amanhã.

—Até amanhã. - disse me despedindo da minha amiga antes de desligar o meu celular.

E comecei a pensar na sugestão maluca da Cíntia.

Será que teria coragem de beijar Benjamin?

Sabia que não, afinal só de pensar nessa hipótese, já sentia meu rosto esquentar como se estivesse em um forno. Mas apesar da minha timidez, havia prometido a minha mãe que iria dar uma chance para os meus sentimentos, e agora havia prometido a Cíntia que iria considerar a sua ideia, e eu era fiel as promessas que fazia.

—Só espero não me arrepender de ouvir seus concelhos Cíntia. - disse resignada antes de descer para o jantar e encontrar todos à minha espera.

—Você demorou filha, já estava subindo para ver o que tanto fazia. - meu pai questionou curioso assim que me viu descendo as escadas.

—Na realidade o papai estava curioso para saber com quem você estava ao telefone. - Danny disse e Rafaela lhe olhou feio.

—Por acaso você estava falando com alguma paquera sua, Mel? - Becca questionou feliz em saber da possível novidade, e só faltei cavar um buraco para me esconder ao ver os olhos questionadores, do meu pai e meus irmão, pararem em mim.

—Claro que não gente, estava falando com a minha amiga, Cíntia. Ela não foi trabalhar hoje e liguei para saber se tudo estava bem.

—E ela estava filha? - mamãe questionou tentando desviar todos da pergunta de Becca.

—Ela está um pouco triste porque terminou com o namorado, mas está reagindo. - disse e todos se solidarizaram com a minha amiga antes de irmos para a sala de jantar.

— Cordeiro assado com legumes e alecrim, por acaso alguém brigou com alguém aqui? - meu pai questionou assim que mamãe colocou o “prato do perdão” em cima da mesa.

—Como reza a nossa tradição, só iremos comer esse delicioso cordeiro quando as partes que brigaram se manifestarem e pedirem desculpas, se isso não acontecer tenho o padre Rogerio na discagem rápida, tenho certeza que ele ficaria feliz em entregar todo esse jantar delicioso aos pobres. - mamãe explicou enquanto olhava de mim para Theo.

—Sabia que isso é tortura mãe? A senhora não pode nos chantagear dessa forma. - Theo disse suave e mamãe o olhou sério.

—Eu que dito as regras aqui mocinho, e não adianta querer se fingir de inocente. - ela disse severa e meu pai suspirou.

—Theo, filho, por favor, se você brigou com alguém dessa mesa peça desculpas, porque estou morrendo de fome. - meu pai implorou e respirei fundo antes de me levantar da minha cadeira, atraindo a atenção de todos.

—Gostaria de pedir perdão ao Theo. Não devia ter sido rude com você hoje, mas ouvir os seus questionamentos sobre o que deveria ou não fazer no meu local de trabalho, me tirou do sério. Estou cansada de ser vista por todos como uma boneca de porcelana que precisa ser protegida, sei que fazem isso por amor, mas eu cresci. Preciso ter liberdade para fazer as minhas escolhas sem que alguém me diga o que fazer, vocês dois tiveram o direito de caminhar livremente, porque não posso fazer o mesmo também? - questionei olhando para os meus irmãos mais velhos estavam surpresos por minhas palavras, e percebi que tinha ido além do meu pedido de desculpas, havia desabafado toda a minha frustação no jantar daquela noite.-Bom, era isso, e me perdoe novamente por ter brigado com você, Theo.

—Muito bem...Obrigada Mel, por ser a primeira a falar e por expor toda a sua aflição, filha. - mamãe disse suave e agradeci antes de me sentar. - Theo, é a sua vez.

Meu irmão passou alguns minutos calado sem se levantar, achei que ele não iria dar o braço a torcer, o que resultaria em mamãe ligado para o padre Rogerio, avisando sobre a doação do jantar aos pobres. Mas quando achei que tudo estava perdido, vi meu irmão mais velho se levantar de sua cadeira e respirar fundo antes de começar a falar.

—Você não precisa me pedir perdão Mel, eu é quem te devo perdão. Você tem razão, não posso lhe dizer o que fazer, você é adulta o suficiente para saber fazer as suas escolhas. Só que é difícil pra mim admitir que a menininha que levava para a escola, que sempre tomávamos sorvete na volta, cresceu e que não precisa mais de mim...Ainda não consegui aceitar direito que agora você é adulta, e tem o direito de viver a sua vida, mas prometo que vou tentar respeitar as suas escolhas. Você seria capaz de me perdoar, por tentar controla-la? - Theo questionou emocionado e sorri em meio as lágrimas antes de abraçar o meu irmão com carinho.

—Claro que eu te perdoo. E você, me perdoa? - questionei abraçada a ele.

—Claro que te perdoo fadinha, eu te amo e jamais ficaria magoado com você. - Theo disse amoroso e senti as lágrimas molharem a minha face.

—Eu também te amo Theo.

—Nunca duvidem do poder do meu cordeiro assado com legumes e alecrim. - mamãe disse orgulhosa por ver seus filhos fazendo as pazes e todos sorriram.

Depois do jantar subi para o meu quarto e ouvi o som do meu celular vibrando, anunciando que havia uma nova mensagem de texto. Curiosa, me sentei na cama e peguei o aparelho para ver quem havia me mandado a mensagem.

E sorri feliz assim que vi de quem era.

“Só queria dizer, que adorei trabalhar hoje exclusivamente com você. Amei cada momento desse dia, e espero que possamos repeti-lo em breve. Você e o Theo já conversaram? Espero que tenham feito as pazes, sei o quanto seu irmão é importante para você. com amor Benjamin.”— li sua mensagem e senti meu coração bater acelerado, emocionado com a sua mensagem.  Respirei fundo, antes de pensar em uma resposta para a mensagem que ele havia me enviado.

“Eu também adorei o dia de hoje, me diverti muito. Obrigada por ter me apoiado depois da briga que tive com o meu irmão, e não se preocupe, porque fizemos as pazes. Conversei com Cíntia mais cedo, e ela me assegurou que estava bem, apesar de tudo.” —digitei a mensagem antes de enviá-la e não demorou muito até que recebesse a resposta.

“Fico feliz que tudo tenha se resolvido com o seu irmão, e que Cíntia esteja bem. Será que seria muito abuso requisitar a sua ajuda novamente amanhã?”— Benjamin questionou em sua mensagem.

“Não sei se a sua secretária iria gostar de ter o seu posto roubado.”— terminei de escrever a mensagem antes de enviá-la e fiquei aguardando por sua resposta.

“Tenho certeza que Cíntia não irá se importar.”— ele assegurou e sorri ao perceber que isso era verdade.

Passei horas conversando com Benjamin por mensagem, até estar tarde demais e ambos concordarmos que estava na hora de nos despedirmos, mas não conseguíamos fazer isso. Era como se algo nos impedisse de nos despedirmos, mas no fim acabamos vencidos pelo cansaço.


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Notas finais do capítulo

Só tenho uma coisa para dizer desse capitulo: Benjamin não é gente, é um anjo.
Beijos e até quarta.



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