O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 103
Ethan


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos aos últimos capítulos de O Legado part. 2, espero que gostem do capitulo de hoje, que seguindo a linha dos outro promete grandes emoções.
Beijos e boa leitura.



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Lembrar do temor que vi nos olhos de Cíntia naquela noite, ainda perturbava a minha mente, mesmo que isso tenha acontecido a duas semanas atrás. Relembra-lo ainda era capaz de me partir ao meio mediante o seu temor, mesmo depois de semanas.

Por mais difícil que seja, me mantive longe dela respeitando o seu tempo e pedi que meus familiares fizessem o mesmo, porque não queria que meu imprinting se sentisse pressionada a tomar uma decisão agora.

Eles estavam se saindo muito bem em dar um tempo para Cíntia, o que me surpreendeu por terem tanta paciência, algo não muito comum para os Thompson, até que alguns dias atrás minha cunhada me mandou uma mensagem avisando que iria almoçar com Cíntia, para que as duas pudessem conversar e quem sabe até se entenderem.

No começo fiquei preocupado, que talvez Cíntia achasse que estava usando minha cunhada para forçar uma aproximação, mas Melissa garantiu que deixaria claro que não era isso e confiei em sua palavra, agora as duas haviam voltado a ser amigas de novo, o que me deixou feliz por elas.

Pelo menos um de nós, estava feliz em retomar algum tipo de relacionamento com Cíntia Lopes.

—Cara, você ainda está aqui? Achei que fosse para a reunião do concelho. Não é hoje que irão falar, sobre o desfalque que o hospital sofreu? - Edgar questionou assim que entrou na minha sala e me viu ainda sentado em minha mesa, lendo cuidadosamente um documento sobre compras de seringas hospitalares antes de assiná-lo, enquanto minha nova secretária, escolhida a dedo por Ária depois de uma cuidadosa investigação criminal, estava sentada no sofá que havia ali, provavelmente cansada de esperar por minha leitura minuciosa.

Depois do que havia passado com a história do desfalque, prometi a mim mesmo que tomaria mais cuidado em relação a documentação do hospital, prestando mais atenção a leitura dos mesmos e a tudo que assinava. Decidi também fazer as vistorias no hospital no final de cada mês, o que me daria mais tempo para cuidar de toda documentação que inevitavelmente ficava acumulada, porque sempre a evitava, já que preferia passar meu tempo cuidando das pessoas do que do serviço burocrático.

Sabia que tinha que abrir mão do que gostava de fazer para fazer o certo, afinal não podia mais decepcionar meus pais ou colocar em risco novamente o legado da minha família, que havia sido entregue a mim.

—Só um minuto, Edgar. - disse sem desviar os olhos dos documentos, terminando de ler o último parágrafo assinando-o e carimbando o mesmo, antes de entregá-lo a Lúcia, minha nova secretária que saiu da sala com pressa, pelo horário ela devia estar correndo para o restaurante da empresa almoçar.

—Por isso o chamei aqui, como meu braço direito e vice presidente na administração da rede de hospitais, é sua função comparecer as reuniões quando não posso fazê-lo.- disse e meu amigo estreitou os olhos para mim.

—Você nunca perdeu uma reunião do concelho...Não me diga que não quer ir à reunião, por causa da Cíntia? - ele questionou e sorri nervoso, porque no fundo ele tinha toda a razão.

—Claro que não, estou cheio de trabalho, Edgar. - disse mexendo nos papeis que estavam em cima da minha mesa, para que ele visse o quanto estava mesmo ocupado.

—Sei. - ele disse me olhando de braços cruzados, me analisando com aqueles olhos verdes curiosos. - Pode dizer a verdade pra mim, Ethan, somos amigos a anos. Por acaso, aprontou alguma, por isso terminaram?! E agora está com vergonha de ver a sua ex? Cara, não acredito que traiu a Cíntia?! Ela foi a única que fez você se apaixonar de verdade, achei que iriam acabar se casando.

—Jamais trai a Cíntia, Edgar. Eu a amo mais do que pensei ser possível amar alguém, mas as vezes o amor não é forte o suficiente para enfrentar algumas situações...E achamos melhor darmos um tempo. -menti em parte para o meu amigo, que suspirou resignado.

—Pelo jeito, você não está feliz com o fato de estarem dando um tempo, não é?

—Não. Se pudesse jamais me afastaria dela, mas sei que Cíntia precisa desse momento e respeitarei isso, mesmo não gostando. -esclareci e meu amigo suspirou resignado, sabendo que não adiantava insistir no assunto quando estava decidido.

—Então, isso quer dizer que você vai desistir da mulher que ama? - Edgar questionou me olhando confuso, como se não estivesse acreditando que iria fazer isso.

—Jamais vou desistir da Cíntia, mas dessa vez não serei precipitado, tomando decisões que possam afastá-la ainda mais. Não importa quanto tempo leve, vou esperar até que ela queira voltar comigo.

—Entendo, amigo, mas você já pensou na possibilidade de ela não querer mais ficar com você? - Edgar questionou e senti meu coração se apertar diante dessa possibilidade, tive que respirar fundo algumas vezes antes de responder à pergunta do meu amigo.

—Não e nem quero pensar nisso, mas se isso acontecer...Terei que aprender a viver sem ela, por mais difícil que seja se quer imaginar isso. - disse com a voz rouca, tentando controlar as lágrimas queriam descer só de pensar nessa possibilidade.

—Então não pense amigo, tenho fé que os dois ficarão juntos no final, isso é só uma crise que qualquer casal pode passar. - meu amigo garantiu e sorri agradecido para ele.

—Obrigado por sua preocupação, meu amigo. - disse comovido com o seu cuidado e Edgar sorriu.

—De nada e não se preocupe, pois irei na reunião para você. Assim você poupa todos os conselheiros de presenciarem o clima estranho entre você e sua ex.- ele brincou tentando me animar e revirei os olhos antes de sorrir.

—Obrigado, por tudo Edgar. - disse sincero para o meu amigo que deu de ombros.

—É para isso que servem os amigos. Agora preciso ir para a reunião, antes que chegue atrasado. Depois do almoço, podemos nos reunir com o concelho do hospital para lhes repassar tudo o que foi discutido na reunião, o que acha? - ele sugeriu e concordei antes de nos despedirmos e Edgar deixar a minha sala.

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Almocei de maneira rápida antes de encontrar o concelho do hospital na sala de reunião, para que Edgar nos repasse o teor da reunião do concelho administrativo. Depois que o dinheiro foi recuperado e os culpados pelo desfalque foram parar atrás das grades, pedi a Oliver para fazer um “pente fino” em todas as contas da rede de hospitais, atrás de outras possíveis fraudes, além de substituir todos aqueles que acobertaram as falcatruas de Douglas e da minha ex-secretária, que havia sido presa dias depois do seu comparsa na casa de alguns parentes no interior.

Graças a Deus, meu primo não encontrou mais nenhum desfalque, por sua ajuda promovi Oliver a chefe do setor financeiro da rede de hospitais, o que lhe deixou extremamente feliz e agradecido perante meu reconhecimento assim como meu primo Abbot, que fez questão de contar para todos que seu neto havia salvado a empresa da ruina e não pode discuti, afinal ele tinha razão.

—Sabia que todo mundo ficou surpreso em me ver na reunião do conselho? -Edgar questionou depois que todos deixaram a sala de reuniões, ficando apenas nós. 

—Não entendi a surpresa, afinal você é o vice presidente da rede de hospitais. - disse guardando os documentos que levaria para ler em casa, depois que jantasse com meus irmão hoje.

Ária havia praticamente me intimado para o nosso famoso “jantar dos irmãos”, antes de Benjamin e a esposa voltarem para casa, já que os dois haviam adiado sua volta por causa de um mal estar passageiro relacionado a gravidez da minha cunhada.

Tentei dar todas as desculpas possíveis, para evitar estar sozinho com meus irmãos mais velhos, não queria que os dois ficassem preocupados com o meu sofrimento amoroso, mas foi impossível dizer que não quando minha irmã mais velha me ameaçou, quando dei a entender que não iria. Apesar de saber que Ária não poderia me machucar, ela sabia assustar qualquer um quando usava seu tom de voz ameaçador e autoritário, que sempre lembrava o papai.

—Se estivesse no lugar deles, até eu ficaria, afinal você sempre foi em todas as reuniões...Mas teve uma pessoa que notou sua ausência muito mais que as outras. - Edgar disse me olhando sugestivo e estreitei os olhos, desconfiado do rumo das suas palavras. - A Cíntia perguntou de você e ela ficou visivelmente chateada, quando disse que você não compareceria à reunião.

—Tem certeza disso? - questionei com o coração acelerado e as mãos tremulas, ao imaginar que a mulher que amava estava sentindo minha falta.

—Tenho, sim. Isso foi um sinal meu amigo, acho que você devia convidá-la para jantar...Quem sabe, vocês dois não se acertam? - meu amigo sugeriu e sorri já imaginando a cena.

Um jantar à luz de velas, em um ambiente extremamente romântico...

No qual conversaríamos sobre tudo o que havia acontecido naquela fatídica noite que nos separou, antes de selarmos a nossa reconciliação com um beijo apaixonado, retomando assim a nossa história de amor...

Sim, esse era o final que desejava, mas fui obrigado a suspirar e balançar a cabeça, voltando para a minha realidade, na qual Cíntia tinha medo de mim e me queria bem longe.

—Obrigado pela sugestão, Edgar, mas acho melhor não. Disse a você que queria respeitar o tempo dela e vou. - disse sério ao meu amigo que suspirou, levantando as mãos em seguida, deixando claro que não insistiria mais no assunto antes de sair da sala.

Ótimo, além de magoar a mulher que amava por causa das minhas mentiras, havia acabado de magoar também meu melhor amigo, quando ele só tentava me ajudar.

Deus, parecia que tudo estava conspirando contra mim ultimamente.

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Sai do hospital por volta das sete da noite, caminhei apressado em direção a minha moto estacionada na minha vaga, havia voltado a andar com ela depois que Cíntia terminou comigo. Desde que começamos a namorar evitava andar de moto com ela, mesmo sendo um motorista excelente e com ótimos reflexos, sempre tinha medo de me envolver em algum acidente do qual meu imprinting poderia sair gravemente ferida, já que tinha medo de correr feito um louco com ela na garupa.

Mesmo podendo correr agora do jeito que gostava, não conseguia sentir a mesma sensação de antes. Na verdade, tudo que gostava havia perdido o sentindo sem Cíntia, era como se não estivesse vivendo e sim sobrevivendo, a espera do dia em que ela finalmente me chamaria para conversarmos e decidimos de uma vez o destino da nossa relação, que havia entrado numa espécie de pausa angustiante.

Respirei fundo, tentando limpar minha mente dos pensamentos dolorosos que sempre a invadiam, quando pensava na falta que sentia do meu imprinting. Assim que consegui parar de pensar, coloquei o capacete e subi na moto dando a partida, antes de voar pelas ruas de Londres em direção ao restaurante que sempre jantava com meus irmãos, quando nos reuníamos.

Depois que estacionei a moto e segui para dentro do restaurante, o maitre sorriu me reconhecendo me levando até a mesa onde meus irmãos, que já me esperavam com suas bebidas em mãos enquanto conversavam.

—Não acredito que começaram a beber sem mim? - questionei fingindo estar magoado enquanto olhava para os dois, indicando com a cabeça as duas taças de vinho tinto em cima da mesa.

—Caçulinha. - Ária disse feliz e se levantou da cadeira em que estava, me abraçando com carinho. - Estava tão preocupada com você, depois de tudo que houve. Como se senti?

—Estou bem, Carol, não precisa se preocupar. - assegurei suave e minha irmã se separou de mim, me olhando de cima a baixo, antes de voltar a sua atenção para Benjamin.

—Coitado, Ben, ele está em negação. - minha irmã segredou para nosso irmão que concordou e revirei os olhos.

—Não estou em negação, Carol, estou bem. Só estou precisando urgentemente de uma bebida. - disse e fiz sinal para o garçom de que queria o mesmo que meus irmão mais velhos.

Hoje era um daqueles dias em que precisava desesperadamente beber alguma coisa, mesmo que a minha alta temperatura corporal queimasse o álcool do meu organismo, impedindo que ficasse bêbado, mesmo assim adorava tentar superar esse impedimento.

—Obrigado. - disse agradecido ao garçom que terminou de encher a minha taça e pedi que ele deixasse a garrafa de vinho antes de sair, em seguida tomei todo o conteúdo da minha taça de uma só vez, voltando a enchê-la novamente.

—Acho que devíamos ter pulado o jantar e marcado em um bar. - Benjamin disse me olhando terminar a minha segunda taça e partir para a terceira.

—Ok. Já chega. -Ária disse tomando a taça e a garrafa de vinho tinto das minhas mãos e olhei feio para ela. - Odeio fazer isso, mas você precisa de uma intervenção urgente.

—Não preciso de uma intervenção, Ária, preciso é de um drinque mais forte. - disse e meus irmãos se entreolharam antes de Benjamin suspirar.

—Ethan, sei pelo que está passando...- meu irmão começou a dizer e sorri sem humor para ele, deixando os dois confusos enquanto atraia alguns olhares curiosos dos outros clientes para a nossa mesa.

—Você sabe mesmo? Duvido muito, irmãozinho. Pelo que sei, a sua vida amorosa vai muito bem, afinal acabou de se casar com a mulher que ama e os dois estão esperando ansiosos pela chegada da primeira filha. Não ouse dizer que sabe pelo que estou passando, quando a sua vida é um mar de felicidade. - disse furioso para o meu irmão que balançou a cabeça concordando.

—Você tem razão. Não tenho se quer o direito de dizer que sei pelo que está passando, quando a minha vida está melhor do que um dia imaginei, mas não consigo ser feliz completamente sabendo que meu irmão e a minha amiga estão sofrendo. Só quero que saiba, que não precisa passar por isso sozinho, somos irmãos e pode dividir a sua dor conosco. - Benjamin pediu sincero me olhando nos olhos e olhei para Ária que concordou com a cabeça.

—Vocês dois não entendem...Desde aquela noite, tento não pensar nisso...Não pensar no que é viver sem a Cíntia...Porque sei que se fizer isso...Vai doer demais...- solucei com dor e logo minha irmã me abraçou com carinho, me deixando chorar em seu ombro enquanto acariciava minhas costas com carinho tentando me reconfortar.

—Vai ficar tudo bem, maninho. Tenho fé que tudo isso irá se resolver e quando você e Cíntia voltarem, não se separaram mais. Será pra a vida toda, Ethan. - Benjamin disse sincero acariciando meu cabelo também tentando me reconfortar, enquanto chorava sem parar pela falta que estava sentindo do meu imprinting.

—Me desculpem, por ter gritado com vocês, não sei o que deu em mim para fazer isso. - disse envergonhado por minha atitude assim que consegui controlar as minhas lágrimas.

—Não precisa nos pedir desculpas, querido, entendemos o seu lado. Todo mundo já teve o coração partido por alguém que amava, ou pelo menos pensava que amava. -Ária disse compreensiva enquanto me olhava nos olhos.

—Isso é verdade. Lembra de quando terminei meu namoro com a Sylvia?! Fiquei péssimo por meses, até que conheci a Mel e tudo aquilo foi embora, como se nunca tivesse ao menos existido. - Benjamin exemplificou e Ária concordou.

—Viu Ethan? Todo mundo tem um dia de fossa sentimental. Quando era adolescente, tive vários momentos desses até conhecer o Henry, e olha que no começo não queria nada com ele. E hoje, não me vejo mais sem ele. - minha irmã disse apaixonada ao pensar no marido o que nos fez rir.

—E como você superou suas fossas sentimentais, Ária? - questionei curioso e minha irmã sorriu.

—Muito sorvete de chocolate, associado a muito colo e compreensão dos meus pais, além de outras paixões. Afinal só se cura uma paixão com outra, o exemplo vivo disso é o Ben.

—Isso é verdade. - meu irmão disse suave antes de colocar a mão direita em meu ombro, me olhando nos olhos. - Não se desespere, Ethan e muito menos perca a fé, sinto que tudo irá se resolver quando você menos esperar, apenas respeite o tempo da Cíntia, assim que ela se sentir pronta para saber a verdade, ela o procurará.

—É tudo que espero, Ben, juro que serei paciente, por mais difícil que seja. - prometi olhando para meus irmãos que sorriram compreensivos antes de voltarmos para os cardápios, podendo assim começar o nosso “jantar dos irmãos”.

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Depois da noite em que gritei com meus irmãos no restaurante durante o nosso jantar, tentei a todo custo controlar o meu temperamento explosivo, que havia melhorado depois que comecei a namorar com Cíntia, agora que estávamos separados há três semanas e tive que recorrer a corrida noturna e aos exercícios respiratórios, que voltaram a fazer efeito sobre o meu temperamento, além de me ajudar a não ficar pensando no que meu imprinting possa estar fazendo durante essas semanas que estávamos longe.

Corri mais rápido assim que me aproximei da entrada da mansão, assim que me reconheceu Alex, nosso porteiro, abriu o portão para mim e o cumprimentei antes de voltar a correr em direção a entrada da cozinha que havia no jardim, pois pegaria um garrafa de isotônico antes de subir para o meu quarto.

—Pelo jeito, você voltou mesmo a correr. - Stella, nossa governanta, comentou me entregando uma garrafa de isotônico assim que me aproximei dela para beijar a sua bochecha com carinho, afinal ela era praticamente como uma segunda avó para mim.

—Obrigado. Sim, voltar a correr está me ajudando a controlar meu temperamento explosivo. - disse me separando dela e aceitando a garrafa que Stella me oferecia.

—Fazia um bom tempo que você não perdia a calma, querido.

—Eu sei, Stella. Depois que tive meu imprinting e fiquei com a Aurora, era como se tivesse o controle do meu temperamento, mas sem ela...Sou praticamente um barril de pólvora, que pode explodir a qualquer momento, sem nenhum motivo. - disse e sorri triste ao lembrar de como me sentia inteiro e calmo na presença de Cíntia, como se estivesse finalmente completo.

—Você sente saudade dela, não é? - ela questionou compreensiva e concordei, antes de me apoiar no balcão que havia na cozinha, olhando em seus olhos.

—Sim. Podemos ter ficado juntos por pouco tempo, mas pra mim foi como se tivéssemos ficado uma vida inteira. Só espero, que algum dia ela me dê a oportunidade de explicar tudo o que houve naquela noite...De garantir, que seria incapaz de machucá-la ou a qualquer pessoa que ela ama...Mas tudo que posso fazer agora é esperar que Cíntia queira saber o que houve e possa pelo menos não me temer.- disse suave e Stella me olhou preocupada, mas dei um sorriso triste tentando tranquiliza-la.

—Estou bem, Stella, não precisa se preocupar. Seu garotinho é forte. - disse brincando e ela sorriu com carinho para mim, antes de colocar as suas mãos em cima das minhas.

—Jamais duvidei disso, querido. - ela disse amoroso e lhe dei um ultimo beijo na bochecha, seguindo para o meu quarto, pois queria relaxar um pouco no banho antes de cair na cama.

Depois do meu banho, vesti um dos meus moletons confortáveis, que sempre usava para dormir e desci as escadas em seguida, para fazer um lanche leve antes de deitar, já que meus pais haviam saído para jantar fora, algo que eles sempre faziam uma vez na semana para fazerem algo juntos sem os filhos por perto, como uma forma de manter o relacionamento deles vivo.

—Stella, se quiser pode ir deitar, só vou fazer um lanche e voltar para o meu...- comecei a dizer enquanto descia as escadas, mas parei de andar e falar assim que reconheci o perfume inconfundível que me fez tanta falta nessas últimas semanas.

Não...Não podia ser real.

Ela não poderia estar aqui, com certeza estava imaginando coisas... Minha saudade de Cíntia era tão grande, que havia chegado na fase de olhá-la em pé na minha sala ao lado da nossa governanta.

Vê-la ali na sala de estar da minha casa, fez meu coração acelerar como se tivesse acabado de correr, tive que me controlar para não correr em direção a ela, envolvendo-a em meus braços enquanto sentia seu cheiro e seu calor me envolver, matando assim a saudade esmagadora que estava sentindo dela, mas apesar de querer fazer isso sabia que não podia.

Não seria mais o homem irresponsável e inconsequente, dessa vez agiria com calma, afinal não sabia qual era o motivo dela ter vido até a minha casa.

—Cíntia? É você mesmo? - questionei incrédulo ainda sem acreditar que estava vendo-a ali.

—Sim, sou eu. Será que poderíamos conversar, Ethan. - Cíntia pediu suave e percebi que ela parecia tão cansada, como se não conseguisse dormir a dias o que me deixou preocupado.

—Claro. Stella, pode nos deixar a sós. - pedi para ela que concordou dizendo que nos traria uma xícara de chá antes de ir para o seu quarto, mas sabia muito bem que o chá era só uma desculpa para que ela pudesse acompanhar o rumo da nossa conversa.

Nos sentamos no sofá e esperamos pacientemente, Stella nos trazer uma bandeja com chá inglês e biscoitos caseiros, voltando em seguida para a cozinha, provavelmente ela iria ligar para a minha família avisando que meu imprinting estava aqui.

Apesar de estar louco para começarmos a conversar e decidir de uma vez o nosso futuro, me controlei esperando que Cíntia desse o primeiro passo, afinal ela merecia isso depois de ter mentindo para ela.

—Obrigada, pelo chá. - ela disse suave assim que servi o chá e lhe entreguei sua xícara, antes de voltar a me sentar no outro sofá longe dela, respeitando assim o seu espaço.

—De nada. Você está bem? - questionei preocupado olhando-a com cuidado e percebi que Cíntia além de cansada parecia tão frágil, como se estivesse a ponto de se quebrar como um cristal o que me fez suspirar, porque sabia que o seu sofrimento era culpa minha.

Se ela não estivesse ligada a mim, jamais sentiria os efeitos do nosso afastamento de forma tão cruel, assim como eu sentia.

—Sim, só não tenho dormido muito bem...Na verdade, não tenho me sentindo eu mesma desde que nos separamos. - ela disse suave enquanto me olhava nos olhos e balancei a cabeça concordando.

—Eu também, Cíntia.

—Deus, nem sei por onde começar...- ela sussurrou angustiada e me sentei ao seu lado, colocando-o a minha mão em cima da sua, tentando tranquiliza-la.

—Está tudo bem, não precisa ter pressa. Leve o tempo que precisar. - assegurei com a voz suave antes de fazer um leve carinho em suas mãos, tentando acalmá-la enquanto esperava para termos a conversa que havia esperado por semanas.


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Notas finais do capítulo

O que será que esses dois irão conversar? Será que finalmente irão se entender?
Não percam o próximo capitulo.
Beijos e até sexta.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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