Amo te odiar escrita por Anne Claksa


Capítulo 13
Nossos pais. - Parte 1: Marcelo




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Seja esperando um professor chegar, um intervalo entre uma aula e outra ou um momento de descontração, a conversa entre os alunos do nono ano sempre fluía. E dessa vez o assunto bem interessante: os pais deles. Cada um contou como seus pais se conheceram, na vez de Melissa, óbvio, ela deu uma bela de uma floreada na história, que fez alguns de seus amigos revirarem os olhos com tanta bobagem.

Mas as histórias mais aguardadas eram as de Malu e Marcelo. O garoto começou.

— Eu conheço a história de cor, meu pai é tão apaixonado pela minha mãe, que não se cansa de contar e recontar. — Começou Marcelo. — Bom, meu pai se chama Nathan, ele trabalhava como atendente em uma loja que vende balões, pratos e copos descartáveis, tudo para festas. E algumas vezes, ele fazia umas planilhas, para fazer orçamento, pedidos, o que havia chegado na loja e etc, no seu computador. Um dia o computador deu defeito, não ligava. Meu pai não sabia nada de informática, nunca soube lidar quando esse tipo de problema acontecia. Ele sabia que havia uma loja que vendia problemas de informática ali perto, então, resolveu ir até lá. Foi nessa tal loja que o meu pai encontrou a minha mãe.

Todos estavam tão atentos com a história de Marcelo, que não perceberam que o professor tinha chegado.

— Continuamos a conversa depois galera. Ou o professor ficou interessado na história também? — Perguntou João em tom brincalhão.

— Não, João. Por mais que esta história esteja interessante, é hora da aula. Se a aula correr bem, eu deixo alguns minutos para que o Marcelo termine de contar a história. Pode ser? — Perguntou o professor.

Todos concordaram. A aula ocorreu bem, era muito importante, pois, as provas finais estavam chegando e todos teriam que prestar bastante atenção para se saírem bem no exame de física. O professor cumpriu o que prometeu e deixou Marcelo terminar a sua história nos minutos finais da aula.

— Onde paramos? — Perguntou Marcelo.

— Você estava falando que o computador do seu pai deu defeito, ele foi até uma loja de informática e encontrou sua mãe. — Disse Malu.

— Ah é! Então, continuando. Meu pai foi até a loja de informática e esperou pelo atendimento, um rapaz o atendeu e meu pai falou.

— Estou com um problema, meu computador, de uma hora para outra, parou de funcionar, não liga. Não sei o que fazer e preciso dele para trabalhar.

O rapaz falou que iria chamar a especialista nesse assunto na loja e pediu para meu pai aguardar. Enquanto o moço foi chamar a especialista, meu pai ficou esperando, encostado em uma bancada. De repente, ele ouviu uma voz.

— Posso ajuda-lo, moço?

Quando meu pai se virou, viu uma moça de cabelos cacheados e olhos cores de mel, ele apaixonou na hora, até gaguejou.

— Po-po-po-de sim. Meu computador não quer ligar, não sei o que aconteceu.

Já imaginaram, não é? Essa moça é minha mãe, ela tinha acabado de entrar na faculdade de computação e trabalhava como especialista em software e hardware.

— Hm, a placa mãe do seu computador pode ter queimado. — Disse minha mãe.

— Placa o quê? — Meu pai perguntou com uma cara de quem não estava entendendo nada.

— Placa mãe. — Minha mãe riu. — É uma placa que une todos os componentes do computador, por exemplo, programas, monitor, CPU e faz com que todos trabalhem juntos para que o seu computador funcione. É um caso clássico por aqui, mas temos que ver para ter certeza e saber o que fazer para consertar. Pode trazer o seu computador aqui?

— Posso. Amanhã eu trago ele aqui.

— Ótimo. Quanto mais cedo nós olharmos, mais cedo terá seu computador de volta. Vejo que é importante.

— E muito. Costumo usar o computador para trabalhar ou resolver algo do trabalho. Amanhã trago ele aqui, muito obrigado, seu nome é?

— Carla.

— Carla, o meu nome é Nathan. Então, até amanhã.

Meu pai já estava apaixonado e suspirava ao falar o nome da minha mãe. No dia seguinte, ele levou o computador até a loja. Como já tinha se falado, realmente a placa mãe tinha queimado, sem ela, o computador não funciona.

— A troca de placa demora um pouco, pois, ela é fundamental para o computador, depois que fizer a troca, será um novo computador. — Disse minha mãe.

— Um novo computador? Então, nada do que eu fiz antes da placa queimar foi salvo? Meu Deus! As planilhas que fiz e os textos com design para o meu trabalho, tudo foi perdido.

— Se acalme. Tem como recuperar arquivos perdidos. Fazemos serviço de backup, ou seja, vamos até à placa queimada, recuperamos os arquivos, colocamos em uma pasta nossa e se o cliente quiser, passamos para o computador, já consertado.

— Ótimo, vou querer essa opção.

— Está bem, vou colocar na ficha. Você é um rapaz bem dedicado ao seu trabalho. Isso é bom.

Minha mãe deu um sorriso para o meu pai e ele só faltou derreter. Ela já começava a gostar dele. O serviço demorou algumas semanas e finalmente o computador ficou pronto. Mas para o meu pai significava que não veria mais a sua amada, então, quando foi buscar o computador, ele foi imediato:

— Você trabalha aqui todos os dias?

— Não, só de segunda a sexta. Pego serviço aqui às catorze horas e fico até às dezoito e trinta. Na parte da manhã tenho faculdade e o final de semana, quando não tenho compromisso, aproveito para organizar meus estudos.

Olha se isso não é mostrar interesse? Minha mãe poderia ter parado quando falou no horário de serviço, mas ela resolveu falar da faculdade dela e disse algumas vezes sai.

— Amanhã você vai poder sair?

— Não estou tão atarefada com os estudos, vou deixar para domingo. Posso sair sim, onde podemos nos encontrar?

— Ah! Pode ser no shopping, na praça de entrada. Que horas?

— Pode ser quinze horas?

— Pode. Te espero lá.

O passeio dos dois foi tranquilo. Conversaram, tomaram sorvete, passearam e meu pai ficava mais apaixonado. Ele morria de vontade de dar um beijo na minha mãe, mas teve vergonha, ela poderia ficar brava e nunca mais falar com ele, preferiu apenas curtir a sua companhia. No final, minha mãe agradeceu.

— Obrigada pelo passeio, Nathan. Foi bom passar esse tempo com você. — Ela deu um beijo no rosto dele. — Um dia vou à loja de artigos para festa onde trabalha.

Quando minha mãe entrou em casa, meu pai deu pulos de alegrias, foi um beijo no rosto, no rosto, mas foi o suficiente para fazer o coração dele bater mais forte.

— Nossa! Não sabia que a dona Carla tinha esse lado mais atirado. — Comentou Melissa.

— Minha mãe pode ser séria e um pouco quieta, mas tem um lado que poucas pessoas conhecem, o lado carinhoso, atencioso, todos lá em casa conhecem. Agora tem um lado que só o meu pai conhece e o meu irmão é prova.

— Como assim?

— Ah, Melissa! Você é tão ingênua. — Ironizou João.

— Gente, vamos deixar o Marcelo terminar de contar a história, senão não vai dar tempo. — Disse Cecília. — Continua, Marcelo.

— Os dois estavam se dando muito bem, naquele dia do conserto do computador, trocaram telefones e passavam dias se falando.

— Telefone? Nossa! Que antigo. — Riu Melissa.

— Naquela época, só se falava por telefone, não a internet era discada e bem ruim, não existiam muitos chats como hoje. Melissa, pare de ficar interrompendo. — Esbravejou Fernanda.

— Obrigada, Fernanda. — Marcelo agradeceu. — Continuando, meus pais continuaram a se falar por um bom tempo, até que meu pai convidou a minha mãe para assistir ao clássico Cruzeiro e Atlético em um bar, ele teve um pouco de receio, mas para a surpresa dele, ela aceitou. No tal bar, podia entrar vestido com qualquer camisa, torcer para qualquer time, que não tinha problema. Meu pai estava sentado em uma mesa, vestido com uma camisa do Cruzeiro. Ele se espantou ao ver minha mãe vestida com a camisa do Atlético Mineiro, ele chegou até a pensar que o romance deles acabaria ali.

— Oi, Nathan! Que surpresa! Não sabia que era cruzeirense. — Minha mãe o cumprimentou.

— Surpresa foi a minha, não sabia que era atleticana. Isso será um problema para nós dois?

— Torcer para um time contrário do outro, não deveria ser um problema. Não deveria ser empecilho para um romance ou para uma amizade. Não deve ser motivo para briga. Não é preciso odiar alguém só porque essa pessoa torce para um time diferente do seu.

Meu pai ficou tão encantado com minha mãe, que ela estranhou o jeito que ele a olhou.

— Por que está me olhando assim?

— Estou encantado com você, meu amor. Tem tanta delicadeza e, ao mesmo tempo, é tão firme, tão forte. E eu me apaixono a cada dia mais por você, Carla. Eu te amo.

— Eu também te amo, Nathan.

Os dois se beijaram, não importava mais o jogo, o que importava era que os dois estavam juntos. O resto é história, namoraram, noivaram, casaram, me tiveram, depois tiveram o meu irmão e vivem felizes e apaixonados até hoje.

As meninas da sala estavam suspirando com a história de amor contada por Marcelo, ele aproveitou e falou:

— Estou esperando como será a história da Malu.


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