- Já é a sexta ... advertiu Kakashi.

-Você não vai regular também o que eu bebo – respondeu Tsunade contrariada.

-Não tenho recomendações para isso. Só quero aproveitar a sua companhia sóbria, por enquanto. Afinal, isso é um jantar, ainda.

Tsunade perdeu os olhos no líquido vermelho dentro da taça e agitou-a levemente. Um sorriso triste formou-se em seus lábios. O comentário de Sasuke sobre não ser obrigado a criar Naruto ressoava em sua mente. Sentia-se culpada.

-Continuo me perguntando se isso tudo é realmente certo, se é possível...

Tsunade fechou os olhos. Não era certo mexer assim com a vida das pessoas. Buscou em suas memórias as palavras de Itachi: “Sem perceber nós mudamos a vida de todos o tempo todo... Só que agora, estou consciente disso.”

-Não importa se ele fez isso conscientemente! – a loira agitou-se – Isso tudo pode dar errado. Naruto é uma criança e Sasuke... 

- Naruto está atado a Sasuke Uchiha. Não se sinta  culpada por não ter convencido Itachi a desistir. Ou melhor, por não ter tentado. Ninguém o convenceria.

- Se o desejo de Itachi falhar...

Ela olhou pensativa para a taça.

-Vai ficar com o menino? -.Kakashi acendeu um charuto e prosseguiu - Muito nobre da sua parte, ou  talvez ficar perto do menino, traga um pouco do Uchiha mais velho. Po-rém, mesmo que queira não poderá ficar com Naruto. 

-Você é um homem muito desagradável... Não me importa o que você pensa sobre meus motivos.

-Não se ofenda todos nós temos algo de egoísta, uns mais que outros. É um ciclo vicioso: você também quer redimir-se.

Tsunade bebeu o resto de vinho em sua taça.

-Você  realmente pode ser muito desagradável quando quer.

-Isso significa que não terei mais vezes o prazer da sua companhia.

A loira encheu mais uma taça.

-Eu não disse isso.

XXX

A forte tempestade, castigava a cidade, cortando, com  raios e trovões, o silêncio na mansão do jovem Uchiha. Sasuke subia as escadas rumo a seu quarto Desde a chegada de Naruto, o tutor havia aprendido a desconfiar do silêncio naquela casa. Mas já era madrugada; e, geralmente, o moleque costumava não aprontar àquelas horas, provável-mente por cansaço do que aprontara durante o dia.

. Sasuke parou em frente ao quarto do garoto. As cobertas formavam um bolo no chão e a cama estava vazia.

XXX

Estava escuro. Naruto apertou com força Ed contra si. Eles não estavam protegidos ali. Se ele pelo menos conseguisse achar um lugar seguro. Sentiu algo se mover em cima dele.

“Et”

Sasuke puxará as cobertas que  encobriam Naruto e Ed encolhidos no chão do quarto.

Os olhos de Naruto arregalaram-se surpresos:

-AHHHHHHHHHHHHHHH!  - gritou.

Um estrondoso trovão ressoou seguido dos clarões dos raios.

-AHHHHHHHHHHHHHHH!! – Naruto gritou novamente se encolhendo e fechando os olhos com força.

Naquele momento de pânico, ver a cara do et era apavorante. Porém, os trovões e raios eram muito mais.

Sasuke estranhou. Era uma situação nova, e de certa forma, muito desagradável, ver o moleque com medo.

-Não precisa ficar assim... Não vai acontecer nada...

“Et, besta”, pensou Naruto. Como ele podia dizer que nada iria acontecer. Os plutonianos não controlavam as chuvas.

Os trovões e a chuva tornaram-se mais intensos., raios e relâmpagos rasgavam os céus, fazendo sua claridade ressoar assustadoramente na semi-escuridão do quarto. As lágrimas acumularam-se no canto dos olhos cerrados do menino. Raios sempre o faziam  sentir-se mal, faziam voltar uma sensação ruim, um sentimento doloroso e distante. Apertou Ed mais contra si.

Sasuke pegou Naruto para si e antes que este pudesse protestar uma forte trovoada o calou. Assustado agarrou se as roupas de Sasuke sem, porém, largar Ed. Não conseguia pensar sobre para onde o et carrancudo o estava levando; nem se ele planeja livrar-se finalmente dele e de ED abandonando-os no meio da tempestade.

Sasuke sentou o garoto e com um único comando no controle da casa acendeu todas as luzes e um som alto invadiu o ambiente.

Naruto abriu os olhos. Estavam na sala e som vinha da televisão.

O tutor aumentou o volume do parelho. Se eram os raios e o barulho que amedrontavam o garoto, desde que não os visse ouvisse, se acalmaria. Zapeou por vários canais. O moleque gostava de filmes, encontrou um canal. Passava; “Aliens, sugadores de nariz assassinos”. Era por isso que não gostava de televisão. Esse tipo de filme só traria mais problemas.  Achou um canal de desenhos. Pronto.

Sasuke curvou-se próximo a Naruto, olhando nos seus olhos ainda um pouco aflitos

-Não importa o quanto chova, nada vai acontecer aqui dentro.

O tutor ficou ao seu lado.

Naruto não escutava mais os trovões, como se eles não existissem. e como et havia dito nada aconteceu  Tudo ficara calmo. Cansado, esquecendo que era o cara de coruja ali, lentamente adormeceu ao lado de Sasuke. Será que o Et podia ser confiável?

Na manhã seguinte a babá  corou violentamente ao entrar na sala. Poderia haver cena mais... “fofa” do que o senhor Uchiha e seu filho dormindo no sofá? E céus, poderia haver homem mais bonito ao dormir?