Corações Perdidos escrita por Choi


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Minutos depois, o carro cinza de Edward apareceu em frente ao estacionamento. Ele não precisou sair para eu reconhece-lo, seu carro possuía sua personalidade, por mais estranho que isso fosse.

Respirei fundo e entrei, ajeitando minha mochila sobre meu colo. O encarei. Edward possuía os cabelos rebeldes como sempre, sua camisa social estava amarrotada e sua gravata frouxa. Me perguntei silenciosamente se ele teve uma manhã difícil.

— Me desculpe por chamar por você. Te atrapalhei? – Perguntei. Não queria ser um incômodo para ninguém da família Cullen, mas parecia que quanto mais eu tentava, mais eu falhava nisso.

— Na verdade, estou indo para o Tribunal, tenho uma audiência daqui uma hora, então você não me atrapalhou em nada – Ele sorriu como se soubesse da minha luta interna.

Entendi seu jeito amarrotado, provavelmente ele passou a manhã estudando o tal caso, Edward me passava a imagem de um homem muito dedicado. Ele provavelmente foi o aluno número um de sua classe da faculdade.

— Que bom – Suspirei, virando meu rosto para a frente novamente.

— Como foi o primeiro dia de aula? – Perguntou, concentrado na estrada.

— Foi normal, eu acho – Dei de ombros – As pessoas me trataram muito bem.

— Isso é um alivio. Acho que ouvi Carlisle falar algo como “espero que Bella fique bem na escola, ou eu terei uma palavrinha com o diretor Smith” – Ele fez uma voz engraçada tentando imitar um Carlisle ameaçador. Foi impossível não rir de sua imitação barata.

— Isso não parece em nada com o Carlisle – Eu disse, pensando que o homem era gentil demais para ameaçar alguém.

— Bom, meu pai ele se torna esse tipo de pessoa quando se importa com alguém – Deu de ombros, como se suas palavras fossem nada de mais, mas eu senti no fundo do meu coração.

— Carlisle é uma pessoa muito boa – Eu disse sem pensar, enquanto observava a paisagem.

Ouvi o riso de Edward e o encarei, ele possuía uma expressão suave.

— Sim, ele é. Nossa família foi criada tendo como base a bondade dele, ele nos ensina todos os dias o perdão e a reverência, assim como minha mãe.

Não era preciso ser uma pessoa muito observadora para saber o amor e admiração que Edward nutria por seus pais. Ele deixava claro que ambos eram seus maiores exemplos de vida, e eu conseguia entende-lo. Nunca, em toda minha vida, vi alguém acolher um desconhecido como Carlisle fizera. Eu poderia ser uma assassina e ele não saberia, me trazendo para sua própria casa.

— Você já almoçou? – Ele perguntou de repente, mudando de assunto.

— Não.

— Eu também não, vamos almoçar, estou morrendo de fome. Quer comer o que?

— Qualquer coisa que não seja comida japonesa – Fiz uma careta, me lembrando das coisas cruas que Carlisle comprou e eu tive que comer.

Edward riu e nos levou até um restaurante fast food. Quase suspirei de alivio ao ver o logo que eu também amava, e sem esperar por ele, entrei. Escolhi um lugar perto da janela e peguei o cardápio, escolhendo o que eu pediria.

— Apressada você – Ele desdenhou, sentando-se na minha frente.

— Estou com fome, e não quero te atrasar – Eu disse sem olha-lo.

Pedi o maior copo de refrigerante, um hambúrguer triplo, anéis de cebola e batatas fritas. Edward parecia um pouco chocado pela quantidade, e pediu apenas um hambúrguer e refrigerante.

— Como você é magra se come tanto?

— Eu dançava muito – Dei de ombros. Eu nunca tive muito dinheiro para esbanjar em comida, comprava apenas o necessário, por isso e por sempre fazer muito exercício eu acabava não engordando, mas Edward não precisava saber disso.

Ficamos em silêncio enquanto esperávamos, já não era mais desconfortável estar com Edward, na verdade, ele tinha uma aura que trazia paz. Ele não falava muito, mas não precisava.

— O que você fazia em New Orleans? – Ele perguntou de repente, me assustando.

Eu não poderia lhe dizer a verdade, e isso me deixava estranhamente triste. Não queria mentir para Edward quando ele era tão sincero comigo sobre tudo. Me perguntei quando foi que nos aproximamos dessa forma.

— Eu trabalhava – Dei de ombros como se não fosse nada demais.

— E seus pais? Eles te forçavam a trabalhar e te deixaram sair da escola? – Edward parecia chocado com essa possibilidade, claro, ele nasceu e foi criado em uma família rica, nunca tendo passado por alguma dificuldade financeira.

— Na verdade, eu não tenho pais – Disse a verdade, me sentindo envergonhada por um momento.

Aceitei muito nova que eu estava sozinha no mundo. Cresci em um orfanato cercado por crianças carentes que queriam um espaço no mundo e fariam de tudo por isso. As crianças eram malvadas e egoístas, tínhamos que ser assim para sobrevivermos nesse mundo. Houve uma época, quando eu entrei na adolescência, que me perguntei o porque de ter sido abandonada pelos meus pais. Eu não era boa o suficiente? Minha mãe era uma adolescente que não podia me criar? Meu pai era um presidiário? Esses pensamentos nublavam minha mente de qualquer outra coisa. Não era saudável e nem inteligente. Parei de me perguntar, e aceitei a realidade: eu não tenho pais, e está tudo bem.

Mas o olhar de Edward, profundo e dolorido, fazia eu me sentir novamente como aquela garotinha que só queria entender o motivo de ter sido abandonada.

Felizmente, o nome dele surgiu no painel. Peguei a nota sobre a mesa e fui quase correndo até o balcão. O atendente conferiu minha nota e me entregou a bandeja com os pedidos com um sorriso educado. Agradeci e respirei fundo antes de voltar para a mesa.

Edward parecia petrificado. Separei minha comida da dele e desenrolei o papel do meu hambúrguer, começando a comer, enquanto ele ficava na mesma forma.

— Ei! Acorda! Sua comida vai esfriar – Estalei os dedos em frente ao seu rosto. Edward piscou, e focou o olhar em mim. Suspirei, abaixando meu hambúrguer – Eu sou órfã desde bebê, Edward, é uma realidade que eu já me acostumei. Você não precisa sentir pena de mim, ou sentir qualquer outra coisa, então... relaxe, e não me olhe assim.

Edward balançou a cabeça, bebendo alguns goles de seu refrigerante.

— Eu não sinto pena, é só que... – Ele parecia ter algo a dizer, mas não se sentia à vontade.

— Você vai se atrasar se não comer logo.

Dito isso, continuamos a comer, em silencia dessa vez. Infelizmente, a ausência de um assunto me incomodou porque aquele olhar de Edward continuava a voltar para minha mente. Edward com pena de mim. Isso era completamente trágico. Dois dias atrás, ele não tinha qualquer apreço por mim.

Quando terminamos, fomos direto para o carro. Antes de sairmos do estacionamento, Edward abaixou o espelho e tentou arrumar seu cabelo da melhor forma. Apesar de ter escovado os dentes no banheiro, ainda verificou se havia algo neles, e terminou de arrumar a gravata. Sua camisa continuava amassada, mas ele vestiu o paletó e escondeu um pouco.

Finalmente fomos embora, em direção a casa dos Cullen. Edward ligou o som, e Adele soou no carro. Estranhei sua escolha de música, mas não disse nada.

Ele parou em frente ao portão. Tirei o cinto e me virei, pronta para agradecer.

— Obrigada por ter me buscado... e pelo almoço também – Eu disse, sentindo-me envergonhada. Ele não respondeu nada, então deduzi que era hora de sair. Mas antes que eu pudesse deixar o carro, Edward puxou meu braço gentilmente, fazendo-me novamente olhar para ele.

— Me desculpe, eu não queria te ofender – Sua voz era baixa, e parecia até mesmo envergonhada. Franzi o cenho, confusa.

— Está falando sobre eu ser órfã? Edward, isso não me afeta já faz muitos anos. Eu não sou criança, apesar de você achar isso.

— Eu sei que não – Ele sorriu enquanto me encarava. Meu coração falhou uma batida com a sinceridade que vi estampada em seu olhar.

— Bom... ótimo que esclarecemos isso – Pigarreei, desconfortável – Até mais!


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Notas finais do capítulo

Quem mais amou esse momento Beward? Eu simplesmente amo como a amizade deles está sendo construída, amo essa sinceridade dos dois.
Muuuuuito obrigada pelos comentários do capitulo passado, vocês são todos uns amores ♥
Espero ver vocês de novo nesse
Beijoooos



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