Equinócio escrita por Isa Devaylli


Capítulo 9
Lenda Quileute


Notas iniciais do capítulo

Ei, oi pessoal, tudo bem com vocês?
Ufá, esse cap. deu um trabalhinho, me atrasei porque e revisei ele duas vezes e mudei o começo, pois ainda não tinha alcançado meus objetivos, me perdoem, espero que gostem. Antes da leitura, quero dar boas vindas aos novos acompanhados e antigos, obrigada por estarem aqui comigo, amei cada comentário do cap. anterior e agora acabou o suspense, vocês já sabem porque a Nessie está tão mal.
Fiquem comigo para acompanhar esse desenrolar de pertinho.
Boa leitura.
PS: espero vocês nas notas finais, espero que gostem.



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—Onde estamos indo Jake, a essa hora da manhã? - pergunto vendo a paisagem passar por nós, ele tira os olhos da estrada por um minuto para me olhar, um sorriso de canto brota em seu rosto.

—Nem está tão cedo. – fala irônico e eu gargalho.

—Acho que o relógio biológico do seu lobo tem um horário bem confuso, são seis horas da manhã.  – ele gargalha.

—Senhorita dorminhoca, estou levando você em um lugar, para fazer uma coisa que vem me pedindo a um tempo. - meu rosto se ilumina.

—Vamos pular do penhasco? - pergunto animada, vendo meu sono ir embora, seu sorriso vacila por um segundo e uma careta brota em seu rosto.

—Nessie, primavera, eu nunca vou te levar ao penhasco para um mergulho. Eu não gosto nem de te imaginar perto de lá. - Jake fala apertando levemente o volante, e uma sombra paira em seus olhos, suspiro e me aproximo beijando seu rosto.

—Tá ok, senhor protetor. - ele sorri novamente e me puxa para perto dele, beija o topo da minha cabeça e eu fecho os olhos absorvendo o gesto – Mas então o que faremos? Porque se não era o penhasco, e esse não é o caminho da praia de La Push, então no... - o entendimento passa por mim e Jake sorri abertamente – Eu não acredito. Ai meu Deus, eu te amo. - digo empolgada, beijando toda a extensão de seu rosto e pescoço. Ele fecha os olhos devagar e suspira.

—Certo, sei que está feliz, e sim, vou te ensinar a dirigir, mas não faça isso de novo, quase perdi o controle. - pede e eu sorrio envergonhada.

—Desculpe, acho que fiquei levemente empolgada. - ele sorri e me rouba um selinho.

—Eu sei primavera, sou o melhor namorado do mundo. - Jake fala e eu fico muda – Se bem que, ainda não tive nenhuma confirmação sua senhorita Cullen. Está me enrolando? - meus olhos quase saem de orbita, quando Jake fala aquilo e eu nego várias vezes.

—Para de ser bobo Jake, sabe que não tem nada disso. - digo e o observo estreitar os olhos, e depois sorrir de novo. Bato em seu braço, e depois colo meu corpo no dele novamente.

Observo a paisagem, e olho meu verde preferido pairar nos pinheiros de Forks, passando por nós. Eu estava tendo tudo o que queria, durante muito tempo, eu tinha sonhado com aquilo, mas Nahuel estava certo, apenas uma decisão, ou um motivo é capaz de mudar tudo que você imagina que é certo.

Quer dizer, eu nunca imaginei que um dia seria correspondida por Jake, mas eu esperava por isso, e estava tudo se concretizando, estávamos todos felizes. É ironia imaginar, mas a uma semanas atrás, eu completaria a maturidade, Charlie se casaria, a reserva estava indo bem, os lobos não recebiam nenhum inimigo e eu esperava ser correspondida pelo meu melhor amigo, mas uma decisão me arrancou tudo isso de uma vez só, uma viagem, e dentro de um mês e três semanas eu preciso abrir mão de tudo isso.

Então eis a questão, eu deveria aceitar o pedido de Jacob e depois simplesmente ir embora? Me parecia cruel e imperdoável, mas qual seria a justificativa? Qual seria o motivo do meu não? Falar para Jacob que iriamos embora era carta fora do baralho, só de reviver a visão de Alice eu sofria calafrios, porém eu preciso de uma desculpa, uma mentira se quer. Suspiro e encaro minhas mãos, eu me sinto tão sufocada e perdida que não sei mais em que caminho eu estou seguindo, e para piorar criando junto com isso, essa gigante bola de neve de mentiras, mentiras que eu mesmo tinha projetado. Mas batendo na mesma tecla, o tempo todo, de que assim era o certo, e necessário.

Uma semana enrolando Jacob em uma resposta, uma semana onde aconteceu tanta coisa. Depois da nossa discussão Nahuel foi embora em exatos dois dias depois, sem um tchau ou um pedido de desculpa, eu e Bella tínhamos feito as pazes, mas Edward estava irredutível em sua decisão. E para não ver muita coisa na minha cabeça entre mim e Jacob, pediu para que Bella projetasse o escudo dela em mim, sempre que ele estivesse por perto. E eu estou tão dilacerada, de forma que tio Jasper está sempre interferindo com seu poder sobre mim. E para piorar comecei a ter pesadelos, pesadelos em que Jacob morre em todos eles, a matilha e minha família, tudo por minha causa, o que confirma minha necessidade de partida, um mundo sem o sorriso radiante de Jacob é negro, e eu não queria um mundo negro.

Aperto minhas mãos em volta dos braços de Jake e ele deita a cabeça levemente na minha, fazendo carinho na minha coxa. Como eu viveria sem aquilo? Meu Deus, como será reversível isso, tirar esses momentos, essas sensações, esse poder que Jacob tem sobre mim? Eu não queria e não quero. Prendo o choro na base da minha garganta e um soluço teimoso que insisti em sair, eu não podia chorara ali.

Suspiro tentando segurar essas emoções e Jake vira o carro, adentrando em uma estrada mais terrosa, onde não tem asfalto. Não estávamos muito longe da reserva, apenas uns cinco quilômetros longe da casa de Jacob, mas eu nunca tinha ido ali. Depois de passar por um caminho estreito, onde os pinheiros quase encostavam no carro, a estrada se abre, dando acesso a uma imagem de tirar o folego.

A estrada de chão ainda prevalece, e o verde do mato é mais intenso ali, uma linda praia se abre a nossa frente logo depois que termina o lindo gramado verde, dando início a areia pedrosa escura igual da praia de La Push. Seguindo a paisagem, vemos o mar da praia se estender e alcançar do outro lado a base de uma montanha, enorme e rochosa que quase toca o céu, com neve em seus enormes picos, as árvores ali são mais densas, grossas, e pequeninas flores azuis pairam sobre a grama onde a estrada termina.

—Nossa. - Jake para o carro.

—É lindo, não é? - ele pergunta e eu apenas concordo com a cabeça, admirando tudo.

—Quando achou esse lugar? Porque nunca me trouxe aqui antes? - ele dá de ombros.

—Achei em uma das rondas nessa semana, eu sabia que você ia amar aqui, foi a primeira pessoa que pensei quando vi. - tiro meus olhos da paisagem para olha-lo, em seu rosto um olhar amoroso está lá. Sorrio sincero e passo a mão em seu rosto, toco meus lábios sobre os seus timidamente.

—Eu não mereço você. - ele sorri, sorri muito. E eu quero ficar presa ali, naqueles segundos em que ele está sorrindo tão sincero.

—Claro, claro. – se gaba convencido, reviro os olhos e mordo o lábio inferior erguendo uma sobrancelha. Jake interrompe a risada e me olha profundamente. Ruborizo envergonhada e solto o lábio que estava preso entre meus dentes, suspirando. Ele sorri, sem mostrar os dentes e aproxima o rosto do meu – Amor, eu que tenho sorte de ter você. – fala e eu paraliso, por um ou dois segundos, quando ele me chama de amor, não consigo decifrar o misto de sensações que está sobre mim, então Jake aproveita a deixa para me beijar.

Ele segura meu rosto com ambas as mãos e me puxa devagar, nossos lábios colam um sobre outro, e eu consigo soltar a respiração que estava presa em mim, desde o momento que ele me chamou de amor. Devagar sua língua pede passagem, e eu deixo que ele explore cada canto demoradamente, minhas mãos vão para sua blusa e eu o puxo levemente para mim, então o sinto enlaçar minha cintura, me levando até ele.

Ele suspira sobre meus lábios, para pôr um segundo para de me beijar e me olha, sorrio para ele, que me devolve seu sorriso perfeito. O puxo novamente para um beijo e seguro a raiz de seu cabelo, puxando, querendo mais daquelas sensações, mordo levemente seu lábio inferior, quase sentindo a pulsação de seu sangue correr ali, suspiro com isso. Jake aperta levemente minha cintura, e eu quero muito cortar o pouco espaço que está entre nós e me sentar em seu colo, para ter mais dele. Quero mais. Mas ele para o beijo, e faz a boca em uma linha, ainda apertando minha cintura, cola a testa na minha e fecha os olhos respirando fundo.

—Vamos começar essas aulas, primavera. - concordo, ainda com a cabeça encostada na sua. Ele beija minha testa e se afasta. Vejo Jake saltar do carro e dar a volta indo para o carona e eu pulo para o banco do motorista, quando ele entra e fecha a porta do meu lado, aperto o volante sorrindo tanto, que acho que vou rasgar o rosto, Jake gargalha.

—Por favor, só não nos mate. – rolo os olhos.

—Não morremos assim tão fácil, e outra eu acho que já sei o básico, aprendi observando vocês e não parece tão difícil assim. – ele semicerra os olhos. E abre os braços. 

—Ok, pode dirigir então. – ele fala me desafiando, sorrio confiante e me lembro de todos que já vi dirigindo. Não era tão difícil.

Ligo o carro, e piso no acelerador soltando a embreagem devagar, de canto de olho vejo Jake observar tudo em silêncio, e dou a partida, mantendo o ritmo para o carro não morrer, dirijo até o final da estrada, vendo a paisagem passar por nós e o vento que entra pela janela varrer meus cabelos, junto com os mil pensamentos presos na minha cabeça. Dirigir era libertador, eu não pensava em nada ali. E quase por um segundo esqueço que Jake está ali. Quando chego ao fim da estrada eu paro, olho pelo retrovisor lateral e faço o retorno voltando a estrada que viemos, um pouco mais rápido dessa vez e mais confiante.

Quando paro no local que saímos, desligo o carro e olho para Jake, ele tem uma expressão séria no rosto.

—O que foi? – pergunto querendo rir. Ele nega.

—Está mentindo para mim, Cullen? - eu gelo com a sua pergunta e nego em silêncio – Então porque falou, que não sabia dirigir? – solto o ar devagar e rio.

—Eu não disse que não sabia, só que nunca tive a oportunidade. – ele estreita os olhos com a minha fala.

—Pois para mim, parece que você dirige a anos. – ele fala cruzando os braços, fazendo bico e eu solto uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.

—Você está bravo lobinho? – ergo uma sobrancelha e ele nega.

—Apenas chateado, você aprende muito rápido, achei que ia conseguir tirar uma casquinha sua te ensinando a dirigir, ou pedir alguma coisa em troca. – ele supõe, e eu rio mais ainda negando.

—Seu chantagista. – ele nega, com o dedo.

—Não, não, eu diria que sagas é a palavra. – reviro os olhos – Mas você não dá tempo. – rio de lado.

—Certo, vou fingir que não sei, e você me ensina. – ele ri, e me rouba um selinho.

—Não, já que você já sabe dirigir, acho que tenho uma ideia melhor. – ele fala e eu ergo uma sobrancelha. Então ele abre a porta e sai do carro, abre a porta de trás, e tira de lá um cobertor e uma cesta escondida. Semicerro os olhos.

—Tenho a leve impressão que você tinha planejado isso, mais do que me ensinar a dirigir. – digo, e um sorriso ameaça brotar em seu rosto.

—A ideia era enrolar um pouco na aula de direção, e depois partir para o plano principal. Mas já que você pulou algumas etapas. - nego. E ele se encaminha para a grama de frente para a praia, estende um cobertor sobre o gramado e coloca a cesta ao lado. Apuro meus sentidos para tentar descobrir o que tem dentro da cesta, e sinto o cheiro de pão e bolo. Jake vem até mim, abre a porta do carro, e me pega no colo. Enrolo meus braços em seu pescoço e beijo seu rosto.

—Eu amo você. – digo brincando com a gola de sua camisa, e depois encaro seu sorriso de lado crescendo. Ele beija meu rosto.

—Eu também amo você. – fala carinhoso, me colocando de pé, e me convida para sentarmos sobe o tecido.

 Ele abre a cesta, e começa a tirar algumas coisas lá de dentro, e eu espio tudo.

—Tenho certeza, que não foi você que fez isso tudo sozinho. – ele interrompe abruptamente o que está fazendo para me olhar.

—Está duvidando das minhas capacidades? – pergunta, e eu tombo a cabeça de lado fazendo a boca em uma linha, ponderando se devia ou não responder, ele ergue uma sobrancelha.

—Eu não duvido, mas não acho que você saiba fazer bolo de chocolate. – informo e ele gargalha concordando – Quer dizer, acho que ia ser lindo te ver na cozinha, todo sujo, sem camisa, e com seu jeans surrado apenas de avental, fazendo um bolo para mim. – falo comigo mesma, e pisco algumas vezes saindo de meus devaneios, fitando Jake me encarar, ruborizo violentamente e ele gargalha.

—Não precisa ter vergonha, qualquer dia prometo que vou para a cozinha fazer um bolo e me sujar todo só para você ver. – fala com uma expressão maliciosa no rosto, e eu empurro levemente seu peito.

—Eu não quis dizer assim. – tento disfarçar dando de ombros, e ele volta a tirar as coisas da cesta.

—Mas foi o que pareceu. – rebate, bufo e o ajudo a terminar de tirar as coisas.

—Tem comida aí para toda a matilha. – ele concorda.

—Pedi ajuda a Esme e Rachel. Cada uma ficou de fazer uma coisa. Acho que no final elas exageraram. - nego rindo.

Começamos a comer e conversar, claro que Jacob comeu a maioria e eu apenas belisquei algumas coisas, depois que terminamos Jake juntou tudo, colocando a cesta de lado, e se deitou de costas no tecido de olhos fechados, um de seus braços descansando em baixo da cabeça e o outro sobre a barriga. Fico por uns segundos o admirando tranquilo ali, e depois levo meus olhos para a paisagem. Jacob combinava com tudo, dava uma beleza maior a tudo, suspiro e olho para ele de novo que agora está me olhando.

—No que está pensando? – pergunta preocupado, dou de ombros.

—E se não voltarmos mais? Podemos fugir, ou construir uma casa aqui, e vivermos aqui para sempre, escondido de todo mundo. – seu sorriso cresce no rosto.

—Eu gosto da ideia. Acho que posso construir uma casa aqui para nós. – ele fala entrando na minha e eu sorrio – Mas precisamos pensar a longo prazo, quando a comida acabar o lobo mal vai devorar você. – ele fala sorrindo presunçoso, nego.

—Acho que é mais fácil eu beber você, e eu estava falando sério. Vamos ficar aqui para sempre, só eu e você? – suspiro e ele fica sério me observando, como que ponderando o que eu disse.

Me deito em seu peitoral e ele me abraça, me envolvendo em seu calor, se deita de lado, colocando um braço embaixo da minha cabeça, como apoio e ficamos a centímetros um do outro, ele suspira passando os dedos por meu rosto.

—Você não sabe como eu queria. – encosto a cabeça em seu peito e depois o olho de novo.

—Se fossemos humanos normais, será que seria mais fácil? – pergunto, tentando esconder minha tristeza, ele deixa de me olhar, para olhar o céu com um tom de cinza quase branco lá em cima, pensa por um ou dois minutos em silêncio absoluto e depois dá de ombros, me olhando de novo.

—Acho que não importa, claro que não teríamos certos obstáculos, como a matilha, essa história de vampiros, lendas e todo o resto. – ele suspira – Mas no fim das contas não importa muito, porque eu iria amar você em qual vida fosse. Humana ou não, nessa ou na outra. Eu sempre irei amar você. – ele finaliza e eu não sei se rio ou se choro. Mas ainda insisto em pensar, que sermos humanos, tornaria tudo mais fácil.

Depois sem me deixar pensar muito, Jake toma meus lábios e abraça minha cintura, me prendendo em seu corpo, suspiro em seus lábios quando ele leva a mão até minha coxa e aperta arfando, fecho os olhos e me permito sentir esse misto de emoções subir da base o meu ventre e se alojar nas minhas pálpebras, ocasionando em pequeninos pontos de luz nas minhas vistas. Então Jake pede passagem com sua língua, me invadindo com seu hálito quente e fresco, fica por cima de mim, e começa a fazer um rastro quente, de fogo, com suas mãos por debaixo da minha blusa entre minha barriga e umbigo, e eu levemente enlouqueço.

Um formigamento toma conta de meus lábios e ponta dos dedos, e eu quero passear minhas mãos sem reservas por seu corpo, e assim o faço, coloco minhas mãos debaixo e sua blusa e tateio cada parte de seu tórax, Jake aprofunda o beijo, e leva a mão até a raiz de meu cabelo puxando ali, me causando um êxtase que nunca senti antes. Gemo em seus lábios baixinho e arranho suas costas. Jake endurece em cima de mim com esse gesto, para de me beijar abruptamente e se levanta ficando um pouco distante e mim. Eu ruborizo e me sento, ajeitando minha roupa. Ele passa as mãos no rosto de forma nervosa, e eu faço a boca em uma linha.

—Me desculpa Jake. – peço e ele me olha suspirando, parecendo arrependido do que fez. Ele se aproxima e me abraça.

—Eu que peço desculpas, eu preciso exercitar meu alto controle quando estou sozinho com você. – fala, afasto ele com um braço e ergo uma sobrancelha.

—Não me trate como uma criança Jacob. – peço ofendida. E ele nega.

—Não, não primavera, não pense assim. Só acho que preciso dar uma segurada, só isso. – bufo, mas não discuto, Jake era teimoso. Ele sorri de lado, e beija o bico que tinha se formado no meu rosto involuntariamente – Com essa cara de brava, assim eu não resisto. – bato em seu peitoral rindo.

—Bobo. – ele me prende em seus braços novamente.

—É sério, você já viu como fica mais linda brava? – pergunta me puxando para seu peito, nos deitando de novo, e abraçados admiramos a paisagem de tirar o folego.

Ficamos ali por mais algumas horas e logo depois vamos embora, pois hoje é dia de fogueira e Jake precisava ir à oficina trabalhar. Mas fico feliz, eu sempre me divertia nos dias de fogueira, no meio dos meninos, com Jake e as pessoas da reserva que tanto amo. Ver os garotos disputar a comida, suas gracinhas e piadas, tinha também a magia das histórias. A reserva sempre teria uma grande parte do meu coração, o único lugar quente em Forks, pela magia acalorada dos lobos.

Entro pela porta da frente, me deparando com uma sala quase vazia, exceto por Jasper lá, tia Alice estava ocupada com o casamento de Charlie,  Bella e Rose estavam ocupadas, tentando domar Alice na preparação do casamento de Charlie, a ansiedade era minha melhor amiga nessas horas, porque imaginar esse casamento, era imaginar nossa despedida, e imaginar nossa despedida era perder uma pequena lasca do meu coração.

—Está tudo bem Nessie? – tio Jas pergunta chamando minha atenção, olho para ele que está sentado no sofá e sorrio seco, concordo com a cabeça – Você quer que eu? – ele pergunta se referindo ao seu dom sobre mim. Vou para o seu lado no sofá e concordo.

—Por favor. – ele sorri de lado compadecido e logo sou invadida por uma calma absurda, uma calma que só ele e Jacob tinham esse poder, ele estava se tornando um ótimo analgésico para meus pensamentos.  

Claro, estar com Jacob sempre era um balsamo, a luz no fim do túnel, a calmaria no meio da tempestade, um bote salva vidas no meio de um náufrago, Jacob sempre será meu refúgio, sem precisar de dom algum para isso. Era louco, seu calor, sua hálito, seu toque, sua conversa, tudo tinham poderes absurdos que fazem todos aqueles medos se dissipar da minha cabeça, até eu não estar com ele mais, então sou dominada novamente pelo inverno constante de Forks.

—Essa minha sobrinha namoradeira, está se saindo melhor que a encomenda. – Emmett fala entrando na sala. Rolo os olhos.

—Eu não estou namorando. – digo de cenho franzido, ele joga a cabeça para trás gargalhando.

—Então melhor avisar o lobão, porque ele está literalmente de quatro patas por você. – rebate cruzando os braços, em seus lábios um sorriso presunçoso paira e uma sobrancelha esta levantada de forma sugestiva. Fico tensa.

—O Jake sabe, ainda não confirmei nada. Sabe que não posso. - falo seria e ele nega.

—Ele não sabe, não sabe de nada, na cabeça dele tudo é um lindo paraíso, igual ele sempre sonhou que fosse. E agora está completo com vocês dois juntos. – reprimo o choro, ele estava certo, eu estava iludindo Jacob e me iludindo junto, mas que outra maneira eu teria? O que eu faria?

—Cala a boca Emmett. – ouço bem longe tio Jaspes pedir, mas ainda fico presa em meus pensamentos. E em suas palavras, mais especificamente em uma frase em particular “igual ele sempre sonhou". Como assim? Minha família já sabia que Jacob gostava de mim? E como assim sempre?

Nego, ignorando Emmett e volto meu foco para Jacob, eu estava sendo cruel, mas como terminar tudo? Como parar com isso? Era irreversível, não consigo estar tão perto de Jacob e não poder vê-lo, não o tocar, ainda mais agora depois de tudo. Não estar com seus lábios nos meus, minha indução até ele, é quase como um grande imã, que de repente meus pés estavam seguindo o caminho até sua casa, ou até a oficina, de alguma forma sempre me levando até ele.

Então eu não posso, não consigo me ver em um mundo onde eu não possa mais amar Jacob, e se fosse preciso sacrificar minha vida para vê-lo feliz e vivo, eu daria, eu daria tudo o que ele quisesse. Ele se tornou meu ponto forte e também meu ponto mais fraco, me deixando vulnerável em só de pensar na possibilidade de ele sendo ferido, ou qualquer coisa que seja por minha causa.

Me levanto, deixando Emmett e Jasper discutindo e os dois me olham juntos.

—Vou caçar. – aviso saindo pela porta da frente, sentindo o poder de Jasper me deixar aos poucos e a angustia tomar conta de mim novamente, eu queria muito esquecer, queria esquecer de todo, parar de lembrar ou pensar nisso o tempo todo, mas era impossível.

Caçar era uma coisa particular que eu fazia com Jacob, mas tomei a decisão de começar a fazer sozinha, afinal, daqui a um tempo não terei mais ele para fazer isso comigo. Tento me concentrar na caçada e encontro um alce perdido de seu bando, vagando com os olhos um pouco assustados, me desculpo antes de pular sobre ele e sugar seu sangue, de repente me pego chorando por apenas isso, ter matado o alce assustado longe de seu bando, o choro que estava preso em minha garganta desde a manhã. E era assim agora, coisa pequenas estavam me abalando em proporções enormes ultimamente, como se colocasse uma agulha a mais no meu palheiro e eu despedaçaria inteira, me desfaria ali, viraria pó.

Eu estava pesando tanto nisso, sobre ter que ir embora, e estava me fazendo tão mal, de modo que eu sempre estava com a fala na ponta da língua quando estava com Jacob, pronta para pronunciar, ou revelar “ precisamos ir embora" ou “vamos embora em um mês e três semanas", porque eu não aguento mais mentir, não aguento mais ter que fingir, porque era justo ele saber, mas Jacob era cabeça dura demais, a visão de Alice foi clara, clara como a luz do dia, como o sol que queimava em minha pele na janela de Volterra, se Jacob descobrisse, ele faria coisas imprudentes que o mataria, o sentenciaria e a matilha iria junto, e claro minha morte e a da minha família seria consequência disso. E eu não podia assistir aquilo de camarote. Eu precisava ficar de boca fechada, e se para isso eu precisava ser dilacerada de dentro para fora, assim então eu o faria.

Reparo que fiquei tempo demais na floresta pensando, quando sinto pequenas gotas da chuva cair sobre mim, olho para cima e vejo a paisagem dos cumes das arvores apontado para o céu, onde pequenas gotículas desce dele. Suspiro e sigo caminho até minha casa, quando chego ao hall de entrada Edward e Bella também estão chegando, ela sorri para mim e abre os braços me convidando para um abraço,  Edward apenas suspira e toma rumo da porta nos deixando para trás. Fico um pouco triste com a sua atitude, mas ignoro, eu já estava com muita coisa na cabeça ele não podia se tornar mais um problema.

Os braços gelados de Bella me envolvem e eu derreto levemente agradecida, ela sorri quando nos separamos.

—Não fique assim, ele vai conversar com você, eu prometo. – nego suspirando de forma cansada.

—Edward não quer me ver feliz. – ela sorri seco.

—Pelo contrário meu bem, ele quer te ver muito feliz, só acha que assim está ajudando em alguma coisa, mas estou dobrando ele. – ela fala piscando e eu sorrio, a conexão dos dois eram incrível e Bella sempre dava um jeito de persuadi-lo – Como foi a aula de direção? E o piquenique? – pergunta e eu semicerro os olhos.

—Você sabia, porque não me falou? – ela sorriu.

—Jake veio conversar comigo e me pediu permissão para levar você lá, e informou que te ensinaria. – ela fala e eu faço uma careta.

—Foi ótimo sim, o lugar onde Jake me levou é incrível. – toco seu rosto e lhe mostro o lugar ela sorri.

—Nossa. – pronuncia e eu concordo.

—Também tive a mesma reação. – falo.

—Vai na fogueira hoje? – ela pergunta e eu concordo sorrindo.

—Sim, Jacob vira me buscar. – ela sorri junto comigo.

—Ótimo, eu e seu pai vamos a casa de Charlie e depois precisaremos ir até Alasca. – ela fala e eu gelo minimamente, seu olhar se torna compadecido e eu apenas concordo – Precisamos arrumar os detalhes da casa, Esme está fazendo uma pequena reforma antes de nos mudarmos. – ela fala se justificando e eu concordo novamente.

—Eu sei mãe, pode ficar tranquila. – ela suspira e me abraça.

—Eu queria tanto que isso não acontecesse. – fala quase chorosa, mas eu olho para baixo.

—É mãe, mas infelizmente aconteceu, precisamos lidar com isso certo? – digo e ela fica seria, mas suspira.

—Sei que quer ser forte. E admiro isso em você. – ela passa a mão em meu rosto – Mas sou sua mãe, se precisar fraquejar, nem que seja por um segundo, saiba que estarei aqui, pela eternidade. – concordo e a palavra eternidade ecoa na minha cabeça.

Eternidade, uma palavra linda, mas minha sentença, eu estava sentenciada a viver pela eternidade, e sentenciada a viver pela eternidade sem Jacob. Sinto minha mão suar frio, e limpo de forma nervosa na calça jeans. Bella acompanha meu gesto e coloca o braço sobre meus ombros, me levando para dentro devagar.

—Vem, vamos entrar, você não dormiu essa noite, vou ficar com você até que durma um pouco.  – ela fala, eu não concordo a acompanhando.

Chegamos no meu quarto e ela se senta na cama colocando minha cabeça sobre suas pernas, com a ponta dos dedos, ela massageia minha cabeça, seus dedos gelados fazem um belo trabalho sobre meu couro, relaxando meu sentidos e anestesiando meus pensamentos sôfregos, quero agradecer e congelar naquele momento para sempre, mas sou tomada pela inconsciência.

Acordo assustada me sentando na cama e olho ao redor me situando, estava em meu quarto, esfrego os olhos e bocejo olhando o relógio, eu precisava me apressar, tinha dormido a tarde toda, Jacob estará aqui em menos de uma hora. Me encaminho até o banheiro, e tomo um banho bem quente, quase queimando minha pele, a deixado levemente vermelha no processo, depois me enrolo na toalha e vou até o closet, pego uma calça preta jeans justa ao corpo, um suéter grosso vermelho e nos pés visto uma bota sem salto.

Arrumo meu cabelo em um coque e saio do quarto indo até o andar de baixo, o barulho das rodas do carro de Jacob são ouvidas na entrada da casa que está silenciosa, pois todos saíram para resolver as coisas da mudança, e Alice e Rose do casamento. Fecho a porta atrás de mim e avisto Jake sorrindo no carro, é involuntário como não me dou conta, e meu sorriso já está lá no meu rosto.

Ele sai do carro e vem até mim, reparo em sua roupa, jeans escuro, coturnos, uma blusa de manga verde musgo e eu sorriso de matar nos lábios, ele está lindo, mordo o lábio involuntariamente e seus olhos vão parar lá. Me aproximo dele que me envolve em seu abraço, me prendendo em seu maravilhoso perfume amadeirado, ele beija o topo da minha cabeça, meu rosto e depois meus lábios, sua língua pede passagem e eu cedo agarrando levemente o tecido de sua blusa. Ele para o beijo e sorri.

—Estava com saudades. – sorrio e nego.

—Nos vimos a algumas horas atrás Jake. – ele concorda e dá de ombros.

—Tempo suficiente para meu coração doer de saudades. – pisco – Quase vim aqui, quando tive um tempo lá na oficina. – sorri, eu enlaço meus braços em seu pescoço.

—Podia ter vindo, eu estava pensando em você. – digo e sorrio triste, não pensando em uma coisa boa, mas uma coisa que vai salvar sua vida, penso. Ele parece não perceber minha expressão e concorda.

—Da próxima, não vou pensar duas vezes. Vamos? – pergunta e eu concordo. Ele abre a porta do carro para mim, e entra logo depois ao meu lado.

Jake começa a dirigir devagar, ligo o som e uma música leve começa a tocar no rádio, a temperatura abaixa um pouco pela noite que cai cada vez mais lá fora, colo meu corpo ao de Jacob, absorvendo seu calor, e fecho os olhos inalado seu perfume, na base do pescoço quase próximo a orelha, ele fecha os olhos e depois abre de novo devagar. Uma mão sua abandona o volante e vai para minha coxa quente, quente demais.

—Parece tão errado. – digo e Jake tira os olhos da estrada por um segundo, para logo seus olhos estarem lá de novo.

—O que parece errado? – rio com a ruga formando no meio da sua sobrancelha, e seus dedos tamborilando nervosamente o volante.

—Eu sinto como se fosse certo, certo demais eu e você, e você age de forma tão natural, como se não tivesse trocado minhas fraudas. – franzo o cenho, fazendo careta e ele está sério – Mas é por isso que parece errado, porque é tão certo que parece errado. Entende? – pergunto tirando os olhos da estrada, finalizando minha reflexão o focando. Ele me olha sério ainda e suspira.

—Não. – fala abrindo um sorriso tirando sarro de mim, bato em seu ombro rindo também e ameaço me separar dele, mas sua mão aperta minha coxa, me fazendo ficar no lugar que estou – Quietinha onde está. – reviro os olhos.

—Mandão. – ele me rouba um beijo rápido e olha para a estrada novamente.

—Eu não acho que pareça errado, só acho que não esperávamos por isso. – ele fala tentando encontrar as melhores palavras, não entendo se para definir aquilo ou para medir o que iria dizer. Mas concordo – Tudo aconteceu, como tinha que ser. – ele finaliza e eu tenho que concordar.

Conviver dia a dia com ele, sofrer por sua falta, me alegrar com a sua presença, ter sempre um amigo, alguém para contar, seu sorriso caloroso, seu calor reconfortante, seu perfume inconfundível, seu carinho constante, tudo me acarretaram a sentir o amor que sinto por ele hoje, a ligação que temos hoje. Isso Nessie hoje, foca no hoje, certo?

—Ficou pensativa. – ele fala ao meu lado me despertando, sorrio de forma nervosa o vendo virar na estrada que dá para sua casa.

—Nada demais. – digo quando ele para a caminhonete na frente da casa. Me mexo inquieta no banco do carro e ele me avalia, mas não fala nada.

Pega minha mão, dá um beijo cálido nela e abre a porta do carro saindo, dá a volta e abre a porta para mim, desço do carro e o vento forte toca meu rosto derramando um frio sobre meu corpo, me lançando um  estado de torpor maravilhoso, aspiro o ar gelado castigando meus pulmões, que protestam contra o frio, mas minha cabeça agradece, pois cada engrenagem que lutava bravamente para acompanhar loucura que estava minha cabeça, congela aos poucos.

Jake me abraça, beija o alto da minha testa e de forma ágil me joga sobre seu ombro, solto um gemido de protesto.

—Jacob, meu cabelo. – ele ri embaixo de mim.

—Já te disse que fica linda de qualquer jeito. – tento me soltar sem sucesso e nego.

—Você precisa parar de fazer isso. – ele gargalha.

—E perder a cara linda e sexy de brava que você faz, quando tenta arrumar o cabelo? Acho que não. – ele fala e eu coro em seus braços. Sobe as escadas da frente da pequena casa, e abre a porta, se abaixando para passar por ela, entra comigo ainda sobre seu ombro. Abaixo de seus pés a madeira reclama por seu peso.

—Ei Jacob, fico feliz que tenha caçado para o jantar na fogueira. – Billy brinca e Jake ri.

—Carne fresca, Renesmee a lá molho de primavera. Especialidade da casa. – gargalho com sua piada idiota.

—Parece apetitoso, mas acho que vou deixar essa iguaria para você. – Billy entra na brincadeira.

—Aprecio bem a ideia. Não gosto de dividir o que é meu. – Jake fala agora em tom possessivo e quase sedutor, um arrepio sobe a base da minha coluna. Lhe dou um beliscão nas costas e ele ri me colocando no chão agora. Tento arrumar o cabelo e Billy gargalha da minha confusão, Jake acompanha meu gesto com um olhar penetrante em mim, me fazendo corar, o ignoro.

—Oi Billy. – falo olhando Jake de forma reprovativa.

—Oi Renesmee. – vou até ele e lhe dou um abraço, ele sorri, olha para Jacob e depois para mim – Fico feliz que vocês dois estão... – ele começa e eu ruborizo violentamente - Esse garoto vive com um sorriso no rosto agora. – Billy fala e Jake o olha reprovativo. A culpa toma conta de mim de novo.

—Pois é, eu também estou muito feliz. – digo sincera e ele concorda.

—Sua família, estão todos bem? – ele pergunta e eu concordo, colocando a mão no bolso detrás da calça.

—Ótimos, obrigada. – ele respira fundo sorrindo e vira indo em direção a cozinha.

—Fico muito feliz. – sorrio.

—Certo. Cuide bem desse garoto. – pede e eu sorrio, olhando para Jacob, que faz uma careta.

—Eu que tenho que cuidar dela. – protesta fazendo uma careta.

—Não acho que seja o caso, Nessie e mais madura que você. – gargalho e Billy me acompanha.

—Claro, claro.

—Bom, vamos? Não quero me atrasar. – Billy fala olhando para Jacob, que concorda.

Seguimos para o carro, e Jake ajeita Billy no banco do carona, me sento atrás e Jake se encaminha para o local da fogueira, quando chegamos, já é possível ver ao longe, as labaredas do fogo lembrarem o céu acima de nós e a falação alta, das vozes grossas dos meninos, vindos de lá.

Saímos juntos do carro, e fico levemente nervosa, naquela altura do campeonato, a maioria, se não todos, já sabiam de mim e Jacob, e eu não sabia como lidar com aquilo, quer dizer, estar com Jake é perfeito claro, mas só de imaginar que todos sabem, me deixa constrangida. Sinto a mão quente de Jake na minha e o encaro, sorrindo de forma nervosa, ele ri levemente de mim.

—Está tudo bem. Não precisa ficar assim. – Jake fala, mordo o lábio nervosa. Ele nega tirando com o polegar, meu lábio de entre meus dentes, os encarando profundamente e eu coro. Ele beija o alto da minha cabeça e enlaça nossos dedos. Colo meu corpo no seu e com a outra mão, seguro seu braço, me protegendo do que tivesse que vir. Caminhamos a fogueira, Billy já tinha ido na frente. Quando chegamos ao campo aberto Claire e Clarissa param o que estão fazendo, e vem correndo até nos.

—Tio Jake, Nessie. – elas falam juntas e eu me abaixo para abraça-las, percebo que todos estão olhando para nos.

—Oi meninas, que saudades de vocês. – digo sorrindo e elas concordam.

—Também estávamos. – Claire fala e olha para trás. Acompanho seu olhar e vejo, Quil, Embry, Jared, Paul e Seth rindo, Quil incentiva ela que rola os dedinhos no tecido grosso de sua blusa, de forma nervosa – O que foi princesa? – pergunto e ela sorri.

—Você e o tio Jake demoraram, porque estavam na floresta namorando? – ela pergunta me fazendo corar e arregalar os olhos, os meninos caem na gargalhada do outro lado da fogueira, e eu nego.

—Quem falou isso para você? – pergunto, e é Clarissa quem responde.

—Foi o Quil, o Embry, o Jared o Paul que mandou perguntar. – rio dela.

—Ei Clarissa, não era para entregar a gente. – Embry fala se aproximando com os meninos, e ela dá de ombros.

—Parem de ensinar coisa errada para as meninas. – falo olhando para eles que riem, elas riem junto, cúmplices, com as mãozinhas na boca.

—Um bando de marmanjo fofoqueiros, isso sim. – Jake fala, e eu rio, Seth nega.

—Eu não compactuei com isso. – ele fala, e Paul dá uma chave de braço nele.

—É porque você é um puxa a saco da Nessie. – os meninos riem e eu intervenho.

—Não faça isso Paul, tadinho do Seth. – os meninos riem mais ainda, e ele protesta.

—Qual é Nessie, assim você tira toda a minha credibilidade. – gargalhamos dele e eu nego.

Vejo Rachel, e Kim se aproximar e elas ficam ao lado de seus respectivos noivo e marido. Rachel sorri e me puxa para um abraço.

—Oi Nessie, você está bem? – pergunta e eu concordo.

—Estou ótima e você? – devolvo a pergunta e um enorme sorriso cresce em seu rosto.

—Estou radiante. Já viu esse sorriso no rosto de Jacob? Fico tão feliz que estão se resolvendo. - eu sorrio para ela, e olho para Jake de canto de olho.

—Obrigada, também estou muito feliz. – agradeço nervosa, vendo a atenção de todos voltada para nós.

—Parabéns ao novo casal. – Kim fala e eu coro concordando e devolvendo o abraço, Jake enlaça minha cintura e suspira.

—Agradecemos, mas eu e Nessie estamos com fome, e vamos comer alguma coisa, porque aqueles marmanjos ali. – aponta para os outros garotos, que estão em volta da mesa – Vão comer toda a comida. – ele me puxa deixando todos para trás, e eu sorrio agradecida – Não a de que. – rio franco e vou com ele até a mesa, tem no mínimo mais uns dez garotos lá.

A matilha tinha crescido muito, eram mais ou menos uns quarenta a cinquenta lobos e pelas contas de Carlisle daqui uns 10 anos, seriam quase cem ao todo, e o número só cresceria, à medida que vampiros chegassem aqui, e se nós mantivéssemos em Forks.

—Nessie, vai comer alguma coisa? – Jake chama minha atenção, e eu o foco na minha frente.

—Não, hoje pela manhã um certo lobo me fez comer um mundo, e eu cacei logo que voltamos. – ele franze o cenho.

—E porque não falou comigo? Eu iria com você durante a manhã. - fala e eu tento disfarçar meu desconforto.

—Sim, mas não queria atrapalhar nosso momento, e não era tão urgente. – minto e ele ainda me encara, não engolido muito minha resposta – É melhor pegar alguma coisa para você, a comida vai acabar e a fogueira vai começar. – digo tentando fugir de seu olhar acusatório, e ele se vira pegando o que tem ali.

Quando ele termina de devorar três cachorros quentes, vamos para frente da fogueira, Jake encosta em um tronco de arvore que está ali, servindo de acento e eu sento ao seu lado e me encosto em seu corpo, ele enlaça seu braço em minha cintura e eu encosto a cabeça em seu peitoral.

Billy toma a fala, com sua voz de trovão e começa a história.

Nossos guerreiros lobos são envoltos de uma magia antiga, magia essa que o liga a mulher amada. Nosso guerreiro Avati, um dia então se viu perdidamente apaixonado pela forasteira, que invadiu nossas terras, Juliete era seu nome, tão branca quanto a neve do nosso inverno e tão bonita quanto um anjo da morte, porem o que ele não sabia, era que ela era fria, fria como o gelo, e dura como a pedra. Quando Avati se deu conta disso ele se viu mortificado, afinal estava destinado a ficar com o inimigo, e isso nunca poderia dar certo, pois era seu inimigo mais mortal. E seu dever matar sempre que encontrasse um, para proteger os seus.

E foi assim, pensando em um bem maior, ele tentou a todo custo se manter longe, mas a magia é forte demais, seu lobo clamava sempre pela prometida, pedindo por ela, implorando por ela e foi impossível não ceder aos seus pedidos. E então ele começou a se encontrar escondido com ela, para que ninguém da sua matilha ou tribo soubesse o que estava acontecendo, porque ele sabia que seu destino estava traçado, que sua prometida nunca poderia ser sua, e que sua matilha jamais aceitaria, afinal ela era inimiga, bebia sangue e poderia colocar toda a tribo em risco.

Então assim ele seguiu encontrando-a todas as noites, quando todos iam dormir. Parou de se transformava quando os outros se transformavam, para que ninguém vice na cabeça dele o que estava acontecendo. Porém seu plano foi falho, manter Juliete por perto, era um enorme sacrifício e o preço começou a ser cobrado. Algumas pessoas da tribo começaram a sumir, uma mulher, depois duas crianças e ninguém entendia o que estava acontecendo, não tinha rastros e nem o cheiro do inimigo por perto, qual seria o animal que estava matando as mulheres e crianças?

Logo depois os ânimos se acalmaram na tribo a comandado do chefe, do alfa, afinal se passaram duas semanas e mais nenhum sumiço aconteceu. E Avati novamente em mais uma noite, pegou uma criança e seguiu rumo até sua amada, para que assim ela pudesse estar saciada, e ele ficar feliz realizando um pedido dela. Mas o que ele não contava, era que o alfa programou aquilo tudo, rondas para procurar quem estava fazendo aquilo, deixou o bando avisado e Avati não soube, porque ele não estava se transformando junto com os outros.

Quando Avati chegou no local combinado com Juliete, eles foram cercados pelo bando e ele logo se transformou para proteger sua amada, em uma conversa de pensamentos ele viu que pretendiam matar Juliete, e começou uma luta corpo a corpo com os outros guerreiros, que claramente foi perdida. Vendo o seu fim eminente Juliete para salvar seu amado se lançou em uma luta contra os enormes lobos ali.

Mas foi quando sua cabeça foi cortada e seu fim declarado, que foi ouvido o uivo mais dilacerado, de um coração partido e sentenciado a morte, do guerreiro Avati que viu sua amada morrer pelos seus, com seus próprios olhos. Ele sabia que não estava certo, que tinha errado ao alimentar Juliete com as mulheres e crianças da tribo, e que o preço tinha sido pago, mas nunca imaginou sentir dor tão grande em seu coração. Vendo e sentindo a dor no coração de Avati os outros guerreiros, também se juntaram em um coro de uivo triste, lamuriento, cortando a noite, e rompendo o céu, podendo ser ouvido por todos que estivessem a um raio de vinte quilômetros dali.

Sem forças ele voltou a forma humana, e viu sua amada queimar nas labaredas do fogo que acenderam para jogar seu corpo duro e frio. Avati entrou em estado letárgico depois disso, depois de perder sua prometida, de não mais tê-la, ele nunca mais foi o mesmo, definhou até encontrar a luz em outro plano, porque ele já era um corpo sem vida, a partir do momento em que ela se foi, ele se foi também.

E desde então os guerreiros lobos implantaram a lei mais absoluta deles, nunca é permitido matar a prometida de um lobo, ela deverá ser protegida, para que assim o lobo guerreiro viva em paz e feliz. E se por acaso ela possa ser uma inimiga o lobo terá que escolher entre ficar e deixa-la ir, ou abandonar a tribo e ir junto com ela tentar buscar sua felicidade.

Billy finalizou a história e eu passei os olhos em cada rosto presente ali, um em particular me encarava do outro lado da fogueira, os olhos de Leah estavam tão quentes quanto o fogo, como se uma raiva contida estivessem neles e depois ela olhou de Sam para Emily e se levantou deixando o local, todos fingiram não ver sua fúria, mas eu não consegui tirar os olhos dela, a acompanhando até a base da floresta e a vejo transformar, sumindo das minhas vistas. Um arrepio toma conta de minha espinha, a visão de Alice vem na minha cabeça, a história se assemelhava a visão, mas o que me chamou a atenção nisso tudo foi a prometida de um lobo, a primeira vez que eu ouvia uma lenda Quileute sobre a prometida de um lobo. Olho para Jacob que está com uma expressão séria no rosto, e uma pequena ruga paira sobre sua testa, ele me olha e em seus olhos vejo a sombra de preocupação neles, desafrouxo minha mão do aperto na sua camisa, e me lembro que não percebi em que momento fiz aquilo.

Todos se levantam aos poucos, e ainda estou confusa demais para manifestar qualquer tipo de movimento, Jake também fica lá, me esperando assimilar as coisas, a história sobre um lobo e um vampiro, que se sacrificam um pelo outro, suspiro eu não queria mais pensar naquilo. Porque eu não podia fraquejar ali, respiro fundo e encaro Jake que está me olhando compenetrado, sorrio fraco e ele ainda está concentrado.

—Está tudo bem? – pergunta e eu concordo com um aceno de cabeça.

—Está sim, só fiquei com dúvidas sobre a lenda. – ele bufa e se levanta, rindo nervosamente.

—É só uma lenda boba Nessie. – concordo, não querendo discutir, tinha alguma coisa na voz dele que me fazia discordar disso.

Mas eu estou tão sem reação com toda essa lenda, que não consigo, não quero pensar, não quero pensar em mais nada, tento levantar minha máscara de indiferença e me aninho a seu peito, inalo seu perfume amadeirado preenchendo meus pulmões, que agradecem, uma calma repentina me invade e Jake me guia até a mesa, que está sendo finalizada pelos lobos famintos que estão ali.

Depois que eles comeram e eu fiquei conversando um pouco com as meninas, nos despedimos de todos, Jake colocou novamente Billy no carro e o deixou em casa, depois como já era tarde me levou para casa. Ele para o carro em frente a mansão e observa o pouco movimento lá dentro, escuto os passos de fada de Alice e os calmos de Rose apenas, os outros ainda não tinham chegado, faço a boca em uma linha.

—Onde estão todos? – Jake pergunta tranquilo, olhando para a casa e eu dou de ombros.

—Caçando, Bella e Edward no chalé. – minto, ele me olha por um segundo e olha para a casa de novo.

—Alice e Rose não foram com Jasper e Emmett? – pergunta e me encara novamente, nego.

—Estavam resolvendo os detalhes da festa de casamento de Charlie. – ele concorda com uma sobrancelha levantada.

—Claro, claro, Seth tinha me comentado isso. – sorrio aliviada que ele mordeu a isca, ele me puxa para um abraço e depois coloca sua testa sobre a minha, passa as mãos por meu rosto e eu abro os olho encontrando os seus, ele suspira batendo sua respiração em meu rosto, e eu prendo a respiração admirando a beleza de seu rosto a centímetros do meu.

Será que sempre seria assim? Será que todas as vezes, seriam como se fosse a primeira? Todas vezes que Jacob me tocasse, ou que fosse me beijar? Me perco em suas íris negras e ele toca seus lábios nos meus, sua mão encontra meu rosto e eu levo minhas mãos até a barra de sua blusa segurando ali e o puxando para mim. Sua língua pede passagem, quente, sorrateira e eu penso que posso derreter a qualquer segundo, quando ele vasculha cada canto da minha boca. Jake desce a mão e aperta minha coxa e eu arfo na sua boca, ele quase ronrona, mas para o beijo e se separa de mim, respirando fundo.

—Melhor entrar. – ele fala suspirando e eu olho para minha casa e depois para ele. Eu não queria deixar Jacob, eu não queria voltar para o pequeno pesadelo que estava meus pensamentos, eu queria ficar ali, e provar de cada nova sensação que Jacob me proporciona sempre, mas concordo.

Abro a porta do carro e antes de descer o olho.

—Nos vemos amanhã? – pergunto e ele concorda.

—Te devo uma tarde em La Push lembra? – meu sorriso cresce nos lábios e ele sorri também.

—Certo, até amanhã então. – fecho a porta e sigo devagar até a porta de entrada, quando piso o primeiro degrau ouço sua voz.

—Primavera? – me viro para fita-lo, e ele está pendurado sobre a janela do carona, com uma expressão séria – Eu amo você. – ele afirma de uma forma quase dolorosa, meu coração perde uma batida no peito, para logo bater novamente descompensado, e não é como se Jacob nunca tivesse me dito eu te amo, mas foi a primeira vez que ele falou eu te amo daquela forma, como se quisesse demonstrar com aquelas três palavras, realmente o quanto me amava. Fico mal instantaneamente, mas mantenho o sorriso no rosto.

—Eu também amo você. – digo, ele sorri, liga o carro e dá a partida logo em seguida.

Quando seu carro some de minhas vistas, suspiro e me sento ali no degraus da entrada, apoio minha cabeça sobre minhas mãos e fecho os olhos, e antes de minha cabeça ser invadida pelos meus pensamentos traiçoeiros, um vendo gelado cortante bate sobre minha pele me congelando, aspiro o ar frio e tento levá-lo até minha cabeça, será que se seu ficasse ali por uma hora ou duas, eu ficaria congelada demais para pensar pelos próximos dois dias?

—Você está bem? – Alice toca meu ombro e eu levanto minha cabeça a olhando, no seu rosto uma expressão preocupada, concordo.

—Sim, apenas cansada. – ela concorda também, e me estende a mão.

—Vamos entrar, aqui fora está muito frio para você. – ela fala e eu nego.

—Eu gosto do frio. – ela franze o cenho sem entender – Fico tão congelada que não tenho espaço para pensar. – explico e ela revira os olhos.

—Sei que o calor é seu preferido. – fala sugestiva e eu sorrio de lado.

—Mas não será por muito tempo. – ela se senta ao meu lado, passa os braços por meu ombros e ficamos ali por alguns minutos em silêncio e eu me levanto rápido balançando a cabeça, limpo as lagrimas que não sei que horas começaram a sair de meus olhos – Mas eu não posso ficar choramingando pelos cantos, não é? Tenho que ser forte. – sorrio para ela que se levanta e toca meu ombro com um semblante triste, quase consigo ver pena em seus olhos.

Para não chorar novamente entro na mansão e sigo até meu quarto, ao passar pelo corredor vejo a porta do quarto de Rose e Emmett levemente aberta, e vejo Rose fitando a noite lá fora, por sobre a sacada que dá para a floresta, sobre a luz escura da noite consigo olhar sua expressão tensa, onde uma ruga paira dobre sua testa, penso em ir até ela, mas desisto seguindo rumo até meu quarto.

Entro e fecho a porta atrás de mim, me encostando nela, passo a mão por meu cabelo e desfaço o coque que está ali, tiro minhas botas e suspiro, me lembro do eu te amo de Jacob e toco o colar que ele me deu, sentindo quase ele queimar sobre a palma da minha mão. E eu fito o lobo ali, e a lenda vem na minha cabeça, a prometida de um lobo, me encosto de forma brusca na escrivaninha e derrubo algumas coisas.

—Merda. – pronuncio baixo, me abaixando para pegar o porta-retratos, o marca texto que ganhei de presente de Emily e o livro de Rachel.

Li a capa “Lendas Quileutes” e embaixo o símbolo da tatuagem de Jacob esta pintado, coloco as outras coisas em cima da escrivaninha, fito a noite lá fora e depois olho o livro em minhas mãos novamente, a prometida de um lobo, esse pensamento volta a mim, e passo a mão pela capa do livro, sentindo o material áspero sobre a ponta dos meus dedos.


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Notas finais do capítulo

E então essa lenda? O que acharam? Fiquei escrevendo e reescrevendo umas mil vezes e no final ainda não sei se acertei, mas me contem. E a Nessie com o livro no final? A prometida de um lobo, será se ela desconfia de alguma coisa? E o momento deles juntos, você ama os momentos dos dois.
Espero que tenham gostado, comentem muitoo, favoritem, recomendem. hahahha.
Bejú
By Isa Devaylli



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