Equinócio escrita por Isa Devaylli


Capítulo 8
O que você faria por amor?


Notas iniciais do capítulo

Ei, oi. Tudo bem com vocês? Acho que estou alguns minutos atrasada com a postagem kkkkk, mas foi por uma boa causa, o cap. está grande e eu reviso cada palavra para que tudo fique certinho para vocês. Bom antes de tudo, quero agradecer pelos comentários eu amo os comentários de vocês e dar boas vindas aos novos acompanhandos, espero que gostem.
Antes de mais nada quero dizer que este cap. está barrotado de informações. Tentei amarrar tudo bem bonitinho para vocês, e quem estava morrendo de curiosidade para saber porque Nessie está triste desta forma ai está. Espero que entendam e gostem. Sem mais enrolação, boa leitura.
Ps: Espero vocês nas notas finais.



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O caminho até minha casa é tranquilo, Charlie não é invasivo o que me dá uma certa liberdade, para que eu volte a morar mais uma vez em meus pensamentos, e ficamos em silêncio quase que o percurso todo. Quando ele para em frente a mansão quem abre a porta é Carlisle. Ele sorri para Charlie pegando em sua mão, e eu beijo o rosto de Carlisle.

—Vamos entrando Charlie. – Carlisle chama e assim Charlie o faz.  

Ao chegarmos na sala estão todos lá, como se já estivessem nos esperando, ele cumprimenta sem graça, e de longe avisto Bella com Edward no piano, quando ela me vê vem na minha direção e me toma em seus braços.  

—Você me deu um susto, saindo do chalé daquele jeito. – fala baixo de forma carinhosa e eu sorrio. “Estou bem" transmito para ela que sorri. Charlie vem até nós.  

—Oi Bella, como foi de viagem? – ele pergunta e eu suspiro.  

—Foi ótima pai. – ela se limita a dizer e ele sorri concordando.  

—Que bom. Aparece lá em casa, está me devendo uma visita. – Charlie cobra, e de longe vejo Alice se aproximar entusiasmada.  

—Não acredito que estava escondendo seu casamento de mim. – ela acusa Charlie, que fica vermelho como um pimentão e olha para mim, Bella e Edward de forma acusatório. Reprimo uma risada.  

—Eu não escondi, só estava esperando o momento certo para contar. – ele mente e ela finge acreditar.  

—Sei, e aí, a data está marcada? – ela pergunta e ele concorda suspirando.  

—Dia quinze de novembro. – ela bate palmas e meu coração corta.  

—Ótimo, será meu novo recorde, planejar um casamento em dois meses. – ele fica duro, e posso escutar seu coração perder uma batida.  

—Alice não precisa, não queremos uma mega festa. – ela abana a mão indiferente.  

—Deixa de bobeira Charlie, será nosso presente de casamento, e pode ficar tranquilo, prometo não exagerar. – ele suspira e bufa aceitando o fato de Alice não desistir.  

—Certo, mas quero que Sue participe, tudo da forma que ela quiser. – Alice bate palminha e quica graciosamente pela casa, fazendo nos todos rir.  

—Parabéns Charlie. – Carlisle deseja e logo os outros também o desejam.  

Depois de alguns minutos ele se despede, com a promessa que voltaria para a conversa que Bella tinha informado. Charlie precisava saber que estávamos indo embora, que partiríamos logo após seu casamento, mas ele também precisava saber, que Jacob não podia saber daquilo.  

Bufo e subo para meu quarto, vou direto para um banho e tomo uma ducha, me esquecendo lá dentro. Depois vou até o closet e escolho uma calça jeans escura, uma blusa de manga e gola alta, nude, de malha canelada, colada ao corpo. Calço um tênis, e penteio meus cabelos prendendo em uma trança lateral bagunçada, deixando alguns fios soltos pelo rosto. Pego meu celular, olho pela janela e reparo que a chuva tinha dado uma pequena trégua agora a tarde. Me encaminho para a sala e apenas tia Rose está lá.  

Sigo até o piano em silêncio e olho o céu escuro acima de nós, ainda anunciando uma chuva que cairá a qualquer momento, suspiro deixando meus dedos se moverem pelas teclas, sinto uma movimentação do meu lado e olho para tia Rose que sorri gentil para mim. Suspiro e paro de tocar a olhando, ela tira uma mecha do meu rosto, e beija o topo da minha cabeça.  

—É uma música muito triste. — fala compadecida. Balanço os ombros.  

—Tia Rose, é tudo por uma boa causa certo? Quer dizer vai salvar à vida de Jacob, e eu não pensaria duas vezes, faria a mesma coisa um milhão de vezes se fosse preciso, sofreria todas as um milhão de vezes se fosse preciso. – sorrio triste e ela esfrega meu braço me acalentando. E depois me abraça de lado.  

—O meu amor, é por uma boa causa sim. Não fique assim, vai dar tudo certo no final. Você vai ver. — olho para ela com lágrimas nos olhos e suspiro.  

—Mas parece tão errado, só o simples fato de pensar em ir embora, sinto meu coração ser massacrado de forma brutal dentro do peito. Mas eu tenho que ser forte, eu sou forte. – ela nega, com uma careta de choro no rosto.  

—Meu bem, você não tem que passar isso sozinha, como se estivesse carregando o peso do mundo nas costas. Estamos aqui, eu estou aqui, pode dividir comigo se quiser. – ela aponta para o meu peito e continua – Não posso medir o tamanho da dor que está sentindo ai dentro, mas você precisa organizar esses pensamentos e tentar ser feliz pensando no agora, e não daqui em dois meses. É claro que vai ser difícil, e tem hora que até inevitável não pensar. – fala passando a mão no meu rosto – Mas ainda estamos aqui certo? Então aproveite todos os dias como se fosse o ultimo, e leve para sempre esses dias com você, faça ser inesquecível, adorável e não deixe a dor tomar conta o tempo todo. Você merece ser feliz e não ficar se castigando por isso. — soluço pelo choro e ela me puxa para um abraço.  

—Jake nunca vai me perdoar. – ela suspira.  

—Se tem uma coisa que conheço bem Nessie, é aquele cachorro. Ele é cabeça dura, pode até ficar com raiva, mas depois vai entender você, o que você fez por ele, por todos eles, o que nós fizemos. Não se martirize antes de levar o tiro, você viu que Jacob não vai reagir bem se contarmos, não acabará bem no final, e no fundo eu sei que você sabe que é melhor assim. — ela conclui e eu concordo de forma relutante, me lembrar da visão de Alice, me causava calafrios, então era a melhor alternativa.  

—Vou ficar bem. – digo mais para mim do que para ela, e ela sorri lindamente.  

—Eu queria que isso não tivesse acontecendo com a gente, com você, mas espero que aproveite este tempo para se permitir. – ela fala, acaricia meu rosto, e se levanta me deixando sozinha. Fico presa em suas falas por algum tempo e teclo algumas teclas do piano, penso em Jacob e me levanto limpando minhas lágrimas.  

—Nessie tem um minuto? — escuto a voz familiar de Nahuel no topo da escada, me viro para ele sorrindo, estava tão absorta em mim que me esqueci, e bem, desde a volta da viagem eu só o tinha visto na discussão de Edward com Jacob, após nosso primeiro beijo, mas ainda não tínhamos nos falado. Concordo para ele, que desce as escadas me alcançando. Aponta para a floresta lá fora, a chuva ainda não tinha começado, então vamos para lá.  

Caminhamos em silêncio por um tempo, e eu não tinha muito o que dizer, em três dias tudo tinha se dissipado, Nahuel partiria, Charlie se casaria e meu destino já estava escrito, um destino triste, mas meu.  

—É uma pena que tenha que ir. – corto o silêncio, ele suspira.  

—É uma pena que isso tudo esteja acontecendo. – ele rebate e eu faço a boca em uma linha, abaixo de nós, o som das folhas molhadas substituem nossas falas no silêncio, apenas concordo.  

—É, é uma pena. — levo uma mexa do cabelo para trás da orelha, e ele me olha profundamente.  

—Você está bem? – pergunta e eu nego sem pensar, um sorriso compadecido brota em seus lábios.  

—Sinto muito. – bufo.  Ele me puxa para um abraço rápido, e depois me solta se separando se mim.  

—Eu também. — ele abre a boca para falar, mas fecha como se não devesse, mas eu o incentivo.  

—Queria falar comigo? – ele concorda soltando o ar. E paramos o nosso percurso.  

—É engraçado a forma como não podemos controlar nosso futuro. – ele ri seco – Em um dia você planeja, e no outro um simples fato pode mudar tudo, não é? – ele pergunta e sou obrigada a concordar — Desde a primeira vez em que te vi, sempre achei que fosse feita para mim, a única da minha espécie, claro com exceção das minhas irmãs. E durante este tempo que estive aqui, procurei te mostrar isso. – arregalo os olhos minimamente com a sua fala, eu não tinha palavras para aquilo, ele bufa – Mas a competição foi bem desleal, você não vê ninguém além dele, não da forma que eu queria que me visse, e eu me sentia péssimo por isso. No começo tudo que você tinha por mim era gratidão por ter salvo sua família, e eu queria mais que isso, então quando você começou a me considerar um amigo, eu fiquei muito feliz, eu tinha conseguido avançar um passo, mas ai você se apaixonou por ele, era nítido, a forma quando seu sorriso se abre ao vê-lo, o brilho nos olhos, os movimentos nervosos. E como sempre ele ficou um passo à frente. – ele suspira fitando algo atrás de mim — Mas eu não desisti, como um bom lutador tentei me manter firme, afinal ele ainda não sabia, pensei até na possibilidade de ele achar um absurdo tudo isso de você estar apaixonada por ele, e no final eu estaria lá para te ajudar a reerguer, para ser seu confidente e quem sabe então ser seu.. – ele fica em silêncio pensando, e caminha lentamente de um lado para o outro. Eu estou chocada demais para articular qualquer palavra, ele me olha de novo – Mas ele não é burro, ter o seu amor é especial demais, e ele não seria burro de desperdiçar isso, olha só para você, tudo o que sempre sonhei, e me apaixonei, e a minha sentença foi que ele também.  

—Nahuel eu... eu... – tento formular alguma frase, mas ele estende a mão para mim, me parando.  

—Só me deixa terminar por favor. – pede e eu me calo — Eu não quero te ver triste, mas até que eu recebi a notícia depois da viagem muito bem, porque enfim eu podia cogitar a possibilidade de você ser minha, eu posso pensar em nos dois. – franzo o cenho, sem acreditar nas palavras de Nahuel.  

—Você está sendo egoísta. – ele concorda engolindo, com uma expressão séria no rosto.  

—Talvez eu esteja mesmo, mas depois de tanto tempo vivendo na sombra de Jacob e apaixonado por você, acho que essa é a única esperança que eu tenho. – ele sorri de forma amarga – E se não ficarmos juntos, vou pelo menos ficar feliz de ele também não poder ter esse gosto. — nego várias vezes.  

—Mas eu não te amo Nahuel, você não seria feliz comigo. — ele me encara.  

—Mas eu te amo, seria feliz por nós dois, ter você seria o suficiente. — nego novamente.  

—Eu não conheço esse Nahuel, você não é meu amigo. – ele concorda.  

—Eu cansei desse posto, meu tempo acabou e eu precisava que você soubesse. — ele se vira e caminha me deixando sozinha com suas palavras cruéis, como uma faca pontiaguda abrindo feridas em mim, pequenas e dolorosas feridas.  

A chuva começa a cair levando minhas lágrimas com ela, e eu me repreendo por nunca ter percebido isso, por nunca ter sequer cogitado a possibilidade de Nahuel ser apaixonado por mim, porque era louco demais pensar naquilo, ele sempre fora um amigo, um ótimo amigo, e agora ele está jogando isso na minha cara. Abraço meu corpo e nego com suas palavras martelando na minha cabeça, eu não seria dele, nunca seria, mas também de forma inevitável não seria de Jacob. A afirmação de toda a coisa é dolorosa. Me viro na floresta e tomo o caminho do chalé, eu estava tanto fugindo de tudo, que não sei como será quando tudo cair sobre mim.  

Entro no chalé fechando a porta atrás de mim, e caio no chão de joelhos não conseguindo sustentar meu peso, minha roupa molhada, faz um certo estrago no piso laminado de tabua maciça, corrida, lustroso, e minhas lágrimas ajudam no processo. Como eu ainda conseguia encarar Jacob? Mentir repetidamente? Levar isso para frente, mas seco as lágrimas lembrando do motivo. Era por uma boa causa, Jacob continuaria vivo, com seu coração quente e caloroso batendo. Eu não podia me arrepender da escolha, porque me arrepender seria sentencia-lo e esse seria o meu fim.  

Me levanto e caminho até o quarto dos meus pais, pego uma toalha e roupas emprestadas de Bella, no meu quarto não tinha nada mais que me coubesse, visto a roupa e me deito na cama olhando para a chuva lá fora, como se o mundo estivesse chorando em lamento, como eu estava por dentro.  

—Nessie, meu amor acorda. – sinto mãos geladas no meu rosto e abro os olhos fitando Bella na minha frente, ela me abraça forte – Estávamos preocupados, Nahuel apareceu na mansão agora e seu pai leu tudo na mente dele. – ela me olha compadecida – Você está bem? – meus olhos se enchem de lágrima de novo e eu abraço.  

—Ele foi tão cruel. – soluço e ela passa a mão por minhas costas, me reconfortando.  

—O meu amor, não fique assim, você não teria como saber, Nahuel só está com o ego ferido. – nego.  

—Ele está com raiva, eu nunca imaginaria, nem cogitei a possibilidade. Mas ele não pode pensar assim. – ela concorda.  

—Quando eu e seu pai descobrimos, ficamos preocupados. – limpo as lágrimas me soltando dela.  

—Vocês sabiam? – questiono seria.  

—Sim, mas não..  

—Porque não me contaram? – a interrompo.  

—Não achamos que seria uma boa ideia. – me levanto.  

—Não acharam que eu tinha o direito de saber? É a minha vida. – ela suspira.  

—Nahuel também nos pediu que não te contássemos, mas nunca imaginaríamos que ele faria isso. – nego, andando de um lado para o outro.  

—Mesmo assim esconderam de mim, pela palavra de uma pessoa de fora da família. – bufo – Olha o que isso causou, olha só como ele está, como eu estou, acha que se eu não soubesse não estaria melhor preparada para isso? – ela se levanta de forma desesperada.  

—Sabemos Nessie, reconhecemos agora que foi um erro. Nos desculpe. – sorrio amargamente.  

—Erro? Escondem mais alguma coisa de mim? – pergunto firme e ela fica estática – Em Bella, escondem mais alguma coisa de mim? – seu rosto se contorce quando não a chamo de mãe, e ela nega parecendo ferida. 

—Não, claro que não, de onde tirou isso? – passo as mãos no cabelo, ainda úmido e dou de ombros.  

—Sou sempre a última a saber as coisas da minha própria vida. Acho que foi daí que eu tirei isso. – ela nega com uma careta de choro, eu suspiro me sentando na poltrona do quarto.  

—Nos desculpe, não imaginamos que isso fosse acontecer. – pede, suspiro.  

—Mantendo segredos sobre minha própria vida? Onde achou que isso fosse dar? E quando eu fosse para a escola com ele? Ainda nutrindo esses sentimentos, vocês também não pensaram nisso? – ela passa as mãos na cabeça, de forma nervosa.  

—Nós só queríamos... Estávamos pensando em te proteger. – balanço a cabeça uma vez.  

—Então parem, parem de querer me manter nessa redoma. Parem de querer me proteger a cada segundo. Porque é da minha vida que estamos falando. – caminho até meu quarto a deixando para trás e olho o relógio em cima da cabeceira, quatro horas, esse horário Jacob ainda estará na oficina.  

Calço meus sapatos e penteio meus cabelos, a chuva lá fora tinha parado novamente. Respiro fundo, passo na porta do quarto de Bella e meu coração parte quando a vejo sentada sobre a cama, olhando para o nada.  

—Vou ver Jacob. – aviso e ela não se mexe, me sinto culpada por brigar com ela, mas eles não tinham o direito de decidir meu destino por mim, então, obstinada caminho até a porta, e sigo o caminho da floresta até a oficina atrás de Jacob.  

Percorro o caminho devagar até a oficina, mesmo com cada célula do meu corpo protestando por isso, elas queriam que eu fosse rápido, correndo, pois ansiavam por Jacob, queriam ele tanto quanto eu, cada parte de mim. Mas eu precisava de tempo para esquecer minha discussão com Nahuel e Bella, então ao invés de ir correndo, caminho devagar. Chego na borda da floresta e antes de sair vejo se tem algum desconhecido ali, tomando o devido cuidado de não ser vista, quando reparo que não, dou a volta na oficina e alcanço o perfume de Jacob dentre os outros dois perfumes que estão ali, minhas células agradecem.  

Dou um passo para dentro da oficina e três pares de olhos me encaram juntos, Jacob, Seth e Quil, sorrio sem graça e um sorriso incrível brota do rosto de Jacob me deixando presa nele. Vou até ele que me puxa para um abraço e eu sou engolida por seu calor agradecida. Quil pigarreia do nosso lado.  

—Oi Nessie, é um prazer revê-la também. – me desvencilho de Jacob e sorrio sem graça olhando para Quil e Seth, que estão encarando nos dois com sorrisos debochados nos lábios.  

—Oi meninos. – cumprimento sem graça, e Seth desencosta do carro vindo na minha direção, rindo.  

—Oi baixinha. – ele me puxa para um abraço e depois Quil também vem.  

—Oi Nessie. Fico feliz que tenha vindo ver Jacob, não aguentávamos mais ele reclamando de saudades. – ele fala irônico. Minhas bochechas esquentam.  

—Pois é, reclamou o dia inteiro. – Seth debocha também e Jake faz uma careta.  

—Acho melhor ficarem quietos, se não quiserem ficar sem salário. – ele fala limpando as mãos no pano ali. Quil prende o riso.  

—Está vendo, agora deu para dar um de chefe tirano, espero que você consiga resolver esse problema do mal humor. Já que só você tem poder para isso. – rio junto com eles.  

—Vou ver o que posso fazer por vocês. – digo batendo no ombro dele – Mas claro que tudo tem um preço. – ele faz a boca em uma linha.  

—Corta o que eu disse, Jacob está sendo influenciado por você, acabei de perceber isso. – gargalhamos.  

—Certo garotos, estão dispensados por hoje. – Jacob fala caminhando até o fundo da oficina e fecha o capo de uma caminhonete azul parada lá. Seth me abraça me girando no alto.  

—Você devia voltar mais vezes aqui, é milagrosa. – gargalho e ele me coloca no chão, Jacob para atrás de nós.  

—Melhor não fazer gracinhas Seth, não me faça dobrar seu turno. – ele se distância, pega uma mochila que está jogada no chão e acena.  

—Tchau para vocês. – vejo ele sair rindo, e Quil o acompanha. 

—Até mais Nessie. Tchau chefinho. – aceno para eles e eu e Jake ficamos a sós.  

Seu sorriso cresce novamente no rosto, e eu sorrio também.  

—Estava me perguntando quando te veria de novo. – fala se aproximando – Não sei se ainda tenho carta branca para aparecer na sua casa. – faz uma careta eu nego.  

—Estava com saudades, você pode me ver quando quiser. – ele sorri novamente.  

—Você está bem? – concordo mentindo.  

—Estou ótima e você? – ele concorda também.  

—Melhor agora. – reviro os olhos e ele enlaça minha cintura, a corrente elétrica percorre meu corpo e ele pisca suas íris negras de forma lenta e sensual para mim, subo minhas mãos por seus braços, alcanço sua nuca o abaixando no processo e meus lábios alcançam os seus.  

Fico mole em seus braços, e me esqueço de qualquer coisa que tenha acontecido ao longo do dia, porque Jacob toma cada parte dos meus pensamentos, sua língua pede passagem e eu sedo, para travarmos uma batalha gostosa em nossas bocas. Fico na ponta dos pés querendo mais dele, e puxo a raiz de seus cabelos me sentindo torturada, Jake suspira em meus lábios me dando mais de seu hálito de menta, tento me manter em meus pés e quase quero o escalar, para ficar de sua altura e conseguir explorar mais sua boca, mas ele para o beijo devagar fazendo meu corpo protestar por isso.  

Ele beija todo o meu rosto de forma carinhosa e eu rio agradecida, depois se separa de mim e olha o relógio enferrujado, suspenso, na parede atrás de mim e suspira. 

—Tudo bem para você se eu terminar um carro? É que um cliente vem buscar hoje. – concordo.  

—Posso ser sua ajudante? – ofereço e ele sorri de lado concordando e indo até o carro.  

Fico parada o observando se distanciar e me perco na sua beleza, Jacob consegue ficar ainda mais bonito sujo de graxa, bem ali no meio daquela pequena bagunça da oficina, seu andando forte e determinado, seu corpo bem trabalhado por debaixo da calça jeans suja, surrada e a camisa que um dia fora branca, o cabelo despretensiosamente atrapalhado, e a pele castanha avermelhada quente, muito quente, como o sol em contraste com todo o frio de Forks, sorrio ao mesmo tempo que ele se vira, com uma sobrancelha erguida.  

—O que foi? – pergunta de cenho franzido. Nego me aproximando devagar.  

—Só estava olhando para você, sempre te achei realmente muito bonito, de tirar o folego, mas é muito mais que isso, é injusto você ter essa beleza nativa toda só para você. – ele sorri de lado meio bobo, e um pouco até constrangido.  

—Eu não acho que seja assim. – bufo caminhando a sua frente. Sinto seus olhos queimar minhas costas.  

—É incrível a maneira como você sempre chama atenção nos lugares e não percebe, igual a última vez que fomos ao shopping, as mulheres da loja faltaram carregar você. – reviro os olhos um pouco brava ao me lembrar, ele ri me fazendo virar – E você não deu muita importância. – ele dá de ombros. 

—Eu tinha uma coisa mais importante com o que me preocupar. – fala me olhando fixamente, coro e viro, para que ele não me veja vermelha novamente.  

—Qual carro é? – pergunto mudando de assunto e apontando para os carros que tinham ali. Ele aponta para um Chevrolet Classic modelo 2015 no canto da oficina e eu concordo, aprendi muito de carros com minha família e Jacob.  

Antes de ir até lá, ele vai até um pequeno rádio vermelho descascado e o liga, uma música tranquila começa a sair de lá, depois ele se encaminha para debaixo do carro, trabalhando ali com destreza, abro a porta da caminhonete que está ali, quase ao lado do carro que ele está arrumando e me sento do banco do carona o vendo trabalhar e jogando algumas ferramentas quando ele pede. Ficar com Jake era fácil, jogar conversa fora com ele era fácil, mas dessa vez foi um pouco difícil, porque ele perguntou da viagem e eu tive que mentir novamente.  

Informei para ele que Nahuel iria embora, claro que omitindo a parte que ele me ama e odeia ao mesmo tempo, posso jurar que ouvi uma comemoração na voz dele ao murmurar um “nossa” nada desanimado, informei da escola, que tinha desistido por hora, pois eu ainda não estava preparada, mas claro que era mais uma mentira idiota para suprir a verdade de eu realmente não poder ir para a escola agora. Jacob precisava ficar a par de umas coisas, para que eu não fosse questionada depois fora da guarda, então a hora pareceu exata para eu despejar tudo isso sobre ele que pareceu entender. Eu estava me saindo uma ótima mentirosa.  

Mentir para ele era como arrancar aos poucos pequenas lascas do meu coração, mas era necessário. Necessário, eu estava repetindo tanto aquela palavra para mim como um lembrete, para eu mesma acreditar.  

—Vamos ter uma fogueira essa semana. – Jake fala cortando minha linha de pensamentos. Encaro o teto do carro, eu acabo deitando no banco. Sorrio.  

—Uma fogueira mesmo? – arqueio a sobrancelha no intuito de saber se não é mais uma surpresa, ouço sua movimentação e sei que ele não está mais em baixo do carro. Ele suspira em algum lugar muito perto, e depois sua figura grande faz sombra dentro do carro. Me apoio nos cotovelos e o admiro com as mãos apoiadas na parte de cima do carro, levemente encostado em minhas pernas.  

—Sim, uma fogueira, sem surpresas. – ele fala sorrindo, concordo e me deito de novo, ele entra no carro rastejando por cima de mim devagar e eu esqueço como respirar – Posso te buscar na sua casa? – pergunta quando está completamente em cima de mim, sustentando seu peso, com o rosto a centímetros do meu. Apenas concordo, ele me olha milimetricamente e eu pisco devagar sentindo sua respiração quente no meu rosto, me fazendo lembrar de respirar.  

Ele passa a ponta dos dedos sobre meus lábios, e depois sobre a linha da minha mandíbula. Sorrindo de lado.  

—Perfeita. – fala e eu enrubesço sorrindo de lado, me levanto levemente sendo induzida por seus lábios, e ele corta os poucos milímetros que nos separa me beijando calidamente.  

Sua mão desce para a minha cintura e aperta o local devagar, subo minhas mãos de forma automática para seu tronco, e encontro sua pele levemente nua na barriga pela blusa larga ter subido um pouco, fico tensa por uns segundos ponderando se devo ou não invadir aquela linha, mas então a outra mão de Jacob sobe para minha nuca, apertando a raiz de meus cabelos e ele pede passagem com sua língua, me deixando um pouco enlouquecida e me fazendo esquecer de tudo a minha volta.  

Tateio seu corpo por debaixo da camisa e desço devagar minhas mãos por sua barriga, arfo levemente na sua boca e faço uma dança sincronizada com sua língua sobre a minha, seu braço envolve minha cintura me colando em seu corpo e eu levo meus braços ao seu pescoço o trazendo mais para mim, Jacob começa a distribuir beijos por meu rosto, beijos cálidos e carinhosos, eu fecho os olhos absorvendo cada sensação e ele toma meus lábios de novo. 

—Jake. – ouço a voz de uma mulher chamar me assustando, e eu bato de leve a testa na sua, ele se sobressalta e sai de cima de mim piscando algumas vezes – Jake. – escutamos a voz fina chamar novamente, respiro fundo esfregando minha testa e me levanto com a ajuda dele.  

—Se machucou? - ele pergunta avaliando o local, nego.  

—Jake? - a voz chama novamente mais perto, ele suspira e eu fico do carro observando ele ir até onde a voz está o chamando.  

—Estou aqui. – ele diz, e ouço uma risada anasalada vir de perto de onde ele falou.  

—Estava te procurando, tudo bem com você? – ela pergunta e eu me viro vendo a mulher o puxar para um abraço, uma pontada sobe em meu interior.  

Arrumo a confusão que estava em meu cabelo. E saio do carro.  

—Eu estava lá nos fundos, terminando de arrumar o carro. – vejo Jacob passar a mão na nuca de forma nervosa, e ela abana a mão sorrindo.  

—Sem problemas, acabei de chegar. Fez um bom trabalho no meu bebê? – ela pergunta passando a mão no braço dele, e eu engulo um gosto amargo se formando na minha boca, porque aquela mulher estava encostando no meu Jacob? Ela joga o cabelo e pisca, rindo para ele e eu caminho até eles rindo. Ela parece congelar levemente e sorri.  

—Olá. – digo acenando e me posiciono ao lado de Jacob, ele me olha com uma sobrancelha erguida parecendo divertido, e cruza os braços intercalando olhares entre nós duas.  

—Oi. – ela fala me olhando dos pés à cabeça, faço o mesmo, sua estatura é baixa e esguia, o cabelo castanho indo até o meio das costas, a pele branca, os olhos azuis, os lábios levemente carnudos e o nariz fino, ela é bem bonita, está vestida em uma calça jeans clara, e um suéter azul anil levemente colado ao corpo. Ela sorri para mim desdenhosa. Jacob intervém.  

—Emma essa é Nessie, e Nessie essa é Emma. – ela sorri. 

—Emmaline para os menos íntimos. - ela fala, levanto uma sobrancelha e olho Jacob de lado, então ele era intimo dela. Ela sorri – Nessie, uma fofa como o monstro do lago. Quem é ela Jacob? – ela pergunta indo para o fundo da oficina como se conhecesse bem o caminho, encaro Jacob com uma sobrancelha arqueada, como um aviso para ele pensar bem antes de responder. Ele apenas sorri, e Emmaline se vira olhando para nós.       

—Emma, Renesmee é minha namorada. – ele fala me pegando fora da guarda, e me puxa pela cintura me abraçando, tento disfarçar minha cara de surpresa e o calor subindo dentro de mim, o rosto de Emmaline possui um leve tom rosado agora, e em seus olhos um brilho diferente está lá.  

—Não sabia que tinha uma namorada. – ela fala colocando o cabelo atrás da orelha e eu fico sem graça por ela, Jacob concorda atrás de mim ela aponta com o dedo para trás, para seu carro e muda de assunto – Meu carro ficou pronto? – Jacob beija meu rosto antes de me soltar, e vai até ela concordando.  

Ele pega a chaves em algum lugar e pergunta se ela quer que ele tire de lá de dentro, ela concorda sem pestanejar. Enquanto ele faz o trabalho fico na porta esperando, e Emmaline fica admirando Jacob no volante, reviro os olhos, mas me lembro de Jacob falando que sou sua namorada e ruborizo levemente com isso, aquilo realmente era um namoro? Quer dizer, nós sabíamos que não seriamos mais apenas melhores amigos, mas será se esse novo título combina mais? Eu não sabia como lidar com aquilo, um namoro, quer dizer sei como funciona no sentido figurado, mas no literal me perco totalmente só de pensar. Mas parecia fácil com ele, Jacob tornava fácil, como respirar, ele falou de forma tão simples que por um momento parecia que eu era sua namorada a anos. Nego, anos, com certeza era coisa que não tínhamos.  

Flash back on 

A noite perdura por mais algum tempo, e meus tios e avô intercalam para dançar comigo, os olhos dos outros vampiros ali nunca me abandonam, e quando Edward percebe que estou cansada demais vamos para nossos quartos, depois de algum tempo que chegamos um novo carrinho também abarrotado de comida é servido para mim, pratos finos que pareciam acabar de vim de um restaurante muito caro, coisas que eu não estava acostumada a comer.  

Pego um prato que contém um macarrão, com um molho meio rosado por cima e pequenas folhas verdes salpicadas, que parece ser a coisa mais normal ali e como devagar, quando finalizo vou para o banho e logo me deito, meus pais ficam quietos por um tempo conversando baixo, quase de forma monossilábica, então sou levada a inconsciência.  

A consciência me invade novamente, quando o sol forte passa por entre as cortinas da janela, denunciando que eu não estava em Forks, faço um muxoxo e suspiro me sentando, uma leve brisa invade a janela mandando para dentro do quarto um cheiro leve, e junto o cheiro de canfora invade minhas narinas, eu conhecia aquele cheiro, me sento na cama a procura do dono do perfume e Edward me olha sentado em uma poltrona.  

—Esteve aqui a alguns minutos, para trazer café. – ele fala confirmando minhas suspeitas.  

—Ele é doido só pode. – Edward ri.  

—Não, hoje consegui ver melhor, e ele parece intrigado. – ele fala com um vinco em sua testa, fitando a janela atrás de mim.  

—Intrigado? – ele concorda.  

—Ele acha louco o que você é, você dormir sendo metade vampira o deixa louco, e comer. – ele fala e sorri de lado – Conseguiu tirar Alec Volturi do seu perfeito estado controlado, ele pareceu bem bravo ontem quando sua barriga roncou. – franzo o cenho não achando graça.  

—Mas porque ele ficaria bravo por isso. – Edward dá de ombros.  

—Ele te acha teimosa. – ele ri mostrando todos os dentes agora – E falante. – ele gargalha, e eu me levanto rindo.  

—Eu não sou teimosa. – digo negando, mas rio cedendo – Só um pouco, mas falante? Ele que não fala nada, fica igual a um morto vivo o tempo todo. Não é mãe? – digo para ela, quando a mesma sai do banheiro, ela ri.  

—Ele é assustador. Galante, mas assustador. – ela fala olhando para Edward que ri.  

—Exatamente, tirando o galante claro. Ele me odeia. – Edward nega.  

—Ele não te odeia, só está.. – ele pensa antes de falar – Duvidoso com você. – ergo uma sobrancelha.  

—Está inventando uma palavra nova para definir ranço? – pergunto e Bella gargalha. Edward revira os olhos.   

—Vai logo se arrumar, vamos ver os reis e ir embora daqui. – Bella fala e eu concordo pegando a roupa já separada para mim em cima da cama, e vou para o banheiro.  

Tia Alice com certeza esteve ali, porque saia caqui, a blusa de gola alta e o terninho vinho não tinham sido escolhas de Bella. Termino de me vestir e me arrumar, quando retorno ao quarto tudo está na mais perfeita ordem, como se estivéssemos acabado de chegar lá, percebo que o carrinho foi trocado, agora de café da manhã igualmente abarrotada de coisas, mas novamente não como, pela ansiedade e tensão de estar cara a cara daqui a alguns minutos com Aro, Cauis e Marcus, visto o tênis agradecendo a Alice mentalmente.  

Quando termino de me arrumar começo a andar de um lado para o outro no quarto, de maneira nervosa e ansiosa, era só irmos lá, agradecer e depois voltar para Forks, para o meu inverno constante, com meu sol particular, não tinha erro. Começo a repetir isso para mim diversas vezes, como se quisesse gravar na minha cabeça, tatuar no meu cérebro. E então Edward se levanta e vai a porta antes das batidas serem ouvidas, ele abre e Alec está lá, em seu rosto a expressão de sempre. E como sempre ele não me olha, mas olha para o carrinho de comida intocado novamente.  

—Vamos? - ele pergunta para Edward que concorda. 

Alec sai na frente e logo depois estamos no corredor encontrando com minha família, me sinto aliviada por ver todos bem, Rose me abraça de lado e beija minha cabeça em um gesto carinhoso, como se estivesse satisfeita em me ver, “estou bem”, transmito e ela sorri.  

Andamos pelo longo corredor e depois viramos duas vezes para entrarmos em outro corredor extenso, decoro o caminho que vim, e me lembro que aquele era o caminho para o salão do baile, chegamos em frente as portas e Felix está lá junto com Demitri, Heide e Jane em poses sérias, mas quando Felix me olha um sorriso admirativo surge em seus lábios, e ele abre a boca para falar.  

—Você é o que, uma espécie de anjo? – ele pergunta me olhando descaradamente dos pés à cabeça, ele gostava de me provocar. Ouço Heide soltar uma espécie de som raivoso pelos lábios e Jane de tédio.  

—E você é o que? Uma espécie de cão de guarda dos portões do inferno? – digo acida, para ele que gargalha na frente de todos. Jane me olha com desdém.  

—Sua insolente. – faço cara de tédio para ela e Felix fala.  

—Eu não te disse Demitri. Falei que a garota tinha atitude. – Demitri sorri de lado minimamente e Heide faz outra careta, Alec surge rapidamente se postando ao nosso lado, e o sorriso e Felix morre nos lábios na mesma hora, Demetri não emite um som e Heide para de me encarar. Era nítido o medo que os outros vampiros tinham dele.  

E acho que era a forma como ele se postava, seu dom ajudava muito, mas sua postura, a forma de falar, os movimentos sempre calculados e ágeis, até a forma de tencionar o maxilar, tudo em Alec exalava um pouco de intimidação. As portas do grande salão se abrem logo depois, dando a visão das coisas bem diferentes da noite passada, o número drasticamente reduzido de vampiros lá dentro é uma delas.  

A decoração sumiu, dando espaço para apenas um salão redondo com o brasão dos Volturi sobre uma bandeira acima dos três tronos com Aro, Caius e Marcus, sobre eles. 

A formação que está atrás de nós, logo toma a frente, e se posiciona a três degraus abaixo do pedestal de mármore nos encarando,  Alec e Jane param atrás do trono de Aro como se fossem sua escolta pessoal, ou uma pequena hierarquia. Quando chegamos ao meio do salão um silêncio perdura, estou no meio da minha família, como se eles fossem uma barreira de proteção. Olho os rostos dos três reis de Volterra tentado decifrar suas emoções, Marcus tem uma expressão séria e ao mesmo tempo tediosa, como se tivesse que manter a pose, mas que não estava com saco para ficar ali. Caius está com uma expressão de raiva contida, intercalando olhares de nós para Aro e de Aro para nós, como se a qualquer momento ele vá nos sentenciar a morte.  

E Aro, este tem um sorriso aberto nos lábios, seus olhos estão intercalados entre mim, Alice e Bella com um brilho neles. Ele se levanta do trono ainda com um sorriso no rosto e junta as mãos em um gesto amistoso e simpático.  

—Espero que tenham apreciado a pequena comemoração. – Aro fala cortando o silêncio.  

—Gostamos muito Aro, estava tudo de muito bom gosto, obrigada pelo convite. – Jasper fala fazendo uma pequena reverência.  

—O prazer é nosso, e fico imensamente feliz por termos dissipado a tensão entre nós, e agora que estamos esclarecidos quanto ao mal entendido de sete anos atrás, espero que venham mais vezes nos visitar. – Aro fala de forma amistosa.  

—Eu e minha família agradecemos, e vamos levar o convite em consideração. – Carlisle toma a fala, e Aro concorda. Depois leva os olhos até mim.  

—E você meu pequeno fascínio, gostou da festa? – ele pergunta e desce os três degraus vindo na minha direção, no canto direito de seu trono Alec faz menção de acompanha-lo, mas sem excitação ele levanta a mão para ele, que não se move mais.  

Travo no lugar quando Carlisle coloca a mão no ombro de Emmett e Rose para que eles possam dar passagem a Aro, e então ele para na minha frente. Ele me olha dos pés à cabeça, e em seus olhos posso notar surpresa e admiração.  

—Adoramos a comemoração, e muito obrigada pelo presente. – falo de forma quase mecânica, como se tivesse decorado aquilo e um brilho passa por seus olhos.  

—Espero que venham nos visitar mais vezes, vamos ficar imensamente felizes com tal feito, meu pequeno anjo caído. – ele fala sorrindo e depois aponta para minha mão – Me permite.  

Eu já sabia o que ele queria e esperava por isso, mais cedo ou mais tarde viria, me concentro e sem encosta-lo deixo minha mente correr solta por sua cabeça, desde meu nascimento até hoje, fito seu rosto fora de foco e um sorriso vai crescendo em seus lábios, suas feições mudam rapidamente vez ou outra e quando as lembranças terminam ele bate uma palma.  

—Realmente magnifico, seu dom cresce junto com você, não é primavera? – ele fala de forma jocosa agora, tocando o colar que Jacob me deu, sinto a ponta de seus dedos finos em meu colo e depois na peça, e acho de certa forma uma ofensa aquele toque gelado no colar que Jacob me deu, dou um passo para trás fazendo com que o colar caia de sua mão, para o devido lugar novamente.  

Ele me olha ainda sorrindo e se vira para Edward.  

—Aro por favor nós não.. - Edward começa a dizer, mas é cortado.  

—Vou olhar todos os lados da moeda meu caríssimo Edward. – ele fala já indo para o seu lado e pegando sua mão. Porque ele queria olhar os dois lados da moeda?  

Depois de colher informações de todas os membros da minha família, menos de Bella, Edward me puxa para seu lado me abraçando como se quisesse me reconfortar. Estou com uma expressão confusa no rosto e ele nega minimamente para mim como se quisesse pedir desculpas por alguma coisa, fito Bella e ela está tão confusa quanto eu, e quanto aos outros da minha família ali. Depois tudo acontece rápido demais, Alice solta um suspiro alarmado e seus olhos ficam vidrados em um canto do salão, ela estava tendo uma visão.  

Jasper rapidamente vai para seu lado e Edward intercepta Demetri, travando uma luta corpo a corpo com ele, Emmett vai para a frente de Felix rosnando, Bella, Rose e Esme se posicionam a minha frente em posição de ataque e Carlisle separa Demetri e Edward, se posicionando junto com meu pai para atacar Demetri a qualquer momento. Prendo o ar no pulmão vendo Alec e Jane se posicionarem na frente de Aro, ele sorri largamente. Olho para Alice novamente e ela leva as mãos na boca e me olha, com um olhar triste e assustador. Olho para Edward e ele nega. 

Me desvencilho de Bella, Rose e Esme seguindo até Alice, a tempo de ver Alec me seguindo como uma sombra, aproveito a guarda baixa de Alice e estico a mão para toca-la.  

—Sinto muito. - ela pronuncia inaudível e eu a toco, vendo toda a sua visão passar pelos meus olhos, sinto o jantar de ontem subir a minha garganta e perco a força nas minhas pernas caindo de joelhos sobre o chão, tudo roda e eu apoio as duas mãos no chão tentando respirar, me obrigando a respirar fundo, meu cérebro não consegue articular muita coisa depois dali, apenas que “Jacob não, ele não!”.  

Olho para Aro que mantem o sorriso nos lábios, e as lágrimas teimosas escorrem por meu rosto, o encaro tão profundamente que posso jurar que sua cabeça vai explodir em pedacinhos, ali mesmo, mas ela não o faz. Penso em cortar o espaço entre nós e pelo menos arremessá-lo em algum canto, mas Alec ainda está do meu lado, e diferente de antes, suas orbes escarlate estão grudadas em mim, a olheira embaixo de seus olhos um pouco mais escura, mas seus olhos são duros e frios, como tudo ali.  

Sinto mãos me erguendo, e Bella me olha triste junto com Rose, elas tentam me manter de pé, mas ainda estou tentando articular tudo que vi da visão de Alice. Aro pigarreia e toma a atenção indo para frente de sua guarda, onde um sorriso satisfeito paira sobre seu rosto.  

—Caríssimos amigos, o que acabo de ver na mente dos meus queridos Cullens é no mínimo, duvidoso. – ele começa – Nossa pequena e fascinante criança está apaixonada por um lobo. – ele fala e minha boca cai em um "O" perfeito, me deixando mais perplexa. 

A palavra apaixonada nocauteia meu estomago, e tenho que me forçar para não segurar minha barriga agora, como se formigas estivessem passeando lá dentro de forma displicente. Eu estava apaixonada por Jake, meu Jake, eu já desconfiava, não é como se eu fosse ingênua, e não sabia, eu só não queria admitir para mim mesma, admitir que estava apaixonada pelo meu melhor amigo, na frente de todos da minha família e dos vampiros que querem nossa cabeça, com certeza era um cenário duvidoso e paralelo. Seria possível eu estar sonhando? 

—Como podemos ver com os nossos próprios olhos, humanos e vampiros dão vidas a meio vampiros, que para nossa sorte não presentam mal algum a nossa espécie, mas não podemos admitir ou pensar na possibilidade do que um lobo, com um meio vampiro podem acarretar, não é verdade? Imaginem o que essa criatura pode se tornar? – ele pergunta olhando na cara de cada um ali, o burburinho começa a crescer e Caius quem fala.  

—Ora, mate logo esse filho da lua. – um arrepio toma conta de mim, e a visão de Alice nubla minha visão novamente, sinto o gosto amargo da bile na garganta e mais lágrimas escorrem dos meus olhos.

—Jacob não é um filho da lua, ele é um transmorfo. - Edward intervem e Cius o ignora. 

—Ele se transforma em lobo, então só o matem logo. - fala de forma autoritária. 

—Não, por favor não. – peço de forma desesperada, dando um passo à frente, Aro sorri satisfeito e pelo canto posso ver Alec com seus olhos que agora não me abandonam nunca, o olho com nojo. Minha família se posiciona ao meu lado novamente e Bella me puxa para ela. Eu me sinto humilhada ali, implorando para Aro. Mas o que você faria por amor? Até onde iria para salvar a vida da pessoa que ama? 

—Não será necessário, você viu Aro, dois meses. – Edward fala e eu o encaro, o que são dois meses? 

—Claro, não vamos perder mais a nossa aliança, estamos dando uma chance, um voto de confiança, em nome da nossa amizade reatada. – ele fala como se estivesse nos fazendo um favor. Edward concorda.  

—Tem minha palavra.  

—Ótimo, e caso descumpram, eu mesmo vou lá eliminar o lobo. – Aro fala novamente e uma nova onda de dor me invade, como se um punhal estivesse atravessando meu coração, ele me olha com um sorriso, parecendo satisfeito com sua ação – Fico feliz que tenhamos reatado a amizade. – fala e se vira indo em direção ao trono.  

Sinto ser levemente puxada por Bella e Edward, e vejo Alec me olhando uma última vez antes de se virar e se juntar a toda a guarda, indo para o lado esquerdo do trono de Aro.  

—Foi um prazer revê-la, meu pequeno anjo caído. – ele fala com um sorriso de canto e uma expressão de nojo está no meu rosto - Vão meus caros, vocês têm muitos preparativos para fazer. - se despede, seguimos rumo para fora do salão - E lembre-se, os Volturi nunca dão uma segunda chance. - ele finaliza quando alcançamos a porta. Um arrepio sobe na base da minha espinha.  

Saímos do castelo e somos deixados no aeroporto, de forma que não consigo dar sequer uma palavra, sinto a partir do momento que deixei aquele castelo, que um grande pedaço de mim fora arrancado de forma brutal. Conversamos quando chegamos ao aeroporto e Edward conta que Aro tem agora este pequeno trunfo nas mãos, ele tem a ideia de tentar nos colocar na rédea, de volta nos trilhos dele e conseguiu. Ele não tinha achado uma desculpa boa ou plausível para tal coisa, mas quando leu nas nossas mentes ele sentiu que aquela era a carta na manga dele, meu amor por Jacob.  

Então era isso, eu tinha um tempo, um pequeno tempo, como um relógio em contagem regressiva marcada sempre na minha cabeça, tínhamos exatamente dois meses para irmos embora, e só de pensar meu peito se abre em um rombo gutural, mas imaginá-lo o matando era pior, ver aquilo, imaginar Jacob sem vida, viver em um mundo que ele não esteja não faz sentido nenhum, fico sem chão, meu coração para de bater. Seguro o colar sobre o meu pescoço durante toda a viagem, seria logo após o casamento de Charlie, e Jacob não podia saber de nada, não agora que ele poderia fazer alguma imprudência, porque foi o que Alice previu quando tomamos a decisão de conta-lo, então não contar seria a melhor opção.  

Flash back off 

—Primavera? – Jacob estala os dedos na minha cara e eu o fito, ele está me encarando com a testa franzida – Está tudo bem? – pergunta, eu faço cara brava.  

—Vou fingir que não vi, a Emma – imito ele falar – Dando em cima de você. – ele sorri, muito, um sorriso ofuscante, e encosta na porta assim como eu, de frente para mim, bem colado em mim.  

—Mas eu não dei em cima dela. – dou de ombros.  

—Fica dando abertura. – me distancio de forma cautelosa, para não baixar a guarda com ele tão perto de mim – Fico me perguntando, se é assim com todas que vem aqui. – coloco as mãos no bolso detrás da calça e ele nega.  Se aproximando, antes que eu recue novamente, ele me prende em seus braços. Aproxima seus lábios de meu ouvido e sussurra rouco.  

—Acho que você não entende o poder que tem sobre mim. – balanço a cabeça um pouco zonza, e ele ri entendendo que eu realmente não entendia – Eu só tenho olhos para você, Nessie a partir do momento em que te vi e me apaixonei por você, eu vivo para você, por você, sou capaz de fazer tudo ou ser qualquer coisa para te fazer feliz, para te ver sorrindo, para estar sempre com você, vendo seus gestos, seu rubor, seus movimentos hipnóticos e sua beleza absurdamente encantadora e linda. Meu coração é seu, te entreguei de bom grado e não quero de volta. – ele finaliza, e o poder de suas palavras é tanto, que agradeço por ele estar me sustentando em seus braços agora, pois não tenho certeza se sozinha eu conseguiria me manter de pé. Não sei o que falar naquele momento e ele ri sem mostrar os dentes, tocando seu nariz no meu – Quando eu disse a Emmaline que você era minha namorada, não estava falando para te agradar, falei porque apenas não sei mais o que somos, e acho que a palavra combina melhor do que apenas melhores amigos. – fala me fazendo sorrior Tiro minhas mãos do bolso e enlaço seu pescoço sorrindo.  

—Isso é um pedido Black? – ele sorri de canto, roçando os lábios nos meus, me fazendo fechar os olhos.  

—Pode apostar que sim. – diz tomando meus lábios de forma urgente e eu sorrio em sua boca. Absorvendo o momento, que não duraria para sempre.  


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Notas finais do capítulo

Preciso saber o que acharam. Me contem nos comentários e não me matem por favor, Nessie está fazendo tudo por amor. O que vocês fariam para salvar alguém que ama? Comentem, favoritem, recomendem.. hahah espero vocês no próximo cap.
Beju.

By Isa Devaylli.



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