Dezessete beijos escrita por birdiepoe


Capítulo 16
Décimo sexto beijo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, mas o último primeiro beijo do Draco não podia ser com a Astória, gente, ela morreu muito nova e eu não suporto pensar que ele nunca mais teve outro relacionamento amoroso.

AVISO: esse capítulo pode conter gatilhos relacionados à abuso sexual, porém não é nada tão descritivo e é uma cena bem curta, mas, ainda assim, peço que, se alguém tiver sensibilidade a esse tipo de conteúdo, pule esse capítulo.



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Décimo sexto beijo

13 de setembro de 2019

Tentando superar todos os ocorridos dos últimos dias, Draco pediu sua décima sexta dose de whisky de fogo.

— Hey — o barman riu —, vai com calma aí, bonitão.

— Eu vou pagar tudo, não se preocupe — resmungou fazendo um gesto irritado que pedia novamente pela bebida.

— Sei que vai, amigo, a coisa é que não posso te deixar continuar fazendo isso com você. Olha, Malfoy — o barman continuou, mas agora seu tom era mais gentil. —, sei que está passando por um momento horrível em sua vida, mas isso não pode continuar assim. Você veio ao meu bar todos os dias das últimas duas semanas, você está pra lá de bêbado! 

— E daí? Se eu estou pagando você não tem nada a ver com isso — sibilou, seus olhos cinzentos estavam escuros como chumbo e sua visão estava turva devido ao álcool ingerido.

— Draco… Você é meu amigo. Eu não vou te deixar continuar bebendo. Precisa sair daqui.

Draco assentiu irritado e sumiu pela porta do bar, sem lembrar de pagar por tudo o que havia consumido, porém o barman não se preocupou em chamá-lo para isso, pois sabia que assim que recobrasse a consciência voltaria para acertar a dívida. O que ele não esperava, porém, era que talvez Draco demorasse tanto tempo para recobrar a consciência. Desmaiou no meio da rua e acordou cinco horas depois em uma residência pequena e trouxa. 

— Ah, até que enfim — ouviu uma risada aguda em algum lugar do cômodo em que estava, porém não sabia de onde vinha. — Você dormiu muito. Draco Malfoy, certo? Espero que me desculpe, mas eu tive que mexer na sua carteira para descobrir quem você era. Ah, antes que eu me esqueça, que tipo de dinheiro é esse? É coisa de tráfico? Você não é muito velho para estar caindo de bêbado na rua?

Draco franziu o cenho e descobriu que esse simples movimento o fazia sentir dor. Resmungou: — Eu tenho trinta e nove anos.

— Eu sei disso, eu vi na sua identidade, mas ainda assim eu te achei meio velho pra estar fazendo algo assim, geralmente só encontro adolescentes nessa situação.

Finalmente Draco abriu os olhos e, evitando fazer movimentos bruscos, fitou a moça sentada na beira do sofá em que havia ficado nas últimas cinco horas. Era um sofá verde-claro com uma aparência velha, tinha um forte cheiro de comida de gatos ali. A mulher devia ter uns trinta anos, cabelos tingidos de bastante volumosos, penteados para cima e presos por uma bandana vermelha. A pele negra contrastava com a roupas brancas que usava e Draco supôs que trabalhava na área da saúde.

— Você é enfermeira? — indagou sem se interessar muito em qual seria a resposta.

— Sou médica. Pediatra.

— Ah.

A moça colocou-se de pé e pegou um copo sobre a mesa. Entregou para Draco um pequeno comprimido branco e, em seguida, um copo de água: — Beba, vai ajudar com a dor.

Ele não se importou. Aceitaria qualquer coisa que lhe dessem agora, mesmo que fosse veneno. Ele até mesmo gostaria que lhe dessem algum veneno, pelo menos assim veria novamente Astória. 

— Seu filho sabe que você tem problemas com bebida?

— Como sabe que tenho um filho? — questionou, pela primeira vez preocupado com o que estava acontecendo. Quem era aquela mulher? Como ela sabia sobre Scorpius? 

— Você tem uma foto dele na carteira — ela esclareceu calmamente. — Vocês deveriam falar sobre isso, talvez te ajudasse.

— A mãe dele morreu mês passado — Draco abaixou a cabeça. —, falar que o pai dele é um bêbado de merda não vai ajudar em nada.

A mulher suspirou e sentou-se ao lado de Draco, olhando-o fixamente nos olhos.

— Esconder dele também não vai ajudar, vocês dois estão em um momento de fragilidade, ele talvez também esteja com algum problema parecido e vai se sentir mais confortável para falar sobre caso você inicie o diálogo. 

O simples pensamento de Scorpius estar se afundando em bebida como seu pai estava fazendo, fez os olhos de Draco se encherem de lágrimas grossas que ele havia guardado durante todas as semanas anteriores. A médica então o abraçou com força e continuou lhe dizendo palavras gentis, as quais ele não conseguia mais ouvir, apenas chorava em silêncio. Em um movimento rápido que Draco não conseguiu prever, a doutora grudou suas bocas com força e ele se esquivou logo em seguida, levantando-se do sofá em choque.

— O quê? — ele indagou completamente confuso.

— Ah, não precisa ser tímido —  ela disse enquanto corria a mão pequena pelo braço dele despretensiosamente —, eu vi o jeito que você estava me olhando.

— Você viu errado. — Draco disse irritado e se levantou do sofá. Caminhou até em direção a porta, saiu sem olhar para trás. Entrou em um beco e aparatou de volta para o bar, pronto para pagar o que devia e decidido a não beber mais daquela forma. Após isso, seu único pensamento era direcionado à Astória. Queria lhe explicar o que havia acontecido, explicar que não queria aquele beijo, que não beberia mais e que se esforçaria para dar um melhor exemplo para Scorpius. Mas Astória estava morta, então ele apenas guardou para si.


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