O chá alaranjado, servido em uma xícara de porcelana acompanhada de um pires elaboradamente decorado, era algo curioso vindo de Tsubaki. Logo ela, com suas raízes japonesas se adaptara a refinada louça vitoriana.

Sua amiga sempre fora tão refinada, tão delicada.

— O que houve Maka?

O tom preocupado dela fez um sorriso amarelo surgir em sua face. Também pudera, com a ligação que fizera.

Nem mesmo Maka conseguia se reconhecer naquele momento.

— Ele disse que vai embora.

Os olhos dela aumentaram consideravelmente de tamanho, tentando compreender o que a frase queria dizer.

— Maka, como isso aconteceu?

— Parece que, em algum momento, o Soul deixou de sentir o mesmo que eu sinto por ele. Tsubaki, eu não consigo mais reconhecer ele.

A anchi esticou os braços sobre a pequena mesa redonda, as duas xícaras ficando no meio deles. As palmas de suas mãos viradas para cima, oferecendo afago a amiga.

Maka não pensara duas vezes, apertando com força as mãos alvas. O choro já impossível de ser contido.

Ter de observar aquela que sempre fora um exemplo de coragem, decaindo tão rapidamente, tirava qualquer consolo dos lábios de Tsubaki.

— E dói tanto. Eu não pensei que poderia doer tanto.

Um sorriso triste tomava a feição da anchi, de alguma coisa ela deveria servir naquele momento.

— Eu nunca imaginei que, algum dia a veria desse jeito, Maka. Me magoa muito ter que ver assim - as lágrimas se tornaram mais compulsivas — ao menos, ele disse algo além de que iria embora?

O que poderia ser considerado um riso preencheu o espaço entre as duas.

Os olhos de íris esverdeadas estava vermelhos, devido as lágrimas. Maka secou o que pôde com as mangas da blusa branca.

— Eu sou boa demais para ele. Acredita nisso? Depois de anos juntos, ele me diz que eu sou boa demais para ele?

E vieram os soluços. Nesse momento Tsubaki jurara sentir seu coração apertar.

— Que eu era fria demais com ele. Que com o passar do tempo eu me distanciei dele.

As lágrimas agora escorriam pelo rosto dela em empatia pela amiga de anos, sem conseguir se conter, levantou de onde estava sentada e foi em direção a amiga, abraçando-a.

— E eu ainda sinto o mesmo que sentia quando nos conhecemos, Tsubaki. O sentimento é o mesmo!

Um suspiro trêmulo viera da anchi, secando suas lágrimas, sentindo as mãos da amiga se agarrando a ela. Com cuidado, passou a afagar os fios cor de areia, procurando acalmá-la.

Ainda não lhe era crível que Soul decidira terminar o relacionamento que tinha com Maka. Os dois sempre foram tão unidos, não dando espaço para emoções frívolas tomarem seu melhor e ainda assim, ali estava sua amiga chorando como se não houvesse amanhã.

— Eu não quero que ele vá embora.