Sangue escrita por Salomé Abdala


Capítulo 4
Capítulo 2 - Lithium


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu tinha me proposto a atualizar essa estória apenas uma vez por semana, mas como o Nyah ficou um bom tempo fora do ar, e como eu estou realmente ansioso para o Fip voltar a aparecer na estória eu abri uma exceção e postei dois capítulos numa semana só, até porque, para mim, a estória começa a ficar realmente interessante desse capítulo para frente. =}



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23h e 40 min....Pierre chegou à boate Filhos de Lilith. Rebeca não sabia sobre a carta, e estava ali a pedido do amigo, ainda sem entender direito o porquê. Não havia tanto movimento quanto nos outros dias... na verdade não havia movimento quase algum, apenas umas pessoas pingadas aqui e ali.

Eles se sentaram em uma das muitas mesas vazias, e ali permaneceram em silencio até Rebeca dizer:

—O que está acontecendo, Pierre? Por que tanto mistério para me trazer até aqui?

Mas não foi preciso responder. Logo apareceu uma garçonete e perguntou:

—Você é o Sr. Pierre, não? Venham comigo, por favor.

Pierre obedeceu, fazendo um sinal para que Rebeca fizesse o mesmo. Ela olhou para o amigo com um olhar de ‘’olha só em que tipo de merda você está nos metendo, hein? ‘’ mas Pierre fingiu não reparar. Eles foram levados até um camarote afastadoonde três jovens estavam sentados desconfortavelmente em um velho sofá: 

—Boa Noite. - disse Pierre – Recebi essa carta – disse levantando o papel com a mão – Pedindo que eu viesse até aqui...

—Boa noite. – respondeu o rapaz loiro, cujo nome era Michel.

—Então, eu não sei que tipo de brincadeira é essa, mas vamos acabar logo com isso. – disse o jornalista com a voz trêmula.

—Acabar? Mas nós ainda nem começamos. – responde Natasha, a moça de cabelos vermelhos.

—Pois então tratem de começar para acabar logo.

Michel tira um livro de uma bolsa acinzentada enquanto Flavius, o outro garoto, limpava as unhas com um palito de dentes:

—Aqui está. – disse Michel lançando um livro de capa dura e folhas envelhecidas (artificialmente) sobre a mesa de centro – Esse é o diário do Fip. Ele pediu para que te entregássemos, apesar de ser só um empréstimo, nós queremos de volta quando acabar. Nenhum de nós conhece o conteúdo desse livro, eu acho. Por isso estamos aqui, para darmos a nossa versão dos fatos. Vocês têm total liberdade para gravar essa conversa e nos interrogar quando necessário. Estamos aqui pra ler isso juntos e darmos nossas versões.

—Por que vocês estão fazendo isso?

—Porque era o ultimo desejo do Fip.

—E por que eu?

—Bem, tinha que ser alguém, não é? A carta que recebemos pedia para que fosse entregue a você. Podemos começar a ler?

‘’Não sei bem como começar isso. Mas não posso deixar de admitir uma certa influencia de Brás Cubas (eu li na escola) na decisão de escrever sobre minha própria existência. Talvez eu devesse iniciar meu diário falando sobre quem sou, mas isso me parece muito complicado e talvez um pouco clichê, e, se você me conhece, pelo menos um pouquinho de nada, deve saber que eu fujo dos clichês (tem gente que diz que é mentira, que eu sou clichê pra caramba) . Vamos começar falando sobre o que esse livro significa:

Hoje é o dia do meu surgimento. Todo meu passado é negado. A partir de agora não tenho mais pais, parentes ou amigos. Meu nome passa a ser Fip e minha vida começa do zero. Nego minha existência como um ser humano. Não nasci, surgi. Eu era um ponto de luz no universo que se multiplicou infinitamente até se tornar eu... essa é minha realidade agora. Talvez eu revele mais adiante os motivos que me levaram a tomar essa decisão, mas só talvez...

Me chamo Fip, tenho 18 anos de vidas passadas e alguns minutos de vida atual (musiquinha emocionante de fundo).

Antes de narrar os fatos da minha vida, tal como aconteceram, devo dedicar esse livro (pois é como prefiro que meu diário seja chamado) às quatro pessoas mais importantes da minha vida: Minha mãe (minha Lilith), Flavius (a eterna vítima), Natasha (meu querido espelho) e Michel (o doce amor). Ao ler esse livro você irá perceber que eles são citados na maior parte do tempo (afinal são meus melhores amigos, né?).

Segue então meu diário. Todos os fatos aqui citados foram narrados exatamente da mesma forma como aconteceram, mostrados de forma imparcial, sem exageros, nem invenções (aposto que o Flavius ia discordar). Tudo aqui contado não passa da mais legitima verdade... ou não... talvez eu tenha inventado quase tudo... a verdade é uma coisinha muito escorregadia, e o limite entre o que é verdade ou invenção é uma coisa que você nunca vai saber...né?’’

 

Flavius, o garoto de cabelos negros, abandonou o palito com o qual limpava as unhas e  se levantou. Fitou a todos com um ar de tédio enquanto Michel desocupava o lugar ao centro para que ele o ocupasse. Depois de se sentar, o garoto pediu que Pierre interrompesse sua leitura e o escutasse, e, assim quando o silêncio se instalou naquele pequeno camarote, Flavius iniciou seu depoimento.


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