Sangue escrita por Salomé Abdala


Capítulo 30
Capítulo 28 - ...




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—Eu não sabia disso. – disse Michel.

—Na época fazia questão de esconder. Hoje pouco me importa. – respondeu Flavius.

Natasha não demonstrou surpresa.

—Se você tivesse me dito... – disse Michel.

—Eu não diria. Por favor, Pierre, vamos continuar?

...

—Telefone para você, Francis. É do hospital. – disse Felipe.

Fip fez uma cara de :´´Tomara que não seja nada tenso´´ e Felipe lhe respondeu com uma expressão que dizia algo como: ´´A culpa não é minha.``. Por fim, o garoto se levantou e partiu em direção ao telefone. Felipe se sentou ao lado de Flavius e disse:

—Obrigado por ter vindo, ele parece muito melhor agora.

—É.. eu também estou melhor... e você? Como está?

—Ah, eu acabei aceitando que esse é o jeito do Francis e que não adianta eu me rebelar contra isso. Vai ser sempre assim, eu não posso sofrer a vida toda.

—Melhor assim....

—É...

—Sabe, Felipe, no começo eu não gostava de você. Mas hoje eu te acho uma pessoa muito legal.

—Eu sempre gostei de você.

Entreolharam-se curiosos tentando entender esse novo sentimento que lhes crescia na barriga.

...

´´-Alô.

—Pedi para que a recepcionista ligasse para você. Já fui transferido para o hospital da capital e recebi visitas dos outros familiares.

—Pai?

—Gostaria de te agradecer pela maneira delicada que me deu a notícia. Assim que eu receber alta passarei uma temporada na sua casa, para me recuperar.

—Mas nem morto!

Ele sorriu do outro lado la linha.

—Temos muita coisa pra resolver. E não tenho mais ninguém pra cuidar de mim. Você é meu filho, essa obrigação é sua. O Felipe está na sua casa ainda?

Não sabia o que responder, acabei por dizer a verdade:

—Sim. Ele veio me visitar.

—Entendi...

Eu sentia seu bote se armando, sabia que ele estava armando alguma coisa. Tremi. Senti medo da revanche que ele poderia pedir. Conhecia seu jeito, sabia que precisava ter medo:

—Vou para sua casa assim que sair do hospital.

—Se fizer isso vai dar de cara com a porta. Você tem quem cuide de você por aí. Não precisa de mim.

—Meu filho, escute. Preciso mesmo falar com você... os últimos acontecimentos me fizeram pensar... muitas coisas... preciso muito... do seu perdão...

Abri a boca para responder qualquer coisa, mas minha voz não saía da minha garganta. Não conseguia organizar meus pensamentos. Perdão... o que isso pode querer dizer?

—Nos falamos depois. – disse.

Desliguei. Foi só então que percebi Natasha e Michel se agarrando no sofá, corri na direção deles e disse:

—Vocês estão loucos? O Flavius pitizento está aí! Se ele ver uma cena dessas põe a casa abaixo! Corram pro andar de cima! Rápido! Corram para as colinas!

Disse batendo palmas e rindo. Michel pegou Natasha no colo e correram para o segundo andar em meio a sorrisos, eu despenquei no sofá sem saber como respirar.´´

...

—Não acha engraçado isso acontecer? – disse Michel sentado ao lado da amiga abraçando-a.

—Você ficar com mulher? Eu acho, e muito!

—Ahahahah! Não é disso que estou falando!

—Mas foi isso que aconteceu!

—É que somos amigos!

—É que você é gay!

—Bissexualidade? Já ouviu falar?

—Percebi. Minha cadeira de rodas ficou lá embaixo. Me leva de volta pra lá?

—Claro.

Foram. Natasha no colo de Michel, desceram as escadas e se depararam com Flavius e Felipe subindo as escadas:

—Eu não fiz nada! Nada! – gritou Natasha para Flavius – Juro que mal encostei nele!

Flavius soltou um sorriso sem graça e disse:

—Tudo bem, você eu deixo.

—Gracinha, gente! –ela respondeu enquanto apertava as bochechas do rapaz.

Michel deixou a menina na cadeira e se dirigiu até a cozinha para preparar comida. Poucos minutos depois Flavius e Felipe desceram as escadas:

—Alguém viu o Fip?

—Ué, ele não está no quarto?

—Não.

—Nem no jardim?

—Não.

—No banheiro?

—O carro dele não está na garagem!

Disse Felipe olhando pela janela.

—Para onde ele pode ter ido?

...

—Pierre, está quase na hora do jantar! Eu sinto muito, precisamos ir. Hoje é aniversário de uma prima do Pierre e...

—Ah sim. – disse Natasha – Vocês haviam comentado que hoje tinha festança!

—É. – disse Rebeca com um ar sem graça.

—Então o jeito é irmos. Boa festa pra vocês!

Levantaram-se e se despediram cordialmente. ´´Engraçado, mas já me sinto íntima desses dois´´ - pensou Natasha. Michel estava muito calado, encabulado, pouco falou:

—Bem, vamos fazer o que para passar a noite?

—Eu vou embora. – Disse Michel num tom e numa velocidade que não admitiam cotestações.

Natasha e Flavius ficaram para trás se entreolhando como que dizendo: ´´O que deu nele?´´ e viram o amigo desaparecer no horizonte:

—Deixa ele, mexer no passado assusta a gente. – disse Flavius.

—É... fazer o que, né? – passou o braço pelos ombros do amigo – Eu já sabia desse lance da sua mãe, o Fip tinha me contado.

—Quando eu era mais novo isso pesava muito. Hoje eu entendo que a culpa não tinha como ser minha.

—Eu sempre entendi assim. Aliás, achei corajoso da sua parte deixar que isso viesse a tona. Não pensa em pedir pro Pierre não colocar isso no livro?

—Não... para mim tanto faz.

—Eu e Michel estávamos conversando... você acha que devemos contar... tudo?

—Não.

—Que bom. Foi o que pensamos. Acho que só devemos comentar o que aparecer no diário.

—E, talvez, nem isso.

—Como assim?

—Ele está aí com você, não está?

—Si... sim...

—Não somos obrigados a deixá-lo intacto. Isso não é um documento oficial, não seria crime arrancar as partes que não queremos expor.

—Michel jamais aprovaria...

—Ele não está aqui agora, está?


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