Azul e Vermelho: Os Foragidos escrita por ToddJason


Capítulo 5
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Mais uma vez, o Sol começou a escalar seu típico caminho no céu, e logo seus raios começaram a adentrar as janelas das casas de Gotham, e um, com toda a sorte do mundo, conseguiu atingir o rosto de um ainda adormecido Jason Todd. Aquele feixe intenso de luz foi suficiente para acordar o jovem com o calor que estava se acumulando em seu rosto.

Levantando o tronco para ficar sentado, Jason aguardou seu cérebro acordar totalmente, enquanto olhava seus arredores. Não estava muito claro, mas ele já podia ver o quarto por inteiro, e a sensação era ótima, estava realmente de volta à Mansão Wayne.

Uma movimentação ao seu lado conseguiu lembrá-lo de onde estava. Era Dick, provavelmente sonhando, ou só tentando ficar mais confortável na cama. Estava virado para Jason, que observava a expressão de paz em seu rosto, pensando no quanto era apaixonado por aquele homem, e que faria tudo que podia para vê-lo feliz. Foi assim que uma ideia veio à sua cabeça: poderia preparar o café da manhã de Dick e servi-lo na cama.

Antes de levantar-se e ir até a cozinha, ele se abaixou, aproximando seus lábios da bochecha exposta do outro, depositando um beijo leve, para não o acordar. Observou-o por mais alguns instantes e partiu, fechando a porta ao sair do quarto. Desceu as escadas até o salão principal e se direcionou à cozinha, deparando-se com Alfred, já acordado e vestido.

— Oh, Mestre Todd. – o mordomo se surpreendeu ao ver o garoto acordado já àquele horário. – Bom dia, em que posso ser útil?

— Bom dia, Alfred. – cumprimentou, sorridente. – Eu tava querendo preparar um café da manhã pro Dick. Não esperava te achar aqui.

— O Mestre Grayson está doente? – perguntou, um pouco confuso.

— Não está, não. – respondeu tranquilamente. – Só queria fazer algo especial pra ele, agora que estamos juntos outra vez.

— Certo, Mestre Todd. – o mordomo sorriu, ainda sentindo o alívio de ter Jason de volta à família. – Quer que eu o ajude?

— Por favor, Alfred! – pediu, pensando no que gostaria de servir. – Eu não sou muito bom na cozinha, e me recuso a dar um prato ruim para o Dick.

— Pois bem! – parecia animado com a ideia. – Podemos fazer o seguinte: você me traz os ingredientes e eu preparo.

—  Me parece ótimo. – respondeu Jason, indo em direção à geladeira e a abrindo. – Leite ou suco de laranja? – perguntou, analisando as duas opções.

— O senhor quer fazer um café da manhã bom, então nada de bebidas industrializadas, Mestre Todd. – advertiu o mordomo. – Posso fazer um suco natural de laranja, só preciso que me traga as frutas.

— Certo, certo. – Fechou a geladeira e foi até a fruteira. – Quantas?

— Três já bastam. – respondeu. – E para comer, Mestre Todd? O que acha que o Mestre Grayson gostaria?

— Se ele não tiver mudado de café da manhã favorito, ele vai amar french toasts. — sorriu, pensando na felicidade que Dick sentiria quando visse um café da manhã feito especialmente para ele.

— É um prato excelente, de fato. – comentou o mordomo. – Deixe as laranjas na bancada e pegue os ingredientes das torradas, por favor.

E assim Jason fez, pegando três laranjas e deixando-as em cima de uma bancada ao lado da pia. Ao lado, estava um armário cheio de diferentes ingredientes. Abriu o armário, pegou mel e pães de forma, perfeitos para se fazer torradas, deixou-os em cima de um dos balcões e foi à geladeira para pegar a manteiga, deixando-a junto dos outros ingredientes. Quando olhou novamente para onde estavam as laranjas, percebeu que Alfred já estava preparando o suco, e então voltou o olhar para a torradeira que estava ao lado.

— Alfred, essa torradeira é boa? – perguntou, sabendo que parecia uma pergunta boba.

— Sim, Mestre Todd. – sorriu em resposta. – Posso prometer que ela não vai queimar ao invés de torrar.

— É bom que seja assim mesmo. – disse, levando as fatias até a torradeira e ligando o dispositivo. – Quanto tempo leva, mais ou menos?

— Alguns poucos minutos, Mestre Todd. – respondeu, focado em espremer as laranjas. – Pegue um prato e uma bandeja para levar o café para o quarto, enquanto isso.

— Beleza.

Jason abriu mais um dos armários, onde estavam os pratos e algumas bandejas. Escolheu um prato branco e uma bandeja preta, e colocou-os sobre o mesmo balcão em que estavam os ingredientes para o prato. Quando retornou, viu que Alfred já havia terminado o suco e estava colocando-o num copo. As três laranjas foram suficientes para preencher quase todo o copo, ele teria que ser cuidadoso para não derrubar o suco quando estivesse subindo as escadas.

Não demorou muito até a torradeira apitar. Sem hesitar, Jason pegou uma luva e tirou as duas fatias da máquina, colocando-as no prato.

— E agora, Alfred? – chamou.

— Deixe comigo, Mestre Todd. – o mordomo respondeu, se aproximando. – Peço que lave e enxugue a pequena louça para mim, enquanto eu termino de preparar as torradas.

— Certo. – sem contestar, ele cumpriu sua tarefa, era apenas uma pequena jarra e o espremedor.

Quando tudo estava pronto, Jason agradeceu a Alfred e pegou, cuidadosamente, a bandeja que carregava o prato com as torradas e o copo com o suco. Com ainda mais cautela, se direcionou à escadaria que levava para o andar superior e subiu. A cada degrau, seu coração tinha uma pequena parada, pois o suco balançava bastante. Quem dera ele fosse um pouco mais cauteloso, mas o importante é que ele estava se dedicando.

No ritmo em que estava, demorou cerca de dois minutos para chegar no fim das escadas e poder apressar um pouco os passos até o quarto. Quando conseguiu enxergar a porta, algo o frustrou bastante.

— Merda! – pensou para si mesmo, havia deixado a porta fechada. – E agora?

Ficou pensando em alguma maneira de abrir aquela porta sem correr o risco de derrubar as coisas no chão. Para sua sorte, ouviu alguns passos leves mas apressados correndo em sua direção.

— Jason! – uma voz de criança chamou, era Tim. – O que você tá fazendo? – perguntou, curioso sobre a bandeja que Jason carregava nas mãos.

— Bom dia, Tim! – respondeu simpaticamente. – Estou fazendo uma surpresa pro Dick, mas acabei deixando a porta fechada! Você pode me ajudar?

— Claro que posso ajudar, Jason! – feliz da vida em estar ajudando alguém, Tim foi até a porta e girou a maçaneta, abrindo a porta, com um pouco de dificuldade. – Ei, me diz uma coisa!

— Qualquer coisa. – sorriu. Apesar de ser um pouco bruto com as pessoas, Jason era ótimo com crianças, inspirado sempre por Richard.

— Quando eu crescer, vou ter alguém que gosta de mim do mesmo jeito que você gosta do Rick? – olhou para o mais velho com uma expressão um pouco triste.

— É claro que vai, Tim! – respondeu. – Você vai ter um super amor, tá?

— Tá bom, Jason! – o pequeno disse antes de se virar para o lado oposto. – Agora eu tenho que voltar pra cama antes que o pai me veja! – Assim que terminou a frase, correu de volta para o quarto, com seus pezinhos batendo no chão, um som que só alguém não muito distraído perceberia.

Jason riu levemente com a situação, antes de retornar ao seu foco atual. Entrou no quarto, ainda tomando cuidado para não derrubar as coisas. Quando entrou, percebeu que Dick ainda estava dormindo, ao lado do maldito raio de sol que havia acordado o mais novo há alguns minutos. Teria que acordá-lo, então deixou a bandeja em cima de um criado-mudo que ficava próximo e subiu na cama, engatinhando em direção ao mais velho.

— Ei, dorminhoco. – chamou enquanto sacudia levemente o ombro de um Dick adormecido. – Hora de acordar.

Não demorou muito até ele acordar, mesmo. Jason abriu espaço para que ele levantasse o tronco rapidamente, algo que ele sempre fazia, e não houve exceção. Se tivesse permanecido onde estava, provavelmente acabaria levando uma cabeçada.

— Bom dia... – a voz sonolenta de Dick era um refresco para os ouvidos de Jason.

— Bom dia, meu amor! – respondeu com muito mais animação. – Dormiu bem?

— Não poderia ter dormido melhor. – sorriu, lembrando que tinha dormido num abraço do homem que ele amava. – Vem cá, bebê... – disse, se aproximando mais de Jason e puxando-o levemente para um beijo.

O mais novo nem sequer pensou em resistir, amava quando Dick mostrava atitude dessa forma, e cedeu totalmente àquele beijo preguiçoso mas carinhoso. Aquele toque de lábios fez com que Jason refletisse sobre a sensação, se perguntando por que a sensação sempre era diferente. Seus pensamentos foram cortados quando Dick se afastou para respirar.

— Tenho algo pra você, meu amor. – Jason anunciou, levantando-se e pegando a bandeja com o café da manhã, e exibindo-a para Dick. – Tcharam!

— Hã? – Demorou um pouco para processar, sentando-se na beira da cama. – Oh! Caramba, é pra mim? – impressionou-se com aquilo.

— É claro que sim, baby. – respondeu, deixando a bandeja sobre as coxas de Dick e sentando-se ao seu lado. – É todo seu, – inclinou-se e beijou a bochecha do mais velho. – assim como eu sou.

— Você é tão adorável, Jay... – Dick disse, sentindo-se encantado por todo aquele carinho que estava recebendo. – Não entendo por que o Bruce te dá tantas broncas. – Pegou uma das torradas e a mordiscou.

— É porque ele não consegue jogar um balde de água em mim... – brincou. – Você, o Tim e o Alfred conseguem, mas ele não, e é por isso que ele fica bravo. – suspirou. – Eu também sou muito teimoso, né? E isso não bate nada com o jeito do Bruce.

— Um dia vocês vão se entender... – disse com a boca ainda um pouco cheia com a torrada. – E aí vai ficar tudo bem.

— Eu sei, amor, eu sei. – beijou mais uma vez a bochecha de Dick, depois abraçou-o de forma que não atrapalhasse o seu café, e assim ficou, descansando sua cabeça no ombro do outro.

—x-

 Bruce já estava na porta da Mansão, esperando os garotos estarem prontos para levá-los a um dos muitos shoppings de Gotham para comprarem roupas para Jason. Refletia sobre a atitude que teve na noite passada, pensando se não havia sido muito duro com Todd, que, ao fundo, só estava se defendendo. Talvez já estivesse chegando a hora de até mesmo o Batman tomar medidas mais drásticas, realmente. O crime em Gotham piorava cada vez mais, e logo, seriam criminosos demais para lidar.

Os pensamentos foram interrompidos por um grito de felicidade vindo de Tim, que descia correndo as escadas, animado para sair com Jason e Dick.

— Eba, shopping! – ele gritou quando chegou ao fim das escadas e correu até Bruce, que o recebeu com um abraço leve.

Em seguida, Jason e Dick desceram, de mãos dadas, conversando sobre qualquer besteira. Vendo aquela cena, Bruce sentiu um estranho bem dentro de si, algo como felicidade, por ter Jason de volta, por ver Richard feliz. Era uma sensação que poucas vezes chegava, mas que ele não abriria mão jamais. Acordou de seu devaneio quando Tim saiu de seu abraço e correu para o carro, já acompanhado dos mais velhos.

Os pombinhos foram os primeiros a entrar no carro, ocupando dois dos três bancos traseiros. Sabendo disso, Tim entrou como passageiro, na frente, e Bruce não demorou muito até entrar no assento de motorista. No entanto, assim que o motor foi ligado, Tim percebeu algo.

— Espera aí! – chamou a atenção de todos. – O Alfred vai ficar sozinho de novo?

— É claro que vai, Tim. – respondeu Bruce. – Ele sempre fica aqui, pra cuidar da mansão. – No fundo, Bruce sabia que aquilo não passava de uma medida muito drástica que ele havia tomado para proteger seu mordomo de todos os riscos que a cidade poderia oferecer.

— Então eu vou ficar com ele. – Disse, abrindo a porta à sua direita. – Tchau! – correu de volta para a mansão, sem se importar muito com o fato de que deixou a porta do carro aberta.

— Mas que pestinha... – Wayne reclamou, se esticando até a porta e fechando-a. – Às vezes é impossível entender o que se passa na cabeça dele.

— E é por isso que eu gosto dele. – Dick comentou, rindo. – É uma caixinha de surpresas, me lembra um pouco o Jay, quando ele entrou na mansão pela primeira vez.

— Eu não me lembro de ser assim, não. – Jason resmungou.

— Você tentou fugir do Batman três vezes, seu bobo. – apertou as bochechas do mais novo. – E falhou nas três.

— Ele ainda estava assustado, Richard. – Bruce adicionou. – Dê um desconto para ele, eu faria o mesmo no lugar dele.

— Tá vendo, boboca? – Todd riu, passando suas mãos pelas bochechas do outro. – Eu não era tão doidinho.

— Bah, você sempre foi meio lelé. – Dick provocou. – E é exatamente por isso que eu te amo.

Com um sorrir de lábios, causado por aquela declaração, Jason puxou Dick para um beijo. O banco do carro podia não ser o lugar mais confortável, mas ainda era suficiente para aquela troca de carinho. Não levaram muito tempo, e logo já estavam separados, olhando um para o outro, pensando no amor que sentiam.

— Também te amo, senhor nada insano. – disse Jason antes de puxar as mãos de Dick para mais perto de seu rosto e beijá-las.

Cansado de assistir àquela cena desgastantemente romântica, Bruce resolveu acabar com tudo, pisando fundo no acelerador e partindo em alta velocidade, jogando os seus passageiros pra trás com o solavanco e encerrando aquele momento de carinho, substituindo-o por xingamentos que duraram até a chegada deles ao shopping.

Já no estacionamento, Bruce estacionou o carro próximo a uma das entradas, e desceu, junto de seus garotos, que ainda estavam um pouco incomodados com o que havia acontecido.

— Jason, fique com meu cartão. – disse o homem, estendendo a mão com seu melhor cartão de crédito para o jovem. – Pode comprar quantas roupas quiser, mas só roupas! Evite fazer o guarda-roupas transbordar, apenas.

— Oh, certo. – Os nervos de Todd se acalmaram quando viu aquele cartão de crédito em suas mãos. – Mas, e você? Não vai com a gente?

— Tenho outro lugar para ir. – Respondeu, tirando um par de óculos-escuros de um de seus bolsos e o colocando sobre seu nariz. – Não demoro mais de duas horas, aproveitem.

Dick estranhou tudo aquilo, Bruce não estava agindo normalmente. Nunca na vida ele havia sido tão legal com os dois, a ponto de confiar seu cartão de crédito a alguém que tinha acabado de reencontrar, há menos de um dia. De qualquer forma, não teria como perguntar nada, já que, quando percebeu, Bruce não estava mais por perto.

— Por essa eu não esperava. – Jason comentou, alcançando a mão de Dick e entrelaçando seus dedos.

— Nem eu. – adicionou Grayson. – Bem, acho que as roupas não vão se comprar sozinhas, vamos logo.

— Tudo bem, baby.

Entraram no shopping, que, para Jason, havia mudado muito desde a última vez em que havia estado por lá, cheio de novas lojas e ambientes tranquilos, por onde ele poderia ficar com Dick sem ter que se preocupar com nada. A cada corredor, dez novas ideias surgiam em sua cabeça, todas relacionadas ao garoto que segurava sua mão.

Passando em frente a uma loja de eletrônicos que tinha televisões, Jason viu de relance as imagens de uma reportagem que dizia que, na noite daquele dia, haveria uma chuva de meteoros, as tais “estrelas cadentes”. Pensou em como seria romântico assistir a esse fenômeno junto de Dick, num lugar aberto onde poderiam olhar só para o céu, sem nada atrapalhando. De qualquer forma, teria que pensar depois, pois estavam chegando a mais um corredor, e, logo, mais um conjunto de ideias.

Entre todas as lojas que passaram, a que mais chamou a atenção de Jason foi uma joalheria. Na vitrine, estavam em destaque as alianças de prata, comuns para simbolizar uniões que ainda não eram um casamento. Sentiu-se provocado por aquela visão. De repente, pensou na situação em que estava: apesar de todos os sentimentos que ele e Dick compartilhavam, ainda não estavam num relacionamento sério. Mesmo que não estivessem dispostos a se relacionarem com outras pessoas além de si mesmos, ainda não era nada oficializado, e foi isso que ficou na mente do jovem até chegarem na loja de roupas, enfim.

Entraram na loja e, de cara, já avistaram diversas roupas interessantes, inclusive uma cinza-escura com uma estampa preta de Bat-símbolo. Gotham realmente apreciava muito o homem morcego, e deixava isso visível para que todo o mundo visse. Indo mais a fundo na loja, Dick encontrou um paraíso de roupas: todas do tamanho ideal, com diversas opções de cores e estampas.

— Aqui, Jay! – chamou, puxando o jovem para aquela área da loja. – Vamos escolher aqui.

Passaram por várias das roupas que estavam lá, e Jason só gostava das vermelhas e das azuis, sempre as escolhendo, independentemente da estampa. Sentindo novamente a provocação de firmar um relacionamento com o homem que estava ali, junto dele, escolhendo roupas, ele decidiu ir comprar logo as alianças, antes que acabasse surtando.

— Ei, amor. – chamou.

— Oi, Jay. – Dick respondeu, se afastando dos montes de camisetas que estava olhando, e virou-se para Jason.

— Eu vou ao banheiro, rapidinho. – Sentiu-se mal por estar mentindo, mas era necessário. – Já volto.

— Tá bom, meu anjo. – Deu um rápido selinho no mais novo. – Vou te esperar aqui mesmo. – Voltou a analisar as camisetas, ainda tinha várias pela frente.

Disfarçando a pressa, Jason deu passos largos até chegar à saída da loja, de onde começou a correr até a joalheria, que ficava há alguns metros, sendo estranhado por todos que estavam pelos corredores. Não se importou com nada disso, só estava atrás do seu desejo. Assim que chegou à loja, observou atentamente a todas as alianças que estavam expostas. Realmente, eram incrivelmente lindas, quase tão quanto Dick Grayson. O preço estava bom, até. Iam de duzentos e noventa e nove até quinhentos e noventa e nove dólares, nada caro, pelo menos para quem estava com o cartão de crédito do Bruce Wayne.

Entrou na loja e se encantou com a quantidade de joias que estavam à venda. Iam desde simples peças feitas de cobre até artesanais de ouro, caríssimos até mesmo para alguém da família Wayne. Uma das balconistas o chamou, tirando-o de seu devaneio.

— Bom dia, senhor! – a moça cumprimentou Jason. – Posso ajudar?

— Oh, bom dia, moça! – respondeu, um pouco atordoado. – Estou procurando... – suspirou antes de completar a frase. – Alianças de namoro.

— Veio ao lugar certo! – disse a moça, que se abaixou para pegar uma caixa larga, mas baixa, que se mostrou cheia de opções de alianças. – Temos todos estes modelos de aliança, do tamanho 10 ao 28!

— Tamanho?!? – ficou surpreso ao ouvir aquela palavra. – Como assim, tamanho?

— O tamanho do anel é baseado na circunferência do seu dedo anelar, senhor. – explicou. – É com esse número que nós sabemos qual o tamanho certo para o dedo de cada pessoa.

— Oh, merda... – disse baixo para si mesmo. – Moça, eu não sei os números, tenho como medir?

— Sim, senhor. – Pegou uma aneleira de uma das gavetas do balcão. – Me dê sua mão direita, por favor.

Jason obedeceu, estendendo sua mão direita em cima do balcão. A moça experimentou alguns aros, chegando a uma conclusão.

— Seu anelar é de tamanho 20, senhor. – anunciou. – Temos bastante deste tamanho em estoque.

— Certo, deixe-me ver... – disse, tirando a mão de cima do balcão e olhando para todos os anéis que estavam ali, interessou-se por um que tinha um chinfrado de eletrocardiograma, com um coração no meio das linhas. – Esse aqui. – apontou para o anel.

— É um dos favoritos, senhor, o de batimentos cardíacos. – a mulher sorriu.

— É o que eu vou querer, moça. – pediu. – Quanto fica para fazer dois?

— O preço normal dele é de quatrocentos dólares, senhor, mas, levando dois, fica duzentos e setenta e cinco dólares cada um. – respondeu.

— Parece-me um ótimo negócio.

— Fico feliz pela preferência, senhor. – fechou a caixa e guardou-a no mesmo lugar em que estava antes. – Poderia me dizer qual seria o tamanho do dedo da sua namorada?

— É... – ficou nervoso com aquela pergunta, tanto por ter sido pressuposto que namorava uma garota, quanto por não saber a medida do anelar direito de Richard. – Só um momento, moça. – disse, pegando o celular e discando para Mansão Wayne.

— Sinta-se à vontade, esperarei aqui.

Foram necessários apenas alguns toques no telefone para que Alfred atendesse.

— Mansão Wayne, quem gostaria? – perguntou o mordomo.

— Oi, Alfred, é o Jason. – respondeu.

— Oh, Mestre Todd. – surpreendeu-se. – Em que posso ser útil?

— Preciso de uma informação bem específica sobre o Dick. – suspirou. – É para uma surpresa que estou fazendo.

— Sinta-se à vontade para perguntar, Mestre Todd. – a voz simpática de Alfred era calmante até mesmo para o mais irritado dos homens.

— Poderia me dizer a medida do dedo anelar direito dele? – fez uma pausa. – Eu sei que é bem específico, mas é o que eu preciso, sei que no Batcomputador tem essa informação.

— Eu bem que antecipava algo assim vindo de você, Mestre Todd. – riu levemente. – Desde que vi sua dedicação para querer fazer o melhor café da manhã que o Mestre Grayson já havia tido em toda sua vida, pensei que a chance de o senhor querer comprar alianças para os dois era bem alta. – uma pausa. – A medida é dezoito, Mestre Todd.

— Isso foi inesperado. – riu de volta. – Obrigado, Alfred. – desligou a ligação e retornou à atendente. – Moça, a medida do outro anel é dezoito.

— Certo, senhor. – agradeceu. – Irei buscar as alianças, a caixinha fica por nossa conta. – Nisso, a moça foi até o fim do balcão, onde havia uma porta, provavelmente do estoque, e entrou. Passaram-se cinco minutos e ela retornou com um porta-anéis fechado. – Aqui está senhor. – colocou o objeto sobre o balcão. – Aqui já estão as duas alianças, de tamanho 20 e 18, respectivamente, custará quinhentos e cinquenta dólares.

— Vou passar no cartão de crédito. – disse, tirando de seu bolso o cartão que Bruce o havia dado. – À vista.

— Oh, certo. – a moça ficou um pouco surpresa, não esperava aquilo de alguém como o jovem à sua frente, e configurou a máquina de cartões para receber um cartão magnético.

Jason só aproximou o cartão da máquina e logo o pagamento já foi efetuado. Se sentiu um pouco culpado por estar gastando tanto dinheiro no cartão de Bruce, já que mal havia acabado de voltar para a família. A moça agradeceu o pagamento e ele pegou o porta-anéis, escondendo-o no bolso da frente da sua calça, que felizmente, por ser de moletom, não fazia um volume notável, e voltou correndo para a loja de roupas em que Dick estava, para evitar maiores suspeitas. Quando voltou ao fundo da loja, encontrou o jovem com uma sacola cheia de roupas, ouvindo suas músicas nos fones de ouvido, só esperando.

— Jay! – chamou, tirando os fones e se aproximando de Jason. – Você demorou, o que aconteceu?

— Tinha uma fila desgraçada, amor... – respondeu. – Desculpe a demora.

— Tudo bem... – se aproximou mais e beijou rapidamente a boca do mais novo. – Acabei escolhendo as suas roupas em cima do que você tinha gostado, vai querer experimentar? – Abriu a sacola e mostrou as roupas para o outro.

— Nah, eu confio em você, sei que escolheu as roupas certas. – sorriu. – Vamos só pagar e sair daqui, quero passar um tempo com você num daqueles lugares pra descansar.

— Você que sabe... – riu. – Depois não vai adiantar reclamar que não te servem.

— Até as suas me serviram muito bem, essas aí vão ser “fichinha”. – disse, convencido.

— Vamos pra fila, então. – ordenou, puxando Jason consigo para uma fila que não estava muito grande.

Passaram apenas alguns minutos na fila, conversando sobre qualquer bobagem, Jason aproveitando toda e qualquer oportunidade de distribuir pequenos beijos pelos cabelos de Dick, que estava à sua frente. Foram atendidos por um rapaz ruivo muito simpático, quase que familiar para Todd, que gentilmente bipou os seiscentos dólares de roupas e ainda conseguiu duzentos dólares de desconto, chamando isso de “desconto de primeira compra”. Seu jeito de falar era galanteador, mas parecia mais apaixonado, mesmo, talvez ele tivesse conhecido alguém que havia derretido seu coração há alguns dias.

Agradecendo o ótimo atendimento, os dois jovens saíram da loja, retornando aos quase infinitos corredores daquele shopping, procurando por algum lugar onde pudessem ficar tranquilamente. Haviam distribuído as sacolas, metade a metade, para as mãos desocupadas.

Acabaram encontrando uma das áreas de convivência do shopping, que estava bem vazia, de certa forma. Muitos bancos vagos, as pessoas bem longe umas das outras. Certamente, “convivência” não era o que estava acontecendo ali.

Os dois foram até um banco que estava bem isolado dos outros, parecia ter sido feito justamente para eles. Sentaram-se lado a lado e deixaram as sacolas no chão.

— Quanto tempo ainda temos, amor? – Jason perguntou, acariciando os cabelos bagunçados de Dick.

— Uma meia hora, eu acho... – respondeu, olhando para o celular. – Me pergunto o que o Bruce deve ter ido fazer.

— Não faço a menor ideia. – desceu a mão para o rosto do outro, continuando com os carinhos. – Só não entendi por que ele simplesmente quis nos deixar sozinhos aqui.

— Talvez, no fundo, ele esteja nos apoiando. – Dick sorriu, olhando para o homem que o enchia de carícias. – Isso não seria ótimo?

— Seria, sim. – pousou o dedão sobre o lábio inferior do outro, com um sorriso sugestivo. – Mas, pra mim, tanto faz se o velho gosta ou não, quem tem que gostar disso somos nós dois.

Jason puxou o mais velho para mais perto, selando mais uma vez seus lábios. Agora que estavam desocupados e, funcionalmente, isolados, poderiam se dedicar um pouco mais àquele beijo. Todd sempre se perguntava por que beijar Grayson era tão mágico. Sentia como se estivesse recebendo milhares de promessas de amor, todas transmitidas pelo toque de lábios que eles compartilhavam. Para Dick, era algo mais quente, Jason era realmente mais bruto, por mais que não percebesse, beijava com paixão e muita intensidade, às vezes parecia querer o engolir. Mas era assim mesmo que eles gostavam, um encontro de dois mundos diferentes, mas que se complementavam.

Desta vez, quem cedeu primeiro foi Jason, que encerrou o beijo para respirar, sendo encarado por um Dick que parecia estar julgando-o por ter sido quem não aguentou daquela vez, mas que, para seu próprio azar, também estava arfando um pouco.

— É incrível como nunca é a mesma coisa. – Grayson comentou. – Acho que o Tim não é a única caixinha de surpresas da família.

— Não sei você, mas sempre que a gente termina um beijo... – Todd espreguiçou-se, aproveitando os braços esticados para colocá-los por cima dos ombros de Dick. – Eu fico ansioso pelo próximo.

— Eu também. – riu sugestivamente.

E com essas declarações, eles se aproximaram novamente, para mais um beijo, e foi esse o resumo daqueles últimos minutos que eles tinham, antes que Bruce voltasse. Beijos, carícias, palavras amorosas, fizeram o tempo voar. Pouco depois, já se encontravam no carro, segurando as mãos e descansando, voltando para a mansão.

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Jason olhou para o celular, contavam-se dezoito horas e quatorze minutos. Estava sozinho no quarto de Dick, que estava ajudando Tim com algumas tarefas que Alfred havia proposto para o garoto. Aproveitava aquele momento para pensar no que poderia fazer para pedir o jovem em namoro. A vontade de ter aquela ligação oficializada com Dick estava torturando sua mente, e ele mal sabia por quê. Queria fazer algo especial, algo que fosse sempre lembrado, tanto por ele quanto por Grayson. Nisso, resolveu ligar para Barbara. Sabia que primeiro teria que se explicar, mas que ela seria de grande ajuda, afinal, era a melhor amiga de Dick.

Como não tinha o número do celular da garota, ligou diretamente para a casa dos Gordon, e torceu para que estivessem em casa.

— Alô, Jim Gordon falando. – uma voz masculina respondeu. – Quem gostaria?

— O-oi, Jim. – disse, um pouco nervoso. – Eu queria falar com a Barbara. É o Jason.

— Jason de quê? – perguntou, desconfiado.

— Jason Todd. – replicou. – Sou um colega dela.

— Certo, só um momento. – foi possível ouvir a voz se distanciando do telefone.

Jason aguardou por alguns instantes, pensando no que poderia falar para Barbara, a fim de se justificar.

— Oi, Jason. – a voz da garota chamou. – Como estão as coisas com o Dick?

— Quê? – o jovem se surpreendeu com aquilo, Barbara sabia sobre ele? – Como assim?

— Por que está surpreso?

— Como que você sabe de mim? – perguntou, tentando lembrar se havia tido algum contato com a garota depois de ter sido ressuscitado.

— Eu estava junto com o Bruce quando ele te deu aquela bronca, e... – pausou. – o Dick tem falado de você pra mim desde que acordou, hoje. Claro, eu demorei a acreditar, mas ele estava tão convincente que eu só cedi, mesmo.

— Caramba. – estava chocado. – Por essa eu não esperava... – Respirou fundo para se recompor. – Enfim, preciso da sua ajuda, sei que você o conhece muito bem.

— Pode falar, Jason, estou aqui para ajudar.

— Eu estava pensando em... – Suspirou. – Em pedi-lo em namoro.

— Se eu disser que já sabia, você não acredita, né? – riu. – E precisa da minha ajuda em que parte disso?

— Queria que não fosse algo casual. Não, não poderia ser casual. – pensava no quanto seria frustrante fazer um pedido chulo de namoro. – Quero algo especial, que vá ficar na memória.

— Você ficou sabendo que daqui a pouco vamos ter uma chuva de meteoros, certo? – a garota falava como se já houvesse encontrado uma maneira.

— Sim. – respondeu, com a curiosidade subindo.

— Então, por que não utiliza dessa ocasião especial para fazer o pedido? – sugeriu. – Convida ele para assistir a esse fenômeno com você, só vocês dois.

— Mas como vou pedir? – questionou, nervoso.

— Use a sua criatividade, Jason. O que estrelas cadentes te lembram?

— Fazer um pedido, não é? – Aos poucos, Jason entendia o que Barbara queria que ele fizesse.

— Sim, Jason. – respondeu, aliviada por não ter que ficar explicando muito. – Só fique com isso em mente, e boa sorte.

— Obrigado, Barbara... – Desligou o telefone e o guardou em seu bolso. Tinha cerca de duas horas até a chuva de meteoros, tempo suficiente para planejar o que faria.

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Passou-se uma hora e Tim finalmente havia acabado suas tarefas. Estava guardando as coisas que tinha usado, quando ouviu algumas batidas na porta do quarto. Dick, que estava ao seu lado, levantou-se e foi atender. Quando abriu a porta, deparou-se com um Jason ansioso, parecia estar esperando algo.

— Jay! – o mais velho exclamou, surpreso, abraçando o outro. – Eu já estava quase saindo...

— Me desculpe se interrompi algo. – respondeu, tornando recíproco o abraço.

— Que nada. – desfez o abraço e segurou as mãos de Todd. – O Tim acabou de acabar as tarefas dele.

— Foi muito difícil! – o garoto exclamou, já tendo terminado de guardar tudo. – Mas graças ao Rick, consegui terminar! – pôs as mãos na cintura, orgulhoso. – Agora, eu tô com fome. – concluiu e saiu correndo para fora do quarto, forçando os pombinhos a abrirem caminho.

— Realmente, vou levar muito tempo pra me acostumar com esse jeito doido dele. – Jason comentou, rindo.

— Pelo menos ele é feliz assim. – Dick sorriu, e olhou novamente para o outro. – Então, por que veio bater na porta? Quer carinho?

— Sempre quero, mas dessa vez eu queria te fazer um convite. – Envolveu o mais velho com seus braços, sem apertar, diferente de um abraço.

— Um convite? – perguntou, descansando seus braços por cima dos ombros de Todd. – Para o que, Jay?

— Daqui a uma hora vai acontecer uma chuva de meteoros, e eu queria saber se você não quer assistir comigo, no telhado da mansão.

— Caraca, uma chuva de meteoros? – Ficou encantado com o que ouviu, já eram vinte e seis anos de vida e ainda não tinha assistido a nada do tipo. – Só nós dois?

— É o que pretendo, não falei pra mais ninguém. – Sorriu.

— Por mim, tudo bem. – Sorriu de volta.

— Vamos fazer algo como um piquenique, pode ser? – perguntou, já pensando nas possibilidades que um piquenique traria.

— O que você quiser, Jay. – puxou o mais novo para mais perto, seus rostos quase se tocaram, era possível sentir a respiração um do outro.

— Então vai ser assim, mesmo. – concluiu. – Vamos fazer alguns lanches, depois disso...

Dick mal teve tempo de perguntar o que era o “isso” da frase, pois Jason tomou seus lábios com todo aquele furor que sempre tinha. Grayson amava esse detalhe no mais novo, sempre era surpreso pelas atitudes que ele tomava. Por mais brutas que fossem, ele sabia que esse era só o jeitinho do garoto.

—x-

Grayson jamais imaginaria que cozinhar poderia ser tão divertido. Ele costumava fazer alguns pratos só para ele mesmo, totalmente entediado, mas ter companhia tornava as coisas mais interessantes, principalmente por tal companhia ser o Todd. Entre risadas causadas pela natureza desastrada do mais novo e sorrisos bobos e apaixonados que eles trocavam, conseguiram fazer alguns lanches e preparar bebidas para o piquenique. Quando terminaram, contavam-se dezenove horas e quarenta e oito minutos, cerca de quinze minutos até a chuva de meteoros. Estava na hora de subir.

— Amor, você poderia subir agora e preparar um lugarzinho pra gente ficar? – Jason pediu, sabendo que precisaria de um tempo sozinho para pegar as alianças sem suspeitas. – Eu vou ao banheiro rapidinho, e levo as coisas que a gente preparou.

— Ok, Jay. – respondeu, pegando uma toalha para usar de forragem e alguns pratos.

Com os objetos em mão, Dick saiu da cozinha e subiu as escadas, indo até o acesso ao telhado, que, para a sorte deles, não era inclinado.

Agora sozinho na cozinha, Jason tomou alguns instantes para respirar. O momento que ele tanto queria estava chegando, e, caso seu plano não funcionasse, ele seria capaz de surtar. Tanto ele quanto Dick teriam que colaborar, e ele sabia que o fracasso poderia acabar sendo culpa dele. Depois de se acalmar, ele foi até o quarto do mais velho, onde estava o porta-anéis e o pegou, checando primeiro para ver se ninguém tinha pegado as alianças. Tudo certo, guardou-o no bolso da frente das calças que estava usando e voltou para a cozinha, pegando a cesta com os alimentos e seguindo pelo acesso que Grayson havia entrado há poucos minutos.

Chegando ao telhado, Todd viu que Dick já havia arrumado as coisas: a toalha estava estendida, com dois pratos sobre ela, e luzes fracas estavam ligadas, só para evitar que ficassem na escuridão total. Assim que se aproximou, foi recebido com um sorriso vindo do mais velho, que estava totalmente empolgado para aquele momento. Sentou-se e acomodou-se, tirando dois lanches da cesta: um para ele e um para Dick, que, com encanto nos olhos, aceitou.

Conversavam sobre como se sentiam bem quando estavam juntos, principalmente sozinhos. Ter alguém com quem compartilhar sentimentos era mágico, até mesmo para alguém que poderia ser chamado de rabugento, como Jason. Dick era como um balde de água fria que era jogado em cima de Todd, acalmando-o sempre que estava presente. Ele sabia disso e ficava muito contente por ser útil dessa maneira.

Quando o céu começou a receber os feixes luminosos que todos chamavam de estrelas cadentes, Jason estava deitado, apoiando sua cabeça nas coxas estendidas de Dick, observando a beleza que o céu havia se tornado. Enquanto, para ele, o momento só era especial porque estava com seu amado, para Grayson, era totalmente diferente. Ele nunca havia presenciado algo assim, e seus olhos brilhavam quase tanto quanto as estrelas, podia jurar que estava no Céu, junto da pessoa que ele mais amava no mundo inteiro.

De repente, um feixe enorme, diferente dos outros, atravessou o céu, e Jason se levantou bruscamente, quase acertando Dick.

— Ali, amor! – apontou para o feixe, que quase saía de vista. – Faz um pedido, agora! – ordenou.

— Mas, Jason, essas coisas--

— Fecha os olhos e faz esse pedido logo, Dick! – interrompeu a fala do outro.

— Tá bom, tá bom. – cedeu às ordens, fechando os olhos.

Aproveitando esse momento, Jason tirou o porta-anéis do seu bolso e virou-se, ficando de frente para Dick. Abriu a tampa e puxou-a até o limite, enfim estendendo um pouco os braços, permitindo que, assim que o outro abrisse os olhos, visse as alianças.

Mesmo sabendo que aquilo não estava valendo de nada, Dick entrou na brincadeira e realmente fez um pedido: que Jason ficasse consigo para sempre, que mais nenhum mal pudesse separá-los. Queria, no mais profundo do seu coração, poder firmar uma união oficial com Todd, e tê-lo só para si. Quando abriu os olhos, depois de terminar esse pedido, viu que havia se tornado realidade. Jason estava à sua frente, sorrindo, segurando em suas mãos um porta-anéis com duas alianças que brilhavam com a luz das estrelas e da Lua. Ficou sem reação alguma, além dos olhos dilatados e de algumas lágrimas escorrendo.

— Foi isso que você pediu, amor? – o mais novo perguntou, um pouco nervoso.

— J-Jay... – A voz do jovem estava trêmula, e mais lágrimas começaram a descer o seu rosto. – É-é claro...

— Então eu fico muito feliz em declarar que a partir de hoje... – Pegou a aliança de tamanho 18 com a mão direita e estendeu a esquerda, que recebeu, lentamente, a mão direita de Dick. – Somos um casal. – Cuidadosamente encaixou a aliança no dedo anelar da mão que segurava.

Ainda tremendo, Dick pegou a outra aliança e encaixou-a no dedo anelar direito de Jason. Os dois se entreolharam por alguns segundos, antes de Jason partir para cima de Dick, abraçando-o e levando os dois ao chão.

— Jay, seu bobão! – a voz chorosa de Dick indicava o quão emocionante era aquele momento.

— Desculpa... – disse enquanto sentia o perfume que a pele do mais velho exalava, a partir do pescoço. – Não vi outro jeito de comemorar.

— Eu também não vejo outra forma, amor. – Finalmente, Grayson havia usado esse nome, causando enorme felicidade no coração do outro. – Sabe, o Bruce vai nos matar quando descobrir isso. – riu.

— Já estou contando com isso. – brincou Jason, e riu junto.

E nesta troca de risadas, que logo se tornaram beijos e outras carícias, os garotos encerraram a noite, só voltando para o interior da mansão para dormirem, pela primeira vez, juntos de verdade.


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