Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 40
Vamos repetir?




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POV KATNISS

—Mamãe, quero ir no parque.- Willow pede com os olhos vibrando, eles tiveram uma ótima noite, eu não.

Mas ter filhos é isso, se sacrificar pela felicidade dos pequenos.

—Mais tarde.

—O papai ta durmino.- confirmo, puxando Rye, evitando que o pequeno caia sobre Peeta e o acorde.

Não vou acordá-lo, está mais desgastado que eu. Cuido das crianças, me distraio e não penso na cena de horas atrás.

—Fome.- meu bebê reclama, me junto a seu protesto.

Meu estômago se revolta, pedindo pela comida que neguei a digerir.

—Vou fazer uma boa papinha.

Ele nega, pula sobre meus seios exigindo seu leite.
Solto um sorriso de aprovação e encosto na cabeceira, puxo Willow para sentar do outro lado enquanto amamento seu irmão.

Se algum dia no passado já imaginei estar aqui?
Nunca.

Peeta fica com a parte dos sonhos pro futuro. Mas parando para analisar, estou fazendo isso.

No ritmo da convivência, acabamos pegando as características da pessoa que compartilhamos nosso tempo.

Eu não era tão amável, paciente e aberta em relação aos outros, mas dado o tempo que estamos vivendo aqui, Peeta tem me passado muitas coisas.

—Mamãe...- desvio o olhar do pequeno, em seguida percebo o que Willow quis me dizer.

Peeta acordou e nos observa com um sorriso escancarado.

—Oi, papai!- Willow o sauda, escapando do meu abraço e caindo sobre ele.
—Vamos no parque?

—Calma, filha.

Rye para sua refeição para receber o beijo na testa que Peeta da, aposto que nosso pequeno padeiro irá puxar os talentos do pai.

—Que tal irmos na Campina?- meus olhos provavelmente brilharam, preciso levar nossos filhos lá.

—Eu preparo a comida, que tal vocês irem ajudando a mamãe?

Em minutos, trabalhando juntos, saímos em direção a campina. A grama está na altura certa, o frescor das árvores torna tudo perfeito.

Minhas crianças correm, querem aproveitar ao máximo. Jogam bola, brincam com as flores, montam casas com as peças de plásticos que se conectam.

Arrumo a comida, encho os copos com suco da laranja comprada no mercado, corto pedaços do bolo de baunilha que Peeta fez ontem.

—Venham comer.

Os ajudo, limpando mãos e bocas sujos. Olho pro lado, procurando por meu marido.

O sinto sentar ao meu lado, segurando algo.
Sua boca aperta minha bochecha, depois se esparrama num bonito sorriso.

—O que foi?

—O que?

—Você está aprontando!- sua expressão transforma, seu sorriso mais contido, as sobrancelhas unidas e o queixo travado.

—Estou.

—Isso não é bom, Mellark.

Seu sorriso é torto o bastante para deslocar algo gelado e gostoso em meu interior.

—Não é nada ruim, prometo.

Dou de ombros, tomando o garfo das perigosas mãos de Rye. Lhe entrego a colher de silicone, aproximando o prato com bolo e geléia.

—Me sinto satisfeita. Aliviada, na verdade.

Seus braços passam pelos meus, um gostoso abraço pelas minhas costas.

—Eu gostaria que você e Rye ficassem comigo na padaria, durante a tarde.

Viro o corpo, não saindo de seu aperto.
O olhar está quase suplicante, é difícil deixar o temor.

—Certo. Depois de deixar Willow na escola, iremos ficar com você.- sorrio tomando levemente seus lábios, uma satisfação explode, como um dever cumprido.

Willow quer a todo custo correr, seja para brincar, colher frutinhas ou flores para brinca de cozinhá-las.

Pego suas panelas e talheres de plástico rosa. Peeta brinca dizendo que consegui melhorar até os brinquedos das crianças dos Distritos.

Sei que um simples conjunto desse só existiria na Capital, e ainda sim seria caro.
Agora posso comprar esse e outros.

Amasso algumas sementes laranjas, jogo um pouco de água ajudando-a a distribuir a mistura nos pratos. Seu pai e irmão são obrigados a participar e "comer".

—Não, filho.- Peeta o impede de realmente experimentar, rio jogando fora e pegando algumas folhas de grama para fazermos um novo prato.

Recomeçamos a brincadeira, apesar de estar cansada e com o corpo mais pesado que o normal, não a deixo.
Brincamos o suficiente para eu tirar um lindo sorriso doce seu.

Quase ao final da tarde, Effie aparece com Elisabeth. Haymitch vem atrás, andando tão devagar e irritado.
Com tamanha tecnologia, é fácil e rápido se recuperar de qualquer trauma sofrido pelo corpo.

—Olá pequena.- abraço Elisabeth, dando o afeto que ela espera. Ser madrinha é algo novo, não sei o que significa, apenas me baseio em como Effie e Haymitch tratam meus filhos.

Eles comem alguns salgados e conversam sobre a reforma da fábrica de medicamentos, tudo para comemorar mais um aniversário da revolução.

A qual fui símbolo e não lembro.

—Vamos dar uma volta entre as árvores?- viro pronta para chamar as crianças.
Só nós.

Concordo, percebendo que Peeta já havia combinado com Effie nossa rápida saída.

De mãos entrelaçadas avançamos para mais perto da cerca, paro cerrando os olhos, os pássaros nos abençoam com uma gostosa melodia.

—Canta pra mim?

O pedido é atendido, cantarolo a primeira que me vem a cabeça, satisfeita em estar viva e poder ter essa comunicação com a natureza.

—Se você não fosse humana, seria um pássaro, querida.- rio, agarrando seu braço antes de depositar um casto beijo em seus lábios.
—Vamos um pouco mais adiante.

—Onde você quer ir exatamente?

—Estamos chegando.

Deixo ser conduzida, confiando que Peeta sabe o que está fazendo. Apesar da floresta não ser sua área favorita.

—Padeiro, estamos quase no...

Interrompo a frase, assustada com a visão que temos.
Uma clareira, talvez seja a parte que mais foi sacrificada pelas bombas que a Capital jogou depois do massacre quartenário, não há árvores, apenas uma vegetação rasteira.

—Como descobriu esse lugar?

—Numa tarde passei por aqui.

Entorto a boca, contrariada por sua resposta bem ruim.

—Delly te mostrou?

—Foi.- suas unhas passam pela pele sensível da nuca, é evidente seu desconforto.
—Ela só comentou, disse que o pôr do sol é lindo visto daqui.

Suas mãos agarram as minhas, querendo romper a distância entre nossos corpos.

—Então te trouxe aqui, para vermos.

Fecho os olhos me acomodando em seu pescoço, adorando seu calor.

—Quero passar mais momentos como esse com você, caçadora.- sorrio, puxando sua mão até minha boca.
—A colheita nos uniu e algo nos mandou pra anos depois, e aqui estamos. Casados, com filhos, amigos, e vivos.

Sou virada, presto atenção em suas palavras e imagino até onde Peeta quer chegar.

—Quero lembrar do que passamos, das coisas boas e também das ruins. Quero entender como pude não gostar de você por um simples segundo, ver o modo que você me fez te amar novamente, estar no momento que fizemos nossos filhos e no nascimento deles.

Acaricio seu rosto, parando pra analisar suas íris.
Límpidas, brilhantes e puras.
Um azul singular, cheio de significados.

—O pra sempre não existe, por mais que eu queira você até a eternidade.
Temos que aproveitar o agora porque o amanhã é incerto.

Seus dedos se fecham em meus pulsos, recua dando dois passos pra trás. Seu corpo despenca, assusto abaixando junto, mas ao ver se sorriso volto ao normal.

—Peeta?

Seu sorriso vem junto a uma risada, contagiante. Espreito seus pensamentos, não tendo a mínima ideia do que se passa na cabeça do meu marido.

—Eu gostaria de lembrar diversas coisas, mas como não podemos...

Ele respira fundo, enfia a mão no bolso da bermuda e retira uma caixa pequena o bastante para caber em sua palma.

—Peeta Mellark!- exclamo assustada, o sorriso incomparável faz meu coração ficar desordenado.

A respiração ofegante mostra o tamanho do efeito que Peeta consegue ter em mim.

Não importa quanto anos se passem, sempre que olhá-lo irei sentir a mesma sensação.

As bolhas subindo, o sangue esquentando, a ardencia do desejo, a formigação na boca do estômago, a força incontrolável do sorriso querendo aparecer, a mente viajando e os olhos brilhando.

— Katniss Mellark, aceita se casar comigo novamente?

 


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