V.C. vol 6: O julgamento de uma Senhora do Tempo escrita por Cassiano Souza


Capítulo 9
O nascimento de algo


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAA capítulo final, e que final, que me cativou e emocionou, e... me deu uma gás maluco pra querer mais, mas... não tem mais.
BOA LEITURA!!!!



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A sua cabeça doía, os seus olhos ardiam, e a sua consciência, parecia confusa. O Doutor futuro, havia ativado a chave de fenda sônica contra um dispositivo na sala do julgamento, e agora, ele e o Mestre, se encontravam caídos pelo chão, imóveis, e talvez, até desacordados.

O chão, era de cacos de pedra, como em alguma pedreira horrenda e selvagem, já muito abatida, seguida, de um desfiladeiro. E os céus sobre si, eram acinzentados, e carregados de densas nuvens monstruosos, pela aparência enorme. E a visão frente ao desfiladeiro, era de caos, de guerra, de horror.

Catapultas gigantescas, atiravam projeteis, esféricos e inflamáveis em chamas, contra, sujeitos vestidos em armaduras quase que até os dentes, vindo correndo e urrando com as suas espadas e machados.

Os detentores das catapultas, eram criaturas diferentes, porém, ainda com alguma semelhança humanoide. Possuíam um pequeno par de chifres em suas testas, e trajes de couro escamado ou peles.

Lutavam por algo, mas o quê? Seria uma batalha brutal.

Apenas as catapultas não adiantariam nada contra o povo de armadura, eles logo chegariam, e logo, pulariam sobre o povo de chifre, os-derrubando, e arrancando as suas cabeças com os machados, e mutilando as suas entranhas com as espadas.

Poucos metros, separavam os armados, das catapultas, mas, já próximas delas, são surpreendidos por fogo e lanças, vindas do chão, explosões e arpões. Haviam armadilhas, e elas, haviam ou queimado os armados ou empalado eles. Sangue, escorria por suas bocas e sorrisos descrentes.

O povo de chifre, urra em vitória, e parte para cima dos armados, terminando de encerrar o que a morte começou.

Mas, vindo de cima, disparos a laser aniquilavam o armado de arremesso dos chifrudos, lhes roubando a alegria. Das nuvens, erguiam discos voadores dourados, e da fumaça, por envolta dos derrotados, emergiam clarões de luz, onde assim, se retiravam criaturas metálicas, com três hastes na frente, sendo uma no topo de sua espeçara, e outras as duas, no centro. Dizendo os seres:

— Exterminar!

O povo de chifre, se vê impotente, e tenta então em instinto de sobrevivência gritando, deixar a luta, mas, estavam cercados, de todos os lados aquelas criaturas de aço emergiam, e proclamavam o mesmo “exterminar”.

Porém, abrindo os seus olhos, logo se levanta o Senhor do Tempo, de cabelo longo castanho e sobretudo verde, e chuta uma das pernas do Senhor do Tempo de sobretudo negro e cavanhaque.

O homem de cavanhaque, desperta-se apavorado:

— Doutor, não faça isso! - Parecia ter se despertado de um sonho, ou pesadelo.

— Ah, a história se repete. - Responde o Doutor.

O outro, encara odioso para o cabeludo castanho, se erguendo:

— Outro truque com a matriz?

— Não.

— O que dessa vez?

— Dois Doutores e dois Mestres, no mesmo momento e lugar. Precisava encerrar aquilo. O que acha que eu faria?

— Estávamos em meu futuro julgamento! E aqui é... - Encarou o ambiente. – Linsunatsteev. - Disse descrente.

— Sim, um dos milhares de mundos arruinados por você.

— Doutor, quer me chamar de “monstro, mau-caráter, egoísta”? Ridículo!

— Com a chave sônica ativei o modo de ejeção da sala. Segurança contra paradoxos. 

— Então... Ejetados para longe, para evitar a quebra de regra. - Conclui.

— E a ejeção como semiconsciente, escolheu este lugar. Ponto de origem de desequilíbrio causal. Foi aqui onde nos reencontramos.

— Que romântico. Quer que eu chore?

— Você está morto! - Berrou. – É isto que eu quero que veja! É isto que até mesmo o modo de segurança quis que você visse.

— E para quê?! Sabem quem eu sou, sabem o que sou!

— Para que veja que nós tentamos, Korschei!

Os dois, vidram os olhos vermelhos, revoltados a ambos.

— Nós tentamos, Mestre. - Continua Theta Sigma – Tentamos parar você, alerta-lo, abraça-lo, mostrar que nos importávamos. Todos nós! E há séculos faço isso. - Respirou cansado. – Porém, o que adiantou? - Riu. – Você não se importa, você nunca se importou.

— Todo este melodrama.... Você a cada regeneração fica apenas mais lamentável, meu amigo.

— Não me chame de “amigo”!

O Mestre, engole a seco, desentendido, não esperava aquilo:

— Mas não somos “amigos”, Doutor?

— Eu não sei. - Sorriu triste. – Somos?

O Mestre, desvia o seu olhar, pesado, e amargurado:

— Tem razão, talvez não. - Fitou cheio de ira ao Doutor. – Tentei me salvar, resgatar o meu futuro, e... Você estragou tudo! Me entregou à morte.

— Não se vitimize. Colhe o que planta, e sabe bem.

— Hum, e por acaso você nunca interferiu na ordem do universo? Nunca estragou sonhos, vidas, mundos? Você e eu, somos iguais, Doutor! - Segurou firme nas golas do amigo, encarando-o embravecido.

— Não! - Se desata das mãos do outro. – Não somos iguais.

O Mestre gargalha:

— Não? Quantas vidas destruiu? Pode contar?

E o Doutor, apenas se vira desolado para o horizonte caótico, de Daleks e Minocrios:

— Os fins em sua maioria nunca justificam os meios. Mas... Eu aprendo com os meus erros, você não. Você continua, e continua fazendo pior, e pior... Sem um fim, sem um limite.

— É o meu modo de vida, a minha filosofia.

— Não sabe o que significa filosofia, cale a boca.

— Mas você se diz meu amigo, meu irmão, me amar... E mesmo assim, não quer me salvar, quer me ver executado.

— O único motivo para eu lhe querer vivo, é a nossa amizade. - Se vira ao amigo. – Mas, a nossa amizade, não significa nada a você.

O Mestre, engole a seco, sentia que o Doutor tinha algo em mente.

— Sabe o que eu farei agora? - Sorri largo o Doutor.

— Falar mais bobagens? Chorar? Dizer que me ama e sempre me amou?

— Lhe testar.

— Eu sou o Mestre, apenas eu testo.

— Um dia você virá até mim e pedirá perdão, pedirá ajuda.

— Nunca! Jamais! - Encheu-se de ódio.

— Precisará de um advogado, para o julgamento. Mas... Se acha que não precisa de amigos, ou que não possui amigos, ou que a amizade não significa nada, então... Evite que esta humilhação hoje aqui aconteça, e jamais, jamais me procure.

— Contou tudo, a história se torna um ponto fixo no tempo!

— Está em fluxo para você, Senhor do Tempo, pode evitar. Pode tentar viver se humilhando, ou morrer cheio de orgulho. 

— Para sobreviver você sabe que eu faria de tudo, Doutor. - Sorri malévolo.

— Então boa sorte, vindo até mim, com um bolo de aniversário, e olhos marejados. - Saca a chave sônica do sobretudo.

— Olhos marejados?! Bolo de aniversário?! Jamais!

— Certo, então mude o futuro.

O Doutor, ativa a chave sônica, apontando-a para cima, e assim, sumindo a imagem dele da frente do Mestre, como uma miragem a se apagar. O Mestre, encara embasbacado, e logo em seguida, completamente revoltado. O Doutor, havia feito o modo de segurança do tribunal o-retornar ao tribunal, porém, deixando o amigo para trás, para enfrentar os próprios erros, no planeta onde ele havia ceifado milhões de vidas, milhões de sonhos.

— Doutor?! Maldito! - Ecoou o berro pelo desfiladeiro.

E os Daleks abaixo, miram os seus visores para lá.

***

E há 100.0000.000 anos luz de distância de Linsunatsteev, um sistema estelar qualquer estava em pleno e perpetuo colapso, com um brutamonte buraco negro a perturbar toda a proximidade cósmica local. Esse brutamonte, era de classe “super massiva”, e esboçava a sua fome fatal, em engolir asteroides, arrastar planetoides de sua órbita, e canibalizar a energia de estrelas vizinhas.

Uma caixa azul com um letreiro escrito “policia”, e entre outras coisas, se encontrava fixa no espaço, frente a quilômetros do devastador corpo celeste. As suas portas estreitas, se abrem, e um jovem de kilt e cabelo redondo castanho, fita impressionado para a visão exterior. Não poderia obviamente enxergar o buraco negro, mas, maravilhava-se com o seu horizonte de eventos.

— Doutor, tem certeza? - Pergunta o jovem.

Um homem mais velho, porém, de cabelo nego no mesmo corte e de paletó negro, se encontrava numa espécie de painel de controles, manuseando botões e alavancas:

— De que os dodôs foram extintos do planeta Terra? Sim, tenho certeza. Mas alguns ainda voaram para Clom.

— Não, quis dizer sobre o Mestre!

— Ah, bem. - Deixou os comandos, partindo tristonho para uma cadeira de madeira, onde um receptáculo funerário galligreyano estava. – O Mestre é muito perigoso. Ele precisa ser parado alguma hora.

— Mas atira-lo a um buraco negro... Nunca mais verá o seu amigo!

O Doutor, apanha a urna fúnebre, e vai até a porta, encarando a visão caótica:

— Se não eu, quem mais poderia parar o Mestre, Jamie? Ele é meu amigo, eu o-derrotei com honra, e o-sepultarei com honra.

— E conseguirá dormir sabendo que nunca mais o-verá?

— Jamie, escute, o Mestre sempre volta. É como um vírus, moda de outono, ou o natal! Nuca acabam. Ele sempre volta.

— Mesmo de um buraco negro?!

— Bem... Talvez não.

— E a Missy havia pedido para ser deixada em Gatuun, não no Olho da Bruxa!

— Eu sei, Jamie, eu sei! Mas fazer a sua vontade... Não entende, é tudo uma lógica armadilha!

— Paranoico!

O Doutor, revira os olhos:

— Acha que o Mestre estando no julgamento o tempo todo não resolveria com base no pedido da Missy, ir até o local de despejo?

Jamie pensa, o Doutor termina:

— O Mestre seria esperto, e mesmo que não fosse pessoalmente ao resgate de suas cinzas, mandaria algum de seus seguidores espalhados pelo cosmos.

— Então... Manchará a sua palavra?

— Para proteger o universo? Sim!

Jamie, respira emburrado, mas, se dá por vencido. Porém, indagou o Doutor, parecendo tentar pensar melhor:

— Ou acha que eu esteja sendo muito duro, Jamie?

— Você sempre faz o que acha certo, siga o seu coração.

— Atirar uma antiga amizade numa estrela em colapso?

— Disse que há centenas de mundos aí fora pedindo ajuda, e que a consciência do Mestre é hiperativa. Se ele sempre volta contando com a sorte... Conseguirá chamar a atenção de alguém lá fora pelos satélites.

— E o Mestre terá uma chance. - Complementa.

— E você não estará sendo cruel. - Conclui, tocando num dos ombros do Doutor

— Consegue ter piedade por quem lhe hipnotizou, Jaime?

— Não é dele que tenho piedade.

O Doutor, sorri, e respirando fundo, encara o Olho da Bruxa, o massivo buraco negro, batizado assim, pela história de uma velha feiticeira renascida das cinzas, tendo o ocorrido, após apoderar-se do corpo de uma bela rainha de olhos azuis. Elas, nãos eram semelhantes, mas, após o feito, a rainha havia entrado em chamas, e dado vida à bruxa, que disse precisar apenas de um pouco de energia para uma meta-crise biológica de regeneração.

Mas, o Doutor, olhando para a urna por uma última vez, atira-a em direção do fatal corpo celeste. E fecha as portas da nave, deixando o objeto para trás, para ser fisgado pela gravidade do monstro.

Jamie, nota a tristeza do amigo, e comenta tentando descontrair:

— Pelo menos, vamos nos esquecer deste dia, Doutor.

— Sim, encontros multi-Doutor são eventos proibidos, apenas o futuro da minha linha temporal se recordará.

— E o seu futuro está livre, Doutor, você viu! Chegará um momento onde não teremos mais de nos curvar às vontades dos Senhores do Tempo.

— Sim, a liberdade nos aguarda. Mas... Quando, Jamie, quando?

— Você não quer pensar nisso, quer?

— Não.

— Então... Pilote.

— “Pilote”?!

— Pé na estrada! Ou melhor, pé no vórtex. Se somos escravos, vamos ser um pouco rebeldes, vamos correr, sermos felizes, Doutor!

— Não é tão fácil.

— É sim, e eu vou lhe mostrar.

Jamie, clica num botão, e puxa várias alavancas. O Doutor, ergue as sobrancelhas revoltado:

— Estes não! Nunca os verdes!

A TARDIS, toma o seu típico balanço, e o Doutor e Jamie, agarram-se firmes ao console, para não serem atirados contra as paredes. O rotor de tempo, subia e descia.

***

Em Lisarium-B2, o julgamento da Senhora do Tempo havia sido encerrado, e todo o plano do Mestre, dissolvido, pelas artimanhas do Doutor. O povo da embaixada gallifreyana, se despedia, e partia para casa, havia sido atentada pelo Mestre, e queriam saber como os seus familiares estavam.

A Aprendiz, a sua assistente, estava para ser levada, por dois guardas, a segurarem por seus braços, estando eles, na recepção da embaixada, mas, Grace, interrompe a partida, queria contar algo à jovem, e assim, ela fez. Mas logo, lagrimas escorriam dos olhos da garota de cabelos azuis:

— Isso é verdade?!

Grace, confira com a cabeça, e depois diz:

— Sim, o seu avô se recusou a regenerar. Ele havia dito que não conseguiria viver convivendo com a vergonha do atentado a Cidadela. Você e o Mestre foram longe demais.

— Você deve estar brincando!

— Não! Não estou. Poderíamos regenerar ele nos leitos hospitalares, mas... Pelo tom que possuía antes da morte, ele faria qualquer loucura depois.

— Mas ele está morto, Grace?! E por minha culpa?! - Algumas lagrimas, desciam apressadas pelas bochechas da garota. – Eu não quero mais viver!

— Rustch, me escute. - Tocou com as duas mãos no rosto da jovem, deixando os seus olhares fixos um ao outro. – Você errou? Sim, você errou. Mas, você não tem de errar de novo. Está viva, ainda respira, ainda batem os seus corações, então, aproveite isto. É uma nova chance, uma nova oportunidade de escolher o seu destino. Seja quem você quiser ser, sendo a Aprendiz ou não, mas, lembre-se sempre de quem você deixou para trás. Não foi a Rustch que matou o avô, foi?

— Não. - Disse desolada.

— Quem então?

— A Aprendiz.

Grace, suspira cansada, e larga o rosto da jovem:

— E quem você é? Quem você quer ser?

— Quem eu sempre fui. Rustch.

E com isso, a humana abraça a jovem gallifreyana:

— Eu me orgulho muito de você.

— Sou um monstro! Como lhe orgulharia?!

Grace, desfaz o abraço, e permanece séria para a outra:

— Rustch, você é um Grace da vida.

— O quê?!

— Você e eu, somos como cara e coroa. Eu errei, eu fiz muita porcaria, muita mesmo. Decepcionei minha mãe, meu avô, e avó, por muitas, muitas atitudes babacas por namoros e amizades tóxicas, e... Me joguei na frente de um carro ou de cima de uma ponte?! Não! Rustch, com os erros nós não nos tornamos um lixo descartável.

— Não?

— Não. Nos tronamos um lixo reutilizável.

Rustch, mesmo que abatida, deixa escapar um leve e sincero sorriso:

— Esse concelho levanta a autoestima de qualquer um. 

— É, mas foi meio bizarro.

— Foi.

Riem as duas. Grace explica:

— Aprendi com a minha mãe, ela é cheia desses ditados.

— Sua mãe deve ser uma grande mulher. Isso me lembra a minha, meu pai, meu avô, e avó.

— Sinto muito.

— Não sinta. Quero que avise-os sobre a minha prisão.

— Assim que o Doutor chegar, pode deixar.

— Diga a eles que estou indo para Shada.

— Shada?

— Sim, a prisão dos Senhores do Tempo.

— Hou... Mas não se preocupe, eu e o Doutor iremos visita-la.

— Quanta simpatia. No entanto, não são aceitos visitantes. É de segurança e sigilo máximo e extremo. 

— Não é justo!

— É sim, eu mereço, Grace. Eu fiz tudo errado, e... Eu aceito isso.

— Nos veremos novamente?

— Se você tiver sorte.

E Grace, apenas recua confusa com os ombros, aquela frase, era uma referência de um filme de seu planeta. Rustch, talvez havia ido lá em algum momento. Mas, interrompendo a prolongação da conversa, os guardas já cansados de tanta piedade com uma criminosa, puxam Rustch pelo braço, e carregam-na para uma nave.

Grace, possuía conformidade em seus olhos, e Rustch, um brilho de consolo. As portas na nave se fecham, e as turbinas se ligam, dando então, partida. Grace, ergue uma mão, para um “adeus”.

— Mas a verdade é que... Eu também decepcionei o seu avô. - Diz Grace, consigo mesma.

Pessoas vinham e iam ao seu redor, era um ambiente movimentado. A ruiva, ergue a face cansada para a escadaria, e tem a imagem de um velho conhecido vindo, um cabeludo de sobretudo verde.

O sorriso na face da humana se alarga em imediato, igualmente ao sorriso na face o homem. Ele chega, e enfim, se abraçam.

— Atrasado? - Indaga o cabeludo.

— Sempre.

— Para não perder o habito.

— Fique à vontade. No entanto, me responda o que irei lhe perguntar... Está tudo bem?

— Melhor impossível. - Sorria distante, com a cabeça sobre o ombro humano.

— Estamos de luto. - Lembrou.

— Luto por alguém que nem no próprio funeral iria. Mas, sim, está tudo bem, e eu estou bem.

— Darei um voto de confiança.

— Não irei lhe desapontar. Mas e os outros, para onde foram?

— Romana e Tridaro voltaram para casa, queriam encontrar as suas famílias.

— Ora, Tridaro não pode ter família!

— É claro que pode! Possui marido e filhos. Não pode subestimar as pessoas só por não ir com a cara delas.

O cabeludo, revira os olhos:

— Missão cumprida?

— Sim. Você e Jamie cuidaram da Missy, e Rustch foi detida por mim e Romana.

Desatam-se um do outro. O homem, ergue descontente uma sobrancelha:

— Grace, não se arrisque desta maneira!  

— Hãn? “Grace, não se arrisque desta maneira”! O que acha que eu sou? Uma pessoa de vidro? Humanos são fracotes, ok. Mas não me peça para ficar parada e sentada como uma madame cretina como é a Mestra.   

— Apenas me preocupei, se arriscou bastante desde que chegamos. Quase foi explodida, eletrocutada, esmagada, e cercada quase dez vezes, além de morta!

— Se você não tivesse amizades tão complicadas... E sim, bem lembrado, acabo de totalizar três mortes em minha lista.

— Perdão. - Coçou a cabeça sem jeito.

— E também não se esqueça, me prometeu salários pós-traumáticos!

— Prometi?!

— Prometeu. - Tentou parecer convincente. – Há muito tempo atrás.

— Certo, agora, só um aviso, estou sem nenhum centavo. Então... Este projeto ficará para a próxima acompanhante, quem sabe.

— Estava sendo um advogado! Que tipo de advogado é tão liso?!

— Algum de São Francisco, onde tudo praticamente é perfeito?

— É, já saí com alguns assim.

— E gostava deles? - Entreolhou tímido para a ruiva.

— Hum, não muito, eles não possuíam algo que eu queria.

— E o que era?

— Bem, um pouco de loucura, um pouco de... Perigo. Algo que... Acelerasse a minha corrente sanguínea, algo que... Fizesse o meu coração bater mais forte.

— Cuidado com os seus desejos, doutora Holloway, pode ter um infarto. - Sorriu.

— Hum, aí já seriam quatro mortes.

Os dois riem, e dão as mãos.

— Não sabia que flertar com uma cardiologista fosse tão “Senhor do Tempo”. - Comenta o Doutor. – Teria feito antes.

— Devia ter feito.

— Ou, talvez na verdade, já tenhamos feito. - Arregalou os olhos. – Eu me lembro! Viajamos antes de termos viajado! Nos beijamos antes de termos nos beijado! - Estava chocado o viajante do tempo, se recordando dos casos de sua segunda vida.

— Mas não está com ciúmes, está?

— Claro que não! Sou eu! Ou... Era eu. Bem, de qualquer forma, evoluímos.

— Exibido!

— Grace, Doutores gostam de ser jovens por um bom e único motivo...

— Namorar?

— Correr! - Corrige.

— Ok, mas sei que pode mais do que isso.

O Doutor, engole a seco constrangido:

— Humanos são estranhos. Por que não vamos logo par a TARDIS, está do outro lado da praça, e preciso de chá ou café para os pulmões.

Dão as mãos, e partem embaixada a fora, pela multidão.

— Está bem. - Concorda a humana. – Mas, eu programo o destino.

— Já foi você da última vez!

— Sim, mas uma vez onde o planeta onde estávamos acabou sendo destruído. Como de costume.

— Ah, mas... Mas... Certo, você venceu. Você sempre vence.

— Sim, mulheres tem esta capacidade.

— Porém, uma pequena ressalva, em uma das últimas vezes em que um humano tocou em meu consoe, a TARDIS não reagiu muito bem. Eu e Jamie acabamos batendo e naufragando a nave espacial do imperador romano Cesar décimo quinto.

— Nero décimo quinto?!

— Sim, e ainda por cima ele tentou nos agarrar.

— Agarrar você?! - Pigarreia. – Mas não agarrou, agarrou?

— É complicado.

— Diga a verdade.

Somem na multidão de povos, a dupla.

***

Porém, enquanto muitos deixavam a embaixada, uma faxineira, limpava a sala o julgamento, do julgamento da Senhora do Tempo. Ela, era uma Malmooth, um povo que dividia o seu nome em duas silabas, para serem ditas em início e em fim de frases.  A quebra deste costume, era um palavrão.

Ela, possuía um esfregão em mãos, e já havia retirado toda a poeira dos acentos da comitiva, e reorganizado os pergaminhos sobre a mesa do juiz.

E por fim, desligou o sistema de segurança, se dirigindo a um teclado computacional, por de trás da mesa. Assim, deixando o grande lustre de cristal sobre o teto, desligado.

“Missão cumpria”, pensou a faxineira, suspirando orgulhosa, estava um brilho a sala, apesar das luzes apagadas. Mas, ainda havia sido muito eficiente.

Quando então, antes de cruzar as portas, uma piscadela de luz faz ela se voltar cansada para o lustre:

— Chan. O que foi agora? Mal contato? Tho.

Retornou para o teclado:

— Chan. Tenho mais dez salas para limpar, será que poderia não dar trabalho agora? Tho.

— Não sei. Acho que vou adorar dar trabalho. - Respondeu uma voz masculina, por de trás da mulher.

Ela, se vira apavorada, estava sozinha, havia limpado toda a sala, e sabia disso. A sua respiração, se acelerou, e então, já direcionada para a voz, deparasse como nada mais e nada menos, do que... Apenas o escuro do canto da parede.

— Chan. Quem está aí? Tho. - Indagou tremula.

— Ah, cala-se, eu ainda estou ganhando forma! Como “quem está aí”? Eu não estou aí, estou... Bem, quase lá.

— Chan. - Observou todo o ambiente. – Quem é você? Tho.

— É complicado. - Gargalhou.

O lustre, começa a relampejar. A voz continua:

— Digamos que... Eu seja fruto do Doutor e Mestre. Juntos.

— Chan. Você é filho deles? Tho.

A voz ri, ainda mais alto do que antes:

— Ora, não seja ridícula! Filho deles?! Patético. Simplesmente... Patético.

— Chan. Então diga quem é? Tho. - Pega o esfregão, como se segurasse uma arma mortal.

As portas da sala, se fecham abruptas, aparentemente sozinhas. Os olhos de Chantho, arregalam-se apavorados:

— Chan. Essa brincadeira não é engraçada. Tho!

— Concordo, ela não é nada engraçada.

— Chan. Então o que deseja? Tho.

— Boa pergunta! Apareci aqui, e nem sabia que um dia viria a existir, mas... Anomalias temporais são uma coisa engraçada. Sabe, Senhores do Tempo nunca devem cruzar as suas próprias linhas temporais.

— Chan. Eu não entendo o que quer dizer. Tho.

— Compreensível, cérebro pequeno. Mas, estou bem perto de um porte físico, e quando consegui-lo... Ah, prepare-se. Preciso consumir logo alguma coisa, fonte de energia para que o meu corpo não se autoconsuma.

— Chan. Está com fome? Tho.

— Muita. - As luzes piscam. – E... Cheguei! - Berrou a voz.

Faíscas, são espirradas pelo lustre, e um flash de luz, surge frente a mulher. Diante dela, estava exatamente aquele que todos conheciam como “o Doutor”, era o mesmo rosto e roupas, mesmo cabelo longo e sobretudo verde, porém, olhar frio e sádico, e um negro cavanhaque.

Mas, Chantho, não conseguia compreender, era o Doutor? Era o Mestre? Como ele era fruto dos dois? Tudo isso se passava em sua mente agora. O sujeito avisa:

— Primeiro, eu preciso das chaves dos armários criminais. Segundo, como eu já disse, estou com fome, muita, muita fome. E você me parece muito apetitosa.

— Chan. Muito obrigada. Tho.

— Você vai morrer, isso não foi um elogiou.

— Chan. Por favor, não faça isso! Preciso do emprego! Tho.

— E eu da sua energia vital. É tão complicado entender?! Você é difícil.

— Chan. Mas por quê? O que você é? Tho.

— Bem... - Parou pensativo, com um indicador frente a sua boca, e outro, frente a de Chantho. – O que eu sou eu não sei, mas, quem eu sou... Ah, talvez, possa me chamar de... O Outro. - Sorriu insano. – Sim, me chame de... O Outro.

Chantho, berra, as mãos do Outro, estavam agora em seu pescoço.

E a sua pobre e miserável vida... Sendo sugada.

As risadas do Outro, eram de êxtase, eram de prazer, eram da sensação de estar vivo, respirando e sentindo.

 

 


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Notas finais do capítulo

link da versão alternativa do capítulo https://fanfiction.com.br/historia/793569/Venha_Comigo_vol_6_Final_alternativo/capitulo/3/

e é isso, o Outro tá na área. Mas, como sabem, o outro é o nome de um dos fundadores de Gallifrey, então este Outro, não é o outro Outro, é outro.
Talvez complicado de entender? Mas não, se trata apenas de alguém com o mesmo nome. Já que o Outro original é algo segundo os mitos, relacionado ao doutor e ao mestre. Então... resolvi criar o meu o Outro.
O futuro da saga aguara ele, e momentos do passado dela possui dedo dele. Como é o caso dos Buuff no volume 5. Lembram que culpavam o doutor? Isso, caso tenha lido o volume 5.
Mas sobre esse final em si, o que achou dele? eu adorei, desde o começo ao fim, cada cena, cada dialogo, cada interação. Sei que o autor deve ser o mais reservado, e apenas esperar a reação das pessoas, mas eu escrevo o que gosto, e gosto da maior parte do que escrevo. É inevitável que eu me empolgue, e o autor é sempre o primeiro leitor de qualquer história que seja. É o que penso.
E as referências? Chantho é o nome daquela malmooth lá da terceira temporada moderna, onde temos quem? O mestre/doutor Yana. Então aqui resolvi batizar essa outra conterrânea com o mesmo nome, e também porque eu acho engraçado “chan tho” toda hora.
E sim, Shada para quem não sabe uma prisão Time Lord, que inicialmente foi adicionada no arco do quarto Doutor “Shada”, que nunca foi ao ar, e que nunca foi concluído. Escrito pelo grande Douglas Adams, e mais tarde transformado em livro, e áudio drama. E o áudio do Shada é protagonizado se não me engano pelo oitavo Doutor, e a Romana.
E a Missy? Morreu? Teve aquela história contada na narração de uma bruxa e tal, acho que você percebeu...
Mas e o Mestre escapa? Provavelmente kkk e aquele planeta caso tenha se esquecido, é o planeta lá do capítulo 3, onde as cidades foram derrubadas para os seus tijolos serem saqueados. Então a batalha aqui, talvez seja pelo o que restou dos saques. Bem GOT, não?
E sobre a história em si... eu amei escrever essa história, demais, demais mesmo, MESMO! Kkkk todas possuem um tipo de amor, e algum amor, mas essa... eu não sei descrever. Acho que sinto algo mais enérgico com a conclusão desse do que na conclusão das outras.
Todas foram boas para mim, mas essa trouxe uma espécie de nostalgia, e sabem... nostalgia é um caso sério! Ela nos deixa dependentes e embasbacados. Gostei da originalidade do vol 2,3,4, e 5, mas escrever com muita referência da série é muito bom também, e a nostalgia d todos os elementos não originais te prendem, te deixam alucinados.
A fanfic foi uma fanfic muito fanfic, como foi o volume 1, e todo este universo maluco e interessante que só as fanfics tem ficou muito esboço aqui. Tivemos dois Mestres, dois Doutores, Gallifrey, companion clássico, vários aliens da série e originais de outras histórias, citações de coisas da série, e por aí vai, além das situações que apenas histórias com o personagem “Mestre” pode gerar.
Não gosto do personagem, mas não possuo nada contra, e respeito quem ame. Minha regeneração única e amada dele é a Missy, e só.
e enfim, além destes elementos já das histórias da série, tivemos a fanfic em si como uma referência gigante, já que é uma inspiração obvia do arco do sexto Doutor The Trial of a Time Lord. Onde, o Doutor está sendo julgado, e o Mestre é o seu advogado de acusação.
Quando tive essa ideia relutei, mas depois vi que poderia sim ser algo bom, e que se eu não investisse nela mais cedo ou mais tarde alguém investiria. E eu nunca me perdoaria.
Pensei que seria mais difícil escrever esta história, mas até que foi mais fácil do que eu imaginava. GRAÇAS! Porque sinceramente, o meu cérebro precisa de um descanso, Doctor Who é demais, mas... lhe consome muito de sua imaginação e criatividade.
Então... obrigado Deus pela capacidade de concluir esta aventura, e de saber escrever algo que preste. Obrigado, muito obrigado, pelo conhecimento e técnica.
E obrigado também para quem leu a história, isso, se alguém leu a história. Até o momento onde escrevo isto, a história não possui ninguém interagindo, nem nada, mas ok, amei o resultado e escreve-la. Fiz por mim, não pelos outros, e todos os autores deviam ser assim.
Porém, para quem lê e não comenta, os chamados “fantasmas”, eu só queria dizer que... vá escrever. Vá escrever, e você sentira o que todos os autores sentem quando tem números no marcador, mas não tem ninguém ali dizendo “bom trabalho, legal, gostei, continue, não abandone a história”.
Ou talvez, tudo o que eu venha a escrever seja uma porcaria, e aí você tenha vergonha de ser tão sincero....  nem que fosse na mensagem privada.
Bem, vamos encerrar as notas, e tudo o que tenho a dizer por último é que... vou sumir, e tchau. Preciso e quero sumir, então se tiver continuação a saga, será lá pro ano que vem. E olhe lá! Talvez a vida de adulto atrapalhe tudo, por anos, talvez algum de nós morra, talvez nos casemos com alguém controlador e que menospreze a escrita, talvez o mundo seja pego por uma catástrofe, talvez a internet ou o site evaporem, talvez... aconteçam mil coisas que impeçam eu ou você de continuarmos aqui.
E é isso, muito obrigado para quem leu, comentou, ou favoritou, e acompanhou tudo até o final. MUITO OBRIGADO.