Ops! escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
De pernas pro ar a vida também anda.




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Estar de ponta cabeça. 

Deveria ser considerada uma expressão, não, de fato, uma situação normal e verídica. Mas Hanta Sero estava de ponta cabeça, como em boa parte de seus treinos, onde sabia que os sentidos cismavam em lhe pregar peças, de cabeça para baixo a mente parecia esquecer o que era esquerda e o que era direita. Por isso ficava assim, pendurava-se graças à sua individualidade, bancava o futuro heroi pendurado. 

Aquele não era um dia muito diferente dos demais. Estava tranquilo, excedia os limites do corpo quando carregava para cima não apenas seu peso, mas outras inúmeras tranqueiras que fizessem seus músculos se desenvolver pelo esforço. Claro, havia vezes que mais fazia de suas fitas um balanço improvisado, inúmeras vezes ficou balançando no ar, ou deitado como numa rede confortável. 

Estava ali há algum tempo, ninguém notava sua presença, ou, no grupo de amigos, sua ausência. Talvez pensassem que estivesse no quarto, vai saber. O importante era que, dali, tinha ampla visão dos acontecimentos das vidas alheias. Mais cedo havia visto Aizawa ignorar um chamado de All Might, achou comum e pouco interessante, visto que o sensei era mesmo do tipo que ignorava os outros quando queria dormir.  Continuou, ali em cima estava ficando interessante, mesmo que nunca houvesse buscado aquilo. Viu mais adiante uma cena curiosa, achando que estavam escondidos dos olhares curiosos, Sero viu o momento exato onde Bakugō quebrou a máscara de rebelde e estridente e puxou Shōto para um beijo. Achavam, talvez, que as laterais dos prédios da U.A. os manteria longe dos olhares dos demais, não imaginavam, claro, que teriam um par de olhos acima dos limites. 

Parou de olhar quando os beijos pareciam não terminar, temeu que fosse indiscreto e visse muito mais do que já não deveria ter visto. Pendurou-se então para o outro lado, ainda de ponta-cabeça vendo a vida passar como num filme clichê. Uraraka mais a frente gritava por Deku, Iida vinha logo atrás deles, fechando o trio de amizade. 

Ficou pendurado por mais um tempo, erguia nos braços os pesos que levara consigo para cima. Séries de levantamentos para que treinasse os músculos, por vezes também deixava-os pendurados nas fitas para o treino de coordenação, a ponta do pé esquerdo tinha de tocar na mão direita, criando sempre um elo, evitando uma queda, mesmo com todas as precauções que tomava, uma a mais não era ruim. Ouviu os passos, o silêncio cortado apenas por isso e pela revoada de pássaros quando os passos começaram, forçando as aves a alçarem voo. 

—  Shōta… —  All Might ficava estranho de cabeça pra baixo, os cabelos no topete ficavam parecendo perninhas finas demais para um corpo robusto. 

—  All Might…? —  visto daquela altura, Sero supôs que o professor não gostasse de ser chamado diretamente pelo nome. —  Mais tarde conversamos sobre isso. 

—  Ótimo, te espero em casa com o jantar. 

Teria sido informação demais ali, mas ainda teve beijo. Um singelo selar de lábios com muito mais carinho do que o beijo que havia visto mais cedo entre Bakugō e Shōto, aliás, será que já haviam saído de lá e ido, sei lá, para um quarto, talvez? Não ousou olhar. Ver sem querer era algo, buscar era basicamente invasão da privacidade dos amigos, e esse não fazia o feitio de Hanta Sero.

Esperou apenas que os professores saíssem para descer, tão logo encontrando-se com Kaminari que sorriu em sua direção. 

—  Como foi o treino? Estava treinando, não é? 

—  Treinando? —  Bakugō tinha a voz quase explosiva, talvez culpa da individualidade, ou, da personalidade, vai saber.

—  Sim, o Sero treina por aí de ponta-cabeça. Próximo ao lado sul. 

Ops!

Sero chegou até a engolir em seco com o olhar de Bakugō. 

—  E vê muita coisa enquanto treina, Sero?

—  Não, nada que valha a pena mencionar. 

Claro que via. De ponta-cabeça via a vida acontecer, tornando-se parte dela, mesmo que apenas a assistindo. 


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