Still Loving You More escrita por MisuhoTita


Capítulo 19
Uma Conversa Importante




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A viagem até Riachão do Dantas é tranquila, sem nenhum tipo de contratempo na estrada. Mas, embora a estrada esteja tranquila, a verdade é que Andrea Montenegro não se sente nada tranquila, e, tudo isso porque, de certa forma, ela tem medo de qual será a reação do pai de Maria, ante tudo o que ela tem para contar.

Espera, do fundo de seu coração, que o pai da jovem esteja disposto a ir com ela para o Rio de Janeiro a fim de ver a filha, e, mais importante, a passar uma borracha em tudo o que ficou para trás, pois, não vale a pena se viver de passado. Não vale mesmo!

Tem certeza de que com a mãe de Maria não terá nenhum tipo de problemas, afinal de contas, mãe é mãe. Porém, sabe que, com o pai dela, a história pode vir a ser completamente diferente.

Tirando-a de seus pensamentos, o carro estaciona em frente a uma casa bem humilde, e, ela sabe que chegou ao lugar certo. O motorista desce do carro e, abre a porta do banco de trás, a fim de que ela possa descer do carro e, tão logo ela o faz, já consegue sentir o sol quente do nordeste.

Começa a bater palmas, a fim de chamar a atenção dos donos da casa, e, não demora muito, uma mulher com cachos ruivos idênticos aos de Maria aparece na porta. A mulher tem um olhar sofrido, a pele castigada pelo sol e usa um simples vestido amarelo, chinelo nos pés. Tão logo o olhar dela se foca em Andrea, tão bem vestida ali, em um lugar tão humilde, a mulher assume um olhar de pura curiosidade, para então a sua voz se fazer ouvir:

― Será que eu posso ajudar a senhora?

― Sim. – Andrea responde de forma cordial – Estou procurando por José e Sandra Oliveira.

― Eu sou Sandra Oliveira. Mas, creio que eu não conheça a senhora. Desculpe se estou sendo rude, mas é que eu nunca a vi por essas bandas.

―  Meu nome é Andrea Montenegro e, de fato é a primeira vez que estou aqui. – Andrea continua a falar de forma cortês – Estou procurando os dois pois, se minhas informações estiverem corretas, são os pais de minha nora, Maria Flor.

Ao ouvir o nome de sua filha, a cor some do rosto de Sandra, ao mesmo tempo em que ela sente lágrimas se formando em seus olhos. Quanto tempo se passou desde que perdera o contato com sua filha?

― A senhora disse o nome de minha filha...! – a voz de Sandra soa completamente embargada pela emoção e, por um momento, ela simplesmente não sabe o que fazer, pois é pega completamente de surpresa – Por favor, queira entrar. Desculpe minha falta de educação, é que eu fui pega de surpresa. Não esperava ouvir o nome de minha filha, ainda mais de uma senhora tão nobre.

E, após dizer estas palavras, Sandra caminha pelo pequeno quintal até um portão de madeira, o abrindo em seguida para que Andrea possa adentrar o quintal, o que ela faz no mesmo instante.

As duas mulheres adentram a casa, e, seguem para uma pequena sala, onde há um sofá de dois e três lugares, uma estante com um aparelho de televisão e um rádio. Sandra aponta para o sofá de dois lugares, pedindo para Andrea se sentar, ao mesmo tempo em que se senta no sofá de três lugares. Uma está de frente para a outra.

― A senhora disse que é nora de minha filha. – Sandra não perde tempo em dizer.

― Sim. – Andrea responde – E trago notícias de Maria, mas, se a senhora não se importar, gostaria de dizer para a senhora e para o seu marido.

― José foi a feira, já deve estar retornando.

― Se não for incomodar, gostaria de esperar.

― De forma alguma. Eu entendo. Será que eu posso oferecer algo para a senhora, um copo de água.

― Não, obrigada, eu estou bem assim.

Vinte minutos se passam, até que a porta da casa é aberta e, um homem bem humilde adentra a casa, carregando algumas sacolas de feira e, ao notar a presença de Andrea, o homem estranha, e, volta a sua atenção para sua esposa, para então dizer:

― Sandra, quem é esta senhora tão chique, e, o que ela está fazendo em nossa casa?

― José. – Sandra fala de forma calma – Esta senhora se chama Andrea Montenegro, ela é a sogra de nossa filha, e, pelo que entendi, trouxe notícias de nossa filha.

Ao ouvir as palavras de sua esposa, os olhos de José percorrem Andrea de cima abaixo.

― Como uma senhora tão chique pode ser sogra de Maria?

― Se o senhor me deixar falar, posso explicar tudo. – Andrea fala, de forma calma.

Ante as palavras de Andrea, José deixa as suas sacolas no chão e, caminha até o sofá em que sua esposa está sentada, sentando-se ao lado dela, para então voltar a dizer:

― Estou ouvindo.

― É uma longa história, portanto, quero que escutem com atenção. – Andrea volta a falar.

― Iremos escutar. – garante Sandra.

E, sem mais perder tempo, Andrea começa a contar tudo o que aconteceu a Maria desde que ela chegou ao Rio de Janeiro. Como conheceu a jovem há pouco tempo, repete as palavras de Maria sobre a gravidez e como fez para se sustentar até o momento em que o destino fez com que o caminho dela se cruzasse com o de Arthur, e, quando a narrativa chegou a este ponto, passou a detalhar a vida dos dois, contou de Sadrak, de como o neto é um menino especial, contou de como Arthur vem aprendendo a se tornar um bom pai e, mais importante, contou como os dois estão cada vez mais envolvidos, pois, ela não é nenhuma tola e consegue ver a forma como eles se olham, como um é completamente apaixonado pelo outro. E, depois de contar tudo isso, começa a contar a parte mais difícil da história, o tiro. Nessa parte da narrativa, Sandra começa a chorar, mas, Andrea apenas continua a contar, conta da cirurgia e de como seu filho doou sangue para que a vida de Maria pudesse ser salva mas que, infelizmente, ninguém sabe se a vida dela será salva ou não, pois, o estado dela é muito delicado.

Após a longa narrativa de Andrea, um longo silêncio se faz entre os três, e, Andrea fica imaginando o que pode estar se passando na cabeça de José neste momento, pois, a expressão que o homem tem em seu rosto, para ela, é muito difícil de desvendar.

― A senhora veio até aqui só para nos dizer o que aconteceu com a Maria? – José questiona, com um tom de voz neutro, sua expressão ainda impassível.

― Não. – Andrea responde com sinceridade – Vim até aqui a pedido do meu filho, para levar os dois até o Rio de Janeiro para ver a filha de vocês. Sei que o senhor expulsou sua filha de casa pelo que o senhor considera um erro, mas, Sadrak, nosso neto, não é um erro. Ele é um menino lindo e esperto, e, eu acho que o senhor deveria deixar o passado para trás e ir ver sua filha, o estado dela é grave, ela corre o risco de não sobreviver o senhor carregará em suas costas pelo resto de sua vida o fato de que não a perdoou e deixou passar o que pode ser a última oportunidade de vê-la.

As palavras de Andrea tocam fundo no coração de José, pois, ele sabe que elas são verdadeiras. E, a verdade, é que se arrepende do que fez com sua filha, se pudesse voltar no tempo, é certo que ele não teria feito o que fez, muito pelo contrário, teria acolhido a filha e o neto independente de qualquer coisa. Mas, o tempo não volta e ele convive diariamente com este arrependimento e, agora, a filha corre o risco de morrer sem que ele possa pedir perdão a ela.

Sem que consiga conter, uma lágrima solitária escorre por sua face.

― Não temos condições de viajar para o Rio de Janeiro. – Sandra se vê falando – Infelizmente, não temos dinheiro para tal viagem.

― Quanto a isso vocês não tem com o que se preocupar. – Andrea volta a falar – A viagem e a hospedagem de vocês será por conta de meu filho. Ele quer dar este presente a Maria, pois, ela sente muito a falta de vocês.

― Não sei se podemos aceitar tamanha generosidade. – José se vê falando.

― Senhor José, creio que este não seja o momento para pensar desta forma. – Andrea responde – O momento não é para pensar em orgulho, mas sim em Maria. É por ela que meu filho me mandou até aqui para buscar vocês, e, é por ela que vocês devem aceitar, independente de qualquer coisa.

― Ela tem razão, José. – Sandra volta a falar – O momento agora é para pensarmos apenas em nossa filha!

― Muito bem. – José volta a falar – Nós iremos para o Rio de Janeiro.

 

 

*****

 

 

No hospital, Arthur está na sala de espera quando o seu celular toca. Não perde tempo e pega o I Phone no bolso de sua calça, atendendo ao segundo toque.

― Alô. – Arthur não perde tempo em dizer.

― Alô. – diz uma voz masculina no outro lado da linha – É o senhor Arthur Montenegro?

― Sim. – Arthur responde prontamente – Com quem eu falo?

― Meu nome é Fábio Alcântara e sou oficial de justiça, estou ligando para dizer que a senhorita Danielly Simões acaba de ser presa, ao confessar que mandou um homem atirar na senhorita Maria Flor Oliveira.

― Muito obrigado por me avisar.

Os dois conversam mais um pouco, e, Arthur termina a ligação, em seguida, o telefone volta a tocar, e, dessa vez, é a sua mãe.

― Oi mãe. – fala Arthur, ao atender ao telefone mais uma vez.

― Meu filho. – Andrea fala do outro lado da linha – Tenho boas notícias para você.

― Estou ouvindo.

― Já estou a caminho de Aracaju com os pais de Maria, consegui passagens no próximo voo para o Rio de Janeiro, e, creio que a noite estaremos aí.

Arthur se sente aliviado ao ouvir as palavras de sua mãe. Os dois trocam mais algumas palavras, com Arthur dizendo que, infelizmente, não há qualquer sinal de melhora de Maria e, desliga o telefone.

Ele se senta em um dos bancos da sala de espera, seus pensamentos fixos em Maria. Espera, sinceramente, que ela seja forte e que resista, pois, ele simplesmente não consegue mais imaginar uma vida sem ela, e, além de tudo, quer que ela fique feliz quando vir os pais.

Maria é especial!

Ela é diferente de todas as mulheres que ele já conheceu, e, ela não merece passar por todo o sofrimento que está passando. Ela não merece morrer!

Não ela!

Que é uma pessoa tão incrível!

Não ela, que mudou a sua vida de cabeça para baixo e fez com que ele se tornasse um homem melhor!

Se há uma pessoa no mundo que merece toda a felicidade do mundo, esta pessoa é, sem a menor sombra de dúvidas, a Maria!

Enquanto pensa nela, a dor em seu coração apenas aumenta, junto ao medo de nunca mais ver os olhos de maria novamente.

Para ela, a vida perde todo o sentido se Maria não estiver ao seu lado.

Mesmo que os dois vivam brigando, mesmo que, em muitos momentos, ela acabe por tirá-lo do sério, e, ele tem certeza de que o inverso também acontece, o lugar dela é ao seu lado.

É chegada a hora da visita, e, Arthur vai até a UTI, e, mais uma vez, ele sente o seu coração se partir em um milhão de pedaços ao ver Maria em coma, tão frágil, em nada se parecendo com a mulher cheia de vida que ele conhece.

Com carinho, ele segura uma das mãos dela, ao mesmo tempo em que seu rosto não desgruda da face inconsciente dela.

― Maria...! – Arthur simplesmente não consegue deixar de exclamar.

E, é exatamente neste momento que, ele sente as mãos dela esboçarem um leve movimento, ao mesmo tempo em que vê as pálpebras dela começando a se mexer.


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