Cultura indígena de Santa Catarina escrita por Paloma Her


Capítulo 7
Semelhanças e diferenças entre o artesanato


Notas iniciais do capítulo

Mas, ao tecer as fibras, dão origem a outros produtos, muito criativos, modernos, como os chapéus, tentando agradar aos compradores. Colares, brincos, lançadores de dardos, anéis e pulseiras se alinham nas suas mesas e são oferecidos ao lado de arcos e flechas decorativos. Pulseiras e anéis são feitos nas cores marrom e natural, já nos demais predominam o magenta, o verde e o amarelo, que são as cores que os caracterizam como artesanato Kaingang.



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 Vender produtos indígenas é uma arte. Frente à indiferença das pessoas que não os enxergam, eles estendem mantas nas calçadas, no chão, seja sob um calor escaldante, seja no frio rigoroso do inverno. Algumas cidades lhes oferecem certas mordomias, como Blumenau, que lhes permite participar da “Rua da servidão” lado a lado com os artesãos da cidade uma vez por mês. Em Balneário Camboriú, eles podem colocar mesas na rua principal, de preferência quando os turistas invadem a cidade. Porém, também acontecem de Guaranis passarem frio e fome, com seus filhos, vendendo pouco ou nada, apenas recebendo algumas moedas de esmola. Não existem no Sul do Brasil lojas especializadas que comprem seus produtos, como acontece em cidades do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste. Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, existem esses lugares, e o artesanato ocupa lugar de destaque.

            E o mais tenebroso é que eles dormem a céu aberto com seus meninos. Poucas vezes os Centros de Turismo das Prefeituras lhes providenciam algum abrigo.

 Característica do artesanato kaigang:

O artesanato que os Kaingang transportam para as cidades é muito parecido com o artesanato Guarani, e ambos se confundem. Seus produtos são grandes cestos coloridos, preferentemente nas cores verde, amarelo e magenta, cuja matéria-prima tingem antes de tecer os cestos. Também usam a cor azul, para deixar a peça mais chamativa.

 Mas, ao tecer as fibras, dão origem a outros produtos, muito criativos, modernos, como os chapéus, tentando agradar aos compradores. Colares, brincos, lançadores de dardos, anéis e pulseiras se alinham nas suas mesas e são oferecidos ao lado de arcos e flechas decorativos. Pulseiras e anéis são feitos nas cores marrom e natural, já nos demais predominam o magenta, o verde e o amarelo, que são as cores que os caracterizam como artesanato Kaingang. 

O tecido e o entrelaçado das fibras são interessantes. Deixar o cesto reto, com uma durabilidade de muitos anos, firme, forte, é possível com a maestria das mãos desses artesãos.

 Característica do artesanato Guarani:

  A semelhança no trançado das fibras é similar ao artesanato Kaingang, mas se diferenciam na combinação da cor das fibras e o surgimento de formas geométricas. Como as aldeias Guaranis são pequenas, com um mato inexistente, eles fazem aquilo que é possível, tingem com uma ou duas cores de preferência; com sorte, três delas, e podem ser verde, roxo, magenta, vermelho, aquela que for possível na empreitada. Mas eles são muito criativos no tecer e misturar essas cores, gerando figuras em ziguezagues de muita beleza.

No entanto, o artesanato que mais os diferencia das demais etnias são os animais da floresta, pequenas esculturas de madeira que são tingidas com a cor marrom, e depois a cor da madeira é recuperada com a faca. Assim nascem tatus, tartarugas, papagaios, onças, que são de uma doçura típica desse povo gentil. Também pirogravam nessa empreitada.

Característica do artesanato Xokleng:

A decoração do artesanato Xokleng só tem cores naturais, eles não tingem fibras com tintas coloridas como fazem os Kaingang e os Guaranis. Os arcos e flechas são geralmente feitos com madeira “cutiã” e decorados com “cipó imbé” e “taquara”. As linhas decorativas são tecidas com fibras da mata muito flexíveis, porém muito firmes, chamadas “imbé” e “lambidó”. O “lambidó” é a fibra que desce verticalmente pelo arco e o “imbé” faz o tecido ao redor deste, trançando figuras belíssimas. Para fazer a corda são enroladas duas fibras de “imbira” e a decoração plumária é feita com penas de jacu, periquito e galinhas angolanas. Algumas penas são tingidas.

  Mas o forte do artesanato está com as artesãs de bijuterias. Diversos tipos de joias são confeccionados hoje em dia pelo povo Xokleng, destacando-se os belíssimos colares, além de brincos e outros adereços. É o artesanato mais vendido entre os grupos de artesãos que se deslocam pelas cidades.

As sementes mais utilizadas são as “zagcó”, ou “lágrimas de Nossa Senhora”, que se caracterizam por serem brancas, mas que podem ser torradas na frigideira, a fim de se obter também as cores marrom ou preta, dependendo do tempo de torrefação. Outra semente muito utilizada é a “olho de cabra”, obtida do açaí; ela possui uma coloração metade preta, metade vermelha. Já a semente vermelha não é da região; é proveniente do Nordeste, trazida na maioria das vezes por comerciantes de bijuterias.

Além das sementes coloridas, os colares ganham a beleza das penas coloridas, bambus, pequenas esculturas de madeira em forma de flechas ou cruzes, pirogravadas com desenhos artísticos.

As flechas são esculpidas. Pouco a pouco a madeira vai sendo entalhada, deixando uma linha reta, em cuja extremidade se esculpe uma ponta, às vezes serrilhada, outras vezes mais simples. Elas são puramente decorativas.


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Notas finais do capítulo

Mas o forte do artesanato está com as artesãs de bijuterias. Diversos tipos de joias são confeccionados hoje em dia pelo povo Xokleng, destacando-se os belíssimos colares, além de brincos e outros adereços. É o artesanato mais vendido entre os grupos de artesãos que se deslocam pelas cidades.



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