Into the Potterverse escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 19
Extra 4 (Universo Astoria)




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Heather acordou sobressaltada.

“Já está na hora de você aprender a diferença entre vida e sonho, Potter”.

Foram poucas as vezes em que esteve na presença de Lucius Malfoy. Agora ela entendia o porquê, entendia que seu pai acreditava que era perigoso demais mantê-la tão próxima dos Comensais da Morte, que eles poderiam desconfiar.

“Bem, isso não explica o porquê de ter tentado arranjar um casamento para você com o filho de um desses sangues puros” uma vozinha em sua cabeça a lembrou.

Nenhuma de suas colegas de quarto estava lá. Não era novidade alguma, nenhuma delas se incomodaria em parar o que estavam fazendo para acordá-la. Não era característica da casa verde e prata a solidariedade. Eles eram unidos fora do Salão Comunal porque separados eram fracos e podiam ser subjugados, mas lá dentro as rivalidades corriam soltas.

Dentro dos dormitórios, Draco Malfoy se desvencilhava de seus guarda costas, Crabbe e Goyle, e ia para perto de Blaise Zabini e Theodore Nott. Eles não eram tão próximos nos corredores do castelo porque, pelo que ela sabia, a senhora Malfoy não aprovava todos os casamentos da senhora Zabini, e o senhor Malfoy de alguma forma devia pensar que o senhor Nott não era um bom Comensal da Morte ou coisa do tipo — como se ele próprio não tivesse recorrido covardemente ao Ministério, fingindo estar sob a maldição Imperius.

Crabbe e Goyle não suportavam Malfoy de qualquer forma, então não reclamavam de se verem livres do garoto por algumas horas. Devia ser por isso que eles quase nunca abriam a boca perto do loiro, apenas para concordar com algo que ele disse e apoiá-lo em seu bullying com os nascidos trouxas e estudantes de outras casas.

Os alunos do quinto ano estavam com tempo livre durante a manhã, mas os do quarto ano não precisavam prestar os NOMs, então ela não tinha como falar com Ginny, já que as aulas de Transfiguração e DCAT não eram mistas.

Já tinha passado da hora do almoço e ela conseguiu se livrar da aula da Umbridge, argumentando que não estava se sentindo bem.

— Vocês vão ter que dar a volta pela escada giratória, alguém soltou Gás Garroteante por aqui... — pôde escutar a voz de Ginny quando atravessou um corredor.

Isso explicava o porquê pelo caminho, as pessoas pareciam estar todas indo na direção contrária. Esperou que permanecesse apenas a grifinória antes de aproximar-se dela.

— Heather! — ela exclamou — Você não tem aula agora?

Depois do recesso natalino, pediu para a garota chamá-la por seu nome biológico. Disse apenas que descobriu que era adotada, sem entrar em muitos detalhes.

— Preciso falar contigo — disse.

— Agora não dá... — Ginny olhou por cima do ombro — Eu estou ocupada...

— Criando uma distração? — ela perguntou.

Isso não estava em sua visão, mas não era difícil de entender.

— É muito importante, é sobre Sirius Black.

Ginny arregalou os olhos para ela.

Não tinha dito nada sobre a Ordem da Fênix ou sobre os seus assuntos, já que tinha sido proibida, assim como os seus irmãos.

— Do que você...? — ela gaguejou.

— Potter vai até o Ministério atrás dele, mas ele não está lá, é uma armadilha... — disse Heather — Precisa acreditar em mim. Precisa impedi-lo.

A ruiva olhou por cima do ombro da sonserina e a empurrou para um lado.

— Vamos embora, agora! — vociferou.

Elas não conseguiram afastar-se muito, já que logo no corredor ao lado alguns integrantes da Brigada Inquisitorial estavam aguardando por elas. Ginny conseguiu impedir Goyle com uma azaração Meleca de Morcego, mas o garoto que vinha atrás deles foi mais rápido do que Heather.

— Incarcerous.

A garota perdeu o equilíbrio e caiu no chão com as cordas a rodeando.

E claro que Ginny, como a estúpida grifinória que era, não a deixaria ali sozinha.

— Ei! Solte ela! — Neville Longbottom surgiu, tentando ajudá-las.

Ele apontou a varinha na direção de Warrington, mas não conseguiu nem pronunciar um feitiço antes de ser pego em uma chave de braço por Crabbe.

— Vai para a Ala Hospitalar, Goyle — a Potter escutou uma voz enojada atrás de si.

Daphne.

As coisas estavam estranhas em casa.

Ninguém tinha exatamente sentado para conversar.

— Ou você a carrega, ou você solta as pernas delas, as duas coisas não dá, Warrington — disse a loira, mas sem deboche em sua voz.

Ela parecia quase entediada.

Com apenas os braços muito apertados às suas costas, tão apertados que quase não sentia a circulação do sangue, ela foi guiada pelos sonserinos junto com Ginny e Longbottom até a sala da diretora, onde Potter e Granger eram encurralados por Umbridge. Logo na porta, deram de encontro com outros dois sonserinos carregando o irmão de Ginny pela gola do moletom escolar.

Fechou a sua expressão ao notar Malfoy próximo à janela, brincando com uma varinha, jogando-a no ar e pegando-a logo em seguida.

Céus, como ela odiava a Brigada Inquisitorial.

— Pequena Greengrass — Draco afastou-se da janela, dando um sorriso arrogante.

Ela tentou ignorá-lo, prestando atenção na discussão entre Harry e Umbridge.

O seu irmão.

Quando ela estava se segurando para não morder o nariz de Malfoy, que estava usando a varinha de Harry para puxar uma mecha de seu cabelo, a diretora o mandou ir atrás de Snape.

Mas que anta...

Se ela soubesse que se meteria naquela confusão, teria ido direto avisar a Snape.

— Me des... — Ginny começou a dizer, olhando em sua direção, arrependida.

— Silêncio! — Umbridge gritou.

Heather negou com a cabeça.

A sala mergulhou em silêncio enquanto os grifinórios tentavam escapar das mãos da Brigada.

— Ah professor Snape — a professora exclamou, sem hesitar um segundo — Sim, gostaria que me desse mais um frasco de Veritaserum, o mais depressa possível, por favor.

O professor demorou para responder, os seus olhos focando-se em Heather, que era a que estava destoando daquela situação a qual já devia estar bem acostumado de ver.

— A senhora trouxe o meu último frasco para interrogar Potter — Snape informou-a, a sua voz arrastando-se lentamente — Certamente a senhora não gastou todo? Eu a preveni que três gotas seriam suficientes.

Idiota.

Escutou sem interesse a conversa, em que a diretora ineficiente aparentemente acreditava que era possível preparar uma poção de um mês em menos de uma hora por pura magia.

Talvez fosse engano seu, mas tinha a sensação de que Snape estava mentindo, de que ele tinha ainda Veritaserum em seu estoque, mas não estava disposto a dá-lo. Nem mesmo o diretor da Slytherin ia com a cara da subsecretaria sênior do ministro.

E então quando ele estava saindo da sala, para a fúria da mulher, Harry gritou:

— Ele pegou Padfoot! Ele pegou Padfoot no esconderijo dele!

Ele pareceu desolado depois da resposta fria do professor.

Ele esperava o quê? Que Snape respondesse “Claro, vou avisar a Dumbledore imediatamente”? Céus, faltava alguns neurônios em seu irmão.

Com a falta do soro da verdade, Umbridge decidiu usar a maldição Cruciatus contra Harry para soltar a sua língua. Heather tentou forçar as cordas, mas o feitiço Incarcerous fazia com que elas se apertassem mais caso tentasse forçá-las. Se não fosse por isso, Daphne não prestava a menor atenção nela e não segurava o seu ombro com tanta força.

Admirou silenciosamente a perspicácia de Granger quando ela conseguiu fazer com que Umbridge saísse da sala junto com ela e Potter.

A garota tinha uma veia sonserina.

— Quieto, Weasley — escutou Warrington ordenar, enquanto o garoto parecia tentar pegar algo de seu bolso.

Ela suspirou alto, antes de dar uma cabeçada no rosto de Daphne. A garota tropeçou e caiu de bunda na sala, completamente pega de surpresa, as mãos indo até o seu nariz, preocupada em quebrá-lo.

Considerava aquilo uma vingança pelos últimos anos.

Rony aproveitou que Draco virou de costas para ele para empurrar o garoto, fazendo com que as varinhas confiscadas caíssem no chão. Ginny jogou-se ao chão, pegando uma qualquer ao mesmo tempo que Luna.

— Estupefaça!

— Expelliarmus!

Warrington e Crabbe foram jogados contra a parede.

— Estupefaça! — Ginny virou-se em direção a Millicent, antes que garota pudesse atacá-la.

Draco tentou pegar a sua varinha, arrastando-se por cima do carpete, mas Heather pisou em cima dela e ele paralisou, aterrorizado com a possibilidade de que ela quebrasse.

— Nem pense nisso — disse a garota.

— Diffindo! — Ginny cortou as cordas que prendiam os seus braços.

Quando pensaram que estava tudo bem, Daphne levantou-se, o nariz sangrando.

— Impedimenta!

Neville olhou horrorizado para a sua própria varinha, assim que a garota caiu batendo a cabeça e desmaiou.

— Eu agredi uma garota — ele murmurou consigo mesmo.

— Ah, vê se cresce! — exclamou Heather, desviando o olhar de Malfoy.

A última coisa que sabia é que bateu as costas contra o chão da sala.

Filho da...

Volatilis Lutum! — escutou Ginny berrar.

E então escutou os gritos de Draco, correndo para fora da sala, desesperado.

— Pena que Corner não estava aqui para ver essa — comentou a Potter.

— Precisamos ir atrás deles — disse Rony no mesmo instante.

Ele correu em direção à janela e exclamou, ao identificar o trio indo até a Floresta Proibida.

— Mas o que a Hermione está tentando fazer? — perguntou Neville.

— Ela deve estar procurando uma distração — respondeu Luna.

— Grope — disse Rony repentinamente — Nós precisamos ir!

Heather segurou o braço antes que Ginny pudesse ir.

— Vocês não podem! — ela exclamou para a amiga.

— Hermione tentou colocar alguma coisa na cabeça daquele garoto, você acha mesmo que alguém vai conseguir? — Ginny retrucou — Vem com a gente!

— Que ótimo plano, realmente ótimo, Ginevra — disse sarcástica, assim que ela correu atrás dos amigos.

Ela deveria ficar no castelo.

Deveria...

Nunca tinha entrado na Floresta Proibida em todos os seus anos em Hogwarts.

Nunca tinha sequer visitado o escritório do diretor antes do incidente no natal.

Não encontraram com Umbridge, mas depois de algum tempo de caminhada, viram Harry e Hermione discutindo.

Merlin, ela estava com uma vontade de dar um tapa na cara do irmão... Ela não sabia lidar com irmãos. Sua relação com Daphne foi sempre uma droga, nenhum exemplo a ser usado. Será que eles tinham uma boa relação quando bebês? Ou ficavam brigando entre si e deixando os seus pais loucos? Talvez fosse por isso que Dumbledore tivesse os separado...

Nah. Não foi por isso.

— Harry, que foi que você descobriu na lareira? Você-Sabe-Quem pegou o Sirius ou...? — perguntou Rony.

— Pegou, e tenho certeza de que Sirius ainda está vivo, mas não vejo como iremos até lá ajudá-lo — disse Harry.

Então todos ficaram calados.

Ginny virou-se para Heather.

— A Heather tem uma coisa pra te dizer — ela disse.

Só então todos pareceram notar a presença da sonserina.

— O que ela tá fazendo aqui, Ginny? — Rony protestou.

— A Heather veio falar comigo quando a Brigada nos pegou — explicou a ruiva.

— Por que está a chamando de Heather? O nome dela não é Astoria? — Luna interrompeu sua explicação, curiosa.

— Eu desisto — exclamou Heather.

Antes de poder afastar-se, a amiga pegou no seu braço.

— Você disse que era uma armadilha — disse Ginny — Explica.

— Você anda contando as coisas da Ordem para ela? — Rony acusou-a.

— Cala a boca, Ronald! — ela não desviou o olhar da garota.

Heather suspirou.

— Sirius Black não está no Departamento de Mistérios — virou-se para Ginny, ignorando a presença dos outros — É uma armadilha. Você-Sabe-Quem fez muitas pessoas verem coisas que não eram reais durante a Primeira Guerra Bruxa, é a mesma coisa que está fazendo agora.

— E por que acreditaríamos em você? — Rony perguntou grosseiramente, apontando para a sua gravata — Você é uma sonserina.

— Parabéns, você não é daltônico — ela retrucou ácida.

— Chega, vocês dois! As... — Ginny corrigiu-se no mesmo instante — Heather é minha amiga. Eu confio nela.

— Bom, isso não significa muita coisa, não é?

Todos ficaram em silêncio.

Heather soltou o seu braço de Ginny, que tinha ficado estática diante da fala do irmão, e aproximou-se do garoto.

— O que você disse? — ela sibilou.

Rony pareceu só então perceber o que tinha dito em seu momento de raiva.

— Eu... — ele engoliu em seco — Ginny...

— Você escutou algum sonserino falar isso? — perguntou Hermione.

Heather demorou para desviar o olhar do garoto.

— Não — respondeu simplesmente.

— E quer que acreditemos? — Harry perguntou, friamente.

— Eu tô pouco me fudendo pro que você acredita ou deixa de acreditar, Potter — ela retrucou — Só estou aqui porque Ginny me trouxe. Se você quer ir até Londres e entrar no Ministério, vá em frente e viva o resto da sua vida sabendo que causou a morte do seu padrinho.

— Como você sabe dessas coisas? — Hermione estava séria.

Ela estava em um impasse, claramente. Queria convencer a Harry a ficar em Hogwarts, mas não sabia se podia confiar na sonserina.

— Eu... simplesmente sei — Heather hesitou.

— Você “viu”? — Ginny frisou a palavra.

Era um milagre que estivessem ainda conversando ali, considerando o estado de nervosismo do menino que sobreviveu.

Ela olhou por cima da cabeça da melhor amiga, focando nas folhas de uma árvore.

— Eu vi as patas de uma criatura sangrando. Poderia ser uma ave ou coisa do tipo — a Potter deu de ombros levemente — Vi as chamas de uma lareira tornando-se verdes. E então eu vi um corredor escuro. Prateleiras cheias de bolas de cristais brilhantes.

— Profecias — Harry a corrigiu sem perceber.

Ela sabia que eram profecias.

E conhecia aquele corredor por experiência própria.

— Vi uma mão pegar uma das profecias — ela continuou como se não tivesse sido interrompida — E então passos. Capas negras arrastando-se no chão. Eu escutei uma voz que... uma voz dizer “Já está na hora de você aprender a diferença entre vida e sonho, Potter”.

— Você sabe de quem era a voz? — perguntou Neville timidamente.

— Lucius Malfoy — ela não pôde impedir-se de crispar o lábio ao pronunciar aquele nome — Tenho certeza de que era ele. Escutei uma risada... Era feminina. Era assustadora. E então eu vi Sirius Black ser empurrado contra um véu negro, esvoaçante, era sinistro. Escutei uma mulher gritar “Eu matei Sirius Black” antes de acordar.

— Acordar? — repetiu Hermione — Então você sonhou isso?

— Assim como sonhei quando tinha 6 anos que Daphne tinha caído de uma árvore 5 metros acima do chão e no dia seguinte ela caiu. E assim como eu sonhei que os Comensais da Morte escapavam de Azkaban em janeiro.

Na realidade, ela tinha sonhado isso em dezembro e em outra realidade, mas ninguém precisava saber.

— Você nunca me contou que tinha esses sonhos — disse Ginny.

Sinceramente, quantas coisas ela tinha realmente compartilhado?

Tinha contado tudo sobre como eram as coisas na sua casa?

A garota também não tinha lhe contado sobre o que aconteceu na câmara secreta.

— Francamente, como ela poderia saber sobre essas coisas? Ela não estaria nos contando sobre Sirius se ela não soubesse que ele é inocente — Ginny não esperou por uma resposta dela.

— Além do mais, você contou a Snape o que tinha acontecido — disse Heather.

— E ele me ignorou — Harry retrucou, parecendo dividido — Ele já quase deixou Sirius morrer uma vez... Ele não se importa...

— O que você esperava que ele fizesse? Te respondesse na frente da Umbridge? “Claro, senhor Potter, eu vou providenciar agora mesmo” — imitou a voz do professor toscamente — Acorda. Ele teria que dar explicações. Ele fez o possível para sair o mais rápido que pôde da sala e ir avisar.

E então disse o que faltava para convencê-los:

— Profecias só podem ser retiradas por aqueles a que se referem — explicou Heather, reunindo uma paciência não muito característica dela — Aposto que vocês conhecem alguém que se machucou, que foi “convencido” a entrar no Departamento para retirar a profecia do lugar. Não funciona. Só você ou Você-Sabe-Quem podem ir até lá, é por isso que ele está criando essa visão para te convencer a ir até lá. Porque ele mesmo não pode ir até lá.

— Então Você-Sabe-Quem saberia que não adiantaria usar Sirius — concluiu Hermione, timidamente.

Era quase como se ela esperasse que Harry voltasse a gritar com ela.

— Aleluia, Granger — disse Heather — Está usando a cabeça.

— Além do mais, ele teria que tirar Sirius de lá e levá-lo ao Ministério — comentou Ginny, ignorando o tom ácido da amiga.

— Mas então por que Kreacher...? — murmurou Harry.

— Kreacher odeia Sirius — respondeu Rony — E ele disse especificamente o quê?

— Ele disse... disse que Sirius saiu.

— Mas não disse pra onde? — Hermione interrompeu.

— Ele disse que Sirius não voltaria do Departamento de Mistérios.

— Porque ele morreria lá — disse Heather.

Todos ficaram em silêncio.

Luna estava olhando para o lado, parecendo ver alguma coisa que ninguém mais via.

— Heather é o seu segundo nome? — ela perguntou — Astoria Heather não combina muito, não é?

— Para de me chamar de Astoria.

— Obrigada por ter avisado — Ginny interrompeu a conversa entre as duas.

— Nós nos falamos depois — ela disse, antes de começar a caminhar na direção da trilha em que vieram.

Percebeu que o grupo continuou onde estava, como que esperando o que Harry faria.

— Simpática ela, não é? — comentou Rony, irônico.

— Porque você é um poço de gentileza — Ginny foi em sua defesa.

Estava um pouco distante quando escutou passos apressados indo atrás dela.

— Ei — era Harry — Me desculpe por...

— Não é a mim que tem que pedir desculpas — Heather o interrompeu — Você foi grosseiro com a sua melhor amiga que só estava tentando te ajudar.

Ele teve a decência de parecer constrangido.

— É só que... Sirius é a única coisa que eu tenho — Harry explicou-se.

— Não tem que se explicar para mim, eu nem te conheço. E ele não é a única pessoa que te resta.

Ela deu uma olhada bem expressiva para trás, onde certamente o grupo de amigos dele estaria. Sem despedir-se, continuou a caminhar, dessa vez sem ser seguida.

O professor Snape estava esperando às portas do castelo quando ela chegou.

— Entre — foi apenas o que ele disse.

Não era tola o suficiente para pensar que os grifinórios e a corvinal teriam o mesmo tratamento.

Provavelmente uma detenção e uma bronca bem dada.

— O que foi aquilo?

A professora McGonagall tinha retornado à Hogwarts.

A Ordem foi atrás dos Comensais da Morte no Departamento.

Aparentemente, tinham avistado Voldemort.

Umbridge foi expulsa de Hogwarts e estava sob investigação por seus atos.

Fudge estava preocupadíssimo em ser demitido do cargo de ministro.

— Parece que acharam o Montague em um armário por aí — disse Heather casualmente, enquanto lia o livro por cima da mesa do Salão Principal, que estava aberto para estudos no tempo livre entre as refeições.

— Heather, o Montague foi encontrado quase enfiado em um vaso sanitário, mas isso faz semanas já — disse Ginny séria — Estou falando de ontem.

Ela deu de ombros.

— Você não teve muitas visões, teve? — perguntou.

— Não, eu não costumo tê-las — respondeu Heather.

— Então por que teve uma visão sobre Sirius? Você nem o conhece!

Na verdade...

Ela não tinha contado a ninguém sobre as realidades, apesar de sempre sentir Dumbledore desconfiado dela, antes de ter sido obrigado a se retirar da escola por causa de Umbridge e a Armada de Dumbledore.

Suspirou, ao ver que o assunto não seria deixado de lado.

— Não sei o que quer que te diga — disse — Eu não controlo as minhas visões.

— Quero que me diga a verdade — exigiu Ginny — Poxa, Heather, eu sou sua amiga. Quando você me disse que descobriu que era adotada e que se chamaria Heather a partir de agora, eu respeitei isso. Eu nem questionei. Eu só queria um pouco de sinceridade.

Não podia comparar o que aconteceu na câmara secreta com aquilo.

Ela pareceu desistir de discutir e já estava levantando-se do seu lado quando Heather falou:

— Eu sou uma Potter.

Ginny levantou uma sobrancelha.

— Você o quê? — ela perguntou.

— Eu descobri isso quando desapareci no natal — respondeu Heather — Não, Ginny, eu não posso dizer onde eu estava. É sério isso. Dumbledore não pode saber. Mas eu descobri que a “Astoria” morreu quando era um bebê, ela tinha uma doença hereditária.

— É sério isso?

Concordou com a cabeça.

Não brincaria com uma coisa dessas, nem poderia imaginar em uma brincadeira como aquela.

— Harry sabe? — perguntou Ginny.

— Não — retrucou Heather, voltando a olhar para o livro.

— Poderia tê-lo dito. Estiveram sozinhos na floresta.

— Quase nos matamos.

— Ele estava estressado. Ele acreditou quando disse a ele sobre a visão.

— Quando teve “provas”.

Ginny negou com a cabeça.

— Acredite, nem Hermione o convenceria assim — ela argumentou.

— Porque estava com medo demais de que ele a afastasse ou voltasse a gritar.

Heather fez uma expressão convencida no rosto, como que dizendo que tinha vencido aquela discussão, fazendo-a revirar os olhos.

— De qualquer forma ele não acreditaria. Dumbledore não quis mudar o meu nome nos registros — murmurou por fim — E eu sou uma sonserina, lembra? Não se pode confiar em sonserinos.

— Ignore Ronald, ele é um idiota — disse Ginny.

— O melhor amigo idiota do meu irmão. Harry leva as coisas que ele diz mais a sério do que as coisas que a Granger diz.

Isso era fato.

— Mesmo assim ele merece saber — concluiu a ruiva.

Lembrou-se do Harry que deixou para trás, em outra realidade.

Um Harry que parecia desesperado para ter uma família como aquelas cinco garotas.

Passou o dedo no seu pulso, onde costumava ficar a sua pulseira, a prova de que ela tinha realmente viajado para outra dimensão. Aquela pulseira tinha sido um presente de Alderamin quando ela recebeu sua carta de Hogwarts, dizia que pertencia à sua mãe. No caso, pertencia a Caledônia.

A sua mãe estava tão enterrada quanto ela.

— Vocês passaram as férias inteiras em Grimmauld Place — disse Heather — Dumbledore nunca permitiria que eu fosse. Meu tutor não é exatamente um guerreiro da luz, apesar de não ser um Comensal da Morte.

Ginny tinha parado de se perguntar como ela sabia tantas coisas depois que sua visão sobre Sirius se comprovou verdadeira.

— Deixa comigo — ela piscou um olho antes de sair.

Não conseguia ver como que ela poderia resolver aquele impasse.


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