O sineiro e a equilibrista escrita por Dheb


Capítulo 4
O pedido


Notas iniciais do capítulo

Quasimodo pede Madellaine em casamento.



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— Mas... Como eu vou fazer isso? – Quasimodo andava pelo quarto de um lado para o outro nervoso.

— Como assim “como”? É só fazer... – Victor, a pequena gárgula, agora viva, lhe respondeu.

— Mas, e se não for a hora certa? E se eu disser a coisa errada? E se... Ela não quiser isso? – O sineiro agora aderiu uma expressão de pânico no rosto.

— Quasi, você está falando besteira agora. Aquela garota te ama! E vai gostar de qualquer coisa que você fizer para ela. – A voz sábia de Laverne o advertiu.

— Então... Você acha que é isso o que ela quer? – Ele falou agora olhando para a pequena caixinha que estava em suas mãos e continha o delicado anel que ele planejava dar a sua amada, Madellaine. Ele queria pedi-la em casamento. Já fazia quase um ano desde que eles se conheciam e ele não podia estar mais feliz por tê-la na sua vida. E o que ele mais queria era fazer dela sua esposa. No entanto, ele não podia deixar de se sentir ansioso. Havia tantas possibilidades do que poderia acontecer. Ele podia começar a gaguejar e acabar não falando nada direito. Ela até poderia lhe dizer que não estava preparada...

— Você precisa se arriscar rapaz... Lembra, quando você teve coragem de ir ao circo com a esperança de que você e ela pudessem estar juntos? Bem, aconteceu. Vocês estão namorando há quase um ano... Eu sei que ela está esperando que você faça o pedido... – Laverne continuou, ela queria a felicidade do garoto e sabia o quanto ele queria casar-se com a moça e ela lhe daria todo o apoio.

— Será? – Ele falou, seu tom esperançoso, mas foi Victor quem respondeu.

— Ora, mas é claro rapaz! E talvez você possa contar com uma ajudinha nossa para tornar o momento mais... Romântico. – Ele levantou as sobrancelhas sugestivamente. – Que tal uma música suave?

— Uma decoração mais romântica...  – Hugo se adiantou, lhe mostrando a cortina de pequenos cristais que Quase havia feito há uns meses. Ele sempre pensou em pendurá-la por todo o quarto, mas pensou que talvez ficasse muito brilhante e decidiu que só iria utilizá-la em alguma ocasião especial.

— E é claro, não poderia faltar... - Laverne lhe entregou a pequena estátua de madeira que o sineiro havia feito dele e de Madellaine, com ele estando ajoelhado frente a ela.

— Obrigado amigos... Eu só espero que ela goste. – Ele sorriu com gratidão para as gárgulas a sua frente.

— Ora, claro que ela vai... – Laverne começou, mas, parou ao ouvir a voz de Madellaine a medida que ela se aproximava.

— QUASI! – As gárgulas logo fugiram para se esconder, quando viram que ela havia voltado. Apesar de que ela já os tinha visto e sabiam da existência deles, eles nunca ousavam interromper os momentos que os dois tinham juntos. Eles sabiam que mereciam sua privacidade, ainda mais num momento como esse.

—Amor, eu cheguei! — O sineiro tentou esconder rapidamente a pequena estátua atrás de suas costas para impedir que ela a visse antes da hora. Madellaine veio se aproximando e assim que o viu abriu um enorme sorriso, enquanto ele reparava como o vestido vermelho que ela usava lhe servia perfeitamente, lhe dando uma aparência etérea. Ela era tão linda. — Quasi, estive te procurando para...

Ela parou de falar, mas se aproximou e lhe surpreendeu lhe dando um beijo. Não importava quantas vezes eles já haviam se beijado, o beijo dela sempre o emocionava de uma forma maravilhosa. Ele suspirou suavemente em sua boca, mas com a estatua em suas mãos, ele não pôde abraça-la e segura-la contra ele, que era o que ele mais queria fazer. Então ela se afastou um pouco dele, soltando uma risadinha fofa, suas bochechas rosadas.

— Quasi, eu estava na apresentação e ah foi tão legal, todos estavam aplaudindo, eu não me desequilibrei na corda nem uma vez... Mas, a apresentação acabou mais cedo, então eu pensei que podíamos... — Ela percebeu que ele parecia estar escondendo algo dela, já que ele estava propositadamente com as mãos atrás das costas.  Se ela pensasse bem, nesses últimos dias ele tinha andado tão misterioso. Ultimamente sempre que ele estava trabalhando, construindo as suas lindas peças de madeira, ele sempre as escondia. Ela só podia imaginar que ele estava planejando alguma coisa.

—Quasi, você está escondendo algo de mim?

—A-ah, não... Não eu... Quero dizer... Bem é que tem, tem algo que eu tenho que lhe mostrar, ou melhor, que eu quero lhe dizer, mas... – Ela o olhou preocupada, ele parecia realmente nervoso agora. – Bem... Eu prometo lhe contar mais tarde.

— Quanto mistério... — Ela pensou em lhe perguntar o que estava acontecendo, mas ele já havia lhe prometido que lhe contaria depois, ela sabia que não devia se preocupar. — Está bem. Eu ia mesmo lhe pedir para darmos uma volta. Poderíamos assistir ao pôr do sol daquela torre...

— Que bom! Isso... parece ótimo! Eu gostaria disso. – Ela sorriu para ele e segurou sua mão, que agora estava livre, já que ele havia escondido a estátua sob uma mesinha, e lhe puxou para a varanda. Quasimodo viu quando Hugo deixou de ser uma gárgula imóvel por um momento e sem que Madellaine lhe visse, lhe lançou uma piscadela.

Ele o olhou confuso, mas decidiu se concentrar em Madellaine, afinal eles tinham que se apressar se não quisessem perder o pôr do sol.

—Vamos, vamos lá! - Ela pulava ansiosamente esperando que ele a pegasse em seus braços. Ela era tão fofa em sua empolgação. Ele logo a puxou para perto de seu corpo, corando, enquanto ela envolvia os braços em torno de seu pescoço e seu sorriso não podia ser mais brilhante e mágico.

—Segure-se bem! – O corcunda falou alegremente enquanto se segurava na corda e pulava lançando-se para baixo, ouvindo a doce risada de Madellaine. Exatamente como no seu primeiro encontro. Rindo juntos eles correram até o ponto favorito dele em toda a Paris.

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Enquanto Madellaine andava de um lado para o outro, equilibrando-se na beira da sacada da torre, fazendo giros e movimentos suaves de uma verdadeira acrobata, Quasi estava pensando na melhor maneira de pedi-la em casamento. Ele queria que fosse um momento especial para ela. Ela merecia muito. Ele lhe daria qualquer coisa, faria qualquer coisa para vê-la feliz.

— Amor... — Ele se sacudiu de seus pensamentos e concentrou-se na bela garota em pé diante dele. – Você acha que poderíamos nos apresentar no festival daqui umas semanas?

Claro, o festival do amor estava chegando.

— Nos apresentar?

— É, tipo, e se dançássemos juntos na corda bamba? Ah, eu sei que seria incrível! Imagine só, nós dois flutuando no ar, enquanto os outros casais proclamam seu amor um pelo outro... — O sineiro sorriu, notando seu entusiasmo. Isso era realmente algo que ele gostaria de fazer.

Ele sorriu sonhadoramente, ouvindo sua voz enquanto ela suavemente lhe dizia sua ideia. Ela tinha tanta imaginação e ideias incríveis. Ela é maravilhosa.

— Eu adoraria isso. – Ela sorriu para ele.

Incrível como suas ideias e sonhos pareciam os mesmos. Incrível como eles podiam se entender tão facilmente.

— Querida, olhe aquilo... – Ela virou o seu olhar para o pôr do sol a frente deles. Era tão bonito. Não havia lugar melhor para se observar um espetáculo como esse.  O céu foi coberto por tons suaves de laranja, rosa e roxo e o brilho alaranjado do sol era algo avassalador. Ela assistiu tão fascinada que nem percebeu como havia se debruçado tanto para frente, foi quando percebeu que poderia cair. Cair para a morte. Ela soltou um grito assustado, pensando que era ali que morreria, quando sentiu os braços fortes de Quasimodo envolverem sua cintura e descê-la para a sacada em segurança. Ele afrouxou o aperto de sua cintura para poder ver seu rosto e perguntar se ela estava bem, mas antes que pudesse fazê-lo, ela o abraçou com força.

— Quasimodo, eu quase... — Ela sentiu a voz sumir, quando a percepção do que poderia ter acontecido lhe atingiu. Mas, agora que ela estava em seus braços não podia estar mais aliviada. — Você me salvou... — Ela sorriu contra o seu pescoço. — Que bom que eu tenho você...

— E você sempre terá... – Ela o encarou, a emoção superando completamente o medo.

— Sempre? – Ela perguntou, agora encantada com o brilho de seus olhos castanhos.

— Sempre.

Madellaine não pode deixar de recordar o momento que o vira interagir com o pequeno Zephyr. Os dois tinham uma amizade tão profunda e bonita. Na vez em que ela o viu cantando para o garotinho, e quando o embalou tão cuidadosamente para dormir, foi quando ela acreditou com todo o seu coração, no quanto o coração de Quasimodo era repleto de amor e gentileza. Tinha sido a mais genuína demonstração de afeto e carinho que ela havia presenciado em toda a sua vida.

Ela sorriu enquanto ele acariciava seu rosto e ela o puxou pela camisa para que pudessem se beijar. Ela nunca se cansava de seus beijos. Ele era tão cuidadoso e amoroso e até o mais casto beijo que ele lhe dava era capaz de despertar tantos desejos dentro dela. Ela aprofundou o beijo, saboreando o doce encontro de suas línguas. Seu coração se aqueceu e seu anseio por ele praticamente ameaçava consumi-la. Incrível o que ele é capaz de fazer comigo.

Já Quasimodo estava nas nuvens. Sempre que eles se beijavam parecia ser um sonho. Um sonho do qual ele desejava nunca poder acordar. Ele queria estar assim com ela para sempre, beija-la para sempre e... Estar com ela intimamente.  Ele não podia negar que estava totalmente atraído por ela. Ela era tão bonita... E não apenas por fora. Ela tinha um coração de ouro. E isso só fazia com que ele se sentisse cada dia mais atraído por ela. Era uma atração tão forte que até o assustava. Ele pensava tanto nela, sonhava tanto com ela, que até se sentia envergonhado. Se ela soubesse o quão desesperadamente ele ansiava por ela, talvez ela se assustasse e fosse embora, por isso ele sempre se esforçava para se manter calmo e controlasse suas emoções, apesar de que parecia impossível, realmente difícil; ainda mais quando ela o beijava assim.

Ele interrompeu o beijo assim que percebeu o quanto ele se intensificava rapidamente. Eles se entreolharam e sorriram envergonhados. Com as bochechas rosadas eles encostaram suas testas juntas enquanto olhavam com fascínio nos olhos um do outro.

— Isso foi bom... – Disse ele referente ao beijo e viu quando o rosto dela ficou ainda mais vermelho.

— Foi mesmo. – Sua voz era um deleite para seus ouvidos. Eles fecharam os olhos enquanto suspiravam e apenas desfrutavam da companhia um do outro.

— Madellaine... há algo que eu... Ahn... Eu preciso de contar, quer dizer te pedir... – ela o olhou com expectativa, ele parecia bastante nervoso, pelo jeito que agora e mexia suas mãos uma na outra sem parar. Ela sentiu que ele precisava lhe dizer algo, mas sentiu a ansiedade dele  e percebeu que seria melhor se estivessem em casa.

—Bom, então, vamos voltar a nossa casa e então você me conta. – Ele ficou surpreso ao ver como ela enfatizou ao chamar Notre Dame de sua casa. Apesar de ela estar morando lá desde que eles assumiram seu amor um pelo outro ainda o surpreendia que ela já considerasse o lugar como o seu lar. Ouvir aquilo aqueceu seu coração e lhe deu ainda mais esperança e confiança a lhe fazer o pedido.

Ele a abraçou e juntos eles riram como crianças e correram sobre os telhados das construções de Paris a caminho de sua casa.

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Ao chegarem já havia ficado escuro, mas Quasimodo pôde perceber que a entrada que continha na sacada estava coberta com uma grossa cortina, de  forma que ele não podia ver o seu interior do lugar. Ele não se lembrava de tê-la deixado assim. Mas quando ele a abriu se surpreendeu com o que viu diante de seus olhos. Agora ele entendia o que Hugo queria lhe dizer.

Então, foi isso que eles planejaram... Obrigada amigos!

—Quasi, o que...- Madellaine começou mas parou ao ver como o quarto estava. Seus olhos brilhavam e ela ficou instantaneamente emocionada ao ver tamanha beleza.

O quarto havia sido decorado com cortinas cheias de pequenas pedras reluzentes coloridas e no centro da sala havia uma pequena fogueira que ajudava a iluminar o local. O brilho atravessava as pedrinhas e tornava o quarto inteiro amenamente repleto de cores, um lugar ainda mais mágico do que ele já era. Ele nunca havia estado mais bonito. Ela limpou as lágrimas que ameaçavam escorrer pelo canto de seus olhos quando pensou que Quasimodo havia feito aquilo para ela.

—Quasimodo, isso é tão bonito! – ela falou com a voz embargada.

—Não tanto quanto você. – Ele falou olhando para ela com tamanha intensidade que ela pôde sentir o seu coração dar uma cambalhota no seu peito.

Ela às vezes, pensava que ele era apenas um sonho. Era difícil acreditar que havia alguém que pudesse ser tão bondoso, doce, gentil e carinhoso assim e que ele decidira estar ao seu lado. Ele era tão... Incrível.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e lhe lançou um sorriso envergonhado.

Foi quando ela notou próximo ao fogo uma pequena obra de arte e ela sabia, sem dúvida, que se tratava dos dois juntos. Ela se aproximou e segurou com extremo cuidado o delicado objeto em suas mãos.

— Oh Quasi, que coisa linda. – A pecinha retratava o pequeno corcunda ajoelhado diante dela, como se estivesse prestes a...

—Madellaine...- Ela se virou e viu que ele estava realmente de joelhos diante dela. E ele suavemente tomou a mão dela entre as suas, o movimento completamente gracioso.

— Madellaine, você... É a pessoa mais incrível e maravilhosa que eu já conheci. Eu amo tudo sobre você, amo como você é linda, amo quando sorri, quando ri, quando você compartilha suas ideias e sonhos comigo e quero que continue assim pelo resto de nossas vidas, quero passar cada dia da minha vida te amando e... Se eu tiver sorte, com você me amando também. – Nesse momento com ele lhe dizendo essas palavras, o olhar doce e inocente no rosto dele, ela não conseguiu se impedir de chorar. – Madellaine... O que estou tentando dizer é... É...

— Sim...? - Ela o olhou com expectativa, esperando que ele lhe pedisse, aquilo pelo qual ela tanto sonhava, tanto ansiava. Esse momento.

— Eu queria saber, s-se você me daria à honra de me aceitar como... Seu marido? – Ele mal teve tempo de terminar sua sentença antes que ela estivesse o abraçando com muito entusiasmo. Ele tombou para trás, mas segurou Madellaine sobre seu corpo para impedir que ela se machucasse.

— Você não sabe há quanto tempo tenho esperado por esse momento Quasimodo! – Ela disse enquanto despejava suaves beijos por todo o seu rosto.

— Então... Quer dizer que você quer...?

— Oh, Quasi... É claro que quero me casar com você!  É tudo o que mais quero.  – ele a abraçou fortemente. Ele estava tão feliz, mal podia acreditar que ela havia dito ‘sim’.

Eles se deitaram juntos, lado a lado, frente um para o outro, admirando os olhos um do outro. Quasimodo lhe colocou o delicado anel de prata no dedo dela e ficou admirado ao perceber como ele se encaixava perfeitamente.

Já Madellaine, estava tão feliz que iria realmente se casar com o homem mais maravilhoso que ela já conhecera. Ele fez tanto por ela e agora ela só queria retribuir. Tão logo ela começou a cantar, uma canção que ela havia escrito para ele, pensando apenas nele...

Eu estava perdida, mas agora eu encontrei
A felicidade dele rodeia
E agora eu acho que meus sonhos podem se tornar realidade

Porque eu vou te amar pelo resto da minha vida
,estou te mantendo seguro aqui neste meu coração
Não posso viver sem você porque minha alma morrerá
Você sabe que estou dizendo a verdade, passarei o resto da minha vida amando você

o resto da minha vida amor, te amando...

— Sua voz é tão linda... – Ele sussurrou com admiração.

— Não tanto quanto a sua. – Ela lhe disse, um toque atrevido em sua voz e ele corou.

— E eu também te amo, minha doce Madellaine... Para todo o sempre. 

Aquelas palavras... Era algo que ela sabia que nunca se cansaria de ouvir.

— Por favor, diga de novo... - Ela lhe pediu, sua voz sonhadora.

— Eu te amo Madellaine, para todo o sempre.

— Oh, Quasi... Eu também te amo... – Eles se beijaram e permaneceram juntos, abraçados a noite inteira, seus pensamentos repletos de sonhos e planos para o futuro...

Neste momento, eles não podiam se considerar mais abençoados com a certeza de que o amor que os envolvia era tão forte e que seria capaz de uni-los pela eternidade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado amores! ♥ A música citada é I'm gonna love you, uma música de amor de Maddy para Quasi.



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