Eu estava completamente perdida. Poderia dizer com todas as letras que Tracy tinha me olhado de maneira diferente, ainda que minha razão continuasse insistindo que tudo não passara de imaginação de minha parte, uma pequena pontada em meu interior se agarrava à hipótese que ter sido real. 

Eu me sentia terrível a cada instante que pensava naquilo. Era como se toda gota de emoção dentro de meu interior se agarrasse em algo que eu sabia ser proibido, mas sentia um certo gosto por esse mesmo motivo. O errado estava começando a me influenciar. 

Olhar para a princesa de Savian da mesa de jantar era ainda mais instigante. Meu coração tinha instantes de pausas e a respiração saía do meu controle ainda mais fácil do que meus batimentos. Em um momento, me peguei observando os lábios avermelhados de Tracy, enquanto ela conversava com seu pai sobre algum assunto quel não pude ouvir. Meus ouvidos estavam em sintonia com a desordem dentro de mim. Posso jurar que seu sorriso malicioso dado em um exato momento de sua conversa, havia sido para mim. Também tive a impressão de tê-la visto molhar a boca, mordendo a inferior logo em seguida. Outra vez tive reações dentro de mim que quase me fizeram correr daquele ambiente para respirar um pouco.

Contudo, eu tinha que ser firme. Eu não poderia deixar que aqueles sentimentos me dominassem naquela proporção. Mesmo que estivesse quase em chamas por dentro. 

— Ti, você está bem? Parece pálida. — disse Alyssa ao meu lado, lembrando-me de respirar novamente. 

— Sim, só um pouco cansada. — Tentei dar um sorriso, mas o ar tentando se estabilizar em mim não me permitiu fazer algo tão grande. 

— Oh! Pode ir descansar, querida. Hoje não pretendemos estender muito a noite — a rainha me confortou. 

Olhei em direção a princesa novamente, como se ela tivesse puxado minha face para si. Seus olhos expressivos tinham um ar de questionamento e desconforto que me fizeram recuar. 

— Acho melhor ir, então — falei por fim.

— Vou acompanhá-la. — Antes que Alyssa pudesse terminar de limpar os lábios com o guardanapo, eu segurei seu pulso e neguei com a cabeça. Seria um bom momento para ficar só e colocar os pensamentos no lugar. 

Ela franziu as sobrancelhas por uns instantes, mas meus olhos lhe passaram o conforto necessário para que entendesse minha vontade. Levantei-me da mesa para poder reverenciar a família real e seguir para a saída dali. 

Por mais que estivesse no palácio há alguns dias, ainda não conhecia muitos caminhos por ali, mas precisava tomar um pouco de ar, então tratei de seguir as marcas que já conhecia até uma porta que desse para o lado de fora. 

Encontrei uma das sacadas abertas onde consegui colocar o rosto para respirar todo o ar puro da noite enquanto tentava relaxar os músculos por completo. 

— Você precisa se controlar, Tianne. Não pode se deixar abater dessa forma — disse a mim mesma para que meu raciocínio pudesse trabalhar.

— O que está lhe afetando dessa forma? — Senti um arrepio percorrer cada fio de meus cabelos com aquela voz. O ar havia fugido novamente de mim e me deixado completamente à mercê daquela que estava em minhas costas. Seus dedos tocaram meus ombros, trazendo uma paralisia para meu corpo que me permitiu apenas suspirar. — Ti?

Não pude falar naquele instante e também não queria olhá-la. Eu sabia que meu interior iria imaginar mais de mil coisas enquanto a visse falar ou se expressar de alguma forma para me afundar ainda mais naquele desejo. 

Com minha falta de fala, senti seus dedos se aprofundarem um pouco mais em meus ombros. Foi o que me reanimou os sentidos para me afastar daquele contato. 

— Não faça isso. — As palavras saíram fracas de mim, precisei pigarrear para ter minha voz estabilizada. — Tracy, não se aproxime mais de mim. Por favor.

Eu a vi franzir as sobrancelhas por pequenos segundos, tentei partir durante seu processo de aceitação das minhas palavras. No entanto, sua mão se agarrou ao meu pulso, me puxando para o pilar próximo as cortinas. 

Senti meu corpo ser pressionado contra a parede fria e vi seu rosto tão próximo ao meu que consegui sentir o calor de sua respiração.

— O que está acontecendo? — questionou ela. 

Meus olhos se cravaram em seus lábios por puro instinto enquanto minha respiração se mantinha acelerada. Os olhos de Tracy percorreram cada centímetro de minha face, desde meu queixo até meus olhos, onde pareceu que tentavam se manter. 

— Comigo — continuou ela a dizer, fazendo minha expressão se tornar confusa. — Não me peça mais isso. 

Suas palavras saíram de forma ameaçadora ou sedutora, eu não conseguia definir. Outra vez estava me enfiando em um mar de ilusões e tinha certeza que tudo aquilo não passava disso. Imaginação minha. 

Tracy apenas se foi após me pedir aquilo, sem dizer a razão ou o que estava acontecendo com ela, e eu sabia que teria mais uma linha de loucura em minha história para me torturar sem poder dizer a outra pessoa.  

~x~

As semanas se passaram com aquelas palavras tentando me derrubar de alguma maneira. Eu não conseguia sair da ilusão. A princesa estava passando a pertencer aos meus melhores pensamentos e aos piores também.

Foram organizados encontros comigo e meu futuro marido, mas durante cada partida de xadrez, chá da tarde ou cavalgada, eu imaginava Tracy em seu lugar. Acredito que minha distração tenha incomodado Derek, pois em algumas vezes pude notá-lo tão desconfortável quanto eu, e era claro que seu motivo seria sua noiva completamente perdida em devaneios que ele mesmo não conseguia descobrir. 

Alyssa parecia também estar se irritando com minhas atitudes, pois a cada instante que me perdia em nossas conversas, ela decidia terminar seu trabalho em outro lugar. Não posso dizer que os culpo por me deixarem a sós comigo mesma em certos momentos, eu também o teria feito se me ignorassem. Mas aquilo estava acontecendo de uma maneira que eu já não conseguia me conter. Se tornara natural. 

Tentei brigar com meu interior para se controlar ao menos perto da rainha Selyne em dias que ela resolvia tirar para passear comigo ou apenas falar das decorações lindas que haviam se passado por sua mente. Só que eu sempre acabava substituindo qualquer imagem de marido que ela mencionasse por uma Tracy.

Eu iria enlouquecer…

~x~

O castelo amanheceu agitado. Haviam burburinhos por todas as partes e pessoas ocupadas demais com algo que realmente parecia assustá-las. 

Os olhos de preocupação estampados em cada rosto me deixou aflita, talvez o assunto não fosse de minha conta. Ainda assim, a curiosidade falava mais alto do que a sensatez de manter distância dos assuntos que movimentavam aquele lugar.

Alyssa havia levantado mais cedo, sua cama estava vazia quando visitei seu quarto anexo ao meu, e provavelmente já deveria estar a par do acontecido. No entanto, nos últimos dias ela estava ainda mais atarefada do que de costume com tantas correrias para o casamento e por isso tínhamos pouco tempo para conversar. 

Desde nosso passeio explorando os corredores do castelo não havíamos tido tempo, pois ela passara a se levantar com o sol por querer adiantar seu trabalho e eu não queria atrapalhá-la. 

Mesmo que sentisse ainda haver algo estranho entre nós, eu não poderia forçar minha amiga a me fazer companhia. Até porque eu estava tentando esconder os sentimentos crescendo em mim por minha cunhada e precisava trabalhar bem isso antes que alguém ou até ela mesma percebesse. O que Alyssa pensaria de mim?

Respirei fundo quando cheguei às portas do salão de jantar. A família real de Savian já deveriam estar em meu aguardo e Tracy com toda certeza deveria estar concentrada em seu café. Encará-la logo pela manhã era uma tarefa e tanto, principalmente perto de seus familiares.

Considerando também que desde aquele olhar direcionado a mim no treinamento entre ela e seu irmão, ela passou a me encarar de uma maneira questionável. Sempre parecendo estar perdida em diversas questões em seus pensamentos. Talvez pensando que eu possa ter enlouquecido de verdade, pois até eu mesma já estava acreditando nessa possibilidade. Afinal, seus olhos nem deveriam realmente estar centrados em mim. 

Como meu lugar era bem em frente a ela, devia ser apenas seu ponto de concentração. Aqueles lugares que encaramos sem olhar de fato durante nossos mil devaneios. 

O guarda abriu as portas para que eu pudesse entrar no salão e, para minha surpresa, ele estava vazio naquela manhã. Apenas alguns funcionários poliam a enorme mesa enquanto duas moças conversavam próximas à saída. 

— Está tudo bem? — perguntei às duas. 

— Alteza! — Ambas me cumprimentaram com suas reverências e uma tomou as palavras a seguir. — Não sabemos exatamente o que ocorreu. Nessa madrugada o rei recebeu uma visita inusitada e desesperada, desde então todos estão agitados e não vieram tomar café. 

— Estranho, ninguém me avisou. — Falei e as duas se entreolharam.

— Jurávamos que todos estavam cientes — disse a outra, que até então se manteve calada. — Mas venha, vamos servir seu café.

— Não se preocupem, eu vou procurar alguém para saber o que aconteceu. Se possível, poderiam levar o café para o meu quarto? — perguntei, e ambas assentiram

Me retirei do salão para ir em busca de respostas. Era estranho que todos estivessem fora da refeição, tendo em vista que era de suma importância aos reis que estivéssemos reunidos naqueles momentos. Eu precisava saber o que havia ocorrido para todos sumirem.

Caminhei pelos corredores do palácio por um bom tempo em busca de algo, e sempre que perguntava a algum dos criados pelo caminho, eles me olhavam de maneira assustada. Suas respostas eram rápidas, porém em seus olhos era claro que sabiam de coisas que não poderiam dizer.

Permaneci nas buscas de resposta pelo castelo. Algumas das pessoas questionadas sobre o desaparecimento de meus anfitriões tentavam desconversar e me fazer procurar outra coisa para fazer. Obviamente aquilo só atiçou ainda mais meu interesse no assunto, havia algo muito suspeito no ar. Algo que me deixava ainda mais preocupada a cada instante. 

— Não se preocupe comigo, eu ficarei bem.

Em um momento ouvi a voz de Alyssa e apurei meus ouvidos para saber de onde vinha. A vi no final do corredor conversando com alguém do qual não pude ter certeza de quem poderia ser, pois a pessoa estava na curva do corredor. Eu pude entender que se tratava de um rapaz pela sua silhueta e ainda que ela estivesse ocupada com alguém, eu estava preocupada e queria saber se ela tinha notícias da eventualidade que acontecia no castelo.

— Alyssa! — chamei-a erguendo a mão para poder acenar. 

Os olhos de minha amiga se arregalaram ao me ver caminhar em sua direção e a sombra que conversava com ela antes tratou de correr para o lado oposto de mim antes mesmo que eu chegasse perto para poder ver quem era. Alyssa veio até mim para me impedir de vê-lo também e a reação dela me fez franzir as sobrancelhas, pois nunca havia ocorrido antes. 

— Está tudo bem? — questionei-a quando nos aproximamos.

— Ah! Sim, claro. — Sua forma falha de falar me deixou ainda mais curiosa.

— Com quem estava falando? Parecia um rapaz.

Ela olhou para trás por pequenos segundos e retornou a mim ainda tentando formular uma frase. 

— Era… — Mais uma pausa de instante e ela respirou profundamente. — Um amigo.

— Amigo? 

— Sim… é… Noah, um dos ajudantes na cozinha — disse por fim. Ela estendeu seus braços para segurar o meu com firmeza e me arrastar para longe da direção por onde seu amigo havia fugido. 

— Por que ele correu? Eu adoraria conhecê-lo — tornei a questionar.

— Talvez ele seja tímido com a nobreza, não vamos mais falar dele. Você está bem? Tomou seu café?

— Não, na verdade não tinha ninguém no salão e todos estão estranhos nesse castelo. Tento descobrir o que aconteceu, mas parecem que querem esconder algo de mim. 

— Oh! Era disso que ele estava falando então — ela pareceu dizer aquilo para si mesma, no entanto nossa aproximação me deu liberdade para poder ouvir.

—  Noah? 

— Quem? — Ela me olhou tentando encontrar aquele nome em sua mente e novamente franzi a sobrancelha.

— Seu amigo — concluí, fazendo os olhos dela terem de volta a imagem da pessoa citada. 

— Ah! Sim! Isso. — Ela apertou os passos para poder seguirmos ao meu quarto enquanto inclinava a cabeça com sutileza para sussurrar. — Parece que uma das vilas que repõe os suprimentos do castelo foi atacada noite passada e tudo indica terem sidos baderneiros os culpados, porém não foram encontrados.

— Mas o castelo tem tantos outros locais que lhe fornecem isso, não? — questionei novamente.

— Até onde sei, reinos como o nosso. Mas essa vila estava muito próxima de um deles. Poderia ser um aviso de rebelião, talvez? 

— Acho que você está passando tempo demais na cozinha, esse reino é imenso! Quem teria coragem de atacar um lugar como esse? 

Alyssa deu de ombros agitando seus cabelos vermelhos como se soubesse algo mais. Realmente era estranho todos do castelo terem sumido do café pelo ataque a uma vila pequena, ou estavam apenas tentando se prevenir de mais algum que pudesse vir a acontecer. 

— Enfim, vamos tomar café, estou morta de fome — disse ela. Naquele instante, ela parecia ainda mais relaxada do que antes, e até segurou em seus ombros para me levar pelos corredores até minha mesa de café que já deveria estar montada em meu quarto.

A sensação de que Alyssa estava escondendo algo de mim se tornava cada vez maior, e isso me fez questionar se não havia sido eu mesma quem a afastou tanto. Afinal, meus sentimentos por Tracy acabavam atrapalhando todos os meus sentidos e os devaneios sobre seus olhares que andei tendo nos últimos dias acabaram se tornando um meio de me fechar para tudo. Talvez Alyssa tivesse se sentindo excluída de meus segredos e por isso achou melhor ir atrás de seus próprios, o que me deixava ainda mais triste comigo mesma.

O que eu havia suprido por Tracy estava se tornando cada vez mais uma pedra em meu caminho e até mesmo me faziam esquecer de meus compromissos como amiga, nora e noiva. Como eu poderia sair daquele labirinto?

~x~

Após o café da manhã, Alyssa tratou de continuar seu trabalho em meu vestido. Há dias ela estava tentando deixá-lo de uma forma perfeita que apenas ela conseguia imaginar. Seus olhos sempre brilhavam quando ela me explicava o modelo e como ele ficaria bem com o caimento e corpete certo, era como se ela descrevesse o vestido de seus próprios sonhos. 

Tentei imaginar como seria o rapaz com quem ela estava falando antes, o tal de Noah. Parecia que eles tinham uma boa amizade, pois se bem me lembrava das palavras de minha amiga para ele eram para tranquilizá-lo. Se ele estava tão preocupado era porque gostava muito de minha amiga, talvez até demais e me ocorreu que era porque não queria que eu soubesse disso. E se Alyssa estivesse se apaixonando pelo ajudante de cozinha? Isso explicaria muita coisa, pois nos últimos dias ela estava distraída. Seu desespero para que eu não o visse poderia ser por medo do julgamento, mesmo que ela soubesse que eu jamais faria algo do gênero. Eu apoiaria qualquer coisa que ela precisasse, mas sua família não aprovaria, com toda certeza. 

Observei Alyssa ainda trabalhando nas rendas do vestido de maneira sonhadora e em um momento até a vi pular da cadeira por furar o próprio dedo com a agulha, então finalmente entendi.

— Alyssa! — bradei erguendo-me da cama fazendo-a se assustar. — Você gosta dele!

Os olhos dela se tornaram ainda maiores do que antes e pareceu que seu coração parou de bater por alguns instantes.

— Que? — Fora tudo o que ela conseguiu dizer.

— Noah! — disse novamente com um largo sorriso no rosto e mais uma vez ela franziu a sobrancelha como havia no corredor. — O rapaz com quem estava falando. O ajudante! Você está gostando dele!

— Meu Deus Ti, não. — Ela finalmente conseguiu respirar parecendo mais aliviada. — Eu converso com todos da mesma maneira, são pessoas gentis e nada mais do que isso.

— Então porque todo aquele suspense? Você está tão distraída e eu vou ficar maluca se não souber de algo!

Ela largou o vestido no canto da poltrona e se levantou para caminhar em minha direção de maneira paciente. Suas mãos estenderam em minha direção para que eu as segurasse e ela sentou-se ao meu lado. 

— Não está acontecendo nada, só estou longe de casa e sinto falta de minha família. Não quero que se incomode com essas coisas, pois sei que também sente falta da sua — explicou-me da forma mais gentil que poderia. — Então é apenas isso. Me perdoe se essa distração atrapalhou nossa rotina, vou me atentar mais para não ocorrer.

— Não quero que se preocupe tanto assim e nem que afogue sua cabeça, você pode sim me contar tudo o que estiver acontecendo e principalmente se estiver apaixonada por alguém.

Ela entristeceu seus olhos por um segundo e mordeu o lábio inferior levemente. Em seguida, balançou a cabeça para afastar qualquer pensamento e sorriu abertamente. 

— Muito obrigada! Mas não estou interessada em alguém por hora — finalizou ela. 

— Desculpe-me pelo escândalo então. Eu realmente pensei que você estava vivendo um romance proibido — falei de maneira divertida, e ela engasgou antes de rir também. — Mas se estiver quero que me conte. 

Ela apenas assentiu, sorrindo com seu jeito doce. Alyssa voltou ao seu lugar para continuar trabalhando no vestido enquanto eu me sentia péssima por ter formado uma história de amor em meus pensamentos. Talvez eu tenha lido romances proibidos demais durante nossa viagem até o palácio e acabei trazendo para a realidade um pouco daquilo. 

Voltei a observar Alyssa parecendo ainda mais concentrada em sua costura do que estava antes e acordei meus sentidos para a realidade. Quem estava passando por algo proibido ali era apenas eu, e isso estava me levando a devaneios profundos e me fazendo imaginar coisas até vindas de outras pessoas como minha melhor amiga. 

Eu tinha que me concentrar mais em meu noivado com Derek e parar de me afundar tanto naquelas imagens distorcidas que estive colocando em meus pensamentos e sonhos. 

Poderia tentar entender melhor sobre a travessura dos baderneiros para distrair minha mente, mesmo que não fosse entender de todo assunto, seria apenas algo para me distrair. Também estar mais presente nos preparativos do casamento junto com a rainha ou até mesmo ajudar minha amiga com o vestido que realmente estava ficando incrível! Qualquer coisa que me tirasse daquele mundo de histórias e teorias malucas.