A Curva Do Tempo escrita por Cloto


Capítulo 1
E Onde Está O Meu Final Feliz?


Notas iniciais do capítulo

Elenco:

Elizabeth Gillies e Angelina Jolie como Nathalie Benneth

Ashley Benson e Michelle Pfeiffer como Julie Kyle

Jéssica Sula e Tisha Campbell como Veronica Madino

Alex Pettyfer e Joseph Morgan como Anthony Daniels

Matthew Daddario e David Gandy como Simon Forbes



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Ponto de Vista de Nathalie Benneth

"É assim que você me deixou

Eu não estou fingindo

Nenhuma esperança, nenhum amor, nenhuma glória

Nenhum final feliz

Esta é a maneira que nós amamos

Como se fosse para sempre

Então vivemos o resto de nossas vidas

Mas não juntos

Acordo de manhã,

Tropeço em minha vida

Não consigo nenhum amor sem sacrifício

Se alguma coisa deve acontecer

Eu suponho que lhe desejo bem

Mmm um pequeno pedaço do céu

Mas um pequeno pedaço do inferno

Esta é a história mais difícil

Que eu já contei

Nenhuma esperança, ou amor, ou gloria

Finais felizes se foram para sempre

Eu sinto como se estivesse desperdiçando

E eu desperdiço todo dia"

 

E então, com o acordo feito, eu suspiro para o meu advogado, que assente e me dá uma caneta. Sem nenhuma palavra a Anthony Daniels, Meu ex-marido, assino o acordo do divórcio e lhe dou as costas.

Enquanto ando pelo tribunal reflito que agora não sou mais Nathalie Daniels, nome que tolamente fazia questão de ostentar com orgulho.

Nathalie Daniels, a bela esposa.

Nathalie Daniels, a mulher do juiz.

Nathalie Daniels, a perfeita dama.

Nathalie Benneth, casada com Anthony Daniels e traída por ele.

Nada disso agora é meu.

Agora sou Nathalie Benneth. E quem é Nathalie Benneth?

Nada. Ninguém. E a culpa não é de Anthony, não é de Julie, não é do casamento.

Não é da sociedade que sempre me cobrou ser perfeita.

Não é do marido exigente, que reclamava da comida que nunca era boa o suficiente, da roupa que eu vestia, sempre muita curta e reveladora na opinião dele, da roupa que ele vestia, nunca engomadas do jeito que queria, das mil e uma falhas que eu tinha ao atender seus amigos chatos e enfadonhos da alta sociedade em nossa casa (por mais que eles dissessem que eu era perfeita Anthony sempre achava algo para reclamar) que insistiam em me assediar quando ele não estava olhando.

Ah não, a culpa não era dele.

Assim como não era culpa de Julie Kyle, futura Julie Daniels, uma das minhas melhores amigas, sempre em minha casa, sempre bem recebida, sempre tratada como a irmã que nunca tive, que sempre dizia que eu precisava me esforçar mais para agradar ao meu marido.

A culpa é minha.

Por que eu acreditei neles. Eu ouvi cada palavra e pus fé em tudo o que ele dizia, em tudo o que ela dizia, em tudo o que a sociedade dizia.

Vivi para agradar aos outros. Para ser a boa filha, a boa esposa, a boa amiga. Só não fui a boa mãe por que Anthony não queria filhos.

E eu precisei passar tudo isso para acordar.

Percebi que não, seu marido não vai dar valor a tudo o que você faz por ele. Não, sua amiga que vive enfiada na sua casa não será sempre legal com você.

E a sociedade que te cobra é a mesma que ri de você por você ter sido trocada por outra, e que te aponta o dedo na rua para te chamar de "corna" ou "chifruda".

Saí do fórum. Anthony estava do lado de fora, feliz. Beijando Julie. A olhando com paixão, com admiração.

Eu entendo. Ela é advogada, quer ser promotora, eles têm muito em comum.

E como ele poderia me olhar com essa admiração?

Se a garota que ele se apaixonou, Nathalie Benneth, desapareceu? 

Se ela era apenas Nathalie Daniels, a esposa?

Passei por eles. Os dois não me notaram, entretidos demais olhando um para o outro para notar ao redor.

Ainda mais para notar algo tão sem importância como eu, a mera ex-esposa e ex-amiga.

Caminhei com letargia para o meu antigo colégio. Sim, eu continuei na mesma cidade onde sempre vivi.

E agora era reunião de ex-alunos, turma de 1990.

Me lembrei de quando conheci o Anthony nesse mesmo lugar.

De todas as promessas de felicidade. De como eu achei que era para sempre, como nos filmes de princesa.

A Disney me enganou! Me fez acreditar em Príncipe Encantado e Finais Felizes!

Que mentira!

A gente engorda, perde cabelo, tem pés de galinha e varizes! 

O príncipe senta a bunda no sofá pra ver um jogo de futebol e exige que você vá pegar a porcaria da cerveja e dar na mão dele.

O príncipe não quer estragar suas mãozinhas delicadas lavando louça, varrendo casa, enxaguando o banheiro. Ou, Deus que o livre, encostando a barriguinha de chopp no fogão para fazer a própria comida.

Se o príncipe sair pra ir beber com seus amigos no bar vai querer voltar em encontrar seu castelo limpo e seu banquete quentinho na mesa.

Dane-se que a princesa sinta sono, fome ou cansaço. Dane-se que as unhas quebrem e as mãos fiquem vermelhas de tanto mexer com cloro e desinfetante.

Como ousa ficar exausta? Como ousa não ter tempo para se arrumar, ficar cheirosa, com unhas perfeitas e cabelo bonito?

Mas estou farta disso.

Sentei numa cadeira.

— Que desânimo. -comentou uma voz grave e profunda.

—Simon? Simon Forbes?

— Não acredito que me reconheça! E que saiba meu nome!

— Claro que reconheço! Você não é o editor número 1 doe best-sellers atualmente?

Ele deu uma pequena risada.

— Nada mal para o garoto da água não é?

Eu sorri. Sempre quis escrever um livro. Mas nunca tinha tempo entre os intermináveis compromissos de ser a Senhora Daniels, e Anthony sempre dizia que tínhamos dinheiro o suficiente por nós dois.

Sim. Sou burra.

E me pego pensando, e o meu livro? Será que faria sucesso? As páginas amareladas guardadas no fundo do meu guarda-roupa teriam valor algum dia?

—O que está deixando essa carinha linda com essa ruga de tristeza?

— Tudo. Meu marido me trocou por minha amiga só pra começar.

— Veronica?- ele disse surpreso.

— Julie.

Ele não pareceu supreso. Tradução, ele sabia que ela era uma vaca e eu não. E eu a conheço a 30 anos.

— E eu perdi três décadas fazendo de tudo pra agradar um cretino e uma vaca. Claro, fiquei com metade de tudo que ajudei ele a construir. Mas a questão é que eu ajudei ele a construir. Não fiz nada para mim ou por mim.

— Ainda não é tarde.

— Também não é cedo. Eu queria tanto voltar no passado e me impedir de jogar tudo pro alto por ele! Queria ter escolhido tudo por mim, feito tudo o que podia por mim! Por que ninguém é grato quando você faz pela outros.

— Eu entendo.

—Entende?

—Todo mundo tem um arrependimento. Se eu pudesse voltar atrás teria, por exemplo, me declarado para a menina mais bonita do colégio, mesmo sabendo que ela me rejeitaria. Mas ao menos não me perguntaria o que teria acontecido se eu tivesse mais coragem.

Eu concordei, e bebi mais um pouco.

Como eu queria fazer diferente! Como eu queria voltar a 30 anos atrás e mudar minha vida! Me impedido de me doar para um canalha e uma amiga falsiane! 

Como eu queria...

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Ouço o despertador tocar de forma irritante.

—Nathalie Elizabeth Benneth, acorda dessa cama agora!

Mamãe? Não é possível, ela morreu a 5 anos!

— Mãe?

— Não Nathy, é o papa! Anda logo, vai se atrasar pro seu primeiro dia de aula!

Me levantei depressa.

O calendário da minha cama estava circulado em 5 de fevereiro. O calendário era... de 1990?

Como?

Olhei para o espelho assombrada.

Não é possível! Não posso estar no meu corpo de 17 anos!


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