Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 5
Todos os medos injustificáveis do mundo


Notas iniciais do capítulo

VOLTEEEEEI
Eu sei que ninguém vai acreditar nas minhas desculpas esfarrapadas então eu nem vou tentar
Mais alguém surtando na quarentena? Porque eu tô
Além de estar com a minha digníssima família, ainda estou DOIDA porque tecnicamente deveria me formar esse ano mas não vai rolar, e estamos passando por uma PANDEMIA GLOBAL com PESSOAS MORRENDO e isso é muito assustador
Espero que esse capítulo possa confortar o coraçãozinho de vocês. Vou me esforçar para escrever o quanto puder, para me distrair e evitar pensar em toda essa situação.
Obrigada a todos, e aproveitem ♥
AH FALTA MAIS UM E TALVEZ UM EPÍLOGO HEHEHE



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0|5

Todos os medos injustificáveis (ou sim) do mundo

Hinata estava certa de que ninguém conseguiria tirar aquela ideia absurda de jantar. Naruto parecia muito animado com a possibilidade, e, caso ela demonstrasse resistência – quer dizer, mais do que já tinha demonstrado na última meia hora – provavelmente ele a levaria a força.

— E-Eu gostaria de reforçar que não precisa me levar para jantar. Sério, eu estou bem. – ela estava realmente com fome, mas não era como se fosse conseguir comer qualquer coisa com ninguém menos que Naruto Uzumaki pagando a conta.

— Você ainda não cansou? – seu tom era divertido.

Depois de tirar mais algumas dúvidas, as quais Hinata tentou responder da melhor maneira possível, uma vez que seu cérebro tinha derretido, o garoto insistiu que fossem comer alguma coisa. Ela tinha mencionado que era comer alguma coisa juntos?

Naruto trocou de roupa – despreocupadamente tirou a camisa na frente de Hinata, fazendo com que ela gritasse, virasse para a cama muito rápido e tampasse os olhos, tudo no mesmo segundo – e substituiu a velha camisa do uniforme por uma camiseta despojada que combinava com a cor de seus olhos. Droga, Hinata.

— Já ligou para seus pais? Não quero que eles se preocupem. Eu te deixo em casa antes das dez. – perguntou. Hinata reprimiu um gemido lamurioso, puxando o celular e mandando uma mensagem para sua mãe.

Ela não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Quais eram as chances?

Naruto Uzumaki estava praticando a obrigando a jantar com ele.

Enquanto reunia sua mochila e agradecia aos céus por ter escolhido uma roupa um pouco melhor do que o habitual, Hinata tentava se convencer de que Naruto só estava agradecido pelas aulas e queria ser gentil. Na pior das hipóteses, estava com pena. Na melhor, estava entediado.

— Pronta? – perguntou, segurando a porta aberta com as chaves de seu carro caro e um sorriso de quem havia ganho na loteria.

Hinata não entendia por que Naruto estava fazendo todas aquelas coisas. Seria gratidão? Ela provavelmente o ajudaria de qualquer maneira, com ou sem baile – pensaria em várias desculpas esfarrapadas para furar e acabaria se sentindo culpada por isso mais tarde.

De qualquer maneira, estava acompanhando Naruto Uzumaki escadaria abaixo, elogiando a decoração mentalmente enquanto procurava desesperadamente se distrair da presença avassaladora para não tropeçar e quebrar o tornozelo acidentalmente – infelizmente, poderia acontecer.

— Seus pais não chegaram ainda? – perguntou timidamente, curiosa demais para conseguir se segurar.

— Ah, não. Avisei que ia trazer uma garota hoje e eles quiserem me dar privacidade. – se virou com uma careta que parecia se desculpar pela inconveniência.

Hinata paralisou, dividida entre erguer uma sobrancelha e desfalecer completamente na sala de estar. Ele só podia estar brincando. Seu coração estava batendo muito rápido agora, e tinha certeza que seu rosto estava tão vermelho quanto possível.

Naruto continuou segurando a porta da frente com o tipo de sorriso que faria qualquer garota se derreter e considerar dizer sim para qualquer proposta indecente e potencialmente perigosa – e, olha que engraçado, era justamente nessa situação que Hinata se encontrava.

— Vamos? Estou faminto. – indicou com a cabeça e Hinata respirou fundo antes de arriscar dar um passo que fosse.

Passou com a cabeça baixa, envergonhada, mas pode sentir o olhar fixo em sua nuca, causando arrepios em todo seu corpo. Era inebriante, mas a deixava fora de controle.

Parou do lado do carro, procurando não olhar dentro dos olhos de Naruto, ou então não seria capaz de manter o resto de sanidade que ainda restava. Esperou que ele abrisse a porta e a ajudasse a entrar, de maneira humilhante, diga-se de passagem.

O clima dentro do veículo não era dos melhores. Hinata sentia-se sufocada pelo cheiro do perfume masculino, e suas mãos tremiam apenas de imaginar que Naruto estava há poucos centímetros dela, dono de uma presença dominante e irreprimível. Ela jamais imaginou sentir-se dessa maneira por algum garoto, mas, em seus instintos mais profundos e incontroláveis, ela daria tudo para entrelaçar suas mãos, acariciar seu cabelo e afundar o nariz na curvatura de seu pescoço.

Estou ficando louca.

— Hinata? – a voz rouca a tirou de seus devaneios, e, assustada, ela pulou, virando-se para ele.

— P-Perdão, o que disse? – questionou, um pouco ofegante. Ele a encarou de forma engraçada, mas não riu.

— Perguntei se tem alguma preferência para jantar? – homens dirigindo eram sexy, e Hinata sabia disso agora.

— Não, fica a... fica a vontade. – perdeu o raciocínio entre uma frase e outra, corando de vergonha e desviando para a janela.

Do reflexo do vidro fumê, ela ainda podia ver quando ele a fitava. As safiras brilhantes refletiam de maneira curiosa e turva, mas já eram o suficiente para Hinata questionar a própria existência. As coisas estavam acontecendo muito rapidamente.

No início da semana, era apenas mais uma garota reclamando do dia dos namorados. Agora, naquele momento, estava no carro do cara mais popular, mais lindo, mais engraçado e mais talentoso de todo o colégio. Por algum motivo, ele a estava levando para jantar, depois de passarem uma tarde estudando literatura.

Hinata não queria ceder. Havia uma parte de si, uma voz em sua mente, que dizia que ela já tinha visto aquele filme antes. Tantas possibilidades a serem consideradas – uma aposta entre amigos, uma pegadinha, um passatempo, uma distração. Se sua vida não tinha como ter as partes boas dos clichês dos livros, certamente poderia ter as ruins.

Se entregar significava ficar vulnerável. Ela não sabia o que poderia acontecer, e não queria se machucar.

Naruto não disse nada enquanto dirigia, pegando o segundo retorno para uma das partes do centro comercial. O rádio estava ligado em uma estação qualquer, e, em determinado momento, ela começou a cantarolar uma música que conhecia. Não tinha percebido até que o garoto comentou, com um tom estranhamente admirado:

— Eu também adoro essa música. Sua voz é linda. – o elogio parecia tão despropositado que Hinata sentiu vontade de enfiar a cabeça entre os bancos e se esconder para sempre, com vergonha.

— O-Obrigada, eu acho. – murmurou. Apesar de terem passado um tempo considerável juntos, sua timidez ainda falava mais forte. Ela ficava encabulada na presença de garotos bonitos, quem poderia julgá-la?

— Bem, chegamos. – diminuiu a velocidade até estacionar, e Hinata reconheceu a lanchonete. Era um lugar badalado, com estética clássica, com fama de servir os melhores hambúrgueres da cidade.

Quando o carro estacionou, Hinata considerou fingir um ataque de pelancas – e, quando Naruto saiu e deu a volta para abrir a porta para ela, pensou estar realmente tendo um ataque. Suas pernas tremiam como bambus verdes, e sua respiração cachorrinho parecia cada vez mais rápida.

Naruto surgiu com um sorriso capaz de iluminar um país inteiro. Hinata se perdeu nele por alguns segundos. Estava acostumada a admirar pessoas bonitas de longe, mas nunca tinha, efetivamente, parado para fitá-lo tão de perto. Era como se cada detalhe que compusesse seu rosto tivesse sido desenhado a mão.

— Vamos? – seus olhos se fechavam em pequenas fendas quando sorria.

Hinata engoliu em seco, aceitando a mão que ele estendia. Apoiou-se para sair, e o ar gelado ajudou com que se recuperasse sem grandes vergonhas.

Entraram pela porta lateral, e o lugar estava parcialmente cheio para um dia da semana. As mesas eram dispostas de maneira engraçada, como em um filme adolescente dos anos 90. A temática era bem empregada, com o balcão atravessando o lugar de um lado a outro. As janelas de vidro eram grandes e transparentes, e as cores predominantes eram vermelho e branco. Havia até mesmo uma junkbox, do tipo que Hinata cansou de ver em comédias românticas.

— Que tal uma mesa na janela? – Naruto perguntou, guiando-a pelo labirinto de mesas direto para o canto. A ponta dos dedos tocavam a parte nua de seus ombros, e ela estremeceu.

Sentaram-se de frente um para o outro, um pouco mais afastados da entrada, e Naruto imediatamente pegou o cardápio, analisando a coluna da direita.

— Acho que vou pegar um cheeseburguer com chá. – aquela era a combinação mais estranha que Hinata já tinha ouvido. Não aguentou, soltando uma risadinha – O que foi? – ergueu os olhos, sorrindo como se fosse o som mais lindo que já tinha escutado – Está fazendo bullying comigo porque eu gosto de tomar chá? – ergueu uma sobrancelha, enquanto Hinata sentia-se mais à vontade.

— Quem você é, um europeu? – zombou, apoiando o rosto com as mãos – O gosto deve ser tão ruim que eu nem sequer consigo imaginar.

— Ei, não diga nada antes de experimentar. – defendeu-se, também se aproximando. Ambos estavam sob a mesa agora – Existem combinações que podem parecer estranhas, mas dão certo. – seu tom insinuava algo diferente de comida, mas Hinata não conseguiu entender o que era.

— Minha mãe é confeiteira, então acredite, eu já experimentei muitas coisas estranhas. Tenho propriedade para falar. – deu de ombros.

— Sua mãe é confeiteira? Isso é muito legal. – soou sincero em sua surpresa.

— Sim, ela adora cozinhar. Tem meio que um negócio de doces, mas sempre fez todos os tipos de pratos malucos. Eu e minha irmã acabamos nos acostumando a provar de tudo. – de repente, conversar com Naruto tinha se tornado estranhamente fácil.

— Minha mãe é um terror na cozinha, mas não deixe que ela me escute falando isso. – baixou repentinamente o tom de voz, olhando para os lados teatralmente, e arrancando uma risada alta de Hinata.

Ela ainda tentava se conter quando uma garçonete chegou. Naruto, com um sorriso largo, a cumprimentou educadamente e fez os pedidos. Antes que ela pudesse contê-lo, o garoto pediu dois hambúrgueres e dois copos de chá. Não negaria que estava um pouquinho curiosa para descobrir o sabor. Naruto era muito peculiar.

Hinata continuou a fitar seu rosto, preocupada em disfarçar para não parecer como uma psicopata. Naruto estava longe de ser perfeito – ele tinha marcas de nascença na bochecha, e uma ligeira cicatriz acima da sobrancelha. Ela ficou ansiosa para descobrir a história por trás dela. Enquanto falava, Hinata percebeu que um de seus dentes da frente possuía uma lasca mínima. Eram pequenas características que ninguém perceberia se não prestasse muita atenção.

E, de alguma maneira, ele pareceu ainda mais perfeito.

Hinata sabia que protagonistas perfeitos eram inalcançáveis. Eles precisavam ter alguma falha, alguma imperfeição. Se Naruto possuísse qualquer defeito, aquilo significaria que Hinata seria capaz de chegar até ele, algum dia?

Você está definitivamente enlouquecendo.

— Bom, não vai demorar agora. – virou-se para ela novamente – Então, me conta sobre-

— Naruto?

Foi interrompido por uma voz feminina. Hinata se virou abruptamente, de repente assustada. Duas pessoas estavam paradas ao lado de sua mesa. Uma garota alta, de pele bronzeada, ainda usava o uniforme do colégio, e um casaco de atleta. Ao seu lado, um garoto de ombros largos e boné para trás sorria minimamente. Hinata lembrou-se imediatamente deles – alguns dos “populares”.

— Oi, pessoal! – Naruto cumprimentou, recostando no banco. Hinata engoliu em seco, subitamente encabulada.

— Que surpresa te encontrar aqui! Achei que tinha dito que não podia sair com a gente hoje. – a garota parecia amigável, mas os instintos primários de Hinata alertavam-na para o perigo, fazendo com que ela quisesse se esconder embaixo da mesa.

— Ah, e não podia mesmo. – ele vai inventar alguma desculpa. Não tem motivos para ser visto comigo. Sequer disse aos amigos o que ia fazer hoje — Estive ocupado o dia todo com a Hinata, e agora viemos jantar juntos.

Ah.

Hinata sentiu todo o rosto queimar quando ambos voltaram-se para ela, com sorrisos amigáveis.

— Ei, você é a garota da turma da Kurenai que sempre tira nota máxima nas provas! – o cara comentou – Oi, e aí.

Hinata foi incapaz de dar uma resposta coerente, gaguejando algumas sílabas e desistindo antes que passasse mais vergonha, limitando-se a um aceno de cabeça.

— Sim, por isso eu pedi para ela me ajudar. – Naruto concordou entusiasticamente.

— Mas...

— Ela é a melhor em literatura. – completou, rapidamente.

— Ok. – a garota fez uma careta estranha – Vamos deixar vocês comerem em paz. Até amanhã, Naruto! – despediu-se – Bom te conhecer, Hinata. – acrescentou, enquanto a garota encolhia-se.

Hinata sentia uma mistura de vergonha e culpa. Foi capaz de pensar que Naruto inventaria uma desculpa, que não tinha dito a ninguém que estavam juntos, quando, na verdade, ele falava aquilo tranquilamente, e ainda a elogiava na frente de outras pessoas. Ela, uma nerd qualquer, desconhecida. Ele, o atleta do time.

Lembrou-se de Sakura. Você não acha que tem uma imagem muito negativa do Naruto? Ele é uma pessoa muito legal, sabe.

Hinata mantinha aquele preconceito infundado por um cara que nem conhecia. Apenas supôs que ele fosse egocêntrico, metido e arrogante, apenas por conta de um estereótipo maluco da sua cabeça. Nunca tinha tentado conhecê-lo de verdadeiro – claro que ela jamais se aproximaria de livre e espontânea vontade no colégio.

Ainda acreditava que tipos ela e ele nunca se misturavam. Mas, agora que estavam ali, realmente, jantando juntos, por que ainda estava tão receosa? Tão na defensiva?

— Nossa, eu estou morrendo de fome, e você? – sorriu com todos os dentes, apoiando na mesa enquanto seus olhos fitavam-na intensamente.

Ah, é.

Porque tinha medo de estar se apaixonando rápido demais.


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