Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 4
Tentando desesperadamente não ceder às provocações


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO IA POSTAR HOJE NÃO agradeçam ao pinguu
Esse é meu último capítulo pronto, mas talvez eu escreva mais até sexta! Essa semana ainda é um limbo entre carnaval e rotina comum, então nunca saberemos realmente
Como foi o carnaval de vocês? Eu desfilei na Unidos das Ficwriters Preguiçosas, na ala das Dorminhocas
Acho que vai ter mais dois ou três capítulos? Eu me empolguei, quero tanta melosidade quanto possível, porque os próximos plots que eu to elaborando, rapaz.............nem conto



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Tentando desesperadamente não ceder às provocações

(spoiler: não está funcionando)

 

Ainda crente que estava presa em algum tipo de multiverso altamente ilusório, Hinata não se importou em, realmente, separar algum tipo de material de estudo – porque, novamente, ela não estava levando a sério aquela história.

Na verdade, quase não conseguiu pregar os olhos durante a noite. Dividida entre a ansiedade pelo dia seguinte, e a descrença pelo rumo que as coisas estavam tomando, ela deixou que sua mente lhe pregasse peças durante toda a madrugada, e, em determinado ponto, era quase capaz de sentir o cheiro do perfume cítrico masculino que, de alguma forma, ficara impregnado em seus ombros.

Quando finalmente adormeceu, não demorou mais que duas horas até que a luz do sol e seu despertador a tirassem do curto cochilo que seu corpo foi capaz de lhe proporcionar – o que era simplesmente incrível, ser sabotada por si mesma.

Tomou um banho demorado o suficiente para fazer Hanabi bater na porta com impaciência – não que Hinata se importasse –. Quando saiu, viu que o estado de suas olheiras estava deplorável o bastante para Sakura lhe dar um sermão por horas, então ela fez o inimaginável: passou maquiagem para ir ao colégio.

Guiada por instintos desconhecidos, Hinata demorou mais que dez minutos para se arrumar naquela manhã, escolhendo cuidadosamente o conjunto de camiseta e saia que usaria, sem deixar que o trabalho precário, porém satisfatório, em seus olhos fosse afetado. Quando terminou, não estava sequer se reconhecendo, e tinha certeza que aquela nova garota era, no mínimo, trouxa.

Com o estômago embrulhado demais para comer – e seriamente atrasada –, Hinata negou o chocolate quente que sua mãe lhe ofereceu e correu para fora, bem a tempo de ver o carro de Sasuke virando a esquina. Se dirigiu para as portas de trás, e identificou o cabelo rosa de Sakura no banco.

Engolindo em seco, ela entrou, deparando-se com o sorriso sempre ensolarado de Naruto Uzumaki no passageiro.

— Hm, bom dia. – pigarreou.

— Bom dia, Hinata. – seu nome soou melodioso e demorado naquela voz de veluda rouca que a deixava com as pernas trêmulas. Enquanto se acomodava com a mochila no colo, virou-se para Sakura, que lutava para não rir descaradamente, a traidora.

— Me explica de novo como isso aconteceu? – sussurrou energeticamente.

— Ele disse que o carro estava sem gasolina. – retrucou, com uma tosse falsa.

Hinata revirou os olhos, acreditando naquela história tanto quanto em tudo que estava acontecendo na sua vida nas últimas 72 horas.

O caminho foi silencioso, preenchido ocasionalmente pelos assovios curiosamente animados de Naruto, que claramente tinha acordado com passarinho verde na janela. Hinata recusou-se a falar qualquer coisa, envergonhada e desconfiada demais para isso, e se concentrou na mesma paisagem que via todos os dias.

Quando chegaram, Hinata pulou para fora, esperando por Sakura para caminharem, juntas, até a primeira aula. Despediu-se dos dois garotos com um único aceno, evitando fitá-los nos olhos, mas, no momento em que começaram a se afastar, Naruto falou em voz alta:

— Até mais tarde, Hinata! Não se esqueça do nosso compromisso!

Ela parou, ficando vermelha em uma velocidade incrivelmente rápida, enquanto Sakura ria descaradamente da sua reação paralisada. Havia nove ou dez pessoas passando por eles, vindas do estacionamento, e todas, sem exceção, pararam, a encarando como uma atração particularmente engraçada e bizarra.

Hinata recuperou-se do choque inicial, pegando a mão de Sakura e saindo pisando duro, xingando em todas as línguas que conhecia.

Só foi descansar quando chegaram aos armários, e, mesmo assim, Hinata continuou a resmungar, as mãos trêmulas e o rosto queimando.

— Quem deu o direito? Ridículo. – bateu a porta com força, respirando fundo.

— Para uma garota do seu tamanho, você tem um senhor pulmão. – Sakura provocou, fazendo com que Hinata lhe desse um olhar fuzilador.

— E você, traidora! – acusou – Você está incentivando ele. Tenho certeza que ele está rindo de mim nesse exato momento, com os comparsas dele. – conspirou, retomando a caminhada com Sakura em seu encalço.

— Hina, você não acha que tem uma imagem muito negativa do Naruto? Ele é uma pessoa muito legal, sabe.

Não, ela não tinha. Era apenas a realidade.

Atletas populares tinham o ego inflado, e viviam para serem endeusados por todas as outras pessoas comuns.

E daí que eles poderiam ser minimamente normais? Legais? Interessantes? Tipos como eles e tipos como Hinata não nasceram para interagirem. Isso alterava a ordem do universo, e as consequências poderiam ser terríveis.

Hinata só não queria se machucar – era crime, por acaso? Se ela se deixasse levar, um pouco que fosse, teria seu coração partido igual a tantas garotas que conhecia. A distância era a melhor estratégia, a melhor defesa. Ela estava bem com seus livros e sua anonimidade.

Ela nem sabia mais por que tinha aceitado aquela oferta estúpida.

Ah, é mesmo. A realização do sonho de toda sua vida.

Droga.

— Quer saber? Vamos acabar logo com isso. – suspirou. Não tinha como fugir.

Sakura não respondeu, embora Hinata soubesse que ela estava a encarando com aqueles olhares de lince, lendo cada uma de suas expressões. Caminharam, em silêncio, até a sala de aula, onde passaram por quatro longas horas de estudos, que Hinata, sinceramente, não prestou atenção.

Suas pernas ficaram chacoalhando, os dedos batucando com a caneta, o suor brotando na testa arriscando todo seu trabalho matinal. Quando as pessoas começaram a se levantar para o almoço, Hinata se assustou, e reuniu sua bolsa – intocada – para sair o mais rápido possível.

Não tinha nenhuma perspectiva de sobreviver àquele acordo, mas, quando pensava sobre o baile, o dia dos namorados e todos seus desejos mais profundos, seu coração batia mais rápido, e ela criava coragem para continuar.

Quando chegou no refeitório – leia-se zona de perigo –, percebeu que estava sem fome, mas não foi rápida o suficiente para fugir sem ser notada.

— Hinata! Aqui! – Naruto Uzumaki gritou a todo pulmões, chamando atenção de metade das pessoas.

Como aquele garoto conseguia ser tão impulsivo, elétrico, chamativo e desavergonhado?

Se Hinata pretendia passar despercebida, agora qualquer resquício de esperança tinha desaparecido por completo. Arrastando os pés com o entusiasmo de um condenado no corredor da morte, ela sentiu o peso de cada um dos olhares chocados, abismados, curiosos e mortais que recebeu de, basicamente, todas as pessoas que estavam no refeitório, no horário de maior movimentação.

— Você é inconveniente e absurdo. – grunhiu entredentes enquanto escorregava para a mesa, tentando desaparecer debaixo dela. Naruto riu, incapaz de se ofender com qualquer coisa.

— Estou abastecendo o tanque para nossa tarde de estudos. Quero aprender tudo para a prova. – recostou tranquilamente na cadeira, passando o braço pelo encosto da de Hinata, enquanto sua pele atingia tons estratosféricos de vermelho escarlate.

— Isso é impossível. – murmurou, mais para si mesmo que para os outros, envergonhada demais para sair correndo. Sakura e Sasuke trocaram um olhar conspiratório, mas ela imaginou que estavam tirando sarro de sua situação completamente surreal.

Segura contra tombos e tropeços, Hinata permaneceu sentada – contra sua verdadeira vontade – até que todos da mesa tivessem terminado de comer. Ela nunca tinha se sentado com o time antes, e eles eram até que normais.

Além de Naruto, havia um garoto moreno de caninos proeminentes que falava bastante. Sasuke não era exatamente comunicativo, mas fazia um ou outro comentário ocasional, geralmente carregado de sarcasmo. Hinata até conseguiu rir entre uma hiperventilação e outra.

O tempo todo, ela esteve bem ciente do calor humano que emanava do braço perigosamente perto de seus ombros. Todo o corpo de Naruto parecia ser quente como o sol, e, assim como seu sorriso, ambos emitiam brilho próprio. Não era desconfortável, contudo, ela não sentia como se realmente pertencesse àquele lugar. Uma das garotas lindas e louras certamente preencheria a cena muito melhor que ela.

— O papo está bom, mas nós temos que estudar. – Naruto tirou o braço da cadeira apenas para se levantar, olhando para Hinata esperando que ela o acompanhasse.

— Naruto indo estudar de livre e espontânea vontade. Essa é nova! – um dos garotos falou, e todos riram, inclusive o próprio. Nada abalava seu espírito.

Hinata, por outro lado, estava saindo de fininho, sem querer chamar a atenção, mas foi só o capitão andar do seu lado que, de repente, era como lâmpadas de holofote sobre a sua cabeça. Com um suspiro resignado, evitou olhar para os lados, focando na saída.

No estacionamento, longe dos olhares julgadores, Hinata respirou profundamente, agradecendo aos céus. Caminhou até o ponto de ônibus, e já estava no meio do caminho quando percebeu que Naruto não estava acompanhando.

— Onde você está indo? – ele cobriu os olhos com as mãos, e não viu o rosto confuso da garota.

— Hm, ponto de ônibus?

— O quê? Jamais. Vem, meu carro está logo ali. – acenou, e Hinata deu meia volta, sem entender nada.

Aproximou-se o mais rápido que suas pernas – e sua coordenação motora – permitiam, em direção a um carro incrivelmente luxuoso e caro. Hinata sequer conseguiu evitar de erguer as sobrancelhas. Quer dizer, quantos clichês a vida conseguia unir em uma única pessoa?

Como um bom cavalheiro, Naruto esperou Hinata se aproximar para abrir a porta do carro para ela. O pequeno degrau quase a fez escorregar, mas, no último segundo, Naruto segurou em sua cintura, transmitindo uma corrente elétrica para a pele. Ela estremeceu, escorrendo para o banco antes que caísse de vez.

Ele fechou a porta, com o rosto ligeiramente vermelho, mas que Hinata não pôde ver através do vidro fumê.

Naruto deu a volta, entrando e dando a partida, o rádio ligando automaticamente, uma melodia baixa e genérica tomando conta do ambiente.

— Espera, você veio de carona com a gente hoje. Seu carro não estava sem gasolina? – virou-se, perguntando ceticamente. Naruto manteve os olhos firmes na estrada, mas seus lábios comprimiram.

— É? Nossa, que loucura. O tanque está cheio! – riu com uma pitada de desespero.

É claro que Hinata não acreditou.

Voltou a olhar pela janela. O banco era de couro, com ar-condicionado e aquele cheiro de carro novo que era muito bom. Além de lindo, popular, talentoso e atleta, Naruto Uzumaki, aparentemente, também era rico. Ele realmente existia? Hinata não conseguia se convencer de que estavam no mesmo carro.

Ela reuniu todos seus cadernos, fichas de resumo e videoaulas sobre a matéria de Kurenai – o suficiente para lhe fazer tirar nota máxima, e, certamente, para fazer Naruto Uzumaki tirar uma boa nota. O baile seria em dois dias, na sexta-feira, no feriado do dia dos namorados.

Como um sonho se tornando realidade.

Naruto estacionou em uma casa grande, mas não extraordinariamente gigantesca – como Hinata imaginou em silêncio e cheia de expectativas. Tinha um jardim pequeno na frente, e dois andares relativamente normais. As paredes eram claras, de uma cor que parecia ter sido escolhida a dedo. Ele deixou o carro na calçada, e correu para abrir a porta novamente. Ela agradeceu silenciosamente, com as bochechas quentes, e apertou a mochila contra o peito, subitamente nervosa.

— Vem, pode ficar à vontade. – seu rosto parecia ansioso enquanto ele andava na sua frente, abrindo a porta e apontando para as escadas – Meu quarto fica lá em cima.

A casa estava silenciosa – diferente da sua, que vivia sobre o constante som das batedeiras e do canal musical ligado –. A sala de estar era simplesmente deslumbrante, como Hinata gostaria que a sua fosse, no futuro. Um sofá confortável e grande, televisão de cinema na parede, um tapete felpudo. Janelas abertas e estantes repletas de exemplares. Seus olhos brilharam por um momento.

Naruto não disse nada, deixando que ela admirasse tudo – o que foi legal da parte dele, na verdade. Quando ela voltou para a realidade, mais envergonhada do que nunca, ele a encarava com um olhar estranho. Virou-se para a escada, sugestivo, e ela o acompanhou.

O corredor dos quartos tinha diversos quadros, e Hinata escondeu um sorrisinho quando viu uma foto com uma ruiva sorridente, um bebê de colo – pelado – com covinhas e um homem absurdamente parecido com Naruto, ambos com roupa de banho, na praia.

Naruto abriu a porta, dando espaço para ela entrar primeiro, e, bisbilhoteira como era, rodopiou trezentos e sessenta graus, analisando o cômodo. Como esperava, troféus de basquete e pôsteres da liga americana decoravam o quarto. Havia uma escrivaninha grande, uma cama de casal no centro, as paredes com rodapé laranja – não um laranja pastel, um laranja vivo, chamativo. Hinata percebeu que combinava com ele.

— Pode ficar a vontade. – ele coçou a cabeça, encabulado. Hinata achou curiosa a maneira como Naruto parecia tão envergonhado e sem jeito quanto ela, sem a pose extrovertida e confortável do colégio.

Aqueles pensamentos a lembraram das posições que cada um deles ocupava – ela era sua tutora, e ele era... Naruto Uzumaki. Ele precisava passar em uma prova, e ela queria ir ao baile, ao menos uma vez, acompanhada.

— A-Aqui, eu trouxe algumas coisas. – olá, gagueira— Acho que pode ajudar. – caminhou timidamente até a cadeira, abrindo a mochila e tirando tudo que trouxera.

Naruto imediatamente se jogou na cama, esperando pelas orientações. Hinata não se sentia exatamente a vontade em falar sozinha, mas, conforme explicava, desde o mais simples, até cada uma das especificidades da matéria, foi ganhando uma confiança que expressava pouquíssimas vezes.

Aquela era a sua área. Seu domínio. Os livros eram seus companheiros de jornada, e ela gostava de falar sobre isso. Naruto se mostrou um ótimo ouvinte – apenas acenava e anotava em um caderninho, perguntando uma ou duas coisas entre as explicações.

Hinata estava pronta para ir embora em poucos minutos, mas a tarde passou sem que percebesse. Nada das coisas que ela esperava, aconteceram – Naruto não fez piadas sem graça, foi invasivo ou arrogante. Seu ego permaneceu bem, obrigado, e ele estava realmente dedicado.

Ela realmente mordeu a língua. Dessa vez.

Espreguiçou-se, estralando o pescoço com um gemido satisfeito.

— Nossa, a hora voou. – comentou, tão confortável quanto se estivesse com Sakura.

— Eu nem percebi. – Naruto respondeu, a voz um pouco rouca – É hipnotizante te ver explicando a matéria. Seus olhos ficam brilhando. – era como se estivesse falando do tempo, mas Hinata engasgou, corando até a raiz do cabelo.

— A-Acho que terminamos aqui. – levantou-se rápido, enxergando pontos pretos da pressão baixa.

— O que? Não! – Naruto a imitou – Ainda temos dois dias de estudo. Eu quero saber tudo. – Hinata se perdeu no sorriso largo por alguns instantes – E, para compensar, vou te levar para jantar.

— Q-Que? Não precisa! – disse, um pouco histérica – J-Já temos um acordo!

— Considere um bônus. – deu uma piscadela. Uma piscadela.

Hinata estava em apuros. Aquelas borboletas no estômago definitivamente não eram de fome.


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Notas finais do capítulo

oi meu nome é mayara e eu estou há dois dias sem divulgar meu twitter (é @hi_erohime)



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