O mesmo motorista me levou de volta até a loja do avô do Yugi, que estava terminando de fechar, mas ainda tinha gente por lá.

— E aí, aprendiz de Kaiba? – Joey foi o primeiro a me ver entrando – Conseguiu sobreviver?

— Não foi tão ruim assim. Mokuba estava lá também e me ajudou a entender as coisas. Inclusive duelei contra ele.

— Pelo menos o Kaiba teve bom senso em respeitar seu primeiro duelo. – Tristan disse – E como foi?

— Consegui ganhar. Não foi fácil, mas me virei bem. E também Kaiba fez um deck para mim e não preciso devolver.

— ELE FEZ UM DECK PRA VOCÊ? – Todos gritaram ao mesmo tempo, incrédulos.

Deixei que eles vissem as cartas e pareceram mais espantados ainda. Até mesmo o faraó apareceu alguns minutos depois para olhar mais de perto e sua expressão me parecia de surpresa absoluta antes de me devolver.

— É um deck forte, sem dúvida nenhuma, mas estou admirado por duas coisas: a primeira pelo fato do Kaiba te dar um deck capaz de superar o Olhos Azuis Definitivo dele e a segunda por eu poder sentir a aura dele nas cartas, com um sentimento de simpatia. – Atem disse antes de desaparecer e Yugi apenas assentiu.

— Ora, ora, acho que alguém conseguiu arranhar a parede de gelo do Kaiba... – Téa cantarolava com um meio sorriso.

— Ai gente, tenha dó.

— Chega de besteira! Eu quero ser o primeiro a duelar contra esse seu deck, Luka!

Joey já estava pronto para começar o duelo. Acabei aceitando, mesmo sem saber muito bem os efeitos das cartas. Ao contrário da longa partida com Mokuba, essa foi até bem rápida.

— Parece que a Luka tem futuro, Joey. Você tomou uma bela surra.

— Uma surra é apelido – Joey respondeu, levemente contrariado – Eu fui é massacrado. Adoraria ver você fazendo o Kaiba comer poeira.

— O que vai fazer agora, Luka? Guardar o deck na gaveta? – Tristan perguntou.

— Não. Tenho que estudar muito bem cada carta. Kaiba realmente quer duelar comigo em dois dias.

— Então você tem trabalho a fazer. Se precisar treinar, sabe que pode contar com a gente. – Yugi me animou.

— Obrigada, pessoal.

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Infelizmente não tive tempo de treinar, apenas de ler e tentar memorizar os efeitos das cartas, pois estava preocupada e ocupada com a ideia de que precisava procurar um lugar que me aceitasse como estagiária, pois a situação estava começando a ficar complicada para mim. O dinheiro estava prestes a chegar no vermelho e a maioria das empresas não contratavam pessoas para trabalhar meio período.

Aproveitando que minha última aula foi cancelada, comecei a distribuir currículos por aí, mas não sentia tanta confiança de que seria chamada. Era lamentável. Se as coisas continuassem desse jeito eu teria que abandonar a faculdade, que estava tão perto de terminar.

Estava morta de fome e cansada de andar desde o final da tarde até a noite, por isso fiz meu caminho de volta para casa, mas um carro preto parando perto de mim me chamou a atenção. O vidro traseiro abriu e vi um rosto familiar.

— Kamisawa.

— O que você quer? Nosso duelo está marcado para amanhã.

— Não estou aqui para isso. Gostaria de saber se quer jantar conosco.

— "Conosco"?

— Mokuba não parou de falar de você desde ontem e me encheu o dia todo para te convidar para jantar conosco.

Mokuba apareceu no vidro, animado.

— E então, irmã? Vai aceitar ou não?

— Irmã? – Kaiba e eu nos pegamos falando ao mesmo tempo, surpresos.

— Sim! Nunca vi uma pessoa que duela tão bem além do meu irmão. Além do mais, te achei legal.

— Bem, não tenho nada de importante para fazer mesmo...

— Então vamos! Estou morrendo de fome!