Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 5
Porque a vida será muito difícil




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São Paulo

O guarda nunca tinha visto algo assim pessoalmente, apesar de já ter visto inúmeras vezes nos noticiários. Ao vivo era muito mais tenebroso.

— Pobre moça... – um dos policiais lamentou. – Tão novinha!

— Os pais dela estão numa tristeza que só vendo. O pior é que não tem solução para isso!

O casal chorava um pranto sentido enquanto um agente da polícia civil cobria o corpo com um lençol branco para ser levado. O corpo, que antes pertencia a uma jovem de vinte anos com excelente saúde e vigor, estava completamente seco. Se tivesse envolvido com ataduras podia ser confundido com uma múmia facilmente.

Aquilo vinha se repetindo há vários anos e cientistas do mundo inteiro se debatiam para entender esse mistério. Era algum tipo de doença? Um vírus? Bactéria? Infecção por fungos? Ninguém sabia. Tal mistério era tão difícil de entender quanto o da combustão espontânea.

Com o tempo as pessoas passaram a chamar essas mortes de “mal da múmia” devido ao aspecto seco dos corpos. A maior parte das vítimas eram pessoas abaixo dos 30 anos, saudáveis, sem vícios e de vida regrada. Muitos atletas tinham sofrido com esse mal e as pessoas viviam em medo constante, pois podia acontecer a qualquer  um, a qualquer hora e qualquer lugar. Tinha vítimas em vários estados brasileiros, ainda que não no território todo. Também houve a ocorrência nos Estados Unidos, França e Alemanha, mas a maior parte das vítimas eram do Brasil e ocorriam no estado de São Paulo. O número de mortes já tinha passado de cem pessoas.

— Eu só queria uma solução para esse mistério. – O policial disse tirando a boina para enxugar o suor da testa. – Minha esposa morre de medo disso acontecer com o nosso filho.

— Nem me fale! Eu tenho duas filhas e já perdi muito o sono por causa disso.

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Aquela pilha de roupa parecia um grande monstro fedido pronto para devorá-lo. Cebola estava na área de serviço diante da máquina de lavar e uma quantidade imensa de roupa suja. Algumas eram suas, ou melhor, do seu duplo. O restante era de Rômulo e Rosália. Por que ele tinha que fazer aquele serviço nojento? Ah, claro. Porque aquela mulher irritante decidiu transformá-lo em escravo e não havia nada que ele pudesse fazer.

— Anda logo seu inútil! Quero essa roupa lavada antes do almoço! E vê se lava o banheiro porque aquilo ali está fedendo a carniça. – sua tia falou com as mãos na cintura numa postura arrogante e autoritária. – Eu vou ver televisão e é bom você não me incomodar.

Cebola sentiu uma vontade enorme xingar aquela mulher e logo desistiu porque sempre apanhava do Rômulo quando respondia a mãe dele. Como imaginava que aquela situação era temporária, ele tentou se conformar por enquanto.

— Deixa eu ver... como é que a mãe faz lá em casa? Ela coloca a roupa na máquina, despeja a quantidade certa de sabão e depois liga. Até que não é tão difícil assim. Caramba, eu não sei por que ela reclama tanto de lavar a roupa. A máquina faz tudo sozinha!

Satisfeito ao ver aquela tarefa encaminhada, ele resolveu limpar o banheiro. Mas daquela vez não havia nenhuma máquina para fazer o serviço. Sua tia estava certa, o banheiro estava imundo e com um cheiro horrível porque não era limpo desde que ele chegou há pouco mais de uma semana. O Box estava ensebado, havia crostas escuras no chão e o vaso sanitário estava em estado de miséria. O último que o usou não deu descarga, a água estava escura e havia material sólido ali.

E assim era sua vida. Uma vez que Rosália e Rômulo trabalhavam fora, sobrou para ele a tarefa de cuidar da casa, o que estava sendo um grande pesadelo já que ele não sabia fazer serviços domésticos. Arrumar a própria cama já era um desafio, quanto mais cuidar de uma casa inteira!

Seu duplo tinha lhe alertado que não adiantava reclamar com os parentes e ele viu do pior jeito que era verdade. Quando tentou ligar para um tio a fim de contar o que estava acontecendo, Rosália fez aquele drama e seu tio ficou contra ele assim como o resto da família. Uma coisa ele tinha que reconhecer: Em se tratando de manipulação, Rosália colocava ele e Denise no chinelo. Era impressionante como ela conseguia levar todo mundo na conversa.

E no fim, ele acabou levando uma surra do Rômulo. Ao ver que ele não era capaz de se defender e que não havia conseqüência nenhuma, aquele mastordonte decidiu que seu passatempo preferido era lhe dar uns sopapos e tablefes. Ele apenas tomava cuidado para não machucá-lo ou deixar hematomas no rosto.

— Ô seu retardado, já lavou a roupa? Eu tenho um encontro hoje à noite e não posso aparecer sujo e mulambento! – Rômulo falou grosseiramente ao passar perto do banheiro com um isqueiro na mão, que ele acendia e apagava como se fosse um obsessivo-compulsivo.

— A máquina já terminou de lavar a roupa.

— Então bota pra secar seu burro! Tá esperando a roupa se pendurar sozinha? Vê se trabalha direito ou eu te dou uns cascudos!

Cebola corria de um lado para outro tentando dar conta das tarefas e acabava fazendo a mesma coisa várias vezes porque o serviço não tinha ficado bom. Tudo sob gritos e xingamentos da sua tia que não dava um minuto de trégua.

“Eu preciso sair daqui urgente, não agüento mais essa porcaria de mundo!” ele pensou enquanto estendia a roupa no varal. Um tapa forte foi dado na sua cabeça.

— Seu filho de uma égua! Olha como ficou a minha camisa! Você manchou tudo! Mãe, vem ver isso!

— Eu não manchei nada, só coloquei na máquina!

— Deus do céu, trabalho a semana toda e não posso nem ver televisão sossegada?

— Aqui, mãe! Minha calça ainda tá suja e olha as minhas meias!

— Coitadinho do meu filho! Seu ingrato, você quer acabar com as roupas dele?

Os dois gritavam e bradavam enquanto Cebola se encolhia de medo. Por fim, Rômulo foi para cima dele, lhe dando vários tapas e alguns socos.

— Seu imbecil, lesado, mula sem cabeça! Estragou minha jaqueta preferida! Você vai pagar tudo isso, ah se vai!

Cebola suportava tudo tentando se defender como podia. As coisas não tinham como ficar piores.

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Numa casa naquela mesma rua, as coisas também não estavam indo muito bem.

— Cascão, levanta daí! Você está deitado o dia inteiro, vai emendar com a noite também? – Sua mãe ralhou pela décima vez e foi ignorada pela décima-primeira. Seus apelos eram inúteis.

Cascão estava deitado na cama lendo um gibi sob a luz fraca de uma luminária. A janela estava fechada, o quarto parcialmente escuro e um cheiro forte de sujeira, suor e outros odores desagradáveis se misturavam com o ar quente e abafado.

As paredes sujas tinham pôsteres mal conservados, havia todo tipo de objetos jogados no chão desde roupas até sapatos, meias, livros, material escolar, miniaturas, lixo e um skate que não era usado há muito tempo.

— Vai passar um filme muito bom na TV, por que não vem assistir com a gente?

— Porque eu não tô afim. Ah, me deixa quieto que é melhor! – o rapaz falou visivelmente irritado. Tudo o que ele queria era continuar escondido naquele quarto com o mínimo de contato com o mundo exterior. Isso também envolvia seus pais.

A mulher tentou argumentar mais um pouco e desistiu. A única forma de tirar seu filho do quarto era pela força bruta e ela não queria fazer aquilo. Mas aquela situação estava cada vez mais insustentável.

Cascão só saía de casa para ir à escola. Nem às festas de família ele queria ir mais. Muitas vezes passava longos períodos sem comer ou ir ao banheiro só para não ter que sair. Era comum encontrar garrafas PET cheias de um líquido amarelado que periodicamente era esvaziado no banheiro quando ele não tinha mais onde se aliviar.

Nada o animava, nada era capaz de despertar seu interesse. Assim era sua vida e ele não se importava. Tudo perdeu a graça e o sentido. 

Quando sua mãe finalmente parou de falar e saiu do quarto, ele apagou a luz da luminária e ficou deitado na cama pensando em sua vida. Que vida? Aquilo não era viver. Nunca foi. Era apenas existir por obrigação, já que ele era fraco até para colocar um fim naquela perda de tempo. Só lhe restava continuar se arrastando até o fim dos seus dias.

Quando a gangue da Magali foi desfeita, ele pensou que as coisas iam melhorar. Mas não melhoraram. Quando a tempestade passou ele viu que estava diante de uma enorme responsabilidade de mudar e ser uma pessoa diferente. Todos esperavam isso, seus pais lhe cobravam todos os dias, Cebola cobrava, dava milhões de conselhos e até sugeriu que procurasse terapia. Nada funcionou e por fim seu antigo amigo de infância o deixou de lado.

O que eles não sabiam, e que a maioria das pessoas também não sabe, era da grande dificuldade que existia em abandonar velhos hábitos. Mudar nunca era fácil, mesmo que fosse para melhor. Ele não conseguia abandonar sua velha forma de ser. O novo assustava. Que tipo de pessoa ele ia se tornar depois que mudasse? Como reunir coragem para abandonar sua zona de conforto e tentar algo diferente?

Isso lhe atormentava todos os dias. Ele sabia que precisava mudar, mas esse pensamento lhe amedrontava e paralisava de tal forma que ele não conseguia fazer nada. Quanto mais lhe cobravam, maior era seu desejo de continuar como estava. Por mais que não gostasse daquela vida, ele não conhecia nada diferente e não tinha forças para se arriscar. No fim, tudo sempre continuava na mesma.

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Seus dedos deslizavam agilmente pelas teclas do piano tirando belas notas. Seu rosto estava tranquilo e tudo parecia em paz. Sentados no sofá, seus pais ouviam enquanto relaxavam após um dia estressante de trabalho. Como era bom ter uma filha talentosa!

— Ah, eu adoro essa música!  - A mulher falou suspirando aliviada ao sentir os músculos relaxando gradualmente. Luís concordou.

— Ajuda a esquecer os problemas lá do escritório!

Mônica estava muito concentrada para prestar atenção à conversa e apenas tocava sentindo a música fluindo livremente. Algo estranho pareceu atingir seu peito e uma tosse forte fez sacudir seu corpo, deixando seus pais em alerta.

— Filha, você está bem?

— Estou, mãe... - Não, ela não estava. Outra crise de tosse sacudiu seu corpo e Luís teve que pegá-la nos braços e levar para seu quarto.

— Calma, princesinha, papai está aqui. Durvalina, traga aquele xarope para tosse!

A empregada voltou rapidamente com o xarope e Luiza fez Mônica tomar uma colherada.

— Não está fazendo efeito!

— Droga, me disseram que é o melhor remédio que existe! - exclamou frustrado. - É melhor levá-la ao médico.

— Não precisa, pai, vou ficar bem. - falou uma voz fraca entre uma tosse e outra.

— Precisa sim, filha. Não podemos te deixar ficar doente.

Após alguns minutos a tosse parou, deixando-os aliviados. Ela adormeceu e o casal saiu do quarto conversando em voz baixa.

— Luís, ela está piorando! O que a gente faz?

— Eu não sei! O médico falou que era só um resfriado comum, mas estou ficando preocupado. E se não for?

— Acho que devemos procurar outro médico.

— Não sei... o Dr. Medonça é médico da família há anos...

— Mas se não curar nossa filha, vamos procurar outro. Eu não vou suportar perdê-la, isso não é justo!

Ele amparou a esposa que começou a chorar, pois entendia muito bem sua aflição. De todas as gestações, Mônica foi a única que conseguiu vingar e mesmo assim nasceu muito fraca precisando passar vários dias na UTI antes de poder ir para casa. Foi um milagre ela ter conseguido crescer forte e saudável. E durante toda sua infância ela sempre foi forte, mas nos últimos tempos tem andado muito fraca, debilitada e quase sempre pegando uma gripe ou resfriado. Aquilo era muito desolador para eles.

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Depois que o casal saiu do quarto, Paradoxo apareceu e se aproximou lentamente da cama onde a moça dormia. Que coisa estranha... quando aquele duplo foi criado, seu corpo era tão forte e saudável quanto o original e ele achou que não haveria mais nenhum problema. Por que ela estava enfraquecendo daquela forma? Era como se sua saúde estivesse sendo minada pouco a pouco. A moça estava pálida, muito magra e estavam aparecendo grandes círculos escuros sob seus olhos. Aquilo era preocupante.

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Rio Grande do Norte

Toda a vizinhança estava doente, até as plantas e animais. Era impressionante a capacidade que tinha recebido. Não, não era uma “capacidade”. Era um poder, algo maravilhoso e perfeito para sua vingança.

— Agora todos vão me pagar!

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Cebola saiu de casa para colocar o lixo para fora e voltou rapidamente. Ele estava abatido, encurvado e em estado de miséria. Paradoxo olhava o rapaz a uma distância segura e viu que ele não estava conseguindo se adaptar. Ele deveria esperar mais um tempo? Não... daquela vez o tempo não estava conspirando a seu favor. Parte dele tinha esperanças de que Cebola percebesse sozinho que alguma coisa naquele mundo não estava certa e iniciasse as investigações por conta própria, mas aquilo não ia acontecer. O rapaz continuava revoltado com sua má sorte e nada ia fazê-lo mudar de idéia. Ou quase nada.

Um sorrisinho travesso surgiu em seu rosto. Havia sim uma coisa que ia fazer o rapaz mover céus e terras para resolver aquele problema.  

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O diretor estava analisando alguns papéis quando a secretária entrou no escritório logo após bater a porta.

— O que foi? – perguntou friamente sem tirar os olhos do que estava fazendo.

— Ele está aqui, senhor. – a mulher respondeu num sussurro e imediatamente alguém entrou fazendo o homem levantar e saudar o recém chegado com toda gentileza.

— Que prazer o senhor por aqui! A que devo essa agradável visita?

O recém chegado fez um gesto impaciente mandando-o sentar e a secretária sair. Ele sentou-se e Antônio ficou em pé do seu lado, postura séria e mãos para trás. O diretor tinha muita pena daquele rapaz, que um dia foi cão de guarda de uma valentona e se tornou o cãozinho de estimação do presidente da organização.  

— Eu quero saber como está indo a educação desses delinqüentes. – o velho começou indo direto ao assunto.

— Está indo muito bem, senhor, conforme o relatório.

— O relatório diz que alguns alunos se recusam a entrar na linha.

— São exceções, senhor, uma parcela muito pequena.

— Você sabe que para mim somente 100% é satisfatório. Eu também vim trazer algumas novas regras que já deviam ter sido aplicadas há muito tempo se você não fosse tão brando com esses alunos!

Quando o velho lhe estendeu a folha de papel, o diretor logo viu que ia ter muitos aborrecimentos pela frente. Eram muitas regras e algumas absurdas que proibiam o uso de qualquer tipo de acessório, relógio ou enfeite. Também estavam proibidos risadas nos corredores, chaveiros, perfumes, leitura de determinados livros, cantarolar e levar qualquer revista ou gibi para o colégio.

Unhas pintadas estavam expressamente proibidas, assim como cabelos tingidos.

Também não podia fazer as sobrancelha e as meninas deviam ter os cabelos presos com elástico preto. O corte militar para os rapazes, que antes era opcional, tornou-se obrigatório.

Os alunos só podiam usar o material escolar fornecido pela escola, que tinham o logo do colégio e da organização na capa. Nenhum outro tipo ia ser tolerado e as mochilas também tinham que ser padronizadas.

— Senhor, acho que teremos problemas com os pais se tentarmos aplicar algumas dessas regras...

— Bobagem! Eu apliquei essas mesmas regras no colégio do Limão e não houve nenhum problema!

— Sim, mas o colégio do Limão é público. Aqui os pais pagam todos os meses e não vão aceitar muitas dessas regras.

Foi preciso discutir muito, negociar, barganhar e até implorar para que algumas regras fossem amenizadas ou removidas. Quando o velho foi embora, o diretor chamou a secretária e pediu uma aspirina para abrandar aquela maldita dor de cabeça. Como ele odiava aquele trabalho! Céus, era tão difícil e estressante ganhar a vida! Ah, se ele pudesse largar tudo para viver uma vida mansa e folgada... mas não, ele não podia. Homens da sua idade precisavam trabalhar para comer.

— Eu realmente detesto essa vida! – ele resmungou antes de voltar ao trabalho.

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Rosália tinha saído mais cedo do trabalho, uma vez que seus patrões tinham compromissos e isso foi bom. Em casa, tendo um caderno a sua frente, ela fazia as contas usando uma calculadora e resmungava constantemente. Estava difícil pagar aquela dívida e ela não sabia mais de onde tirar dinheiro.

O pobre Rômulo já dava todo o seu salário e ela também ajudava da melhor forma que podia, mas não era suficiente nem para pagar as prestações apesar de ele ganhar quatro  mil e quinhentos por mês. Por que aqueles homens tinham que ser tão perversos? Eles não entendiam que ela era só uma pobre viúva desamparada que não conseguiu nem pensão do finado marido?

— Dez mil reais? – a mulher bradou quando, meses atrás, Rômulo chegou em casa muito desanimado após tentar negociar com os credores. – Eles querem nos matar de fome!

— Eu tentei negociar, mãe, é sério! Mas eles não querem reduzir nem um centavo!

— Céus, onde vamos arrumar todo esse dinheiro? E tem que ser todo mês?

— Preocupa não que eu vou ajudar a pagar com o meu salário. E vou ver se consigo arrumar os quatro mil que faltam, posso fazer hora extra, vender minha moto, arrumar outro emprego...

Rosália cortou na hora, indignada.

— Nada disso, você já está se sacrificando muito por mim! Eu também vou ajudar do jeito que puder, mas você não vai arrumar outro emprego e nem vender sua moto! Isso é um desaforo!

Desde então Rosália se debatia procurando uma forma de arrumar o dinheiro, mas estava difícil. Rômulo contribuía com quatro mil reais todo mês, ficando somente com quinhentos para despesas pessoais. O aluguel da sua casa era de dois mil e trezentos, mais o salário de dois mil e quinhentos que ganhava em seu emprego como doméstica, davam oito mil e oitocentos reais. Onde conseguir os mil e duzentos restantes?

Quem sabe arrumar um emprego para o Cebola? Mas por ser menor de idade e não ter experiência, o salário não ia ser bom. E isso podia atrapalhar os estudos dele e trazer problemas com o resto da família. Talvez arrumar outro trabalho? Não, ela mal agüentava o seu emprego todos os dias.

Várias idéias foram passando pela sua cabeça e nenhuma pareceu viável. Ela precisava de dinheiro certo, todos os meses e sem ter que investir muita coisa. Depois de muito quebrar a cabeça, finalmente apareceu uma luz no fim do túnel.

“Hum... acho que tem uma coisa que posso fazer sim.” A idéia foi amadurecendo aos poucos na sua cabeça. Era dinheiro fácil e relativamente rápido. Por que não? Mas antes, ela tinha que dar um jeito no Cebola que estava mais fofoqueiro do que de costume. Antigamente bastava ameaçar contar para a família que tudo era resolvido, mas ultimamente o rapaz não se intimidava mais com os parentes e ela não sabia como dobrá-lo. Era preciso descobrir um meio de calar a boca dele.

Mas o que poderia manter aquele moleque na linha? Se ele ficasse de boca fechada e colaborasse, ela até poderia ser mais gentil uma vez que não estava interessada em maltratá-lo e sim em pagar a dívida e poder voltar para casa o mais rápido possível. Mas não, ele tinha que fazer fofoca para a família inteira e lhe causar transtornos!

Se quisesse colocar seu plano em ação, ela teria que dar um jeito na língua do Cebola primeiro.


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