Universo em conflito escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 23
Felizmente sua vida não pode ser sugada




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Magali olhava para a mulher que se aproximava com o olhar vidrado. Atrás dela vinham duas moças, uma de longos cabelos pretos e uma loira com marias-chiguinhas. 

— Hã... Magali? – Cebola a cutucou tentando chamar sua atenção. A moça não o ouviu.

— Olá, Cebola. Como vai? – a voz fria de Agnes o cumprimentou. – Não vai me apresentar sua amiga? Magali, eu suponho. – a mulher estendeu a mão para a jovem, que continuou olhando para ela sem reação. – Mocinha, nós apertamos as mãos das pessoas como sinal de respeito e cortesia.

Foi com muito custo que ela conseguiu levantar a mão e corresponder o cumprimento. A pele de Agnes era fria e parecia lhe sugar toda a luz com apenas um toque.

— Eu gosto de conversar com os alunos e saber como estão indo. Nós vamos conversar muito hoje e mal posso esperar. – ela soltou a mão da jovem e continuou seu caminho. Quando virou a curva do corredor, Magali caiu de joelhos no chão respirando fortemente como se todo o ar dos seus pulmões tivesse sido sugado.

Mônica chorava e Cascão tremia. Só Cebola teve condições de ajudar a amiga a se levantar e a levou para o banheiro feminino.

— Mônica, entra com ela pra vocês duas lavarem o rosto. Cascão e eu vamos esperar aqui. Anda, você consegue!

Dentro do banheiro, Mônica lavava o rosto várias vezes enquanto Magali chorava encolhida num canto.

— Eu quero ir embora! Me deixem ir embora!

— Não pode, amiga! Se tentar sair vão te pegar e vai ser muito pior!

— Por favor, eu não quero ficar sozinha com aquela mulher!

Mônica conseguiu se acalmar e tentou ajudar Magali que chorava desesperadamente.

— Cebola, eu não sei o que tá acontecendo com a Magali. Ela não reage!

— Traz ela cá pra fora porque eu não posso entrar aí.

A moça saiu tremendo e chorando como criança.

— Magali, eu sei que você tá apavorada com a Agnes, ela é mesmo muito sinistra, mas você precisa reagir! Não pode deixar que essa mulher te assuste desse jeito. – a ex-valentona falou com a voz meio rouca.

— Essa mulher fez o pacto e agora suga tudo por onde passa! Só você está protegido! – e colocou a mão sobre seu braço onde estava a marca de IOR. Depois deu um longo suspiro e olhou ao redor como se não tivesse consciência do que tinha acabado de falar.

— Do que ela tá falando, cara?

— Isso é muito estranho! Cebola, o que tá acontecendo?

Ele captou a mensagem e após pensar um pouco, teve uma idéia porque sua marca de IOR também o lembrou do broche da Sofia, que não era afetada pela presença de Agnes.

— Gente, vamos pra sala que eu tenho um plano. Mônica, você tem clipes de papel? Vou precisar de todos. Cascão, fica junto da Magali pra dar apoio. Fiquem tranqüilos que vai ficar tudo bem.

Eles concordaram e foram para a sala de aula. O clima estava tão sombrio que o professor nem pareceu notar o atraso deles.

“Tá acontecendo alguma coisa aqui e eu vou descobrir o que é.” o rapaz pensou antes de ir para sua carteira.

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— Está dispensado. Tenha um bom dia. – o rapaz saiu se arrastando como se um peso enorme esmagasse seu corpo. – Por favor, mande vir o próximo aluno.

— Sim Srta. Duister. – falou uma voz cansada.

Agnes foi para a janela e deu um longo suspiro sentindo-se muito bem. E em breve ela ia se sentir melhor ainda quando aquela garota chamada Magali fosse levada a sua presença.

“Essa menina tem muita energia, mais do que todo mundo. Nunca vi coisa igual!” ela pensou se deleitando antecipadamente com o banquete que estava prestes a ter e já estava alimentando a idéia de transformá-la em sua assistente por um bom tempo.

Não era só a quantidade de energia que a atraia, como também a qualidade. Era muita luz, muito poder que ela pretendia sugar até a última gota. Essa era o seu dom.

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Dois rapazes rolavam no chão trocando socos violentamente enquanto vários alunos ao seu redor gritavam. Quatro inspetores tiveram trabalho para separar a briga e mesmo assim os rapazes esperneavam e resistiam querendo socar tudo em seu caminho.

— Vocês dois vão fazer uma visita a Srta. Duister hoje mesmo! – um dos homens bradou e isso foi suficiente para deixá-los apavorados.

Só que as coisas estavam longe de ficarem tranqüilas porque em outro ponto da escola, duas garotas se engalfinhavam pelos cabelos. Numa das salas, vários alunos discutiam acaloradamente. Em outra, alunos enfurecidos reviraram as carteiras enquanto os professores lutavam para conter aquela turba enfurecida.

Penha e Sofia andavam pelo colégio calmamente. No meio do caminho, duas amigas conversavam pacificamente. Quando a moça passou por elas, uma discussão se iniciou.

— Você adora causar confusão mesmo... – Sofia comentou com a voz baixa. Penha sorriu.

— Todos eles vão ter uma conversa com Agnes depois da aula. Ela vai ficar muito satisfeita comigo!

— São tantos alunos... vai levar o dia inteiro.

— Nem tanto. Acho que ela vai dar um tipo de palestra parra os brigões.

Elas passaram perto do ginásio e mesmo sem ver nada, ouviram gritos e palavrões dos rapazes que até então estavam fazendo educação física.

— Você viu como ela ficou interessada naquela garota que era encrenqueira?

— A tal da Magali? Sim. Ainda bem que eu não estou na pele dela, mon dieu!

— Elas podem estar conversando agora. Como será que tá indo?

— Isso não é da nossa conta. Vamos continuar a andar pelo colégio conforme ela nos ordenou! É tão divertido!

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Cebola corria contra o tempo. A qualquer momento Agnes ia chamar um dos seus amigos e eles precisavam estar protegidos. Trabalhos manuais não eram seu forte e foi com muito custo que conseguiu criar três pequenas marcas de IOR. Ele não sabia se aquilo ia funcionar, mas precisava tentar alguma coisa.

Magali estava pálida e apavorada. Até os outros alunos perceberam seu medo e aquilo estava afetando a sala inteira. Se a maior valentona daquele colégio tinha medo da Agnes, qual chance os outros alunos poderiam ter?

Quando deu o intervalo entre uma aula e outra, ele terminou seu trabalho e distribuiu para os amigos os talismãs que tinha feito.

— Que parada é essa?

— Parece o broche da Sofia! – Mônica reparou.

— Pelo que sei isso aqui é...

— A marca de IOR! O símbolo do mal inevitável! – Magali exclamou surpresa.

Cascão e Mônica arregalaram os olhos.

— E você tá querendo que a gente use isso?

— Fica frio Cascão. Isso também é um símbolo de ocultamento, deve ser o que protege a Sofia da Agnes. É por isso que ela não se sente mal.

— A tia Nena já tinha me falado qualquer coisa sobre essa marca. Onde você aprendeu isso?

— Não dá pra explicar agora, é uma história bem longa. Usem isso e tomem cuidado pra Agnes não ver.

Mônica pegou o seu talismã e viu que Cebola só tinha feito três.

— E o seu?

— Tá no braço dele. – Magali respondeu. – Eu senti quando o toquei. Que estranho... por que eu fiquei esquisita desse jeito?

O professor chegou e eles não puderam conversar mais.

— Magali, favor se apresentar na sala da Srta. Duister. – o professor anunciou solenemente e os alunos a acompanharam como quem via um boi indo para o matadouro.

Nunca foi tão difícil mover as pernas e cada passo era um esforço gigantesco e fazia seu medo aumentar. Era muito raro ela sentir medo de alguém. Ela nunca teve medo do Tonhão, que sozinho valia por cinco. Já tinha dado uma bela surra no Titi e em outros sujeitos bem maiores. Só que aquela mulher era pior que eles porque não podia ser vencida com a força bruta.

A porta da sala estava aberta e Agnes a viu no mesmo instante.

— Entre, querida. Sente-se. Vamos conversar.

Sentindo-se nauseada com aquela voz, Magali obedeceu. No entanto, alguma coisa estava diferente e ela não sentiu aquele mal estar de antes. Era como se estivesse diante de uma pessoa comum.

— Ouvi falar muito de você. – Agnes começou. – Parece que você causava muitas confusões nesse colégio.

— Esse tempo já passou. – sua voz saiu vacilante. – Agora tô bem.

— Tem certeza? Eu sou psicóloga e podemos conversar.

— Já fui a um psicólogo muito bom e ele me ajudou.

— Fiquei sabendo que os outros alunos estão sendo muito duros com você.

A moça deu de ombros.

— Eles enchem o saco de vez em quando, mas não fazem muita coisa porque os inspetores marcam em cima. Tá tranqüilo.

— Não tem medo de que eles lhe façam algo na hora da saída? – Agnes insistiu sentindo que alguma coisa naquela moça tinha mudado. O que estava acontecendo?

— Fora do colégio é terra de ninguém. Se eles tentarem vir pra cima de mim, vou saber me defender.

A mulher apertou os olhos e olhou diretamente para a moça, que estava de cabeça baixa. Onde estava aquela energia maravilhosa? Ela não sentia nada. Era como se estivesse diante de um sofá ou mesa. Não havia nada para absorver. Não, algo ali estava errado. Por que de repente aquela garota passou a resistir ao seu poder? Só havia uma única explicação e Agnes sabia qual era.

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“Acha mesmo que essas paradinhas vão ajudar a gente?” ele leu o bilhetinho que Cascão tinha mandado e respondeu.

“Espero que sim. Vamos saber disso quando a Magali voltar.”

“Tomara que funcione. Olha como a Mônica tá morrendo de medo! E ela tava ficando boa nesses dias!”

Cebola viu como a moça tremia e não podia culpá-la. Os outros alunos também estavam apreensivos. Só ele não sentia nada, o que era curioso.

“Só pode ser a marca de IOR que eu tenho no braço. Tomara que funcione com os outros também.” Ele pensou.

Outra questão fervilhava na sua mente: se era mesmo verdade que Agnes sugava a energia dos outros, como ela conseguia fazer isso sendo que não havia sobrenatural naquele mundo? Teoricamente ela não deveria ser capaz de fazer isso. A não ser que ela tivesse alguma coisa a ver com a fonte do desequilíbrio.

Ele também tinha notado mais uma coisa: as pessoas pareciam ficar agressivas e irritadas quando Penha estava por perto. Seria por isso que Rosália sempre chegava em casa mal humorada e descontava tudo nele? Não havia outra resposta.

“Hum... elas fazem parte dessa tal casa de Asclépio, aposto que eles devem estar por trás disso tudo!”

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— Pelo que eu me lembro, você levava uma corrente amarrada na cintura para bater nos outros alunos.

— Parei com isso.

— Parou mesmo? Como eu posso ter certeza?

Magali a olhou tentando entender onde ela estava querendo chegar.

— Estamos sozinhas nessa sala e eu não tenho nenhuma segurança. Qual garantia eu posso ter de que você não esconde nenhuma arma?

— Hein? Arma? Olha, dona, eu não tenho arma nenhuma comigo!

— Certo. Se você garante que não esconde nada, não vai se importar se eu revistá-la.

Por pouco ela não cai da cadeira. Teria ouvido direito?

— Você quer me revistar? Como assim? – a moça perguntou achando aquilo um absurdo e só então se lembrou do pequeno talismã que Cebola tinha feito para ela. Aquela mulher deve ter percebido que não podia absorver sua energia e deduziu que ela levava a marca de IOR de algum jeito.

Agnes se levantou e fechou a porta.

— Pronto, querida. Estamos seguras. Você pode se despir e ficar somente de calcinha e sutiã. Ninguém vai te ver.

Seu queixo caiu e ela ficou olhando para a mais velha de boca aberta e olhos arregalados.

— Bem, o que está esperando? Pode tirar as roupas.

Ela sacudiu levemente a cabeça para sair do choque e raciocinou rápido. Claro que Agnes devia saber da marca de IOR e queria revistá-la para ter certeza, não havia outra explicação. Uma onda de indignação correu pelo seu corpo fazendo o sangue ferver. Seu rosto ficou vermelho de raiva e ela levantou-se bruscamente.

— Tá querendo me ver pelada, é? Você é tarada por acaso?

Agnes levou um susto e ficou sem reação, pois não esperava que ela reagisse daquela forma.

— Com ousa pensar tal coisa de mim?

— Você me manda tirar a roupa e quer que eu pense o quê? Por acaso faz isso com os outros alunos? Aposto que não! Então não vem que não tem, eu não vou tirar coisa nenhuma!

Magali falava tão alto que quem estava do lado de fora ouviu tudo, inclusive Boris que entrou na sala abrindo a porta bruscamente.

— O que está acontecendo aqui? Deu para ouvir os gritos do lado de fora! – antes que Agnes pudesse responder, Magali disparou.

— Ela tá querendo que eu tire a roupa, diretor!

— Ela o quê?

— É para saber se ela não tem nenhuma arma e... – Agnes tentou se defender.

— Fala sério! Olha pra mim! Acha mesmo que eu tô armada?

Boris também não acreditou no que estava acontecendo. Sua irmã tinha ficado louca? Aquilo podia facilmente ser denunciado como assédio.

— Magali, você pode voltar para a sala de aula.

— Eu não a dispensei.

— Mas eu estou dispensando! Lembre-se de que eu ainda sou diretor desse colégio!

Sem esperar segunda ordem, Magali saiu dali rapidamente agradecendo mentalmente ao diretor por ter aparecido na hora certa. Do lado de fora, os alunos olhavam para ela sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

— Ué, o que aconteceu? – Mônica perguntou ao ver a amiga entrando na sala com cara de quem ia dar uma surra em alguém. Todos ali conheciam aquela expressão.

— Dá pra acreditar que aquela mulher me mandou tirar a roupa? Eu heim, até parece! Dei um baita chega pra lá nela! E se ela vier me encher o saco, vou contar tudo pros meus pais!

O professor teve trabalho para conter o burburinho que tinha se formado na sala. Quando ele virou as costas para escrever no quadro, Cebola fez um bilhetinho e mandou para ela.

“O talismã deu certo?” a moça respondeu.

“Deu sim, valeu mesmo! Mas acho que ela percebeu porque me mandou tirar a roupa. Ainda bem que eu consegui encarar ela, senão teria sido barra.”

Cebola deu o recado para Mônica e Cascão, que ficaram muito aliviados ao saber que o talismã funcionava. Ele também estava satisfeito, mas sabia que precisava ter muito cuidado com aquela mulher.

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Aquele dia tinha sido uma loucura. Depois do que aconteceu, Boris mandou Agnes embora junto com Penha e Sofia.

— Você ficou louco? Não pode me expulsar assim do colégio, o Sr. Malacai me incumbiu da tarefa de monitorar os alunos!

— Por acaso ele falou alguma coisa sobre mandar os alunos tirarem a roupa? Agnes, você percebe a gravidade disso? Se essa moça contar aos pais dela, nós poderemos ser processados! Vai sujar o nome da organização!

Ela não teve como responder, pois não queria dizer a verdade para ele. Céus, onde ela estava com a cabeça para fazer uma coisa dessas?

— Eu não sei o que acontece nessas suas sessões, só sei que os alunos saem piores do que quando entram e eu quero saber o que está acontecendo.

— Meus negócios não são da sua conta.

— A partir do momento em que acontecem no MEU colégio, são da minha conta sim!

Como ela se recusava a falar, Boris tomou uma decisão.

— Pelo que eu vi hoje, essa escola não precisa mais dos seus serviços.

— Como se atreve? Você não tem autoridade para me dispensar!

— Sou diretor desse colégio.

— E eu substituí meus pais na nossa organização, tenho mais autoridade do que você!

Por um instante Boris ficou intimidado. Se continuasse insistindo, ela poderia fazer com que ele fosse tirado do cargo e até expulso da organização. Por outro lado, até que não seria assim uma tragédia uma vez que ele detestava aquele trabalho. Mas ele não estava tão em desvantagem assim.

— Por acaso você quer que eu relate ao Sr. Malacai o que aconteceu hoje? – ao ver que a irmã tinha ficado mais pálida que o normal, ele continuou triunfante. – Você sabe o que ele irá pensar disso, não sabe? Então faça o favor de não comparecer mais a esse colégio. Se for o caso, mande outro psicólogo no seu lugar. É a minha palavra final!

Pela janela da sua sala, ele viu Agnes indo embora com aquelas garotas esquisitas e ficou aliviado. Pelo menos uma vez ele teve algo bom em sua vida de diretor.

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Seu rosto estava tranqüilo, mas por dentro ela cuspia fogo e enxofre de tanta raiva. Como aquele idiota se atrevia a lhe desafiar? Não teve jeito. Aquela atitude impulsiva teve um preço muito alto que ela teria de pagar. Talvez fosse bom mesmo dar um tempo e se concentrar em outros colégios onde havia muitos alunos cheios de energia que ela podia sugar a vontade.

Só que aquela garota não saía da sua mente. Era a melhor energia que tinha provado e ela queria mais. Enquanto conduzia o carro, Agnes ia pensando em como colocar Magali na sua teia. Várias idéias foram surgindo e nenhuma era boa o suficiente. Seus pais jamais aceitariam que sua filha fosse assistente de uma mulher que lhe mandou tirar a roupa e não havia outra forma de se aproximar da moça.

“Eu aposto que isso foi culpa do Cebola!” ela pensou e viu que era a única explicação. O rapaz tinha a marca de IOR e sabia que lhe protegia, então deve ter feito essa mesma marca no corpo da ex-valentona e talvez em outros alunos.

Sua vontade era fazer algo para se vingar. Talvez demitir Rosália e falar que a culpa foi dele, ou incentivá-la a lhe maltratar ainda mais. O problema era que as sombras lhe disseram para deixá-lo em paz e ela não tinha coragem de contrariar essa ordem. Só que passar fome com um banquete delicioso à sua frente também era um desaforo e ela decidiu que teria a energia dela de qualquer jeito, mesmo que precisasse esperar até chegar a hora final.

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Por causa da loucura que tinha sido aquele dia, os alunos foram dispensados um pouco mais cedo e eles se aproveitaram desse tempo extra para conversar.

— Acha mesmo que ela suga a energia dos alunos? Que viagem! – Cascão falou muito cético.

— Nem faço idéia de como ela consegue isso, mas ela suga sim.

Aquilo deixou Mônica pensativa e cabisbaixa.

— O que foi? – Magali perguntou.

— Gente... eu trabalhei com ela durante muito tempo.

Só então Cebola se lembrou disso e juntou os pontos.

— Era por isso que você vivia doente, aquela mulher tava te sugando! Grrrrr, eu vou esganar aquela cretina! – ele bradou furioso. Se Agnes estivesse na sua frente, ele teria dado um jeito de torcer aquele pescoço branquelo.

— Mó doideira, fala sério! Toda vez que eu falava com ela, ficava um caco e nem sabia por que! – Cascão também falou impressionado com o que tinha acabado de descobrir. – E essa parada no seu braço aí? Por que ela te protege da Srta. Drácula?

Ele puxou a manga para revelar sua marca e falou.

— A marca de IOR é um símbolo de ocultamento. Ela pode esconder coisas, lugares ou pessoas.

— A tia Nena me falou isso também. Mas não basta só riscar não. Tem que ser feita por algo ou alguém com muito poder. Como essa aí foi parar no seu braço?

Mônica e Cascão também estavam curiosos e Cebola teve que raciocinar depressa para bolar uma explicação decente.

— Foi num acidente de carro... – o que em parte era verdadeiro.

— Qual? Aquele que... er...– Cascão falou sem jeito.

— Sim, esse mesmo. – ele mentiu.

— Como eu nunca reparei essa coisa no seu braço?

— Na época não era muito visível não, foi ficando mais nítido com o tempo, sei lá.

Foi preciso muita astúcia para não deixar os amigos desconfiados, pois de forma alguma ele podia falar que tinha vindo de outro universo. Ninguém ia acreditar.

— Então você tem poderes? – Cascão estava muito empolgado.

— Poder? Eu não. – falar que aquela marca o tornava imortal também era complicado. 

Quando a mãe da Mônica chegou, ela se despediu do grupo e foi embora. Cebola também teve que ir porque tinha que trabalhar. Ah, como ele queria que Paradoxo estivesse ali para dividir suas descobertas com ele! Tirando algumas dificuldades, ele até que estava vivendo uma aventura legal!


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