— Estão pensando o que estou pensando? - Scott perguntou sorrindo.
— Leio mentes. - Falei. - E pode tirar o cavalinho da chuva.
— Você lê mentes?
— Sim. - Respondi.
— Como pode isso. Você é como eu?
— Quase.
— E então Nora o que me diz? - Scott a encarou.
— Subir a escada de incêndio e dar uma olhada para dentro? - Nora perguntou.
— Nós poderíamos tirar a sorte. O perdedor vai para cima.
— De jeito nenhum. Esta foi a sua ideia. Você deve ir para cima.
— Medrosa. - Scott sorriu pegando uma câmera. - Está escuro, mas vou tentar conseguir algumas fotos limpas.
Nós corremos o beco atrás do edifício de Hank e nos escondemos atrás de uma lixeira.
— Você está subindo? - Nora perguntou.
— Estou dentro. Quais são as chances da Mão Negra se esquecer de trancar? - Scott perguntou.
Scott apontou para as portas do edifício. Pulou a borda de cimento e tentou abri-la.
— Fechado.
— Qual código você acha que é? Aniversário de Hank?
— Muito óbvio.
— Aniversário de sua filha?
— Duvidoso.
— Voltar para o plano A, então. - Scott baixou a escada. - Se eu cair, me segurem.
Ele testou os primeiros degraus depois começou a subir.
Nora foi espiar a esquina e recuou rapidamente.
— Scott. - Nora sussurrou.
Lancei um olhar para o homem na esquina de costas para nós. Ele estava fumando. Esmagou o cigarro no chão depois olhou o relógio antes de voltar a caminhar em direção ao beco.
— Scott! - Nora falou. - Nós temos um problema.
Scott estava no segundo nível quase no terceiro patamar, a câmera na mão. Nora pegou um pedaço de cascalho e jogou em Scott, claro que o cascalho não o acertou. Bateu na escada fazendo barulho e retornou ao chão.
Apertei meu nariz. Scott nos encarou e Nora apontou para o lado do edifício.
— Vamos. - Sussurrei empurrando Nora para trás da lixeira.
O guarda veio correndo.
— Hey! - Gritou já começando a subir as escadas.
Scott começou a subir a escada de incêndio mais rápido. Nessa hora um segundo guarda apareceu. Quando ele começou a subir a escada eu sai correndo e saltei nele o derrubando no chão.
"Vai!" Comandei Nora pelos pensamentos enquanto pegava um cascalho e acertava o cara na cabeça.
Nora saiu correndo e levantei pronta para correr também, mas o cara segurou minha perna e caí no chão. Ele subiu em cima de mim.
— Olha só quem está aqui. - Sorriu segurando meu pescoço.
Sorri antes da magia sair do meu corpo o jogando para longe de mim. Levantei e fui na sua direção, ergui seu corpo com a magia e o joguei na parede.
Depois sai correndo o Nephilim estava se recuperando e logo viria atrás de mim. Não estava a fim de matar, mas se fosse preciso, faria aquilo. Scott e o outro Nephilim estavam correndo em cima dos prédios. Com a magia saindo das minhas mãos voei para cima dos prédios e me joguei no Nephilim.
O derrubei usando minha perna e ele caiu no telhado, me ergui no ar e usando minha força misturada a magia fiz o corpo ser esmagado contra o telhado e descer até chegar ao chão.
— Nossa. - Scott falou olhando.
— Não temos tempo. Corre! - Mandei começando a correr para o fim do prédio.
Saltei no ar pousando em pé e Scott caiu ao meu lado junto do outro Nephilim que estava sangrando. Ele tinha se recuperado do meu ataque. Ele agarrou Scott e acertou sua cabeça, me joguei nele subindo em suas costas e socando sua cabeça.
Estávamos agarrados os 3 ao mesmo tempo. Ele segurava Scott e eu o segurava. Um farol brilhou em nós e virei a tempo de ver Nora dirigindo o carro na nossa direção. Scott gritou algo e o Nephilim também.
O Nephilim soltou Scott e se esquivou o carro atingiu Scott, eu me soltei do Nephilim e o ergui do chão usando magia, seu corpo foi lançado contra o prédio com um baque tão grande que o prédio tremeu e rachou. Enfiei Scott para dentro do carro e entrei.
— Vai! - Scott falou e Nora acelerou.
— O que foi aquilo lá atrás? - Nora gritou. - Você estava pulando de edifícios como se fossem obstáculos!
— Eu disse que sou mais forte do que um sujeito comum.
— Sim, bem, você não mencionou voar! E me disse que não gostava de usar esses pontos fortes!
— Talvez você tenha mudado a minha perspectiva. - Ele sorriu e lancei a ele um olhar furioso. - Então você ficou impressionada?
— Aquele Nephilim lá quase capturou você e isso é tudo com que você se preocupa?
— Pensando assim.
— Pensei que o quê?
— Você está corando.
— Estou suando. Não estou impressionada! O que você fez lá atrás... O que teria acontecido. Acho que você é imprudente e negligente e você tem algum controle que faz tudo isso soar como uma grande piada! - Scott sorriu ainda mais.
— Não tenho mais perguntas. Tenho a minha resposta.
— E de nada. - Falei.
— Estava tudo sob controle. - Scott falou.
— Com certeza eu vi isso.
— Como você consegue fazer tudo aquilo. O que era aquilo verde saindo das suas mãos?
— É magia.
— Você é uma bruxa?
— Bruxa, feiticeira, o que quiser chamar. Tenho magia no sangue. Sou uma filha da noite. Sou uma filha de Lilith.
— Você é o que eu ouço por ai. A garota que todos temem.
— Não sei se todos temem a mim, Scott.
Nora parou e trocou de lugar com Scott. Ele dirigiu até a nossa casa.
— Bem, isso foi emocionante. - Scott falou antes de bater a mão no volante. - Trinta segundos mais. Isso é tudo que eu precisava. Se não tivesse deixado a câmera cair, teríamos fotos do armazém. O guarda deu uma boa olhada em mim, ele vai dizer a Hank. Mesmo que não tenha visto o meu rosto, ele poderia ter visto a minha marca. Hank vai saber que era eu. Ele vai enviar uma equipe para revistar a área.  - Ele nos encarou. - Ouvi rumores de Nephilim sendo trancados em prisões reforçadas. Câmaras subterrâneas na floresta, ou abaixo dos edifícios. Você não pode matar um Nephilim, mas pode torturá-lo. Vou ter que ficar quieto por um tempo.
— Que marca? - Scott puxou a camiseta e mostrou a marca de um pequeno punho fechado.
— A marca da Mão Negra. Foi assim que ele forçou-me a entrar em seu exército. O lado bom, ele não foi inteligente o suficiente para incorporar um dispositivo de rastreamento. - Ele sorriu torto, mas Nora não correspondeu.
— Você acha que o guarda viu a sua marca?
— Não posso dizer.
— Você acha que ele me viu? - Scott balançou a cabeça.
— Não podíamos ver nada através dos faróis. Eu só sabia que era você, porque reconheci o carro. Hank pode aparecer com a sua mãe a qualquer minuto. - Scott apontou o polegar para a estrada. - Eu tenho que ir. Vou me manter de molho por algumas semanas. Esperemos que o guarda não viu a minha marca. Esperemos que ele pense que eu sou um bandido comum.
— De qualquer forma, ele sabe que você é Nephilim. Da última vez que verifiquei, os seres humanos não saltariam edifícios. Quando Hank descobrir, não acho que ele vai achar isso como uma coincidência.
— Mais uma razão para recuar. Se desaparecer de vista, Hank poderia pensar que fiquei com medo e sai da cidade. Quando esquecer e deixar para lá, vou encontrá-lo. Vamos elaborar um plano diferente e derrubá-lo por um novo ângulo.
— E eu? Você é o único que colocou essa ideia na minha cabeça. Você não pode parar agora. Ele está namorando a minha mãe. Não entendo essa luxúria. Se ele estava envolvido no meu sequestro, quero que ele pague. Se está planejando coisas ainda piores, quero que ele pare. Não em algumas semanas ou meses, mas agora.
— E quem é que vai se livrar dele? A polícia? Ele tem metade deles em sua folha de pagamento. E a outra metade ele poderia fazer seus truques de mente. Escuta-me, Nora. Nosso plano é desmontar isso. Temos que deixar a poeira baixar e fazer a Mão Negra achar que está no comando novamente. Então vamos reagrupar e tentar um ataque diferente quando ele não estiver esperando por isso.
— Ele está no comando. Não é uma coincidência que de repente namore a minha mãe. Ela não é sua prioridade sobre construção de um exército Nephilim. Cheshvan começa no próximo mês, em outubro. Então, por que ela, por que agora? Como ela se encaixa em seus planos? Eu tenho que descobrir isso antes que seja tarde demais! - Scott puxou a sua orelha. - Eu não devia ter lhe contado nada. Você vai desmoronar. A Mão Negra vai desconfiar a um quilômetro de distância. Você vai falar. Vai dizer a ele sobre mim e sobre a caverna.
— Não se preocupe comigo. Esconda-se, tudo bem. Mas você não é aquele cuja mãe está apaixonada por aquele monstro a cada dia mais. Estou indo para derrubá-lo, com ou sem você.
— Você fez o certo Scott. - Falei. - Se esconda. Hank vai vir para cima de mim. Os Nephilim irão falar do meu poder. Eles vão achar que são duas pessoas que andam comigo que podiam estar junto. Meu pai vai estar de olho no lugar.
— Seu pai? - Nora perguntou e mordi o lábio.
— Nico e ele estão vivos. É uma longa história. Ele é inimigo número um de Hank. A guerra vai ser entre eles.
— Preciso falar com o seu pai. - Nora falou.
— Você pode conversar com o Nico. Não posso leva-la até o esconderijo do meu pai. Nenhum de vocês podem entrar lá.
— Por que? - Scott perguntou.
— Ele é um Anjo caído, Scott. Ele não tem muito amor a Nephilim. Por hoje chega. Você precisa se esconder. E Nora precisa descansar. - Abri a porta do carro e sai.
— Como posso descansar depois de tudo que descobri hoje? - Nora perguntou.
— Você precisa. Hank não vai ataca-la. Eu que vou precisar dormir com um olho aberto e outro fechado a partir de hoje.
— Mas quero acabar com ele.
— E você vai. No momento certo. Eu vou ajuda-la, Nora. Mas para isso temos que ser cuidadosas.
No outro dia acordei cedo e fui tomar um banho.
Vesti uma calça jeans, uma camiseta gola v verde claro, peguei um moletom fininho branco estampado de listras verdes e peguei meu tênis novo adidas branco com as listras pretas. Fiz uma trança embutida e fui tomar café.
Dirigi até o esconderijo do meu pai e segui até o quarto de Nico. Tyler tinha me dito que ele não tinha dormido na fazenda aquela noite e que Ben tinha ido embora para a felicidade dele.
Subi as escadas e fui até o quarto de Nico. Bati na porta e entrei. Pelo horário ele não deveria estar dormindo. Para minha total surpresa encontrei a ex de Ben ali.
— O que você está fazendo aqui?
— Estou saindo com o seu irmão. - Caroline respondeu.
— O que? Não! - Ela sorriu.
Ok. Era idiotice da minha parte dizer que ele não tinha feito aquilo. Eu conhecia Nico o bastante para saber que ele pegava qualquer mulher que desse em cima dele. E sabia que aquela ali era uma vadia.
— Mudou a estratégia? - Perguntei. - Não deu certo com Ben partiu para o meu irmão?
— Eu nem sabia que ele era seu irmão. Você é louca?
— Não. Mas estou louca agora. Sai do quarto!
— E quem vai me tirar?
— Eu. - Falei.
— Você e mais quantos?
Agora ela tinha feito uma provocação. Semi cerrei os olhos e ela sorriu. Parti para cima dela. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa a magia saiu de mim sem que mexesse as mãos. Ela foi atingida na barriga e caiu para trás.
Agarrei seus cabelos e a arrastei pelo corredor enquanto ela se debatia e gritava tentando se soltar.
— Ué, não precisava de muitos? - Debochei seguindo até as escadas.
Eu a virei para mim a soltando. Ela estava furiosa. Para finalizar a cena que todos observavam chutei sua barriga e ela despencou as escadas.
— Não se meta com o Nico. - Resmunguei começando a descer as escadas.
Mas fui impedida pelo meu pai. Ele tinha uma expressão séria e estava segurando meu braço.
— Precisamos conversar. - Ele falou e assenti.
Nico pressionou os lábios depois desceu as escadas atrás dela que estava caída no chão.