Nadando con los Poetas muertos escrita por Miss Addams


Capítulo 3
Final


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas cheguei! Desfrute do final desta história



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Parecia que fazia horas que estava no mesmo lugar, mas eu não estava parada, a minha mente não me deixava em paz. Olhei para a luz da lua que invadia a sala do meu apartamento. 

Pensei sobre a distância que não era tão grande da onde eu estava para onde ele morava, mas foi uma idiotice. Por que eu voltava sempre ao mesmo ponto de partida? Por que fiquei ansiosa esperando que algo diferente acontecesse? 

As cartas já estavam na mesa há muito tempo. Eu tinha aceitado, não tinha? 

A verdade era que eu estava mergulhada em lembranças e mágoa. Queria muito dormir, mas essa era uma mentira que repetia como uma ordem para si mesma. Não conseguiria dormir porque não conseguia parar de pensar nas últimas horas. 

Neste instante, recebeu uma notificação diferente das comuns, por curiosidade foi verificar o seu celular e se surpreendeu. Era ele. Como ele tinha conseguido o seu número? Desde quando?  

Se lembrou das vezes que perdia horas trocando SMS com Poncho em tempos distantes, mas agora que a comunicação poderia ser mais fácil utilizando o Whatsapp, eles não se falavam.  

Ficou na dúvida se responderia a mensagem, mas a quem eu queria enganar? Eu tinha saudade dele e vê-lo horas atrás não matou nada essa minha ansiedade.  

Invés de responder sua mensagem. Eu decorei momentaneamente o número dele e resolvi ligar. Se ele tinha dado o espaço de falar por mensagem, eu queria escutar sua voz independente da onde ou quem estivesse.  

— Oi! - A voz do outro lado estava limpa, já tinha esquecido disso.  

— Oi Poncho, não queria falar por mensagem se não se importa.  

— Tudo bem, agora está tudo bem! Eu consegui o seu número porque eu queria me desculpar por não ter saído com vocês. Não deu. Diana precisou de mim, mas ainda bem que você entendeu o meu sinal. 

Sinal? De que sinal ele estava falando? Eu tentei resgatar na minha memória e me lembrei de quando ele estava no estacionamento. O sinal que ele fez apontando para o bolso. Era isso.  

— Eu queria muito que você tivesse ido. - Respondi, me recostando no sofá e pela primeira vez me lembrando que Paco estava no quarto, provavelmente já dormindo. Suspirei.  

— Desculpa. - Ele pediu de novo. E escutei uns sons estranhos, foi como se ele estivesse se movimentando. - Eu queria ter tido mais tempo para conversar, eu gostei do abraço que nós demos hoje. Pensei que poderia ser o começo de uma nova história. - Poncho sugeriu e então eu percebi que ele tinha ido para algum lugar diferente. Talvez um corredor. Algo assim. 

Imaginei ele saindo do apartamento dele para ir em outro lugar conversar comigo. Como se eu tivesse que ser escondido. Isso me irritou, me magoou. 

— Acho que a gente não pode ter uma nova história. Hoje você escolheu o seu caminho. - Respondi irritada.  

— Como assim? 

— Está bem claro o que eu quis dizer Poncho. - Eu fiquei um momento em silêncio e logo me veio toda a nossa história na cabeça e as expectativas que eu tive explodiram e resolvi que calada eu não ficaria. - A gente chegou num ponto que nem o número um do outro tínhamos, eu pensei também que hoje seria diferente. Seria como quando eu fui ver suas outras peças.  

— Da última vez que nos vimos, eu te disse. Tudo mudaria. Tudo! – Poncho falou e foi pior porque ele me lembrou de algo que eu tento esconder nos momentos mais felizes que eu tenho com Paco. 

— Ás vezes eu me pergunto se eu tivesse... - Me interrompi porque uma teimosa e fina lágrima que se chama ‘e se’ caiu de seu olho esquerdo. Logo em seguida, sorri me contradizendo, mas contente por ninguém me ver naquele estado. - Se eu tivesse ido aquele encontro. 

O encontro que foi marcado por ele, o encontro fatal. O maldito desencontro. Foi ali que nossos caminhos se desalinharam. Foi ali que eu o vi seguir sua vida e ter um filho. Um filho, pensar nisso ainda mexia comigo de uma forma que não conseguiria explicar. 

— Não importa! - Ele me respondeu imediatamente. Foi tão rápido ou o tom tão cortante que pareceu uma lâmina afiada cortando meu ego. Afinal de contas, eu não importava mais? - Não importa mais. - Poncho ressaltou como se confirmasse a minha dúvida interna.  

Acabou para sempre. Ele seguiu com sua vida e estava mais do que na hora de que eu seguisse com a minha. Dominada por um sentimento horrível, mas libertador, eu voltei a falar de forma segura. 

— Eu fico contente que você tenha me ligado, que tenhamos nos visto, mas é melhor encerrar essa conversa agora. - Disse seca. 

— Dulce? - Poncho me chamou já sentindo, como no passado, o que viria por aí.  

— Sério, Poncho. É melhor.  

— Porque está fazendo isso? Eu estou sendo sincero contigo. Sempre fui transparente.  

— Isso é algum tipo de piada? - Exaltei um pouco sua voz, mas logo me lembrou que não deveria. - Você só pode estar de sacanagem comigo. - Conclui falando mais baixo. 

— Meu erro após o nosso término eu jamais voltei a repetir. Você sabe disso. Desde então eu passei anos tentando corrigir esse erro, você chegou a me perdoar, só que nunca conseguiu superar, verdade? Anos, Dulce. Eu sempre fui transparente desde então.  

— Você ser transparente não me machucou menos. - Ela respondeu o deixando quieto. 

— Eu só não quero terminar essa chamada assim, eu queria ter ido ao jantar, ficar um tempo a mais juntos. Conversar. Saber o que fez da vida, quando eu te vi fui inundado por um sentimento muito bom. Você não sentiu isso? - Seu tom de voz mudou e parcela minha afrouxou, era sempre assim. Ele me tinha nas mãos. Mas, dessa vez eu não deixaria. 

Não deixaria que ele me usasse.  

Vai a merda Poncho! - Disse com tanta raiva e logo depois desliguei.  

E assim o desligando da minha vida. Eu iria superá-lo, eu tenho que superá-lo. Vou conseguir

 

 

 

Fim! 


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Notas finais do capítulo

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