Nadando con los Poetas muertos escrita por Miss Addams


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Resolvi imaginar e após tanto tempo longe, enfim, voltei espero que gostem...



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2012 

 

“Você tem certeza?” - Ela me perguntou estranhando ver eu largar o osso tão rápido. Mas, no fundo sabia o motivo só queria que eu admitisse. Eu bebi tanto ao ponto de falar um terço do que meu coração inquieto berrava.  

“Tenho. Pode ficar tranquila, você já quebrou um galho”, comentei dando um meio sorriso que fez Fran ficar alguns segundos me encarando enquanto o carro permanecia estacionado na rua. Ainda estava trancado.  

“Você esperava que este dia terminasse de uma forma diferente, mas vai com calma você acabou um namoro recentemente”, ela se interrompeu ao ver a forma que eu a encarava. Esse não era o assunto. “Parece que estamos em um looping, já vivemos essa cena antes e julgo a dizer que já sei como ela termina”, comentou.  

Eu entendo o que ela quer dizer, mas apesar de estar decepcionada estou bêbada demais. “Eu só quero ficar sozinha”, disse de novo e Fran viu que não tinha jeito.  

Dessa vez, compreensiva ou conformada, não sei definir, ela destrancou o carro e eu peguei minha bolsa antes de sair. Fechei a porta e ela abriu a janela, me aproximei para me despedir e agradecer.  

Minha amiga me deu um sorriso compreensivo, não havia raiva, nem rancor só solidariedade julgo dizer que ela até mesmo irá me zoar daqui um tempo quando eu estiver melhor.  

Mas, antes de partir, Fran me disse: “Existe o amor da sua vida e o amor pra sua vida.” E aquela frase de pensamento idiota de internet que eu adoro, confesso, ficou na minha cabeça por minutos.  

Cheguei na minha casa e fui direto pegar uma garrafa de vinho e uma taça. Continuaria a tomar aqui. Coloquei uma música de fundo e juro que quis chorar pelo pé na bunda, mas não deu tempo.  

A campainha tocou. 

Poderia ser Fran ignorando meus pedidos de ficar sozinha, mas meu coração sabia que não era ela. Era ele. E essa era minha resposta.  

Abria a porta e ele estava com as duas mãos encostadas nas paredes. “Eu achei que tivesse me dispensado para ficar com sua na...” 

Eu gostaria de ter concluído meu deboche, mas ele não deixou e já me fez entrar em minha casa com sua boca colada na minha. Era exigente, quente do jeito que eu precisava. Desejava. Meu coração estava em festa e ignorava as últimas horas que sofria por ele no bar.  

Estava ali e por mim.  

Aos beijos fechamos a porta e ele me pegou em seu colo para me guiar até o balcão da cozinha, não precisava de direção, Poncho sabia cada detalhe e móvel da minha casa e da minha vida.  

Quando eu, desfrutando do seu beijo, puxei sua camisa social foi como se eu tivesse jogado gasolina em uma fogueira. Com raiva, Poncho me apertou. Poderia deixar marcas, eu não me importava. Eu gostava. Gostava de tudo nele.  

Ele deixou minha boca para encostar a sua em minha orelha. Enquanto eu escutava sua respiração intensa o senti tocar em um ponto estratégico para me fazer gemer.  

“É isso que você quer de mim, não é?”, ele perguntou com raiva. “Me usar”, completou se afastando um pouco, mas eu fui mais rápida e o prendi com minhas pernas receosa.  

“Não!”, neguei buscando seu olhar. Toquei em seu maxilar para olhar em seus olhos e afirmar o que estava sufocando durante horas. “Eu quero lhe amar”, completei com uma mordida em seu queixo.  

Eu vi de perto os olhos dele mudar de cor e por mais egoísta e errado que isso possa parecer me senti feliz. Ali eu soube que ele seria meu por inteiro. 

 

... 

 

“Você não quer um cigarro?”, perguntei ao ver ele tomar um pouco de seu vinho tinto. E ele negou.  

“Estou tentando parar”, respondeu enquanto terminava de lavar o último prato. Aquilo me pegou de surpresa e me fez encará-lo deitada no sofá. Poncho estava nu depois de fazermos amor pela terceira vez, sei lá, foi diferente do que das últimas vezes. Ainda que fizessem meses que não nos víamos.  

Ele decidiu cozinhar pra mim. E agora terminou de lavar a louça e voltou a se aproximar com um semblante mais sério. Se sentou no outro sofá de frente pra mim. Ambos nus e sem nenhuma vergonha.  Tínhamos motivo para?

“O que você achou? Agora me diz a verdade”, me perguntou curioso ou ansioso. Eu abri um sorriso com o assunto repentino.  

“Você está incrível. Aliás, você é. Eu não menti. Você nasceu para isso...”, Eu voltei a lembrar que horas atrás eu o via interpretar Gus em Nadando com Tiburones. Que praticamente obriguei Fran a ir comigo. “E eu sei”, garanti.  

“Sabe o quê?”, ele estranhou.  

“Que você fez aquela peça para mim”, eu respondi e pelo o olhar que eu recebi de Poncho, ele confirmou. Fui de surpresa, mas fiquei em um lugar que seu olhar penetrou no meu. Pensei que fosse perder o compasso em cena, mas parece que minha presença fez o feito contrário.

Ficamos alguns segundos em silêncio e ali eu senti que ele me agradecia.  

“Porque não o levou para assistir à peça?”, perguntou depois de alguns minutos. 

“Terminamos!”, eu o respondi sem querer pensar em Rodrigo. Eu só queria pensar no homem que estava na minha frente. Outro momento de silêncio.  

“Isso precisa acabar”, ele declarou desviando o olhar e ficando distante. Julgo a pensar que ele estava pensando em sua namorada. Senti por um segundo de ciúme, mas logo me lembrei da forma como ele me amou há poucos minutos. E então me lembrei de como Poncho me dispensou de seu camarim quando eu o convidei para sair.  

Foi minha vez de ficar confusa. Será que ele a ama? Ou será que se eu pedisse ele voltaria comigo? Será que dessa vez poderíamos ter uma nova e mais tranquila história de amor? Seria diferente? Será se eu o amo?  

Poncho e eu nos encaramos ao mesmo tempo e aquele olhar continha o nada e o tudo. Foi uma das últimas vezes em que tivemos tal conexão. 

 

— Dulce?  

— Sim? - Respondi depois de alguns segundos porque estava nadando em águas passadas.  

Paco me encarou dando um sorriso enigmático talvez por achar engraçado quando eu ficava no meu próprio mundo.  

— A peça já vai começar. - Ele anunciou e instantaneamente o meu coração bateu mais rápido. 


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