Ingredientes para se Curar um Coração escrita por LizAAguiar
Notas iniciais do capítulo
OOOOOOOOOOOOLAR o/
Pausa de uma semana pra Piper recuperar a saliva e continuar conversando u.u
Tenham uma boa leitura o/
Se Piper dissesse que foi atrás da irmã para ajuda-la estaria mentindo.
Seus principais motivos para barrar Drew as portas do refeitório não poderiam ser mais egoístas, estava curiosa para entender toda a situação com Malcolm, se o filho de Athena tinha razão.
E para fugir dos próprios sentimentos conflituosos.
— O que é isso? Quer companhia para a dieta? — Ignorou a pergunta, seguindo até a margem do Pequeno Tibre. — Terra para Piper. — Cutucou seu ombro. — Já brigou com a sua namorada? — Seu passo diminuiu quando a encarou, algo em seus olhos deixou a garota assustada. — Assunto delicado, tudo bem.
— Eu quero saber o que está acontecendo entre você e o irmão da Annabeth. — Sentou-se na grama, esperando que o barulho suave da correnteza a ajudasse a se calmar.
Pelos últimos dois dias seu estado de alerta máximo não havia dado qualquer descanso.
— Eu já disse, mamãe é uma vaca. — Drew fez bico, sentando ao seu lado. — Ela não vai ganhar, eu estou bolando um plano.
— Esse plano vai me deixar sentar com meus amigos e não ser obrigada a ficar escutando suas discussões com seu namorado? — Ainda era estranho se referir a Malcolm assim, sua irmã a encarou longamente, como se houvesse pisado em um brinquedo barulhento de madrugada e acordado todo mundo.
— Você não está bem. — Sentenciou, como Leo, Hazel e Annabeth... — Ter problemas na relação é saudável, você deveria conversar com ela e falar o que está te incomodando na rela...
— Não... — Sua tentativa de não gritar foi bem-sucedida, sua voz saindo em um murmúrio tenso. — Estamos... — Drew se afastou alguns centímetros, incomodada com sua agressividade. — ...namorando. — Piper suspirou quando o silêncio se estendeu. — Só me conte logo o que aconteceu. — Ela a fitou com alguns instantes, a avaliando dos pés à cabeça, quase como da primeira vez que se viram, quando aterrizou no lago do Acampamento Meio-Sangue.
´´Se me chamar de cabeça de texugo de novo eu juro que...``
— Ok. — Suspirou a palavra, sem ânimo algum. — Tudo começou quando Connor Stoll apareceu com uma garrafa de vodca do nada. — O ceticismo em seu olhar pelo tom inocente a fez cruzar os braços. — O que? Não fui eu quem encomendou.
— O que você acha que vai acontecer? O Quiron vai surgir do nada e mandar você lavar pratos? — Drew estava mais irritante que o normal naquele dia.
— Eu bebi um pouquinho, só pra saber o gosto. — Rolou os olhos, desistindo de tentar entender sua irmã. — E fui dar uma volta na floresta, nada demais. — Ela parecia envergonhada ou era impressão sua? — E topei com aquele magrelo no Punho de Zeus. — Jogou o cabeço solto por cima do ombro. — Não me lembro muito bem o que a gente discutiu. — O que era mentira, Drew começou a procurar pontas duplas nos fios castanhos, evitando seu olhar. — E aí eu posso ter...Meio que... — Seu lábio tremeu. — Beijado ele.
— Oh. — Foi a único som que saiu por sua boca, se Drew notou o presente tédio não fez questão de demonstrar.
— E pedido ele em namoro, não sei. Eu estava bêbada. — Acrescentou rapidamente. — E na manhã seguinte ele veio me procurar, dizendo que tinha aceitado. — Ela parecia a ponto de vomitar.
´´E você ainda queria comer antes. ``
— Deixe-me ver se entendi. — A apreensão no olhar dela teria sido engraçada em outro dia. — Você resolveu afogar as mágoas na vodca, saiu bêbada por aí, achou o Malcolm, beijou ele e se declarou. — Ela abria e fechava a boca, tentando achar uma brecha e contrariar suas palavras, em vão. — Você está namorando o cara que gosta, qual é o problema mesmo?
Sua pergunta trouxe o olhar de deboche e a soberba ao rosto de sua irmã: Drew voltou ao normal.
— Não brinque com a minha cara, McLean. — Agora seria uma boa hora para joga-la no rio. — Não é óbvio? Não tem como ele gostar de mim, isso é coisa de Afrodite. — Encarou a floresta do outro lado da margem, irritada.
´´Deuses, me ajudem a não pular no pescoço dela. ``
— Por que acha isso? — Questionou, invocando a irmã compreensiva e paciente que não era.
— Porque eu faço bullying com ele, só um masoquista gostaria disso, ou um idiota. — Ela pareceu concordar com a segunda hipótese, Piper suspirou, encarando as águas em busca de alguma ideia que a fizesse enxergar a verdade.
Como ela poderia ser tão cega ao cenário mais do que perfeito que se moldava a sua frente?
— Acho que estávamos amaldiçoados. — Não fez questão de encara-la para ouvir a teoria maluca. — Depois do que aconteceu na frente do Punho de Zeus não consegui ficar com mais ninguém, acho que aquele lugar deve ter um quê de sagrado. — Arregalou os olhos para o Pequeno Tibre.
Negação tinha limite!
— A culpa não era de Afrodite? — Só faltava um bunker e um chapéu de papel alumínio para que sua irmã virasse uma lunática de vez.
— E você não acha que ela está por trás disso? — Indagou como estivesse tentando provar que a grama era verde.
— Mas o punho é de Zeus. — E parecia um monte de estrume, não tinha nada de sagrado ali. Drew suspirou, exasperada.
— Ela está usando isso pra me confundir, você não vê? — Apontou para uma direção qualquer, como se a mãe estivesse ali espiando seu plano funcionar. — É tudo coisa dela!
Piper encarou sua irmã, incrédula que estivesse tão comprometida a se enganar. Não pensou em nada que pudesse falar que ela mesma já não soubesse. Drew precisava cair na real, e só o tempo a faria entender isso.
— O que o Malcolm diz é verdade? — Mas estava curiosa com mais uma coisa.
— O que? — A pergunta saiu cautelosa, como se estivesse com medo do que viria a seguir.
Toda aquela história seria tão engraçada se tivesse humor para tal.
— Que você está tentando se aproximar de mim? — A explicação de Malcolm fazia sentido, embora Piper tivesse ressalvas se era aplicável em sua irmã.
O rosto descrente com sua pergunta foi tomando uma expressão tediosa misturava com pitadas de raiva.
— Eu achei que você estava ficando esperta. — O desdém transbordava de sua voz e, pela primeira vez ela não pareceu detestável, mesmo que tentasse muito. — Até seu gosto pra namorar melhorou.
— Deuses.... — Murmurou para si mesma, a risada não saiu porque estava surpresa demais para tal.
´´Você tentou ofender até seu crush supremo, isso só pra me irritar. ``
— Por favor, né? — Ela abanou a mão como se sua ideia fosse um absurdo. — Sua cabeça de texugo. — Sussurrou irritada, uma criança de 6 anos teria soado menos infantil.
— Eu não acredito nisso. — Dessa vez o humor saiu em sua voz, o que pareceu deixar Drew ainda mais irritada, ela a avaliou outra vez, procurando qualquer coisa que pudesse usar como ofensa.
— Eu deveria ter feito você engolir aquela tesoura do Garfield. — Cuspiu, a cada segundo a situação ficava mais engraçada. — Você quer cortar seu cabelo? Tudo bem, mas ao menos use algo que corta de verdade.
— Ele está certo. — As palavras escaparam por sua boa e, Piper não acreditava nelas.
— O que? — O olhar aborrecido era um aviso para que ficasse quieta.
Que fez questão de ignorar.
— Você não sabe se aproximar das pessoas. — A pálpebra esquerda de Drew tremeu levemente.
— Vai se ferrar! — Mostrou o dedo do meio e abraçou os joelhos, encarando o rio como se preparasse sua morte.
— Quantos anos você tem? — Porque era difícil acreditar que era a mais nova ali. Sua irmã apenas suspirou, negando-se a continuar a conversa.
Voltou-se para a correnteza do Pequeno Tibre, sentindo os ombros menos rígidos do que a minutos atrás.
´´Quem diria que você queria o posto de abelha rainha só pra se proteger. ``
Parecia mais um porco-espinho.
Em todos os anos lidando com pessoas agressivas assim, Piper pouco pensou em seus motivos, estava muito mais preocupada em se manter sã nas escolas horrorosas que seu pai a mandava. Olhar o rosto da irmã agora, tentando reestruturar a máscara de garota malvada e esconder a fragilidade que os olhos expunham lembrou-a do Jardim de Baco dois dias atrás quando disse a Reyna que queria ouvir sobre...
´´Deleta: você está proibida de pensar nela por enquanto. ``
Seu cérebro talvez derretesse com a tarefa.
— Não acredito que conversar com você melhorou meu humor. — Uma verdade inacreditável. — Eu não quero perder a chance de ter uma conversa sincera com você, então agora é sério. — Suas palavras fizeram com que a irmã a encarasse, mesmo que receosa. — Você realmente acredita no que me disse?
Ela não respondeu de imediato, apenas seguiu fitando-a, absorvendo suas palavras como se houvessem outros significados.
— Você não tem medo? — Sussurrou por fim, genuinamente curiosa.
Embora Piper não soubesse o porquê.
— Do que? — Drew esticou as pernas, olhando para o tênis como se o objeto tivesse as respostas que procurava.
— De pisar no território da mamãe? — Piper engoliu em seco ao sentir o pesar em sua voz. Algo em seu interior se agitou com aquela pergunta.
— Do que está falando? — Foi sua vez de se fingir de idiota, o sorriso curto e convencido de Drew nunca pareceu tão cumplice.
— Todo mundo acha que é mais fácil pra nós, porque somos filhas dela. — O ressentimento em sua voz era claro. — O amor e a beleza. — Debochou, como se em sua cabeça fosse uma estupidez. — A gente tem que encantar todo mundo, ser desejada, inatingível. — Jogou o cabelo para trás, o sarcasmo em sua voz foi sumindo pouco a pouco, a magoa assumindo o protagonismo. — Porque é isso que a mamãe é. — Piper mordeu o interior da bochecha, sem acreditar que viviam dilemas parecidos. — Não quero ser igual a ela. — Sua irmã encarou as unhas pintadas de rosa, procurando defeitos nas cutículas. — Afrodite gosta das histórias que machucam, porque algo comum não é divertido nem inesquecível como ela. — Recitou as palavras como se já houvesse dito várias vezes. — Não vou cair nessa, não vou dar chance de deixar acontecer. — Prometeu a si mesma.
Mesmo preocupada com a conclusão de Drew, Piper não deixou de estar aliviada.
´´Ao menos ela não acredita na baboseira sobre Punho de Zeus e ter xingado Ares. ``
— Você odeia maquiagem, corta o cabelo do pior jeito possível e não faz questão alguma de usar roubas bonitas. — Pela primeira vez sentiu que ela dizia isso sem julgamentos ou deboche, seu tom era quase de admiração. — É o jeito que você tem de dizer não a ela, esse é o meu. — Deu de ombros.
Deixaram que o som do rio as envolvesse, enquanto a brisa suave soprava.
Haviam sentado juntas, enquanto uma falava de seus problemas, se abrindo, enquanto a outra escutava, tentando compreender um monte de sentimentos conflituosos e soltos, sem brigas ou discussões estúpidas.
Era a primeira vez que se sentia próxima de sua irmã idiota.
— Eu sei que não quer falar sobre isso. — Começou com cautela e, Piper soube exatamente qual era o assunto. — Mas Afrodite marcou a Reyna, vai brincar com ela até ficar entediada. — Seu maxilar tensionou, sem que notasse. — O único jeito de se livrar definitivamente dela é estar sobre a tutela de outro deus. — Quanto mais Drew falava, mais sua vontade de vomitar aumentava. — Tipo entrar para as Caçadoras ou algo assim.
Mordeu o lábio inferior em uma tentativa de conter a frustração, fechou os olhos, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse em sua mãe ou em Reyna.
— O que foi que aconteceu pra você ficar assim de repen... — A fala foi ficando mais baixa e lenta até cessar, Drew soltou um assovio impressionado. — Caramba, esse é o problema? — Abriu os olhos para fita-la, torcendo para que entendesse que não queria conversar. — Nossa, agora entendi sua raiva. — Continuou a encara-la, parecia decidir entre tentar ser legal ou sincera. — É uma pena, maninha. — E suspirou, esperando que dissesse algo.
O que não aconteceu.
— Vai deixá-la ir ou vai comprar briga com Afrodite? — Não respondeu, mais concentrada em observar as formigas cortando a grama. — É sério? Não vai dizer nada? — Deu de ombros.
Não queria falar sobre isso e, não tinha essa obrigação.
— Eu conto a porra toda pra você e é assim que me agradece? — A voz de Drew saiu indignada, Piper rolou os olhos.
— Não vou falar sobre isso. — Murmurou, tentando não entrar em colapso. — Agora eu não consigo. — O olhar intenso de sua irmã era incômodo, mas suportável, por fim ouviu o suspiro.
— Tudo bem. — Disse, conformada. — Não tem diferença, nós duas sabemos que você não vai desistir. — Quando a fitou Drew estava olhando as unhas novamente.
— O que? — Não sabia porque estava ofendida, mas estava.
— Não me olhe assim, Ok? — Levantou as mãos em sinal de paz. — Só estou dizendo que você não é do tipo que não desiste do romance, ficou com o Jason um tempão, mesmo sabendo que vocês não tinham nada a ver. — Foi sua vez de suspirar, deitou sobre a grama, exausta de toda aquela confusão.
Não iria iniciar outra discussão sobre seu ex-namorado.
— Seja lá o que você for fazer, espero que tome a decisão pensando, não sentindo. — Um riso suave saiu por sua garganta. Havia tomado suas decisões em missões, lutado e sobrevivido por causa da intuição, era engraçado ouvir que deveria ignora-la.
— Assim que descobrir o que a minha cabeça e o meu coração estão dizendo eu sigo seu conselho.
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Bem mais curto não?
Sabe, eu adoro a Drew, que provavelmente só existe desse jeito na minha cabeça ♥
Já consegui convencer vocês a amarem ela? e.e
Até mais, moçada o/