Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 47
Eu vou expor ela




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— Você não vai conseguir relaxar desse jeito, Mari — Kentin comentou, sequer se importando em abaixar o tom da voz. Ninguém ali ia se importar. Justamente porque não tinha ninguém além de nós três.

Quem ia ouvir a nossa conversa em uma sala de cinema vazia? Minha paranoia estava tão grande, que era capaz de eu desconfiar que a qualquer instante Debrah ou Ambre sairia de debaixo de uma das poltronas e apontaria o dedo pra nossa cara, gritando “rá! Pegos no flagra”. E eu devia mesmo aprender a me controlar. Mas se até mesmo Júlia se permitia passar nervoso, quem era eu para não ficar do mesmo jeito, não é?

— A gente vai se encontrar com o Armin assim que sair daqui, Mari, calma — Micalina tentou ir na do Kentin, segurando minha mão pelo espaço que não estava ocupado pelo copo de refrigerante. — Tenho certeza que vai dar tudo certo.

Olhei para um lado, olhei para o outro, vendo que os dois me encaravam com sorrisos. Suspirei alto.

— O que eu faria sem vocês, hein? — Segurei as mãos deles e nos permitimos rir juntos, na sala de cinema vazia.

— Agora, você me deixe prestar atenção nesse filme — a mexicana advertiu, pegando meu saco de pipoca quase intocado, já que o dela estava amassado e sem nada. — Porque não é todo dia que a gente vê o Thales Latimer sem camisa na minha frente e numa telona dessas.

Olhei para a tela enorme na parede à frente e torci o nariz, vendo o patrão e a empregada dando uns pegas nervosos em uma das salas do almoxarifado. E sim, finalmente fomos a uma das últimas sessões de Confidencial, o filme que era uma adaptação daquele livro, que Micalina tanto queria ver da última vez que fomos ao cinema, para assistir Ad Astra.

— Não acredito que tivemos que pagar pra ver essa baixaria... — Kentin reclamou, revirando os olhos.

— Eu não obriguei ninguém a vir comigo. — Micalina cruzou os braços e eu senti a tensão entre aqueles dois.

É, as coisas estavam ficando piores... Ou talvez melhores, já que eles estavam mais grudados do que o normal nas últimas semanas. 

— Eu vou no banheiro. — Inventei como desculpa, já que resolvi sentar entre os dois. Segurando vela? Imagina...

Fui até o toalete, joguei um pouco de água no rosto — agradecendo pela maquiagem a prova d’água —, comprei um chocolate, quase me arrependendo de fazer isso com aquele preço que custava os olhos da cara, senti vontade de esticar um pouco as pernas, mas me contive, senão atravessaria o shopping todo de cabo a rabo, chequei meu celular por novas mensagens, e quando me contive em saber pela milionésima vez que ninguém me mandaria nada e que ainda faltava uma hora e meia para Armin sair do expediente, voltei para a sala de cinema.

O casal na tela estava se olhando apaixonadamente e com a dublagem tão dessincronizada que chegava a ser risível. E depois ainda reclamavam da dublagem brasileira...

Tomei cuidado para não tropeçar no escuro e me sentei no lugar que outrora fora de Kentin, já que ele ocupou o meu. Pelo visto, o saco de pipoca que era meu tinha sobrado só papel e Micalina teve que pegar o do Kentin. Como alguém comia tanta pipoca? Enfim, o russo pareceu parar de pedir socorro com os olhos, para alguém o tirar daquela tortura, e se ocupava em olhar para a modelo ao seu lado ou pensar na morte da bezerra.

Chequei meu celular pela 288339ª vez naquele dia e apenas recebi uma mensagem de Júlia, falando que também não iria para a aula naquela quarta-feira. Ela estava ansiosa demais para isso. 

O filme acabou e os créditos começaram a subir, com Kentin e eu suspirando de alívio por aquela tortura finalmente ter chegado ao fim.

— Viram, não foi tão ruim assim? — Micalina disse, recolhendo os três sacos de pipoca e deixando para Kentin lidar com os copos de refrigerante. Eu? Continuava de mãos abanando mesmo.

— Parecia um...

— Se você for dizer o que eu tô pensando que vai, é melhor não dizer. — Ela alertou com um apontar de dedo e saímos da sala escura.

Kentin ergueu as mãos, como se pra mostrar que não estava mais ali quem falou, e pisquei os olhos algumas vezes, tentando voltar a me acostumar com a claridade. Após uma ida ao banheiro, esperei por Micalina enquanto me olhava no espelho, tirando meu celular do bolso mais uma vez para checar: zero x nada.

— Você devia se acalmar, Mari, de verdade. — Mica brotou do meu lado, lavando as mãos. — Eu sei que é difícil, eu também estou ansiosa, mas vamos torcer pra ter alguma coisa. — Secou as mãos.

Empurramos a porta para fora do banheiro e grunhi, parecendo que estava prestes a ter uma dor de barriga. O que eu sinceramente esperava que não.

— Deu tudo errado com o e-mail da Ambre ontem — respondi baixinho, ainda com a paranoia de alguém nos ouvir. — Eu sei que ontem a gente tava até otimista, mas eu também não estava lá totalmente sã, mas agora parando pra pensar melhor...

— Vai dar tudo certo. — Micalina me interrompeu, me abraçando de lado, pouco se importando se estávamos em pleno shopping movimentado. — E se o Armin não achar nada, a gente ainda vai dar um jeito.

...

— Vocês vão querer mais pipoca? — Júlia ofereceu, brotando da cozinha com os cabelos presos em um coque e um pote tamanho família na mão.

Como estávamos? Eu e minha amiga sentados no nosso nada enorme sofá de dois lugares, Kentin e Micalina juntos no chão com as costas apoiadas na mesinha de centro, ele realmente prestando atenção no jornal das sete e ela respondendo os comentários dos seguidores no Instagram através do celular. Eu destruía minha unha, tendo noção que ia precisar com urgência de um novo dia de SPA quando tudo aquilo acabasse.

— Eu aceito — Micalina se manifestou e agradeceu, pegando uma mãozona do pote.

Júlia se sentou ao meu lado e deixou o pote sobre a mesa de centro, onde qualquer um ia poder esticar a mão e pegar.

— Como você consegue comer tanta pipoca assim, Mica? — questionei, vendo minha amiga levar mais uma mão cheia de pipoca até a boca.

Ela deu de ombros e abracei meus joelhos, dando mais espaço para Júlia esticar as próprias pernas no sofá.

— Pipoca não enche barriga e não engorda, então...

— Olhem! — Kentin apontou para a TV e exclamou, nos surpreendendo por ser uma das únicas vezes em que o modelo falava tão alto assim. — É o comercial da Mari!

Eu dei um grito, pouco me importando se o vizinho do lado ia achar que estavam castrando um gato, e me levantei, indo para mais perto da TV e tentando não ficar na frente de todos.

O comercial começou com um frame meu e de uma modelo aleatória em um dos takes no beco, com uma música da Ellie Goulding de fundo. Eu comecei a fazer uma dança à lá Raven Baxter de comemoração, enquanto meus amigos assistiam concentrados. Tudo pareceu parar quando apareceu justamente aquele take em que eu e Castiel gravamos caminhando juntos, com aquele carão de modelo.

Parei de dançar, vendo nos dois nos juntarmos aos demais modelos e aquela cena de comemoração, com ele quase saindo do personagem enquanto me segurava, como Chani havia orientado. Quando o logo da River Street apareceu e a tela passou para um comercial de carros, eu estava assistindo aquilo com uma cara de tacho.

Eu tinha perdido tudo aquilo por causa daquelas duas. Castiel me odiava, Lysandre me odiava, Júlia perdeu o emprego, eu estava conseguindo cada vez menos trabalhos... Aquele foi o último trabalho feliz que eu vi. Justamente no dia em que tudo rolou entre nós dois. E Castiel sequer me deu uma chance de tentar explicar...

— Parabéns, Mari. — Parei com meu momento de encarar a televisão com cara de idiota quando senti Júlia me abraçar. — O comercial ficou ótimo.

Sorri sem graça e deixei ela me guiar de volta para o sofá.

— Ficou mesmo, você tava linda! — Micalina elogiou com a boca cheia de pipoca.

— Eles deviam te contratar pra próxima campanha deles, Mari — Kentin se juntou ao coro, os três sorrindo para mim.

— Olha, eu sou super cara de pau, vocês sabem, mas ficar fazendo isso com uma mulher em plena TPM é sacanagem — soltei e ouvi todos rirem. Eu real estava emocionada, mas tentei ignorar.

— A gente devia fazer um brinde pelo comercial da Mari — a mexicana sugeriu, tendo praticamente sequestrando a tigela de pipocas àquela altura.

— Sem vinhos dessa vez! — pedi pra minha amiga, com medo da dor de cabeça da ressaca que tive quando acordei naquela manhã.

— A gente pode fazer um brinde de refrigerante, então — Júlia sugeriu e atravessou nossa minúscula sala, indo até a geladeira. — Deve ter uma garrafa cheia...

Enquanto o telejornal voltava para mais uma rodada de notícias, com Kentin realmente interessado e Micalina tentando não se engasgar com o milho não estourado da pipoca, no meio das tossidas da minha amiga, ouvi uma batida na porta e pulei do sofá, fazendo inveja ao Flash pela velocidade com que atendi.

— Entra já! — ordenei para Armin, que ainda tinha a mão erguida para bater mais uma vez.

— Nossa, não sabia que eu sou tão amado assim — brincou com um sorrisinho e foi entrando.

Ele cumprimentou Júlia, que entregava um copo de refrigerante para cada um dos meus amigos, já tendo deixado outros dois sobre a mesinha de centro.

— Alguma novidade? — ela questionou empolgada.

Armin sorriu feito um doido e foi tirando um notebook da mochila preta que tinha nas costas.

— Tenho, mas antes, me deem um espacinho. — Foi logo se sentando no nosso sofá, abrindo o aparelho eletrônico e desbloqueando. — Subir esses lances de escada do prédio de vocês cansa, sabiam? Bem que podiam colocar um elevador, iria poupar minhas pobres pernas...

Júlia ocupou o lugar ao lado dele e me restou o braço do móvel. Kentin e Micalina se viraram para nós, tendo a mesa de centro no meio.

— Não vou dizer que foi fácil, porque não foi. — Armin começou um discurso, enquanto nós quatro morríamos de ansiedade por dentro. — Mas ainda bem que nós temos as minhas habilidades de hacker ainda não enferrujadas. — Ele riu pra si e começou a fuçar em algo do minicomputador. — Eu faço parte da Operação Paparazzi mesmo? — questionou pra mim com um sorriso que gritava empolgação.

— Fala logo, cara! — Kentin exclamou, falando o que todos nós queríamos dizer em voz alta.

— Tá bom, tá bom. — Armin teve que concordar resignado e começou entregando o notebook para Júlia. — Eu não achei nada no e-mail da editora e nem no profissional da Deborah, então a última opção foi um pessoal, que eu consegui achar com uma pesquisa. Ela já tinha apagado da caixa de entrada, mas, pra nossa sorte, parece que dona Deborah esqueceu que existe a lixeira.

— Debrah — corrigi.

— É, esse nome — Armin concordou.

— Aqui tem a prova que nós precisávamos! — Júlia exclamou com um sorriso que ia de orelha a orelha e passou o notebook para mim. — Ela parece estar respondendo algo da Ambre, mas tem todo o combinado, as fotos, que dia vai ser publicado...

Olhei para a tela, vendo o print de um e-mail recebido de @eusoudemais, e essa é apenas a tradução do que estava escrito no remetente em francês. Fiquei boquiaberta e Micalina pegou o minicomputador das minhas mãos, curiosa pra ver o que tinha ali.

— Armin, você acaba de salvar nossas peles! — exclamei e o abracei, com direito a um beijo estalado na bochecha.

— A gente não sabe como te agradecer, Armin. — Júlia também o abraçou e quase amassamos o pobre coitado de todos os lados.

— Olha, se eu pudesse respirar, eu já aceitaria como agradecimento — ele disse abafado e nós duas o soltamos.

— E o que vocês vão fazer com isso? — Kentin questionou, entregando o notebook de volta para Armin, agora que havia passado por todo mundo.

— Expor elas, é claro! — Micalina disse alto, as sobrancelhas franzidas em fúria. — Vocês viram a cara de pau daquela mulher? Dava a impressão que as duas ficaram debochando da Júlia e da Mari, e olha que era só resposta de...

— Eu não sei — Júlia interrompeu, sensata como sempre. —Primeiro a gente precisa resolver toda essa situação. Mostrar pro Bonnet, conseguir meu emprego de volta...

— Mas também precisamos provar pra todo mundo, Jú — mostrei meu ponto e me levantei, indo até a garrafa de refrigerante em cima da mesa para pegar mais um copo para Armin. — Eu concordo com a Mica e vamos expor elas!

Entreguei o copo para Armin, que bebeu um gole.

— A gente ainda tem tempo pra decidir essas coisas — ele interveio. — Mas agora que eu sou oficialmente parte da Operação Paparazzi, eu quero um brinde.

Todos rimos, sentindo o clima aliviar. Cada um pegou seu copo e ergueu.

— Um brinde à Operação Paparazzi!

 


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Notas finais do capítulo

Ester:
Será se agora vai, braseeeelll?? Esse exposed a gente apoia -q
Pra quem quiser e gosta, agora temos a playlist da Marimar :D
YouTube pra quem é de YouTube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLtd2o93Ew-C0YQiT1EdDQjXZQ5C-oL7tl
E Spotify pra quem é de Spotify: https://open.spotify.com/playlist/4RxijsF2EwO4qBEMKl99HN?si=NaxH7_BZRD2evvBrTGhs4Q
Só nas puras farofagens -q
Até mais, povo o/

Bia
E vocês, já pagaram caro pra ver um filme ruim tbm? :p
E finalmenteee temos provas contra a Debrah ~glória Essa mereceu um belo brinde da operação paparazzi xD
Até mais o/



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