Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 32
Emoções À Flor da Pele


Notas iniciais do capítulo

Bia
Oie pessoas! Também estão sofrendo com o frio e a chuva? Eu tô kkk
Boa leitura!



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Meu útero doía. Pulsava. Latejava. Me fazia curvar com os braços na barriga, tentando achar um jeito de sentir menos dor. Sem sucesso, claro. Precisei tomar um remédio e ser inútil nas últimas horas de trabalho. A dor passou pouco depois que cheguei em casa, e eu achei que merecia algum doce após todo aquele sofrimento.

Sai mais cedo do que o costume e fiz o trajeto de sempre, descendo alguns pontos antes da escola. Eu já conseguia sentir os sabores daqueles chocolates...

Entrei na pequena loja ao lado do restaurante que Rayan me trouxe, semanas atrás. Era a área do restaurante destinada somente aos chocolates e alguns outros doces. Peguei uma cestinha e comecei minha inspeção de quais eu iria comprar.

Peguei uma barra de chocolate meio amargo com amêndoas, outra com amendoim, alguns bombons diferentes...

— Está repondo seu estoque?

Gelei por um segundo e ergui o rosto, encontrando Rayan ao meu lado. Abri um sorriso e desviei o olhar de volta para a prateleira.

— Estou começando o estoque, na verdade.

Engoli seco, sentindo meu coração entregar minha situação emocional em vários aspectos que eu não queria enfrentar. Continuei pegando os chocolates, escolhendo com cuidado. Depois de pegar uns dez, dei uma olhadinha para trás e vi meu professor no caixa, pagando sua compra. Ele olhou rapidamente em minha direção, e ao mesmo tempo em que eu virava o rosto, ele pegou seu troco e saiu do lugar.

Me senti mal por ter agido tão friamente e meus olhos se encheram de água, involuntariamente. Era uma reação idiota do período menstrual. Qualquer coisa tinha a capacidade de me fazer chorar. Segurei aquela sensação e fui pagar meus chocolates. Passei o cartão, peguei a sacola e saí, já pegando um bombom e o enfiando na boca, me sentindo uma criança chorona.

Parei bruscamente no segundo passo, vendo Rayan encostado na fachada da loja, mexendo no celular. Ele me olhou e voltou o aparelho para o bolso.

— Podemos ir juntos? — Ele perguntou, delicadamente.

Com a boca cheia, afirmei com um aceno de cabeça, e ele se pôs a andar do meu lado. Mastiguei o chocolate, enquanto ele se dissolvia. Só me permiti falar quando terminei de limpar os dentes com a língua.

— Desculpe.

— Pelo quê?

— Minha atitude na loja. Eu fui muito rude.

Ele não respondeu de imediato. — Tudo bem. Percebi que você não está no seu melhor humor. Não se preocupe. Eu que fui evasivo demais.

— Você sempre foi assim. Digo. Simpático.

Ouvi uma risada leve. — E você também.

— É... Eu estou muito influenciável pelos meus hormônios hoje.

— Ah, entendi.

E infelizmente por você também.

— Mas você está com dor?

— Não, tomei remédio mais cedo. Agora estou só com um incômodo, como se fosse uma pressão aqui. — Pousei a mão sobre a barriga para indicar.

— Já experimentou tomar chá de camomila? Minha mãe costumava tomar nesses períodos.

— Não é sempre que me dá cólica, mas quando dá, nada resolve além do remédio. Mas talvez ajudasse com esse incômodo.

— Na cafeteria da escola tem. Podemos matar um pouco o tempo lá. Está cedo ainda.

Fiquei sem graça de recusar e acenei levemente, concordando. A caminhada silenciosa durou mais dois minutos até chegarmos na escola e irmos para a cafeteria. Rayan avisou que pediria, então escolhi uma mesa. Deixei minha mochila ao meu lado, e pouco depois Rayan voltou com duas xícaras de chá.

— Vou te acompanhar — disse ele, deixando minha bebida na minha frente e se sentando.

— Não precisava, mas obrigada. — Sorri, sem jeito, mexendo o líquido com o saquinho. Tentei pensar em algum assunto para sair daquele clima estranho. — Você... Sabe alguma coisa das fotos? Alguma novidade?

— Não, ainda não, mas tenho certeza que elas serão aprovadas.

— Tomara.

Dei um gole do chá e ouvi o barulho de mensagem do meu celular. O peguei, vendo que recebi uma mensagem do Pietro. Abri a conversa. Ele perguntou se eu queria jantar na casa dele.

Respondi que já estava na escola. Ele sabia que eu sempre chegava tarde.

“Ah, que pena”, respondeu ele.

Dei uma olhada de canto de olho para Rayan, que observava sua xícara com uma expressão pensativa. Eu já não conseguia pensar em nada para dizer, e ficar ali com ele estava sendo... estranho. Como se tivesse algum assunto pendente entre nós.

Terminei o chá em mais dois goles e suspirei.

— Acho melhor eu ir pra casa — anunciei, fazendo ele me olhar surpreso.

— Por quê?

— A... dor está voltando. Eu não vou conseguir prestar atenção na aula desse jeito. — Enfiei a mão em um dos bolsos da mochila e alcancei uma moeda de dois euros. A deixei em cima da mesa, para pagar o chá. — Obrigada pela ajuda e desculpe não ficar para a sua aula.

Puxei a mochila e saí de lá rapidamente, antes que Rayan pudesse reagir. Soltei o ar quando cheguei na rua e, enquanto andava, digitei uma resposta para Pietro.

“Ainda dá tempo de aceitar seu convite para jantar?”

Não demorou para a resposta chegar.

“Claro. Estou te esperando.”

Ele me passou o endereço e eu chamei um motorista. Em menos de dez minutos estava sendo liberada para subir para o apartamento. Pietro me recepcionou, me dando um beijo na bochecha com um sorriso fofo.

— E a aula? — perguntou ele, pegando minha mochila e meu casaco.

— Desisti. Eu estou sangrando hoje, cheia de incômodos. Eu não conseguiria focar em nada.

— Ah. Quer alguma coisa? — O segui para a cozinha. — Como você não viria, não ia fazer nada, mas comecei a correr quando você resolveu vir.

— Eu estraguei algum plano seu?

— Não, claro que não. Eu provavelmente ficaria treinando sozinho. Senta.

Me sentei na banqueta da ilha e observei Pietro cozinhar. Ajudei em alguns momentos e a colocar as louças ali mesmo. Ele serviu vinho nas taças e sentou ao meu lado para nos servir.

Ficamos conversando enquanto comíamos. A comida estava muito boa, Pietro era um bom cozinheiro, e era modesto em dizer que ele sabia “sobreviver”. A conversa continuou durante minha ajuda com as louças, e lá para as dez da noite, precisei me despedir e voltar para casa.

Assim que cheguei, encontrei Marimar deitada no sofá, com uma das pernas esticada no encosto, digitando loucamente no celular, com um sorrisinho bobo no rosto.

— Falando com o Castiel? — indaguei, só para confirmar, tirando os tênis e pendurando as chaves.

— Acho que nem preciso responder. — Ela riu. — Estamos falando de ontem.

— Ele gostou tanto quanto você? — Fui até o banheiro para lavar as mãos e me livrei das roupas, as botando no cesto de roupa suja.

— Acho que sim, ele achou graça. Nunca vou esquecer do nosso dueto... E dele me chamando de Morena...! Ai. — Mari colocou a mão no peito, como se tivesse levado uma flechada no cupido.

Eu ri. — Só falta derreter. — Fechei a porta e fui tomar um banho rápido. Quando voltei, já de pijama, minha amiga ainda estava do mesmo jeito.

— Não vai jantar? Fiz macarrão.

— Não, eu já comi.

— Onde? — Consegui fazê-la desviar os olhos do celular graças ao meu tom de voz insinuante.

— Na casa do Pietro — falei inocentemente, dando de ombros.

Ela abriu um sorrisinho malicioso. — Cabulando aula pra ficar com o peguete, é? Quem é você e o que fez com a Júlia?

Fiz uma careta para ela, rindo. — Eu estava com cólica e emotiva. Eu resolvi comprar uns chocolates e encontrei meu professor na loja, e ele quis ir pra escola comigo e... Ai, não deu. Tive que sair de lá.

— Como é?! Espera aí, explica essa história direito — ordenou, deixando o celular de canto.

Suspirei e comecei a contar desde o começo exatamente tudo o que aconteceu. Meu pequeno discurso terminou de um jeito melancólico.

— Eu gosto do Pietro, mas me sinto mal por ficar tão mexida perto do Rayan — desabafei. — É tão... intenso ficar perto dele. Será que isso não é algo normal? Para quem convive com ele, quero dizer, não é possível que só eu me sinta assim.

— Você tá se cobrando demais, Ju. É difícil esquecer alguém tão rápido assim. Essa só foi a segunda vez que você “saiu” com o Pietro.

— É, mas não consigo deixar de me sentir mal. Não sei se devo continuar com isso. É sacanagem com ele.

— Bom, vocês já foram para os finalmentes. Vocês estão namorando agora — brincou ela, me lembrando de um fato importante.

Coloquei a mão na testa. — Eu sempre esqueço disso. Que droga. Eu devia ter deixado claro desde aquele dia. Malditos franceses e seu costume.

Mari deu risada e parou, de repente, arregalando os olhos. — Espera, então quer dizer que eu e o Castiel estamos namorando?! Agente se beijou aquele dia...!

— E só agora você se tocou disso? — Sorri, vendo suas bochechas corarem.

— Mas será? Não podemos generalizar. Com certeza nem todos os franceses devem pensar assim...

— Isso é... Só vamos ter certeza se fizermos a perguntinha básica. “Estamos namorando?” Se você tiver um sim, vai soltar fogos. Se eu tiver um sim, vou me sentir pior ainda e provavelmente parar por aí.

— Estou dividida entre ficar feliz e chateada por você. Não sei o que faço agora. — Mari segurou a cabeça com as duas mãos, confusa.

— Pode ficar feliz, de chateada já basta eu. — Ri, me espreguiçando. — Mas pergunta primeiro, acho que é melhor.

— Sim... Agora vai me faltar coragem. Ai meu Deus...!

— Respira fundo, você vai ter tempo pra isso. — Levantei. — Vou desabar na cama.

— Eu já vou também.

Deixei a Marimar na sala e fui para o quarto, indo me deitar. Suspirei e tentei meditar para ter uma noite mais tranquila de sono, mas minha mente não parava nem um segundo, com centenas de pensamentos diferentes surgindo.

Meu corpo demorou muito a relaxar. Era como se ele já previsse os acontecimentos não muito agradáveis que aconteceriam.

Acho que peguei no sono duas horas depois...


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Notas finais do capítulo

Bia
Como vocês se sentiriam no lugar da Ju? Aliás, o que fariam? xD
Até mais o/

Ester
Quando vocês acham que os ships estão se acertando, eis que tudo dá uma reviravolta e prova que não xD
Mas esse Rayan * suspiros*
Até mais, povo o/



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