Uma Nova Alvorada escrita por MoonLine


Capítulo 5
Capítulo 5- A Imensidão do Desespero


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo!



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Acordar sem me lembrar do que aconteceu logo após apanhar estava começando a se tornar um hábito para mim. Não conseguia me lembrar como cheguei ao quarto, mas o sol começava a se mostrar bem tímido no horizonte. Levanto com certa dificuldade, meu corpo todo doía (assim como já havia previsto que aconteceria), ao trocar de roupa, percebo os roxos por todo meu corpo, desde pequenos aos grandes. Olho para a cama que fica ao meu lado e não vejo Rin, é como se a mesma estivesse lutando para me evitar, ou talvez eu só estivesse pensando isso, enquanto ela lutava pra sobreviver de alguma punição bizarra do teste.

Olho pela janela do quarto e vejo uma aglomeração de novatas no pátio, nenhum soldado suspeito, nenhum lorde anunciando algo, apenas as novatas. Me dirijo a cozinha somente para encontrar tudo bagunçado e um prato especifico com um pão, decido comer antes de me reunir com todas. O caminho até o pátio parecia infinito, as dores aumentavam a cada passo e o barulho dos monólogos ecoavam em minha cabeça, a fazendo latejar cada vez mais. Quando finalmente estou ao lado delas, vejo uma das novatas sentadas no chão, a situação dela estava claramente pior que a minha: suas roupas estavam rasgadas no braço e nas pernas, um dos olhos estava inchado e sua bochecha direita estava com um pequeno corte, bem como seu lábio inferior. Todas se perguntavam o que estava acontecendo e algumas criaram teorias insanas sobre castigos e abusos, mas a garota não falava nada, apenas fitava o chão enquanto segurava seus joelhos.

Quando estou prestes a perguntar se ela estava bem, ouço uma voz que gela qualquer corpo: lorde Mizu estava se direcionando ao pátio.

—Por que estão aglomeradas aqui dessa forma? Não sabem aproveitar o pouco tempo de descanso que têm?

—Com licença. – disse uma menina de Heiwana – O senhor sabe porque essa jovem está assim?

—Hum – Mizu olha por cima de nossas cabeças, procurando pela tal jovem – Até onde fui informado, essa jovem não concluiu o desafio, ela tentou fugir, mas felizmente foi pega antes de concretizar o ato. Agora ela irá ser penalizada como desistente na fase um, nível um. Sem perguntas a respeito disso, por favor. Se posicionem de forma organizada, lorde Suna e Kasai não irão aparecer por enquanto.

—Por que? – Rin falou enquanto se aproximava de mim

—Por enquanto irei lhes informar sobre as regras da fase dois, então, somente quando estivermos realizando a fase eles estarão presentes. Esclarecendo mais a respeito da citada anteriormente: o teste se passará inteiramente debaixo de água, todas vocês serão colocadas em uma piscina profunda feita por mim, deverão flutuar e resistir as tentativas dos soldados, que estarão no fundo da piscina, de impedirem que concluam o trajeto. Não será tão fácil quanto pensam, embora eu tenha sido limitado pelo lorde Suna, irei manipular a água para causar bastante instabilidade e desafios, além disso, devo dizer que aquelas que forem anunciadas desistentes terão pesos amarrados aos pés de acordo com o nível em que parou.

—Com licença! – levanto a mão abruptamente – Como posso saber se sou uma desistente?

—Ora! – seu olhar gélido, agora fita os meus – Se você possuir a marca de um círculo no braço, então você falhou. O círculo irá variar entre o verde, vermelho e azul, representando os níveis um, dois e três, respectivamente. Aquelas que enfrentaram Suna, mesmo que tenham perdido, não foram consideras falhas. Uma última cor de círculo existe: rosa. Se você possui um círculo rosa, isso significa que você foi desistente não só de uma fase, como de toda a prova, sua punição será ter todos os pesos das marcas já citadas, amarrados em seus pés. Caso você seja um desistente da segunda fase, terá punições, novamente, para a terceira fase. Isso será explicado no próximo encontro. Lorde Kasai será o orientador desse último teste. Não nos decepcione. E, agora que tudo foi explicado, coloquem as vendas que os soldados estão entregando para vocês, iremos levá-las ao local do teste.

Antes de colocar a venda, tentei alcançar Rin, mas a mesma já havia se misturado com as outras meninas, ainda podia sentir seu doce perfume com toques de frutas vermelhas, mas a pressão dos soldados para que cumpríssemos a ordem me privou, novamente, de encontrá-la. Então coloquei a venda e aguardei até que fosse orientada em direção ao caminhão para um novo teste ao qual não tinha a menor noção de probabilidade de sobrevivência.

Assim que chegamos ao local de realização da fase dois nossas vendas foram tiradas. O lugar era imenso: a piscina da qual lorde Mizu falou não era só muito extensa, como bastante escura (não o suficiente para não ver o fundo, mas o bastante para poder deduzir que a profundidade, talvez, seria o ponto mais assustador e o motivo de grande parte do risco de vida da prova até o momento), a beirada da piscina possuía marcas coloridas, de acordo com os círculos nos nosso braços, para casos como o meu, que não possuía nenhum círculo, o piso possuía um tom de bege, e nenhum peso por perto, assim como sua posição se encontrava mais à frente das demais.

Rin estava sem a marca também, o que me fez criar certa esperança em poder estar com ela durante a prova, mas ao olhar em sua direção, pude ver seus olhos completamente vidrados na água. Dessa vez não tentei alcançá-la, não a chamei, sequer fiz menção de caminhar até o seu lado. Não que eu não queria que isso acontecesse, eu queria, no entanto, eu desejava mais ainda que ela viesse até mim. O que não aconteceu e logo nos foi dado a ordem de mergulhar na piscina. Observei todas as meninas que estavam com pesos em seus pés: um velcro envolvia seus tornozelos, ligados à uma corrente de aço que parecia pesada por si só, e essa, por sua vez, estava conectada à bolas de pesos (8, 5 e 2 kg, era seus pesos, respectivamente de acordo com a fase desistente).

Mergulhei na água fria e imediatamente agradeci a mim mesma por estar usando uma roupa leve, uma calça legging e uma blusinha fina, e embora o frio fosse realmente doloroso de suportar, assim seria mais fácil de me locomover. Ao olhar para trás, percebi que algumas meninas estavam se debatendo para flutuar, mas uma em especifico sequer conseguiu lutar, pois, assim que mergulhou foi arrastada para o fundo, pude ver, brevemente, seu olhar de desespero. Em seu braço havia a marca rosa, ela carregava o peso de todas as outras marcas, não pude evitar de querer salvá-la, mas o medo falou mais alto, além disso, eu tinha certeza que eles a tirariam da água assim que percebem o que estava acontecendo...

Me obriguei a continuar minha jornada de nadar em direção ao final da piscina, o que parecia relativamente fácil, já que a piscina era extensa em comprimento e profundidade, mas não possuía nenhum desafio visível. Obviamente eu estava errada, assim que comecei a avançar, senti algo encostar em meu pé esquerdo e antes que pudesse pensar sobre o que se tratava fui puxada para o fundo da piscina. Um guarda que utilizava uma roupa de mergulho (que com certeza, não seria permitido roubar dessa vez), continuou a tentar me afogar, tentei chutá-lo, mas devido ao empuxo, não possuía força o suficiente para fazer com que fosse eficiente. Foi então, quando consegui me libertar dele e buscava desesperadamente pelo ar que poderia amenizar a queimação de meus pulmões, que vi todas aquelas novatas debaixo da água, muitas lutando, muitas perdendo e para tornar tudo pior, a água começou a se mexer violentamente, como se estivéssemos em alto mar.

O soldado voltou a puxar meus pés, afundei junto com ele e apoiando no mesmo peguei impulso para voltar a superfície, respirei o mais fundo que conseguia e pude ver, de relance, o soldado emergindo junto para, dessa vez, me puxar pelos ombros, foi então que levantei meu braço direito com toda força que poderia ter e desci em forma de arco em direção do mesmo, a água freou o impacto, mas não o suficiente para evitar que seu rosto fosse atingido e seu nariz quebrado, deixando a área machada de um vermelho vivo, suas mãos me soltaram para apoiarem o local ferido e o mesmo me deixou ir. Nadei desesperadamente para longe e agora podia visualizar o fim da piscina, mas a cada centímetro que me aproximava, a piscina se agitava ainda mais, a força que era preciso fazer para manter minha cabeça fora da água era imensa e não conseguia mergulhar, pois instintivamente, olhava para as meninas que ficaram para trás e que sofriam com toda a agitação dos soldados. Pude perceber, enquanto nadava até a borda, que nenhum outro soldado havia puxado meu pé, decidi mergulhar para entender o que estava acontecendo, se eu estava sendo enganada ou algo similar.

Meus olhos ardiam conforme tentava mantê-los abertos debaixo da água, tentei olhar em todas as direções e percebi que algumas meninas estavam a minha frente, outras logo atrás, no entanto, o que verdadeiramente fez meu coração disparar ao ponto de me desesperar, foi perceber que, desde o início, os soldados não estavam interessados em impedir que aquelas que não haviam falhado chegassem ao destino, mas sim atrapalhar a todo custo aquelas que já haviam fracassado. Isso de longe não foi a pior coisa que pude testemunhar naquela hora... Enquanto estava parada, prendendo o fôlego, e decidindo se conseguiria ajudar qualquer uma daquelas pobres meninas, pude visualizar um corpo ao fundo da piscina, imóvel, até que um dos soldados encostou nela e verificou se a mesma ainda estava viva... Ela não estava.

O desespero tomou conta do meu corpo por completo, não conseguia pensar, muito menos me mexer, meu coração batia tão rápido que quase podia sentir sua tentativa de escapar pela minha boca. Voltei a superfície e avistei a borda mais perto do que imaginava. Nadei imediatamente até a mesma e consegui sair da imensa piscina. Segurei meus joelhos enquanto evitava olhar para aquele lugar, enquanto tentava tirar a imagem daquela menina da minha mente. Mas não conseguia, e então, chorei...

O tempo parecia estar em pausa, simplesmente não havia mais nada ao meu redor, fechei os olhos com muita força para que não pudesse saber quantas meninas estavam vivas ou não. Até que uma voz distante começou a se fazer presente, cada vez mais alta, então abri meus olhos em um susto repentino, ainda tremendo de frio e medo, e vi o soldado gentil da outra vez, me entregando a venda.

—Por favor, coloque a venda para que eu possa direcioná-la ao caminhão.


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