Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 7
Nem tudo é o que parece ser




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Após discutirem sobre as suspeitas que tinham em relação a Taichirou e as atualizações de Yamazaki sobre as investigações, o grupo se separou. Tsukuyo ficaria em Yoshiwara para exercer suas funções naquela noite, bem como reuniria a Hyakka para poder reforçar a vigilância em toda a área. Entendia que precaução nunca seria demais, visto o que ocorrera mais cedo em Kabuki.

Os homens do Shinsengumi regressaram ao quartel-general. O Hijikata vindo do passado optara por ir junto, alegando que já não aguentaria ficar perto do “senhor mestre-da-irritação” e suportaria menos ainda aturar dois deles. E Gintoki, tal como sua contraparte do futuro, concordava que seria melhor assim.

Gintoki e Ginmaru, junto com Sadaharu e o Trio Yorozuya vindo do passado, decidiram regressar ao Distrito Kabuki mesmo após o caos de horas atrás. Concluíram que os darkenianos e seus aliados não voltariam a invadir tão cedo o local, que já estava quase deserto por conta de antes.

Após uma caminhada cautelosa, passaram pelo bar de Catherine. O grupo precisava se inteirar de mais alguma novidade no distrito que porventura tivesse ocorrido durante o período de ausência. Devido à confusão do dia, obviamente não havia nenhum cliente e Catherine, claro, encarava o grupo recém-chegado sem esconder o mau humor por ver seu bar às moscas.

― Yo, Catherine! – Ginmaru saudou. – Quais as novas?

― O que acha? – a mulher-gato alienígena respondeu. – Por culpa daqueles invasores eu perdi meus clientes e fiquei no prejuízo!

― E como você fez para não ser ferida, Catherine-san? – Shinpachi indagou.

― Há um dos quartos que é bem protegido, então fiquei segura, apesar do medo. – a dona do bar substituiu o mau humor pela apreensão. – Mas o prejuízo só vai aumentando. Os últimos dias já estavam ruins, mas agora piorou de vez.

― E se fôssemos os clientes do dia?

― Tá, e com que dinheiro? O idiota do seu pai só vive pendurando a conta aqui, desde sempre.

― Ei, ei, eu ainda vou pagar tudo! – o pai de Ginmaru protestou.

O jovem albino abriu a carteira, tirou alguns ienes e sorriu:

― Hoje é por minha conta.

Gintoki e sua contraparte do passado arregalaram os olhos ao ver a quantia.

― De onde você tirou esse dinheiro, Ginmaru?! – o Gintoki mais velho estava surpreso.

― É a minha parte que eu recebo dos trabalhos como Yorozuya. Alguém na casa tem que ser responsável com as finanças.

― Eu vou ter um filho mão-de-vaca, é isso...?! – o Gintoki mais jovem parecia indignado.

― Aprendi com Shinpachi-sensei a saber gastar direito o que ganho.

― Pelo jeito serei um bom sensei! – o Shimura sorriu diante da resposta de Ginmaru.

― Cuidado, senão ele vai virar um par de óculos ambulante como o Shinpachi! – Kagura observou enquanto cutucava o nariz.

― Sou um Sakata – Ginmaru disse. – Não tenho predisposição para ser um quatro-olhos.

― É ASSIM QUE VOCÊ MOSTRA RESPEITO PARA COM O SEU SENSEI?! – Shinpachi berrou como era de praxe.

Ginmaru desconversou:

― Saquê pra três e sucos pra dois! Desce também uns petiscos!

 

*

 

No QG do Shinsengumi, Hijikata observou que pouca coisa havia mudado em vinte anos. Segundo sua contraparte daquela época, toda a estrutura do quartel-general havia passado recentemente por reformas, devido aos danos dos combates de meses atrás.

Pouco a pouco, o Vice-Comandante ia assimilando com mais clareza todo o ocorrido desde que viajara acidentalmente para aquela linha temporal. Várias coisas haviam mudado, ao mesmo tempo em que outras permaneciam basicamente iguais. Apesar de o Shinsengumi estar sendo comandado por outra pessoa, a filosofia dos homens de farda preta seguia sendo a mesma. O quatro-olhos parecia buscar isso e tinha o auxílio dos integrantes mais antigos do grupo.

Era estranho conversar com sua versão mais velha, pois basicamente conversava consigo mesmo. Mas compreendia por que ele parecia conformado em seguir como Vice-Comandante ao invés de reivindicar para si o cargo de Comandante, contestando a decisão de Kondo-san. O Shimura era disciplinado desde sempre, embora fosse irritante, e zelava para o Shinsengumi seguir como sempre fora. E ele, Hijikata Toushirou, preferira seguir no mesmo cargo para direcioná-lo no cumprimento do código de conduta dos homens de preto.

E ambos compartilhavam a desconfiança quanto a Taichirou. Não que o mais velho negasse a paternidade, pois era óbvia demais. A aparência e até os hábitos alimentares denunciavam os seus traços, praticamente dispensando um eventual exame de DNA. Porém, o caráter daquele jovem era uma incógnita. Possuía um ar tranquilo demais, uma tranquilidade irritante que lembrava a tranquilidade irritante de Sougo.

E a sua postura. Para um aspirante ao Shinsengumi vindo de Bushuu, a postura não batia. Um civil com uma espada, fosse uma bokutou ou uma katana, tinha uma postura diferente da postura de um militar do Shinsengumi ou de um ex-combatente de guerra.

Já conhecia a forma de lutar do Yorozuya, pois, dado seu histórico como ex-combatente do Joui, e apesar de ser o idiota desleixado que era, mantinha o mínimo de traços de disciplina militar. O filho dele era um civil usando uma katana, com uma postura semelhante à do pai.

Mas Hijikata Taichirou... Este tinha uma postura totalmente militar, tal como um integrante do Shinsengumi ou do Mimawarigumi.

Tragou o cigarro e liberou lentamente a fumaça em um lento assoprar. Murmurou, absorto em algumas memórias passadas:

― Hijikata Taichirou... Será que podemos realmente confiar nele?

 

*

 

No meio da noite, Taichirou seguiu por vielas escuras, buscando ficar imerso nas sombras. Sua indumentária vermelho-escuro ajudava em parte nessa tarefa, facilitada também pela lua encoberta. Caminhou cautelosamente por mais alguns metros, até encontrar um homem de farda branca.

― Ora, ora, se não é o Myojin-Taichou! – o rapaz, que aparentava ter cerca de dezoito anos, sorriu.

― E aí, Mikami? – Taichirou retribuiu o sorriso. – Ninguém te seguiu?

― Eu acho que não.

Taichirou agarrou Mikami pela farda branca e, aliado ao seu sorriso, seu olhar se tornou sombrio:

― É bom que ninguém tenha te seguido, ou então te mostrarei que não foi só por meus olhos azuis que me tornei o Capitão da Quinta Divisão do Mimawarigumi!

― Te garanto que ninguém me seguiu, tomei todas as precauções necessárias, Myojin-Taichou!

― Assim espero, porque ainda tenho muito a fazer. Preciso continuar minha aproximação do Shinsengumi.

― Os caipiras engoliram a sua história?

Taichirou assumiu um ar mais compenetrado, enquanto seus olhos estreitaram levemente à menção da palavra “caipiras”:

― Ainda é cedo para dizer se acreditaram de fato. Ninguém daquele grupo é necessariamente o que aparenta. São pessoas com o mínimo de inteligência para não engolir qualquer lorota. Apresentar-se com o sobrenome Hijikata ou Okita não me garante segurança alguma. Meu tio Sougo não confia e não respeita qualquer um. E meu pai é apenas o famoso Vice-Comandante Demoníaco do Shinsengumi, não confia em quase ninguém. Não iria confiar num suposto filho que mal acabara de conhecer.

― E aqueles dois de cabelo prateado?

― Estamos falando do Shiroyasha, o Demônio Branco, e seu filho, que também é tão perigoso quanto. Eles resistiram ao ataque no Distrito Kabuki. Todos eles estavam naquela batalha no Terminal, lembra?

― Claro, nós mudamos de lado no último instante e nos aliamos aos caipiras e ao bando deles.

― Sim, o Mimawarigumi sempre estará do lado que estiver ganhando.

― Claro – Mikami afirmou com convicção total do que dizia. – Estaremos sempre do lado certo, o lado que vence! Somos da elite, não devemos ficar com perdedores.

Taichirou nada respondeu, antes preferindo guardar para si suas reflexões a respeito do lado certo no qual o Mimawarigumi deveria ou não estar naquele momento.


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