Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 6
Filho de peixe, peixinho é?




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― Cara, que tédio... – Gintoki fazia sua costumeira higiene auricular. – Não tem nada pra gente fazer?

― Acho que só quando o pessoal voltar com o Ginmaru-san. – Shinpachi respondeu. – Precisamos esperar pra saber o que fazer.

― Enquanto esperamos, vou comendo este arroz aqui! – Kagura enfiou mais um hashi cheio de arroz na boca, conferindo quanto ainda restava na grande tigela.

Não foi preciso esperar por mais tempo, pois o grupo acabava de regressar a Yoshiwara... Mas parecia regressar em um embaraçoso silêncio. O motivo era um homem de quimono vermelho e chapéu de palha, com uma katana na cintura, cuja presença intrigava o quarteto vindo do passado.

― Bem-vindos! – Seita saudou o grupo recém-chegado. – Quem é o novo amigo de vocês?

O Gintoki mais velho, sem rodeios, respondeu:

― É o filho que o Hijikata-kun acabou de conhecer.

Com os olhos azuis arregalados, o Toushirou vindo do passado encarou sua contraparte para depois encarar o jovem Taichirou. Se já era difícil acreditar nas outras coisas que vira desde sua viagem acidental no tempo, essa era a mais difícil de todas!

De onde ele teria um filho, claramente mais velho do que o pirralho do Yorozuya daquela época?!

Entretanto, ele não era o único em choque. O Trio Yorozuya também estava surpreso, o que consolava um pouco o Vice-Comandante do Shinsengumi. Mesmo com esses olhares, o jovem não se intimidou. Parecia estar acostumado àquele tipo de situação e, apesar da semelhança física, ele pouco lembrava o pai.

Junto com Ginmaru, chegou até Seita e começou a entabular um diálogo com os outros dois, deixando os demais no vácuo. Era sociável e parecia levar a vida na base do bom humor, como se não encarasse nenhum tempo ruim.

Aparentemente, era uma personalidade completamente diferente da de seu irascível genitor, cujas versões tentavam entender de onde brotara esse cara.

― Ei, ei – Ginmaru questionava Taichirou. – De onde você veio, e como descobriu sobre seu pai? Sua mãe demorou a te contar?

― Não. – Taichirou bebericou um pouco de chá servido por Seita, ao mesmo tempo em que os demais se aproximavam para saber a história do jovem. – Eu fui criado por uma família adotiva em Bushuu. Meu pai adotivo se chama Myojin Katsuji e é de uma família de posses, me dando a criação e o estudo necessários.

― Mas o que te fez vir a Edo?

― O desejo de me ingressar no Shinsengumi. – seus olhos azuis encontraram os olhos azuis do Vice-Comandante de sua linha temporal. – Desde que soube da minha verdadeira origem, isso ficou mais forte. Eu já tinha interesse de me ingressar no Shinsengumi, mas isso me fez desejar ainda mais esse objetivo.

Toushirou deu uma baforada no cigarro para depois questionar:

― Além de dizerem quem era seu pai, também sabem quem é sua mãe?

― Só falta sua mãe ser também uma cortesã como a minha era. – Ginmaru observou.

― Não. – o jovem adicionou maionese no chá antes de beber o resto, e depois acrescentou mais duas gotas de pimenta tabasco. – Minha mãe não era uma cortesã. Ela se chamava Okita Mitsuba.

Ao ouvir aquele nome, o Mayora vindo do passado sentiu sua espinha gelar, ao mesmo tempo em que ouvia, logo às suas costas, o clique da bazuca prestes a disparar... E aquela voz monocórdica dizer:

― Adeus, Hijikata...!

― SOUGO, NEM PENSE EM DISPARAR!! – o alter-ego mais velho de seu superior ordenou.

― OKITA-SAN! – o Comandante Shimura berrou. – ABAIXA ESSA BAZUCA, NÃO ADMITO QUE A DISPARE CONTRA O HIJIKATA-SAN!

O Capitão da Primeira Divisão do Shinsengumi acabou cedendo e desistiu de aniquilar a família Hijikata das duas linhas de tempo. Mesmo assim, seu olhar transparecia certo grau de ressentimento por fatos passados envolvendo ele, sua irmã e Hijikata.

― Ei, ei – o Gintoki vindo do passado comentou enquanto limpava o salão com o dedo mindinho. – Que climão, hein...?

― Cara... – o outro Gintoki concordou. – Isso ficou realmente tenso. É pior do que comigo, eu mal conhecia a mãe do Ginmaru...

Os dois albinos observavam tudo de longe, enquanto o Hijikata vindo do passado, já refeito do choque a respeito de Taichirou, começou a observar mais detidamente aquele jovem. Sim, era inegável que ele tinha os mesmos traços que os seus, assim como seu gosto pela maionese. Era uma situação bem semelhante à do Yorozuya e o filho, que guardava forte semelhança com o pai.

Entretanto, havia algo naquele sujeito que não se encaixava tão bem em sua história. Se ele era um civil com aspiração a ingressar no Shinsengumi, por que portava uma katana? Tudo bem que nesta época até o filho daquele destrambelhado de cabelo ruim tinha uma, mas dado seu histórico, era uma exceção pontual à regra. O moleque albino era um civil, com postura de civil. O jovem de quimono vermelho era diferente. Sua postura era claramente de um militar, tal como de sua contraparte do futuro, que o encarou e parecia ter as mesmas desconfianças.

Sim, havia algo de muito estranho naquele cara. Não dava para confiar nele... Pelo menos, não cegamente. Duvidava que alguém daquele grupo fosse burro o suficiente para confiar de forma cega em Taichirou. Pelo o que conhecia daquela gente, nem mesmo aquela pirralha que andava às voltas com o Yorozuya seria tão ingênua.

O som de um toque de telefone foi ouvido, e Taichirou pediu licença para se retirar. Toushirou e sua contraparte mais velha o seguiram discretamente com o olhar.

Afastado, o jovem atendia à ligação calmamente e falava baixo, num tom aparentemente conspiratório. Numa hora dessas é que seria bom que Yamazaki estivesse por perto. Um espião como ele saberia descobrir o que exatamente estava havendo.

Após encerrar a ligação, Taichirou disse que precisava ir, pois o chamavam na hospedaria onde estava instalado.

― Ei, ei, aonde vai o Junior? – Gintoki, o Yorozuya vindo do passado, murmurou. – Cara estranho...

― Talvez seja melhor segui-lo – Tsukuyo comentou. – Não sabemos as verdadeiras intenções dele.

― Assim, de cara? – o albino mais velho questionou. – O Mayora Junior vai desconfiar da gente também. Talvez seja melhor deixar que ele vá, achando que confiamos cem por cento nele.


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