Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 13
O relatório de Yamazaki




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“Mas que diabos...? YAMAZAKI PASSOU VINTE ANOS NO FORMOL, É ISSO?!”

Hijikata não podia acreditar, simplesmente não conseguia fazer entrar em sua cabeça que aquele cara praticamente não envelheceria depois de duas décadas. Pelas suas contas, ele deveria envelhecer, pois era um dos mais velhos do Shinsengumi. Em sua linha de tempo, Yamazaki Sagaru tinha trinta e dois anos de idade, o que significaria que, na época em que estava naquele momento, aquele cara tinha cinquenta e dois, e nenhuma ruga na cara!

Todos... Todos envelheceram mesmo que um pouquinho, mas ele... Ele continuava com a mesma cara de sempre! Será que sua dieta restrita a anpan durante suas missões de espionagem, aliada à prática de badminton, era a causa disso?!

O moleque de óculos que andava com o Yorozuya de sua linha temporal também explicara que o destrambelhado de cabelo prateado do futuro tivera o envelhecimento retardado por conta de um dispositivo de controle mental que estava implantado em sua cabeça por dez anos. Mesmo assim, não se aplicava a Yamazaki. Ele ficara com o dispositivo apenas por meses, e não afetara em nada.

Aparentemente, aquele sujeito tinha uma genética bem privilegiada... Até demais.

― Toshi – Kondo deu tapinhas em seu ombro. – É realmente chocante, mas logo você se adapta.

Será que ele se adaptaria a isso? Duvidava muito.

Ouviram mais um pigarro, era o Comandante Quatro-Olhos:

― Acredito que todos nós queremos saber os resultados do trabalho de campo de Yamazaki-san. – disse enquanto passava os olhos castanhos pelos papéis que segurava. – Passo a ele a palavra.

Yamazaki relatou todas as suas observações, desde aquelas que compartilhara anteriormente, até as mais recentes. O veterano espião do Shinsengumi se infiltrara entre os empregados mais próximos do atual governo dominado pelos invasores darkenianos, funcionários esses que antes trabalhavam para o Bakufu e para os enjilianos até meses atrás. Por disputas internas, o Tendoushuu enfraquecera substancialmente, permitindo que fossem derrubados do poder, assim como ocorrera com o então shogun Tokugawa Shige Shige. Aliás, não se sabia o paradeiro do shogun deposto após a Batalha do Terminal, mas tudo indicava que ele conseguira sair do país para salvar a própria vida após o resgate feito pelo Shinsnegumi.

Sagaru também relatara as táticas de estratégia que os darkenianos estavam usando para poder dominar Edo, mesmo sem um governo. Cada distrito tentava se reerguer após uma década de domínio enjiliano e, sem um governo centralizado, escolhiam seus líderes para garantir certa autonomia para sobreviver. Entretanto, a autonomia da maioria desses distritos era bastante incipiente, o que facilitava que o novo governo central estabelecesse sem muito alarde sua influência, manipulando essas lideranças tal como o Tendoushuu fazia com o shogunato após a Primeira Grande Invasão Amanto e a guerra que viera em consequência.

A Segunda Grande Invasão Amanto, na qual os enjilianos consolidaram seu poder após a guerra por ela provocada, eliminara qualquer resquício do antigo regime. Instalara um governo totalitário e centralizado que foi finalizado naquela que seria chamada “Batalha do Terminal”, na qual o líder máximo, Kasler, fora morto pelo lendário Shiroyasha em um combate pessoal.

Mas voltando à autonomia dos distritos de Edo, assim como havia uma parte deles com lideranças fracas, facilmente manipuláveis, havia outros distritos com lideranças mais sólidas. E, destes, dois se sobressaíam: o Distrito Kabuki e o Distrito de Yoshiwara.

Yoshiwara, por muito tempo, era dominado por Housen, um poderoso Yato a serviço dos piratas espaciais do Harusame. Após sua queda, o distrito passou a resistir a qualquer investida Amanto, graças à Hyakka, que protegia aquele local. O Distrito Kabuki era outro com liderança forte. Uma liderança dividida em quatro facções (os Quatro Reis Divinos), que já lutaram entre si: as Okamas, lideradas por Azumi; os Yakuza, liderados por Kurogoma Katsuo; os host clubs, liderados por Shimura Tae (e uma eventual ajuda do Shinsengumi); e o snack bar (embora fosse mais interessante denominar a facção com o nome da Yorozuya), liderada por Sakata Gintoki, também conhecido como o lendário Shiroyasha.

Segundo Yamazaki, a estratégia seria derrubar primeiro o distrito com maior autonomia e o que sempre resistiu à influência Amanto: o Distrito Kabuki. Além da autonomia, tinha o fato de nele viver tipos considerados perigosos de uma pequena facção que era capaz de agregar as outras facções, tornando-as suas aliadas. E essa “pequena facção” era liderada pelo homem que se tornara o carrasco de Lorde Kasler: o Demônio Branco, que lutara e sobrevivera a duas grandes guerras.

Subjugando o Distrito Kabuki, conseguiriam também controlar o Shinsengumi, cujo comandante atual integrara a Yorozuya anos atrás e possuía fortes vínculos com o distrito. Seu antecessor também tinha tais ligações, por ser casado com outra integrante dos chamados “Quatro Reis Divinos” de Kabuki e irmã do comandante em exercício. Para os darkenianos, a força policial que envergava fardas pretas também deveria se curvar à sua vontade, tal como o Mimawarigumi. Só após abater tais inimigos, as atenções da junta que governava Edo naquele momento se voltariam a Yoshiwara, que também tinha ligações com Kabuki.

Conforme o relatório prestado pelo experiente espião do Shinsengumi, a prioridade era dominar primeiro o Distrito Kabuki pelas razões anteriormente expostas. Para isso, já começaram a utilizar, em caráter experimental, o Projeto K1. Enviaram um indivíduo Yato artificialmente criado em laboratório para um combate, para depois avaliar os resultados – que se mostraram positivos.

O próximo passo seria uma nova investida em breve, e com o aumento da carga ofensiva. Kabuki estava ficando esvaziado, e talvez o último “Rei Divino” – agora apelidado pelos darkenianos como “Rei de Kabuki” – não tivesse como agregar novamente aliados para enfrentar o novo ataque.

Essa fora a parte final do relatório geral de Yamazaki Sagaru, espião do Shinsengumi, que teve de retornar ao perceber que sua fonte de informações estava correndo sério risco. Ainda não revelara seu nome, pois prezava pela prudência de manter a informação consigo até que houvesse segurança para tal.

Um pesado silêncio tomou conta da sala onde estavam todos do QG reunidos. Não havia ninguém imune ao risco que corriam de serem eliminados pelos darkenianos da Junta por supostamente serem opositores ao regime que estava em fase de implementação.

Nunca a expressão “luta pela sobrevivência” se aplicara tanto a uma realidade como aquela. A última década estava sendo o período mais difícil e sombrio para o Shinsengumi, desde a derrubada do Bakufu. A força policial outrora prestigiada transitava entre o legal e o ilegal, como se andasse em uma corda bamba. Os chamados “cães do shogunato” volta e meia eram chutados como vira-latas desobedientes.

Para Shimura Shinpachi era um desafio e tanto como comandante em exercício do Shinsengumi, sendo uma de suas principais preocupações no momento. Mas também se preocupava com o Distrito Kabuki, seu lar.

Preocupava-se com todos aqueles que conhecera naquele lugar... E quem lhe preocupava ainda mais eram os moradores daquele prédio, cujo andar de cima era ocupado por pessoas que ocupavam um lugar especial em sua vida.

 

*

 

Nas ruas pouco movimentadas de Kabuki, alguém andava a passos resolutos por uma das ruas de chão batido do distrito. Seu destino, na verdade, não era necessariamente aquele lugar, mas de toda forma poderia ajudar em sua pretensão. Parou em frente a um prédio de dois andares, fachada vermelha com detalhes em madeira, cujo andar de baixo era identificado como sendo um bar. Olhou para cima, para visualizar de imediato uma grande placa, bem mais chamativa.

― Então é aqui... – uma voz masculina murmurou.

Subiu a escadaria localizada à direita do prédio com passos mais cautelosos. Respirou fundo e tocou a campainha, não demorando muito para a porta se abrir.

Quem atendera fora o Gintoki vindo do passado:

― Ué, você aqui?


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