Pavões escrita por Evangeline White


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

TÔ UMAS HORAS ATRASADA MAS CONSEGUI!

Fiz essa oneshot curtinha pra comemorar o dia dessa pessoinha linda que compartilha surtos diários comigo sobre esse shipp 10/10. Espero que goste e que te divirta. ♥

Drarry é maravilhoso e você é uma amiga espetacular. Que não só seu aniversário, mas todos os dias sejam especiais. ♥

No mais, divirtam-se. ♥♥



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A mansão dos Malfoy sempre foi vítima de muitos olhares. Admiração, medo, mas em sua maioria, inveja. Seu terreno se estendia por um campo verde e um pequeno bosque com lago, e toda a estrutura da casa parecia atemporal: não importava pelo que tivesse passado, a mansão sempre permaneceria perfeitamente intocada.

Alguns suspeitavam ser uma magia secreta. Afinal, como poderia aquele lugar ser tão bem tratado tendo uma família como os Malfoy a morar nela? Era chocante e irritante passear pelos imensos cômodos e vê-los esbanjar uma aura quente e acolhedora, contrário ao que a família apresentava. A frieza dos Malfoy era contrastada com a calorosa mansão.

Contudo, o que ninguém poderia imaginar, era que o segredo da casa era tão simples, tão pequeno, que chocaria mesmo os mais observadores. Não vinha dos jantares em família ou das noites em frente à lareira; não vinha do amor dos pais para com o filho que gostava de correr pelos corredores largos; tampouco vinha das danças inesperadas de Lucius e Narcissa pelo escritório.

Não, o segredo da felicidade que irradiava nas paredes escuras vinha de Draco Malfoy e seu amor por pavões.

Oh, o pequeno e único herdeiro se apaixonara à primeira vista por aquelas aves majestosas, com suas penas brilhantes e a confiança em cada passo elegante. Eram grandes, vibrantes e havia algo de misterioso na forma como o olhavam. Draco assistia aos pavões todos os dias, até o dia em que pode andar entre eles, como um igual.

Mesmo depois de entrar em Hogwarts, mesmo depois de fazer amigos – e inimigos – Draco nunca parou de visitar o criadouro de pavões. Conhecia cada um pelo nome, suas preferências para comer e o nível de carência. Nenhum animal que conheceu, nem mesmo os belos unicórnios, foram capazes de ganhar o amor de Draco como os pavões o tinham.

Quando a segunda grande guerra bruxa explodiu e Draco se viu distante de seu refúgio, a mansão dos Malfoy perdeu o calor amoroso e se tornara um lugar vazio, sem vida. Draco estava quebrado, e por meses, acreditou que nada jamais o consertaria de novo.

Nada seria tão bom para Draco quanto seus pavões um dia foram. Nada lhe daria a mesma inspiração. Iria para Azkaban ao fim da queda de Lord Voldemort e oh, seus pobres animais morreriam abandonados. Draco se veria sozinho, falhando com a única criatura que o via para além das aparências.

Mas agora, anos depois do fim daquele inferno, Draco conseguia se levantar da cama e perceber que – sim – ele estava vivo, e estava bem. E enquanto observava seus lindos companheiros alongarem a plumagem chamativa, deixava os pensamentos correrem para o responsável que lhe possibilitou um caminho de redenção.

— Eles são seus?

Draco ergueu os olhos para Harry Potter, que apontava o cercado com uma pequena família de pavões albinos brincando com pavões azuis. O casaco comprido de auror estava pendurado no braço devido ao calor daquele final de primavera.

— Sim — Draco respondeu, virando-se para os pavões. — Eu os crio desde sempre.

Harry sorriu, apoiando-se na grade alta. A postura ereta e profissional de quando chegara na casa de Draco, uma hora mais cedo, já havia se desmanchado para algo natural, como se sempre aparecesse em seu jardim. Draco nunca saberia dizer quando o constrangimento ressentido de seu julgamento em Azkaban, anos atrás, se tornou um convívio agradável com Harry, mas lá estavam os dois companheiros de trabalho dividindo o sol no fim da manhã e observando pavões.

— Eles me lembram você.

Draco levantou a sobrancelha para Harry. Oh, o grande auror parecia um garotinho sorrindo daquela forma distraída, mesmo que soubesse do perigo que aquele homem podia ser. Sempre teria em mente aquele Harry, mal batendo os dezoito anos, enfrentando toda a corte do ministério para liberta-lo da prisão.

“Ele não é um assassino!” Harry gritava com uma força que desconhecia ter. “Ele foi coagido e se voltou contra Voldemort! Draco Malfoy é inocente!”

— E posso saber exatamente como eles lembram a mim, Potter? — Draco cruzou os braços, e seus lábios crisparam de imediato.

Harry alargou o sorriso.

— São metidos e tem uma bunda enorme.

E ali estava. Aquela maldita língua, aquele início de provocação que resultaria em um bate-boca e olhares indiscretos cheios de tesão mal disfarçado. Ali estava Harry em todo seu espírito de bom humor e ooh, Draco sabia bem como era Harry Potter bem humorado. Tantos e tantos anos de sua adolescência abusando psicologicamente dele deixaram o salvador do mundo bruxo treinado para rebate-lo, e Draco se via incapaz de ser tão venenoso quanto antes. Não porque não queria (ele devolvia os trocadilhos de Harry com a mesma intensidade) mas porque, por muito tempo, se sentiu em dívida com o salvador do mundo bruxo, ao não medir esforços para ver ele e sua mãe fora daquela prisão assustadora.

Draco ousara questionar Harry sobre os motivos que o levaram a testemunhar em seu favor, e tudo o que recebeu em resposta foi um dar de ombros.

“Você é um idiota, mas não é como eles. Você escolheu o que queria no fim das contas. Não quero mais nenhum inocente naquela prisão.”

— E também tem esse rosto, esse olhar — Harry continuou, dobrando as mangas da camisa preta. — Nunca vi animal mais arrogante como esses bichos.

— Oh mesmo? Posso listar uns animais bem interessantes que tenho de aturar em meu trabalho — Draco deu um passo mais perto de Harry, de olhos perigosamente estreitos. — Quer que eu comece, Potter?

— Não precisa disfarçar, Draco. Eu sei que sou a única coisa que ocupa sua mente.

— Você é de fato uma coisa, Potter.

Harry riu, e sua risada era forte e agradável. Draco vira Harry Potter enfrentar cara a cara Voldemort sem tremer, e o vira fazer toda uma corte votar por sua inocência. Draco acompanhou a evolução do menino que sobreviveu dentro do ministério e viu aquele garoto rebelde e fadado a viver sob uma profecia construir seu próprio caminho.

E assim como ele, Draco se viu dono da própria vida, livre das correntes impostas pelo lugar que nasceu. Ao invés de carregar vergonha por ficar em dívida com Harry Potter, conquistou vitórias em sua carreira e uma amizade genuína com o cara de cicatriz.

— Mas até que são interessantes — Harry estendeu o braço quando um pequeno pavão albino se aproximou curioso. — Sabe, quando a gente olha com calma, eles são bem bonitos.

— E inteligentes, muito mais do que imagina — o orgulho era evidente na voz de Draco. — Além de saberem se defender bem de idiotas metidos e linguarudos.

Em um timing perfeito, o jovem pavão bicou com violência os dedos de Harry, e Draco abriu um sorriso satisfeito quando viu o auror reclamar pela dor.

— Também são ariscos — Harry resmungou, massageando os dedos doloridos. — E se afetam fácil.

— Isso se chama proteção, Potter. Eles sentem quando um animal idiota está os incomodando.

E como sentiam. Draco se lembrava do dia que voltou a cuidar de seus pavões, da felicidade de ser recebido tão carinhosamente por seus animais. Draco se lembrava de cada momento com eles, tendo sua vida reconstruída pedaço por pedaço com o apoio mudo que encontrava no jardim. E Draco também se lembrava das vezes em que seus amigos pavões ouviram-no falar de Harry e da sua mudança irritantemente impressionante e atrativa.

Seus pavões eram seu porto seguro, mas havia uma tempestade que fazia aquela paz ser balançada e qualquer sentido de vida se perder. Harry Potter era essa força indomável da natureza, e Draco se via em expectativa para que a barreira invisível entre eles se rompesse.

— Que convencidos, esses pavões — Harry também se aproximou, e os olhos brilhavam como chamas por trás dos óculos.

— Eles apenas sabem o que querem da vida, e sabem que podem conseguir.

— Extremamente arrogantes, de fato.

— Principalmente com animais idiotas.

Harry sorria, e Draco sustentava aquele olhar penetrante. Uma brisa fez seu cabelo longo balançar, e o brilho do sol o iluminava de forma a parecer um tesouro raro. Algo em Harry o fez se remexer no lugar, e de repente uma quentura tomava os dedos finos de Draco. Não precisou olhar para saber o que era.

A mão de Harry lhe apertava delicadamente.

— Mas é inegável — a voz de Harry baixou uma oitava, e a rouquidão da maturidade vinha como uma trovoada — o quanto sabem se exibir.

— Sabe o que mais há de especial em pavões, Potter? — Suas respirações eram quentes ao se mesclarem, a aproximação torturante quase completa. — Eles adoram um bom desafio para conquistar o parceiro.

Por alguns segundos, Draco pode sentir o gosto da boca de Harry. Seus lábios se tocaram com suavidade e a respiração lenta se tornou quase nula.

E então, tão rápido quanto se formou aquele clima tempestuoso, Harry se afastou de Draco, jogando o casaco por sobre o ombro.

— Acho que o que mais gosto nos pavões — Harry sorriu, e daquela vez era algo travesso, provocativo e irritantemente sedutor — é a sua personalidade. Nunca se sabe o que esperar. Isso que os torna tão bonitos, não é?

Ah, aquele auror cretino.

— Quando quiser deixar a metáfora de lado, Potter — Draco o agarrou pela camisa com uma força maior do que a necessária. — que tal usar essa boca para uma coisa bem mais útil?

Dessa vez, Draco não deu tempo de Harry responder. Seus pavões eram a representação da sua felicidade, mas enquanto beijava a boca do herói Potter, Draco percebeu que, talvez, aquele homem irritante e absurdamente intenso pudesse realmente dividir o espaço em seu coração e se tornar a raiz dos seus futuros momentos de verdadeira alegria.


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Notas finais do capítulo

Eu amo um casal ♥♥♥ Foi simples, mas extremamente gostosinho de escrever. Drarry tem uma química incrível e eu simplesmente amo pensar neles mais velhos.

Espero que tenha gostado. ♥



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