Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 4
Capítulo 3 - Sábado amigável


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões, eu sei que devia ter postado antes, mas semana passada eu estive doente (teve dias que nem água parou no meu estômago) e na anterior foi minha colação de grau, então foi uma loucura.
PS: Digam o que acharam do final desse capítulo, acho que tenho que melhorar um pouco.



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Sábado amigável

Acordei com dores no corpo algumas horas mais tarde. Também, Isabella, quem mandou deitar no sofá e dormir? Olhei para baixo, para ver meus pés e o estado que eles se encontravam. De início nem me importei de estar apenas de roupas íntimas. Meu andar era o quinto e ninguém me via mesmo... então lembrei-me dos momentos antes de deitar-me no sofá e gritei apavorada, levantando-me e cambaleando para longe da porta.

Segundos depois, um Edward de olhos arregalados irrompe pela porta.

—O que houve? - pergunta ofegante. - Qual o problema?

Assim que o vi, dei mais um grito e fiquei vermelha, de raiva e vergonha.

—Por Deus, Isabella, para de gritar e fala o que aconteceu! - ele passa as mãos continuamente pelos cabelos. Então dá uma checada rápida e olha direto em meus olhos, com ódio. - Vá colocar uma roupa, por favor? Ou tem um homem aqui?

—SAIA DAQUI, SEU MANÍACO! - esbravejei, a raiva predominando a vergonha.

Ele rolou os olhos e percorreu o apartamento inteiro antes de se voltar novamente para mim.

—Nenhum delinquente, barata ou rato. Não há de quê! - fez mesura e saiu, fechando a porta atrás de si.

Agora, sem Edward por perto, a vergonha atingiu seus limites e ultrapassou-os, transformando meu rosto em um verdadeiro tomate. Ele havia me visto de calcinha. Edward Cullen, meu chefe, havia me visto apenas de calcinha... de bichinho! Oh, não! Eu estava totalmente ferrada. Ele nunca mais me deixará esquecer que eu uso essas calcinhas aos 23 anos! Que azar!

Ainda desacreditada da minha má sorte, fui fazer um café extraforte para eu beber enquanto fazia o jantar. Terminei de comer, guardei o que na geladeira e fui arrumar a casa para limpá-la no dia seguinte.

Como eu quase não parava em casa, só precisava varrer e limpar a pia todos os dias. O restante eu fazia duas vezes por semana. E hoje não era um desses dias. Então voltei para o sofá com o notebook na mão para me atualizar sobre os fatos do mundo... e acalmar Alice que já estaria surtando porque seu irmão resmungou sobre eu ter desaparecido.

Dias se passaram e eu ainda estava quase me matando naquele setor. Edward parou de me dar carona, obviamente, então pedi ao Jeffrey para tentar dar um jeito da minha bicicleta. Andar às 4 horas da manhã no meio da rua é perigoso. Sempre me subia um calafrio pela espinha, mas nunca me aconteceu nada. O que eu realmente aprecio. Meus limites estouraram quando numa quinta-feira não consegui a meta que eu mesma impunha para o dia. Edward veio tirar satisfação comigo no dia seguinte e eu quis dar um soco em sua bela face.

—Edward, me deixa em paz, que merda! – gritei assim que percebi que o tempo estava passando e ele não me deixava trabalhar.

—Olha a boca, Swan! – seu tom de voz foi mais alto que o meu.

—Você vem aqui, reclama que estou fazendo corpo mole, dizendo que não quero fazer as ordens, que não tenho tempo para fazer o tanto de produção que a empresa precisa... – lembrei-o. – Bem, eu já pedi ajuda! Já falei que, com a expansão da Ocean, eu preciso de alguém permanente aqui! Alguém que se comprometa!

—Estou tentando encontrar, mas todos são uns lixos! – ele externa. – Por acaso é muito difícil para você se comprometer até eu achar alguém? Você não era a capaz e coisa e tal? Porra, eu venho todo o sábado e fico revisando esses paetês que nem sei por que as mulheres gostam tanto! – apontou para a pilha de ordens para revisão. – O que vocês têm na cabeça para gostar de uma coisa que brilha com qualquer pingo de luz e aparece falha até no breu?

—Não faço a porra das coleções, reclame disso com as suas amáveis estilistas – dei de ombros. Se ele podia falar palavrão, eu também podia. – Não foi com uma delas que você saiu esses dias mesmo?

Ele deu de ombros e revirou os olhos. Ele sabia bem do que eu estava falando, já que deixou de me dar carona para ficar passando por mim com uma funcionária à tiracolo. Engraçado, ele nunca estava em casa quando eu chegava, mas fazia questão de bater na parede e informar que estava se deitando. Como se eu fosse me importar com a hora que o outro vai dormir!

Na sexta-feira daquela semana, estava saindo do setor quando escutei vozes alteradas próximas à escada. Minha primeira ideia, foi passar mandando o povo parar de brigar porque aquilo era uma empresa e não um ringue, mas percebi que as vozes eram de Alice e Edward.

—Como alguém tão bonito consegue ser tão chato? – a voz de Alice era de indignação. – Você não foi criado pelos meus pais! É impossível!

—Rá, rá, rá, engraçadinha – debochou o irmão. – Vai ficar a favor da sua amiguinha, agora?

—É claro! Além de ser minha melhor amiga, ela é uma ótima funcionária!

—Eu sou seu irmão!

—Por isso mesmo dou razão para ela! Eu te conheço, e não é de hoje!

—Alice...

—Você está errado e sabe disso – interrompeu ela. – Pior, sabe e não faz nada a respeito!

—Ah, eu sei?

—É claro que sabe! Sabe que ela não aguenta a fábrica sozinha e precisa de ajuda! Eu não posso fazer nada se você manda as pessoas para longe dela!

—Ela reclama de todas que consigo – agora a voz dele tinha um tom emburrado.

Minha amiga bufou alto e eu decidi que passaria naquele mesmo momento.

—Porque você não escolhe por competência – instigou ela.

—Como é?!

—Peitudas, bundudas e oferecidas – vi Alice dar de ombros.

Achei que já estava na hora de interferir. Eu não queria que meu chefe, que parecia estar ficando cada vez mais vermelho, jogasse minha melhor amiga da escada. Ergui a cabeça e andei firmemente até Alice. Dei um beijo em seu rosto, como cumprimento, e bati em seu ombro como quem diz: deixa esse cara falando sozinho. Assim, desci as escadas.

—Olá para você também, Isabella – ouvi a voz de Edward soando.

Sem nem me virar, acenei rapidamente e voltei ao meu caminho até o refeitório.

—Você sabe que não responder as pessoas é muita falta de educação, não sabe? – Edward se materializou perto de mim assim que voltei do meu horário de lanche.

Dei de ombros e não falei nada, afinal, eu estava tentando retirar uma caixa de jeans de uma pilha alta. A ordem de produção de uma calça com cinco bolsos e três recortes tinha um enfesto para 200 peças, ou seja, aquilo pesava quase tanto quanto eu.

—Precisa de ajuda, Swan? – perguntou meu chefe.

—Eu consigo! – menti.

Edward riu, provavelmente sabendo que aquilo era pesado e eu estava mentindo só para ele largar do meu pé.

 -E eu sou o Batman – retrucou e aproximou-se ainda mais. – Deixe-me ajudá-la.

—Não precisa – grunhi esforçando-me para desencaixar a ordem de jeans do restante da pilha.

—Insisto – retrucou com um sorriso de lado.

—Edward, eu já disse que não!

Como o bom cavalheiro que eu sei que a mãe dele criou, pegou a alça de um lado da caixa, deixando-me com o outro lado, e ajudou-me a colocar o objeto ao lado da mesa onde estava trabalhando.

—Pronto, mal-agradecida. – O sorriso dele era puro escárnio.

—Obrigada – respondi a contragosto.

Com um sorriso no rosto e a sobrancelha erguida, Edward estava prestes a falar. E eu apostava tudo que ele falaria algo para me deixar com raiva. Preparei-me mentalmente para mandá-lo a merda, se ele dissesse algo sobre o modo que estava trabalhando.

—Agora, Swan, deixa de corpo mole.

—Vai tomar banho, Cullen! – empurrei seu ombro.

—Já tomei – deu de ombros e se aproximou colocando o pescoço perto de meu nariz. – Sente como sou cheiroso?

Empurrei sua cabeça enquanto ele ria. Olhei para o setor do corte, em frente ao meu, tentando perceber se alguém estava olhando o que esse imbecil fazia. Entenderiam tudo errado e eu sairia como a vadia da empresa... exatamente como as outras mulheres com quem ele saiu.

—Idiota – resmunguei.

—Você me ama – fez charme.

—Idiota e convencido. Tia Esme não tem merece – apontei.

—Sou o filho dos sonhos, fique sabendo!

—Ela sonha baixo, coitada – suspirei resignada. – Saia daqui, senão eu paro de trabalhar.

Ele ergueu as mãos, em sinal claro de rendição, e deu uns passos para trás. Antes de sair, lembrou que no dia seguinte, estaríamos trabalhando juntos e recomendou que eu fosse aliviar meu estresse, porque não queria se incomodar com “meu mau gênio” no final de semana. Apenas dei o dedo médio e voltei para a ordem de jeans ao lado da mesa, voltando a trabalhar.

Na manhã de sábado, tudo ficou diferente do restante da semana.

Edward bateu na minha porta assim que acendi a luz da cozinha, pediu desculpas pela infantilidade e se dignou a me levar, não saindo do meu apartamento antes de sairmos para a empresa. Ele já estava totalmente pronto, dizia que tinha tomado café e só queria me acompanhar. Aquele jogo era fácil de jogar. Fingir que Edward era menos idiota do que é. Todavia era sábado. Todos os sábados nós dois fazíamos de conta que apreciávamos nossa presença e trabalhávamos juntos.

Dei de ombros e aceitei a pequena trégua entre nós dois. Enquanto eu me arrumava, ele fazia café para mim. Escolhi uma roupa leve e confortável: top preto, blusa devore azul celeste, uma skinny jeans azul escura e meu habitual tênis. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo, coloquei meus brincos de ponto de luz e passei meu perfume preferido. Ao voltar para a cozinha, dei de cara com um mini banquete e perguntei-me como ele teria feito tudo aquilo em tão pouco tempo.

Edward me olhou divertido enquanto eu fazia uma careta curiosa.

—Havia algumas coisas sobrando em meu café da manhã – ele deu de ombros, acrescentando quando ergui as duas sobrancelhas: - Eu não faço café, peço na padaria aqui perto e eles mandaram uma cesta grande hoje.

Revirei os olhos e sentei-me na cadeira que ele puxara para mim. Hoje ele estava sendo um ótimo cavalheiro. Edward sentou-se ao meu lado e ficou me perguntando por que não comia tal coisa, e o que gostava além do café e dos biscoitos que pegara.

—Não é que eu não goste de suco, mas vou dormir se beber isso nessas horas – expliquei paciente. - A fruta não me sustenta e estou sem apetite para os pães, bolinhos, cupcakes, e isso tudo.

—Da próxima vez, vou pedir que tragam uma porção extra de café no lugar do suco – sorriu condescendente.

—Tudo de caso pensado, Cullen – estreitei os olhos.

Seu sorriso se fez maior. Ele parecia uma criança que queria agradar a mãe por ter feito algo errado para não ser castigado. Revirei os olhos novamente e terminei meus afazeres antes de sair. Fomos até a garagem e ele abriu a porta de carona do Volvo para mim, dirigindo-se à do motorista. Edward deixou uma música suave tocando no caminho até a empresa.

—Está muito bonita, hoje, Swan – comentou como quem falasse sobre o tempo.

—Digo o mesmo, Edward – respondi no mesmo tom indiferente.

—Gosto quando me chama assim. É bem sexy – soltou me olhando de soslaio e um sorriso brincando em seus lábios.

Não preciso dizer que fiquei constrangida e toda corada. Isso pareceu diverti-lo mais; ele gargalhou, tombando a cabeça para trás.

—Você é um idiota – comentei virando a cabeça para a janela.

O resto do percurso foi feito “em silêncio”. Edward continuou soltando baixas risadinhas e eu encarando a paisagem. Assim que chegamos na Ocean, demos uma passada em sua bela sala porque meu chefe precisava pegar algum documento, ou algo assim, e corremos para meu setor para tentar acabar com as coisas acumuladas lá.

Ter Edward em meu cantinho novamente, fez-me lembrar da primeira vez que isso ocorreu.

[…]

Era o primeiro sábado depois de ter duas meninas demitidas, a internet retirada e os telefones recolhidos. Edward soube que eu estaria muito atarefada por conta das reposições e revisões de trabalhos errados que já haviam sido liberados, então veio dar uma de bom samaritano.

—Bom dia, Isabella – ele coçou os olhos com os punhos cerrados, tentando evitar um bocejo.

—Bom dia, patrão – sorri-lhe, já totalmente desperta.

—O que teremos para hoje? – sua voz rouca era impactante.

—Trabalhos já liberados primeiro, para não comprometer a produção – respondi pegando um carrinho de Neoprene.

Cinco minutos depois de começarmos a contar, ele bufou. Reprimi um sorriso e continuei com meu trabalho. Após meia hora, até as bufadas dele já estavam me deixando irritada.

—Fala logo – rosnei.

—Está muito quieto aqui – reclamou – como você conseguiu passar a semana inteira sem desmaiar de tédio?

Soltei uma gargalhada de sua careta cansada e logo me recompus para responder.

—Bem, meu patrão tirou tudo o que me mantinha acordada, como o youtube, o celular e o ampliador de som, então, só por milagres, mesmo.

—Por que não brigou com esse cara? - ele largou tudo, se encostou na mesa e me fitou curioso.

—Bem, para início, eu reclamei com ele por causa das meninas que trabalhavam comigo, que ficavam mais de conversa do que trabalhando... – deixei a indireta no ar. – Além do mais, ele tinha acabado de acatar a um pedido meu. Não é como se eu estivesse tentando extorquir dinheiro dele, mas, eu preciso do emprego.

Incrivelmente, Edward apenas ergueu as sobrancelhas, fez um biquinho e concordou, voltando a trabalhar.

No final do expediente, ele bateu as duas mãos na mesa.

—Acabou! - esbravejou ele, contente, jogando as mãos para cima.

Ri de sua carinha e dei uma beliscadinha em sua bochecha.

—Vamos, não podemos ficar fazendo hora extra no sábado... o patrão me aniquila por ter mais dinheiro que ele algum dia.

Edward bufou, mas saiu contente da sala. Então ele foi para o carro dele e eu para minha fiel companheira. Ele apostou corrida comigo e, como perdi, tive que lhe contar algo pessoal em troca. Quão engraçada foi a careta que ele fez ao saber que eu era filha de um policial?!

[...]

—Sabe, Swan, talvez seja possível deixar algum amplificador, ou rádio, por aqui.

—Eu tenho um – dei de ombros, voltando à realidade.

—E por que não o ligou ainda?! - Edward estava indignado.

—Acabamos de chegar, Cullen! - retruquei, indo até meu armarinho e pegando o amplificador, plugando no celular e deixando a música me envolver.

—Essa está me dando sono – reclamou ele ao ouvir Mozart.

Mostrei-lhe o dedo do meio enquanto trocava a música, deixando em Numb. Ele já estava acostumado com esse tratamento. Então nos apressamos a fazer o necessário naquele dia.

O sábado passou rápido; entre umas alfinetadas e outras demonstrações de gentilezas, conseguimos terminar quase todas as ordens na sala. No caminho de volta ao apartamento, Edward ainda se ofereceu a pagar-me um sorvete. Não recusei, pedi de creme com pedaços de Oreo e ele me veio com um pote grande só para mim. Como agradecimento, dei-lhe um beijo na bochecha, exatamente como faria se fosse com Seth e totalmente fora de sintonia com o nosso relacionamento conflituoso.

—Vou começar a entrar sempre com um pote de sorvete no seu setor – ele riu, enquanto voltávamos para casa.

Corei até a raiz dos cabelos e ele lançou-me uma piscadela. Bati em seu ombro pela idiotice.

—Agora é a Swan que eu conheço.

Quando paramos em frente ao edifício, Edward deixou o pote de sorvete dele com Jeffrey e disse que passaria a noite fora, portanto, era para eu sair do carro. Dei de ombros, agradeci-o pelo dia e saí do carro. Assim que terminei o pote de sorvete, meu celular tocou. Atendi uma Alice nervosa e chorona que pedia minha presença na casa dela com urgência.

Preparei-me para dormir lá, porque eu conhecia muito bem minha amiga depois de uma briga com o namorado. Carter e ela não brigavam muito, mas sempre que acontecia, Alice agia como se o mundo estivesse acabando.

Pedi um carro e fui recebida por tia Esme na porta de casa. A senhora de olhos escuros ainda tinha o brilho dourado da juventude. Seus cabelos castanhos claros já dividiam espaço com alguns fios brancos. Seu corpo era bem conservado e não aparentava ter colocado dois filhos no mundo. As rugas finas estavam vincadas apenas porque o sorriso caloroso não deixou seu rosto nenhuma vez desde que me viu saindo do veículo.

—Bella! – saudou enquanto se adiantava pela entrada para me abraçar nas escadas. – Que bom que veio! Alice está devastada, coitadinha. Já liguei para Rose e ela disse que viria assim que possível. Falou algo sobre jantar na casa dos pais de Emmett, mas já estavam quase acabando.

—Oi, tia, como você está?

Enquanto entrávamos e seguíamos para o quarto de Alice, tia Esme me contou que estava se sentindo vigiada e tinha medo de que Edward inventasse de colocar seguranças para sua proteção. Ele tinha tendência a exagerar, segundo ela, e não queria que o filho se preocupasse com a mãe, porque ele tinha seus próprios problemas. Entendi que ela era apenas mãe e estava tentando proteger a cria, porque o Edward não tinha problemas nem na empresa, nem na vida amorosa, muito menos na família. Contudo, tia Esme era tão boa que não retruquei.

—Alice? – chamei da porta, batendo uma vez antes de entrar.

—Ah, amiga, ainda bem que chegou! – a chorona se jogou em meus braços aos prantos.

—O que houve? – perguntei suavemente.

Minha amiga fungou bastante antes de tomar alguma atitude normal e me puxar para a cama.

—É o Carter – fungou. – Ele me ofendeu e terminou tudo.

Incrédula, não consegui esboçar reação alguma antes de Alice criar coragem para continuar a história. Tia Esme trouxe água para a filha antes de descer para encontrar com Rose que chegava.

—Ele reclamou da minha voz – explicou a morena. – Eu sei que falo bastante, mas ele me conheceu assim! Reclamou que tenho alguns amigos, Bella! Ele queria que eu saísse do RH porque tendia a conhecer muitos homens! O cara é agente de modelo, como pode reclamar que eu conheço homens?!

—Isso é sério? – indaguei em choque.

—Além do mais, ele afirmou que não me ama – suspirou. – Só queria meu dinheiro. Quando sugeri que morássemos juntos com divisão de despesas, ele surtou! Disse que eu quem queria morar junto, então eu que pagasse as contas. Não tem cabimento, certo?

—O que o Carter estava pensando? Sério, Allie, o homem não era o endinheirado, dono de uma agência de modelos que fazia o maior sucesso? Ou ele mentiu sobre isso?

—Não mentiu, Bella. Já me encontrei com vários colegas de profissão para as campanhas da Ocean e eles falaram que o homem é mesmo dono da agência, mas aparentemente os negócios não estão às mil maravilhas. Depois daqueles comentários maldosos sobre assédio, lembra? – ela esperou minha resposta e apenas assenti com a cabeça. – Muitos contratos com modelos e agentes foram cancelados. Ele está cada vez mais falido. Como eu fui burra, Bella!

—Sempre te falei que ele não valia nada, Alice – apontou Rose, enquanto entrava no quarto e se jogava na cama ao lado da prima. – Não sei o que você esperava de um homem que tentou me agenciar pedindo um ensaio de fotos sensuais. Se eu não tivesse Emmett, com certeza, teria obrigado o cara a te deixar.

Olhei para Rose espantada. Como assim, aquele cara tinha pedido fotos sensuais para a prima da mulher dele? E o que Emmett tinha a ver com a briga? Rose viu minha expressão e riu.

—Emmett segurou e eu dei um belo de um chute nas partes baixas – deu de ombros.

—Por que ele nunca me disse isso? – indignou-se Alice, secando o rosto. – Nunca cheguei a entender por que Carter não gostava de você, Rose! Agora, só agradeço. Na verdade, se quiser, eu seguro e você bate. Ninguém encosta na minha família e fica por assim mesmo. Já não bastava estar comigo? Ele deu em cima da minha prima! Meu Deus!

Rosalie afagou os cabelos da baixinha e eu bebi o restante da água no copo. Aquilo estava me saindo melhor do que novela. O homem era agente de modelo, tinha ciúmes da namorada e flertava com outras garotas? Por quanto tempo ele conseguiu seguir essa vida mesmo?

—Vamos deixar o Carter bocó para lá, não é? – sugeriu Rose. – Você está bem, prima?

—Sim – ela suspirou e nos olhou com convicção. – Contudo, prometo que nunca mais vou me apaixonar. Não vale a pena.

—Alice...

—Não, Rose, nada de “Alice” – a baixinha interrompeu. – Não confio mais nos homens e tenho certeza que nenhum presta. Eu poderia citar alguns nomes que prestam, mas conheço o passado do Emmett e a atual situação do meu irmão. O Jasper é... bem, aparentemente, o único que ainda não fez nada para me decepcionar, mas tenho certeza que vai. Porque é coisa do DNA deles, Rosie. Eles não conseguem evitar!

Franzi a testa. Jasper era o irmão de Rosalie e Emmett o namorado dela. Não ia contestar Alice, mas eu tinha alguns nomes que não me decepcionaram. Meu pai era um deles e o pai da baixinha era outro. Alice nunca conheceu meus pais pessoalmente, apenas por chamadas de vídeo, todavia, eu sabia que não poderia ir contra a decisão dela, porque estava presa a uma promessa também e se Alice quisesse ajuda para manter promessas, eu a ajudaria!


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Notas finais do capítulo

E então? Querem matar o Carter também??



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