Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 17
Capítulo 15 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Consegui!!!! Não ficou um capítulo enorme, mas ficou muito emocionante! Espero que gostem!



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Revelações

 Antes de chegar no carro, já tinha meu celular desligado e destino certo. Hoje seria daqueles dias que passaria o tempo inteiro com Elizabeth. Minha família sabia bem que não gostava de ser incomodado nesses momentos e torci que nenhum deles estivesse no túmulo dela.

O trajeto até o Graceland Cemetery foi feito sem muita consciência e na base da sorte, uma vez que não causei nenhum acidente. Quando percebi, já estava sentado ao lado do túmulo de Lizzie, chorando de raiva por tudo que deu errado. Sabia que estava esquecendo alguma coisa, mas não tinha ideia do que poderia ser. Apenas pedi que não fosse nada sobre Isabella.

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Bônus - Pov Isabella

Alguns segundos se passaram antes que eu pudesse perceber o homem furioso e infeliz saindo da sala. Por impulso, corri atrás dele, mas só consegui ver sua figura sumindo nas portas do elevador. Cogitei correr pelas escadas, mas me lembrei do homem estranho na minha sala de estar. Tremi de asco quando percebi que deixei um completo desconhecido acariciar minha perna. Talvez estivesse melhor do que o psicólogo imaginava.

Voltei para a sala e encarei o impostor, como Edward gostava de nomear aqueles homens.

—Quem é você? – grunhi.

Ele jogou a cabeça para trás e cruzou os braços.

—Vamos lá, Marie, você não está pensando em acreditar naquele imbecil, não é? – zombou e revirou os olhos. – Eu sou Anthony, você sabe! Conhece-me como ninguém!

Soltei o ar com raiva e bati o pé.

—Quer saber? Eu conheço aquele cara! Ele tem fodido a minha vida por cinco malditos anos e eu o conheço bem demais para saber quando aquele imbecil está mentindo. Então, fale logo: Quem. Porra. Você. É!

—Marie – suspirou.

—Isabella! – corrigi imediatamente. – Para você, meu nome é Isabella. Marie é apenas para meus amigos mais íntimos e eu fodidamente não te conheço!

Ele revirou os olhos.

—Meu nome é Anthony Biers, você sabe – disse por fim com tédio. – Tenho 27 anos, sou proprietário de uma loja de materiais de construção. Morei minha infância inteira naquele bairro e lembro-me da figura de trancinhas correndo atrás do nerd mais ridículo da escola. Você lembra quando seu adorado Edward deu a entender que me bateu? Foi naquele dia que acabei empurrando a sua pirralha do balanço. Depois de um tempo, ele desapareceu. Quando fui informado de uma jovem procurando por mim, pesquisei e entrei em contato com o RH da empresa. Uma tal de Alice me informou que alguém que estivesse por dentro das investigações me retornaria. Assim que tudo foi resolvido, nos reencontramos. Não é emocionante, Isabella?

As engrenagens em minha cabeça rodavam sem parar.

—Você sabia que eu procurava por ele – acusei. – Por que se aproximou de mim? Quem te mandou aqui me fazer de imbecil?

O homem suspirou e relaxou, parecendo um pouco infeliz.

—Escute, achei que estavam procurando por mim, de início. Aquela mulher pagou-me uma considerável quantia para que eu empurrasse o verdadeiro Thony para a verdade. Eu estou realmente precisando do dinheiro e imaginei que, uma vez que você estivesse feliz poderia...

—Então imaginou que, se você fosse o Thony, eu alegremente te bancaria? – rugi.

—As dívidas se acumularam – explicou-se. – E minha pequena está com os dentes nascendo. Eu não poderia pagar os antitérmicos que ela precisa. Por favor, Isabella.

Bufei indignada.

—Só pode estar brincando com a minha cara! Você diz que tem uma loja e quer que eu pague os medicamentos da sua filha? Venda a porra da loja ou peça empréstimo! Tenho certeza de quem quer que te contratou, deu dinheiro suficiente para os medicamentos, se é que você tem mesmo uma filha pequena. Só... suma da minha frente!

Resignado, o homem saiu arrastando os pés. Esperei até que saísse para alcançar meu celular e discar para Edward. Precisávamos conversar com urgência. Para começar sobre o fato de ele ter mentido por tanto tempo. Depois sobre ele ter matado Lizzie. Edward era um assassino?!

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Pov Edward

Passos aproximaram-se de mim, mas esse era um dos cemitérios mais turísticos da cidade, então não dei importância. Curiosos sempre param para apreciar o sofrimento alheio.

—Você não estava mentindo, não é? – a voz suave de Isabella interrompeu meus pensamentos.

Olhei para trás apenas para constar sua feição entristecida. Cortou meu coração ver o quão quebrada a deixei contando aquela merda daquele jeito. Senti o ímpeto de puxá-la para meus braços, mas duvidava muito que Isabella deixaria me aproximar tão cedo. Limpei meu rosto com as costas das mãos e lhe dei um breve sorriso.

—Numa escala de um a dez, você está muito decepcionada? – perguntei fazendo careta.

Ela soltou o ar com força e cruzou os braços em sinal de teimosia.

—Por que me deixou procurar esse tempo todo?

Suspirei. Pelo visto, estourava a escala de medida. Baixei os olhos de volta para a lápide da minha irmã. Uma atitude covarde para fugir da acusação em seu olhar e murmurei minha explicação:

—Eu sinto muito por isso. Quando eu descobri, você estava tão quebrada por causa do sequestro e parecia tão necessitada de um ombro amigo. Pensei que se eu dissesse, você se afastaria e acabaria se magoando mais. Foi imbecil da minha parte.

Senti que se moveu para mais perto antes de ver seus sapatos pelo canto dos olhos. Logo depois, seus joelhos estavam próximos de mim. Ela se agachara para olhar as fotografias que eu deixara em meu colo.

—Como aconteceu? – indagou baixinho. – Com Lizzie?

Suspirei e peguei a foto que mostrava eu e Elizabeth sorrindo abrindo presentes de natal.

—Foi minha culpa. Logo depois que você partiu, meus pais contrataram essa babá horrível. Ela tinha olhos de bruxa...

Bella riu da minha descrição. Sorri com o som antes de continuar:

—Eu já tinha falado para meus pais que ela era horrível e não cuidava direito de nós. Hoje, acho que eu só sentia falta da sua mãe, mas, na época, achava a babá um monstro – revirei os olhos da lembrança e voltei para a narrativa. – Enfim, a mulher estava ocupada com o almoço enquanto Lizzie e eu brincávamos de pular obstáculos.

Estremeci com a memória – fazia tempo desde a última vez que pensei sobre aquilo – e Isabella iniciou uma leve carícia em meus cabelos.

—A distância entre a mesinha da sala e o sofá não era grande para mim, mas Elizabeth errou o pé  e caiu— minha voz ficou presa na garganta e tive que pigarrear. – Foi um estouro quando a cabeça dela tocou o chão e ela chorou. Óbvio que choraria. Qualquer criança de quatro anos reagiria assim depois de cair. A mulher perguntou aos gritos da cozinha o que eu fizera para que minha irmã chorasse tanto, mas não veio olhar. Na hora, agradeci o relapso daquela bruxa. Entreguei a chupeta para Lizzie e pedi que parasse antes que a bruxa viesse brigar conosco. Bem, de tanto se esforçar para não soltar soluços, minha irmã começou a bocejar e amolecer. Como um bom irmão mais velho, levei a menina nos braços para a cama, coloquei debaixo das cobertas e fiquei acariciando seus cabelos até que ela dormisse. Prometi a ela que sua cabeça não estaria mais doendo quando ela acordasse. A última coisa que ela falou foi que eu era o melhor irmão do mundo.

As lágrimas caíam na foto e limpei com a camisa, colocando tudo de volta na caixa. Respirei fundo e engoli em seco para controlar o nó na garganta antes que ficasse sem voz e não terminasse o relato. Isabella esperou pacientemente, ainda acariciando meus cabelos, pelo restante.

—Quando meus pais chegaram, questionaram sobre minha irmã. A babá disse que ela estava dormindo bem, mas a última vez que a mulher verificou fora horas antes. Depois que dispensaram a bruxa, contei o porquê de Lizzie estar na cama tão cedo.

O choro voltou forte e não consegui mais impedir minha voz de tremer.

—Ela teve traumatismo, Isabella. Minha irmã estava morrendo e eu fiquei com medo de ser repreendido pela babá! Meus pais correram com o corpinho para o hospital, mas já era tarde demais. Tentaram uma cirurgia. Ficamos horas naquele hospital para que um médico viesse e dissesse que não podia fazer mais nada. Eu matei a minha irmã, Isabella. Eu falei para ela que podia dormir. Ela nunca deveria ter fechado os olhos. Se ela tivesse ficado acordada, talvez não tivesse comprometido tanto e talvez nem precisaria ter entrado no hospital.

Respirei fundo na tentativa de voltar à estabilizar minha voz. Isabella não mexia mais os dedos, embora a mão ainda estivesse em meu couro cabeludo.

—Meus pais demitiram a babá na hora, é claro. E nos mudamos dali na manhã seguinte. Era muita coisa para eu processar, de acordo com minha mãe — revirei os olhos para o apontamento de Esme. – Não é como se eu não soubesse que doía nela olhar tudo aquilo e não ter mais nossa loirinha gritando e correndo. No velório, Rose ainda não sabia o que tinha acontecido com a prima. Ela berrava para que alguém buscasse seu cobertor no carro para esquentar Lizzie, já que claramente a outra estava com frio, porque estava gelada.

Ri uma vez relembrando como fiquei responsável por distrair a loirinha gorducha fora da capela até que fechassem o caixão. Eu já tinha decidido que ninguém mais poderia me chamar de Thony àquela altura, então fugia de todos os parentes e colegas do papai que vinham me oferecer condolências. Rosalie e suas bonecas eram muito menos aborrecedoras do que aquela gente toda.

—Eu sinto muito por não estar lá para vocês, Edward – sussurrou a morena, por fim.

Ri da bobagem dela. Sempre quis minha Marie por perto, mas nunca teria pedido que deixasse sua família para curar minhas feridas. Olhei para ela e dei de ombros, resignado.

—Você tinha que conhecer o seu pai, afinal. Esme perguntou se não seria melhor avisar tia Renée, mas eu briguei com ela por pensar em te separar do teu pai – contei e franzi o cenho. – Atualmente, acho que minha mãe só queria o apoio da amiga, assim como eu precisava do seu. Acabou que impedi minha mãe de buscar consolo por causa de meus assuntos puramente egoístas. Eu sou um monstro, afinal.

Bella me abraçou apertado. Senti seu rosto molhado escondido em meu pescoço e afaguei suas costas na tentativa de acalmar seus batimentos acelerados. Eu tinha magoado ela, então era minha missão consolá-la. Porém, Bella me surpreendeu com suas palavras quando finalmente falou.

—Você fez o que seu coração de oito anos achou que seria certo, Cullen. Crianças dessa idade são bastante egoístas. Não se preocupe, tenho certeza de que a sua mãe te perdoou.

Vamos aos fatos, Isabella. Essa é uma situação imperdoável! Eu sou um assassino.

—Ela diz que sim, mas vi aquele olhar quando você estava no hospital e sei que no fundo ainda recebo culpa sobre Lizzie. Agora também sobre você. Aquela lista foi um erro. O seu sequestro só confirmou que não deveria ter feito aquilo. Eu não queria ter te machucado assim, minha Marie, realmente, nunca quis. Me perdoe, por favor – supliquei.

Ela separou o corpo de mim apenas para olhar em meus olhos e sorrir.

—Você me chamou de Marie – apontou. – Sabe quanto tempo faz que alguém me chamou assim?

Sorri de lado, tentando amenizar o clima, e brinquei:

—Quer dizer, quanto tempo sem contar aquele bando de Thony falso que bateu na sua porta?

Bella puxou meus cabelos com força para trás, fazendo minha cabeça pender.

—Bobo. Ninguém importante me chama assim desde meus seis anos.

Uh!

—Faz tempo para caralho, hm?

Ela me largou de vez e me empurrou para longe, rindo.

—Vou pedir para tia Esme um reembolso! – fingiu reclamar com direito a careta brava. – Não quero esse Thony. Cresceu muito metido!

Soltei uma breve gargalhada. As coisas entre nós poderiam ficar bem, afinal.

—Então, estamos bem? – questionei esperançoso.

O humor dela alterou instantaneamente. Bella mordeu o lábio inferior e pensou na resposta por algum tempo, evitando meu olhar. Ainda assim, consegui ver passar tristeza, confusão e dúvida.

Talvez não tão bem assim.

—Cullen, saiba que eu entendi seu ponto e não culpo você pela morte da Lizzie, mas as coisas não podem continuar como estavam – contatou por fim. – Eu confiei em você e você abusou dessa confiança. Posso tratá-lo com respeito e tudo o mais, mas a amizade que construímos ao longo desses últimos meses está arruinada. Eu sinto muito.

O resto da minha esperança acabava de ser enterrado ali. Sabia que mereci isso, mas ainda doía como o inferno ter a certeza de ela não me queria por perto.

Baixei os olhos para o chão e engoli em seco, sabendo que precisava sair dali.

—Eu entendo – murmurei assentindo. – Tudo bem. Você está certa. Fui egoísta e imaturo. Sinto muito por toda a dor que lhe causei, Isabella. Tenha um bom fim de semana.

Com essas palavras, deixei a morena próxima ao túmulo de minha irmã e rumei para a saída.

 

—Que merda, Edward, por que falou assim com ela? – gritou a loira do outro lado do telefone.

Rosalie era a terceira pessoa a me ligar para xingar.

Alice foi a primeira. E depois veio o bombardeio de Esme. No entanto, já ouvira Seth gritar obscenidades o suficiente quando recorri à nossa amizade para derramar meu sofrimento assim que deixei o cemitério.

 Grande burrada.

Ele apenas falou o que eu já sabia e disse para dar tempo ao tempo... E melhorar meu gênio. Sim, como se eu tivesse qualquer escolha quando estava perto da Swan. Ela me tirava do sério. Ou de raiva, ou de paixão... Ultimamente, ambas as coisas ao mesmo tempo.

—Rosalie...

—Fodidamente, você vai me escutar, Edward! – interrompeu-me. – Por que raios você não deixou que eu falasse com ela? Eu teria sido mais delicada, porra! Teve que gritar para todo o bairro escutar, seu imbecil?!

Não era como se não tivesse cogitado essa ideia depois do seu ultimato.

—Eu ia deixar você falar com ela.

—Então por que falou? – insistiu.

—Não pensei na hora. Quando vi, já tinha contado.

Ela riu.

—Contado? – escarneceu. – Você atirou a verdade sem cuidado nenhum, seu idiota! Meu casamento é em duas semanas e como eu farei se meus padrinhos estão fodidamente brigados?!

Boa pergunta. Isabella nunca deixaria que eu a levasse para o altar depois de hoje. O jeito seria se eu não aparecesse no casamento.

—Pode chamar outro em meu lugar, Rose. Eu não te amarei menos se você optar por Isabella. Ela merece ter entretenimento de qualidade por algumas horas. E ficará linda no vestido de madrinha – comentei quando me lembrei do modelo que a Swan me mostrara meses antes.

—É óbvio que ficará! – retrucou minha prima. - Escolhi os modelos a dedo para te certeza de que elas estarão quase tão deslumbrantes quanto eu! E, sim, Isabella está no meu casamento. Mas você também vai, Edward, então trate de consertar essa merda até lá!

E desligou. Na minha cara. Típico. Olhei mais uma vez para a porta. Isabella não voltara até agora. Será que estava bem?

O sol tinha se posto há mais de uma hora e nada dela. Nem uma notícia sequer. Deveria ligar para ela? E se isso s distrair no volante e causar um acidente? Ela estava sobrecarregada demais... Eu só incomodaria. Não. Não devo ligar para ela. Até porque ela poderia jogar o aparelho fora apenas para que não a perturbasse. Então eu realmente ficaria sem notícias.

Disquei o número de Alice. Caixa postal. Desliguei e tentei de novo. Nada. Liguei para o Jasper. Atendeu no segundo toque.

—Jasper, minha ir...

—Não é o Jasper! – interrompeu a baixinha com irritação. – Pare de me ligar, Edward, você perdeu o direito de me dirigir a palavra até que eu lhe diga o contrário! E perdeu o direito de falar com Jasper também. Então, tchau!

—Espera, Alice! – tentei, mas ela já tinha desligado.

Merda.

Liguei para minha mãe... Nada. Estranho. Liguei para o número da casa. Mudo.

Foda-se, minha mãe nunca deixava o telefone fora da tomada! O que estava acontecendo?

Disquei para o celular de meu pai e ninguém atendeu. Que caralho! Disquei o número de Emmett. Atendeu.

—Última esperança? – riu o idiota. – Rosalie me avisou do tratamento de silêncio e estou quebrando as regras ao te atender. Seja rápido.

—Sabe onde está a Bella?

—É claro!

—E?

—E nada. Se você não sabe, problema seu. Até outra hora – e desligou.

PORRA!

Antes que eu pudesse pensar em pressionar qualquer outra pessoa para verificar a Swan, um número com código de área diferente apareceu na tela.

—Edward Cullen – atendi tentando transmitir calma.

—Thony, meu menino – soluçou a voz de tia Renée. – Está tudo bem com você, criança?

Bastou aquela voz conhecida para as lágrimas caírem e a culpa bater mais uma vez.

—Eu sinto muito, tia, eu não queria ter contado a ela daquele jeito – reclamei. Para ela estar me ligando, certamente sabia o que tinha acontecido. – Eu juro! Foi sem querer. Eu só... fiquei com tanta raiva porque ele estava tocando nela e tudo saiu tão errado! Agora ela está me odiando, com razão, em algum lugar que eu não consigo protegê-la! Eu falhei, tia. Falhei de novo!

—Calma, menino – pediu ela. Sua voz já parecia menos aterrorizada. – Bella está bem. Na verdade, estou ligando porque achei que Alice foi um pouco radical ao cortar a comunicação de vocês. Meu pequeno Thony estaria surtando se não tivesse notícias da sua Marie. Estou feliz em saber que isso não mudou.

Tia Renée tinha falado com Alice. Será que sabia onde a filha se encontrava a essas horas?

—Você.... Você sabe onde ela está? Ela está bem? Estou indo agora pegar o carro para encontrá-la. É só dizer onde, tia. Eu vou!

Ela riu.

—Ela está com a sua mãe, Thony. Anne tem esse poder de aninhar as pessoas debaixo das asas, você sabe. Ela é a pessoa mais próxima para cuidar da minha menina.

Caralho! Eu deveria ter imaginado isso!

Pedi desculpas quando a pessoa do outro lado riu e percebi que falara o pensamento.

—Por que não vai até lá e fica mais tranquilo? Sua mãe não vai preteri-lo à Bella.

Bufei.

—Não seria a primeira vez.

—Não seja dramático, menino! Sua mãe nunca trocaria um filho pelo outro.

—Rá! Ela desligou o telefone para não falar comigo, tia, se isso não é me preterir à Isabella, não sei o que é!

A senhora respirou fundo do outro lado da linha.

—Você quem sabe, Thony, mas tente se acalmar antes de qualquer coisa. Pelo jeito, Bella não volta para casa hoje, então pode descansar tranquilo.

Suspirei. Não que eu fosse conseguir "descansar tranquilo" depois da tarde fodida de hoje, mas, pelo menos, sabia onde Bella estava. E que ela estava segura e bem cuidada.

—Obrigado, tia, você não sabe como esse pedaço de informação foi útil. E desculpe-me por ter agido da forma que agi. Boa noite.

—Tudo bem, querido. Tenha uma boa noite.

E desligamos. Olhei para a porta uma última vez antes de trancar e me dirigir para a cama.

 

Duas semanas. Quatorze dias que passaram correndo, eu diria.

Naquela primeira segunda-feira, Alice fizera uns placa com os dizeres "Não estou falando com você" e "passar bem... Longe de mim" para erguer sempre que eu decidisse ir ao RH. Revirei os olhos para a sua infantilidade.

Rosalie me olhou de cara feia e explicou, muito enfaticamente, que só estava falando comigo porque era minha secretária e não tinha outra opção. Além do fato de que queria muito torcer meu pescoço por ser um imbecil, mas tinha medo de ser presa e não se casar a tempo.

Isabella não apareceu, mas Rose me garantiu que ela estava bem.

—Para um idiota insensível do caralho, você parece se importar com ela – observou zombeteira.

Revirei os olhos para ela.

—Eu não deixei de estar apaixonado, Rose – lembrei-a desanimado.

A loira sorriu grandemente e jogou as mãos para o ar, feliz.

—Oh, mas isso é um bônus! Significa que a vida é justa! Ver você sofrendo é a razão para eu vir trabalhar hoje. É divertido de assistir!

Bufei de raiva, dei-lhe as costas e mandei que trouxesse minha agenda.

Depois daquele primeiro dia, Isabella ficou de atestado médico pelo resto da semana. Não sei como, porque não compareceu nem às consultas com o psicólogo.

Tive que escutar Randall dizendo que eu era um otário por ter feito a morena chorar. E Jeffrey questionar se minha vizinha estava bem. Ao porteiro, respondi com o que sabia. Ao detetive, concordei em terminar de pagar pelos serviços prestados. Como agradecimento, o homem explicou que minha mãe procurara meu antigo colega de classe para fazer ciúmes em mim e provocar minha confissão. Ele aceitou o plano dela porque Bella era uma menina muito especial, segundo Randall.

Esme!

A outra semana sucedeu com Isabella indo trabalhar com Alice. Quando vi seu rosto pelas câmeras, quase tive um ataque do coração.

Tão linda... Tão sofrida!

Ela não me dirigiu a palavra em nenhum momento. Em todas as vezes que conversamos sobre o serviço, eu quem iniciei o diálogo e suas respostas foram superficiais.

Na sexta-feira eu explodi.

—Eu entendo que está chateada comigo – alterei a voz em indignação. – Já pedi perdão por ter agido mal. Mas, porra, Isabella, me de algum crédito! Eu estava tentando te proteger!

—Ótimo jeito – respondeu indiferente.

Cansei-me de falar com ela sem que seus olhos saíssem da ordem de produção disposta na mesa. Segurei-lhe os ombros e girei-a para que ficássemos frente a frente. Angela, Laura e Jacie olhavam-me assustadas. Jacob estufou o peito e aproximou-se dela.

Para com isso!— gritei chamando a atenção dos outros setores. – Jesus, Isabella, para! Amanhã é o casamento da Rosalie e você é meu par, esqueceu? Vai agir assim e estragar o momento da minha prima?

Seus olhos crisparam para o meu atônitos.

—Você ainda não contou para a sua dama misteriosa que gosta dela? – instigou embasbacada.

Meu Deus do céu, o que eu faço com você, Swan? Não entende nada! – reclamei.

Tão na cara! Tão malditamente na frente dos olhos e ela não via!

—Espera, Edward – respondeu revirando os olhos. – Só deixe-me apreciar um pouco o fato de você estar sofrendo como louco atrás de uma mulher que não te quer. Deixe com que me sinta vingada por uns dias e depois poderemos voltar a falar nisso.

Soltei o ar com aspereza. Ela era absurda! Contudo, se ela aceitasse fingir que estávamos bem na noite seguinte, apenas para o casamento e a recepção, eu faria qualquer coisa. Deixaria que ela tivesse todo o fodido tempo do mundo.

—Como quiser, Swan. Só não estrague o momento da minha prima com essas criancices.

E ela sorriu ternamente. Meu coração perdeu uma batida no brilho do seu olhar.

Tão linda!

Porra!

Tão sem noção!

Voltei para a porta do setor passando as mãos pelos cabelos e evitando os olhares dos outros liberadores. Também evitando abaixar a cabeça ou encarar qualquer outro funcionário. Só precisava estabelecer um horário para que o show da tarde seguinte começasse. Rosalie falara sobre um tratamento num spa e que elas não estariam em casa antes das 14:30 se tudo desse certo.

—Estarei na sua porta às 16h em ponto – falei por sobre o ombro.

—Vou me arrumar na casa da sua mãe – retrucou a morena rendida.

Sorri de lado.

—Eu já imaginava isso. Até amanhã, Isabella – e saí satisfeito com os arranjos feitos.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Lembrem-se de que teremos mais um (no máximo 2) capítulo antes do Epílogo. Sim, estamos numa reta muito final. Quem ainda não comentou a fic, por favor, comente! Quem quiser fazer uma recomendação e deixar meu aniversário mais alegre, por favor, eu nunca te pedi nada hoje! kkkkkkk
Mas eu realmente quero saber o que acharam do capítulo!



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