Talvez tenha feito algo cruel,
Ou só observado acontecer " Hannah Baker -The reasons why

Pov: Bella

Leah se ergueu ainda mais furiosa e veio novamente junto com Paul.Refiz minha posição de defesa. Eu não ia perder. E pensar que tudo isso começou por conta daquele vampiro nojento...

Algumas horas antes...

Já tinha se passado uma semana desde que eu conheci Christine. E rapidamente me adaptei a rotina dos Cullen. Carlisle ficava a maior parte do tempo no hospital ( onde é considerado um dos melhores médicos pelo que Esme me disse), Esme é arquiteta mas não pode trabalhar por conta das " limitações" de ser uma vampira e aqui em Forks é difícil precisar de alguém como ela, afinal, parece que ninguém aqui reforma ou constrói uma casa desde 1960. Mas  a cidade tem estilo, velho mas tem. Então ela está se dedicando a reformar um pequeno e encantador chalé do outro lado do rio. Alice passa uma parte do tempo com Jasper ( fazendo o quê, eu não tenho nenhum interesse em descobrir) e outra parte desenhando roupas. Rosalie, essa daí mal saí do quarto com Emmett, e o pior é que não sabem o significado de " silêncio" ou " discrição". E quando eu abro a boca para reclamar eles dizem que tem que aproveitar que as aulas ainda não começaram. Outro tormento na minha vida. Carlisle disse que se espalhou a notícia de que eu estava aqui com eles, e então  teria que frequentaa escola como os outros. E eu ODEIO escola, sem falar que nunca precisei já que tudo que tinha que aprender um ou outro vampiro me ensinava. E sei muito mais que qualquer professor insignificante de uma escola idiota. Sem falar no pior,  maior que a minha aversão por escola é minha aversão por colegas. Seria um eufemismo meu, dizer que não simpatizo com pessoas, e boa parte disso se deve ao fato de ter sido ensinada desde pequena a ser, não superior, mas melhor que qualquer pessoa.

Fui criada para simplesmente não me importar com ninguém além de mim. Então não é que eu não goste das pessoas, eu apenas não me importo, e nem me interesso e por isso as tentativas de Alice de ser minha amiga já está me cansando, ela não entende que não é o tipo de amiga que eu teria porque ela vai me julgar, eu sei que vai.  Não é que eu não saiba que o que eu faço é errado, mas é só que eu já aprendi a não me importar muito com esse conceito de bom ou ruim. E Alice é uma pessoa boa, ela nunca entenderia meu jeito ou minha forma de ser.

E falando em amizade, enquanto Alice e Rosalie tentam se aproximar, Edward sai pela manhã e  só chega depois que eu já estou dormindo . E eu sei o porquê. Ele finalmente se lembrou que nos dois nos conhecemos antes, e acho que ele também se lembra de quem eu sou. Carlisle acha que sabe algo sobre mim, mas ele não tem conhecimento nem da metade.

Ouvi os seus passos silenciosos e desviei minha atenção do filme que eu assistia na televisão e encarei seus gélidos olhos dourados. Se eu dissesse que ele tinha mudado e muito com a transformação eu estaria completamente enganada. O quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maçãs do rosto, o mármore macio da testa parcialmente oculta por uma mecha do cabelo bronze... era assim também quando humano, só que no lugar dos olhos dourados, existiam fascinantes olhos verdes que assumiam um tom cintilante como águas de uma cachoeira quando ele falava da mãe, e se tornavam  esmeraldas um pouco mais escuras quando falava do pai e sua postura imponente.

E nisso eu concordava com ele. Seu pai era mesmo  impressionante, poucas vezes encontrei alguém tão obstinado e com porte autoritário e bondoso como ele.
  Já Elizabeth era doce,gentil, e bela. Edward sempre foi uma mistura perfeita dos dois. Uma onda de nostalgia e lembranças me invadiu.  O jeito que Edward corava quando eu olhava diretamente nos olhos dele, como seu coração batia acelerado quando ele sabia que eu  estava por perto, o modo que o sol refletia nos seus cabelos dando um aspecto místico, a sua risada gostosa quando eu contava uma piada ou quando agia um pouco mais ousada que os costumes da época, o gosto dos seus...
Reprimi essas lembranças para o fundo da minha mente, eu não devia me lembrar disso. Devia me lembrar a forma que ele me tratou quando descobriu que eu não era uma simples camponesa.

— Eu não acredito no  que você disse á Chris - disse ele interrompendo o silêncio e os meus pensamentos. Pela voz dura ele devia está se recordando do mesmo que eu.

— E o que eu disse ? - perguntei em um tom de voz indiferente enquanto colocava um pouco da pipoca que estava no meu colo na boca.

— Você sabe do que eu estou falando, não se faça de desentendida.

— Olha só vampirinho, vocês queriam que eu inventasse uma história certo ? Pois bem eu inventei.- respondi e voltei minha atenção para o filme. Em um segundo ele estava a minha frente desligando a tv.

— Eu estava assistindo - reclamei.

— E eu estou falando com você. - rebateu ele.

— O.K. seja rápido.- me ajeitei melhor no sofá e encarei ele que parecia prestes a em bater. Ele que ouse.

— Você sabe o significado de vergonha na cara ? Não bastasse a história ridícula sobre seus pais  ainda causa constrangimento a minha namorada perguntando sobre nossa intimidade como casal.-. Seus olhos eram furiosos mas não me afetavam nem um pouco, me lembrava um gatinho raivoso.

— Olha só, a história é sobre quem ? Sobre mim certo ? Então eu escolho a que eu quiser - repliquei calmamente - e quanto a intimidade, eu estava curiosa, não é culpa minha se você não serve nem para isso, sem contar que ela falou tudo de bom grado.- E quando ele estava prestes a revidar Alice, Esme e Rosalie entraram na sala.

— O que está acontecendo aqui ? - perguntou Esme.

— Nada Esme - respondi e tanto Edward quanto Alice me olharam feio.

— Edward. - Esme se virou para ele.

— Nada mãe, é só que a amiguinha da Alice não sabe o que é privacidade e muito menos vergonha na cara. - ele pronunciou as últimas palavras lentamente me fitando.

— Eu não tenho culpa se Edward quer arranjar uma briga comigo por um motivo bem fútil. - Agora sim eu sentia a raiva me dominando.

—  Eu ? - ele disse parecendo ofendido. Otário.

— Olha vamos resolver isso pacificamente, como a família que somos - disse Rosalie para a minha surpresa.

— Ela ? Da família? -  Edward perguntou com escárnio - ela não  faz parte de nada.

— Edward!- exclamou Esme e Alice em conjunto.

— Não se preocupem. Não faço parte da família e nem quero.- falei e vi o olhar mágoado das três. Que ótimo.

— Sei, nem os Volturi que são uma corja te quiseram na
"família" deles, quem vai querer ? - Edward replicou me fitando.não respondi , simplesmente me levantei, joguei o balde de pipoca na cara dele e saí correndo pela porta.

Depois de correr por um tempo acabei na fronteira Quileute e me encontrando com os cachorrinhos que estavam de vigia. Confesso que não fui muito simpática quando eles ( pensando que eu não tinha visto eles em forma de cosplay de  lobisomem)  se transformaram em humanos e perguntaram o que eu estava fazendo, me disseram que sabiam que eu estava com os sanguessugas, e que o próprio Carlisle tinha dito que era bom tomar cuidado comigo. Isso fez o meu - já" bom" - humor aumentar consideravelmente.
Tudo bem, na defesa deles, eu provoquei Paul. E não me arrependo nem um pouco em ter tirado do sério até mesmo o boboca do Seth. E depois recuei e comecei a correr que nem uma desesperada, porque para ser sincera eles pareciam bem raivosos e eu não sou tão forte assim...

Agora...

Peguei nas patas de Leah e Paul e girei os dois em sincronia largando- os em seguida, ouvi o estalo quando bateram em uma árvore e ela se espatifou no chão.
Ofegante coloquei as mãos em meus joelhos. Eu estava um trapo. Me examinei rapidamente e pelo que pude perceber o ferimento na coxa e nos ombros eram os maiores e demorariam mais para cicatrizar.
Aproveitando o fato dos três lobisomens estarem inconscientes, me endireitei e fui caminhando em direção a casa dos Cullen calmamente.

  É, pelo menos foi divertido.