Da corte ao Altar escrita por Alanna Drumond
Sim, Anthony gritou. Se antes as coisas estavam ruins, agora piorariam ainda mais, pensou Lucy. Ela só queria fugir dali. Como, por Deus, as coisas mudaram tão depressa? Estava tendo o melhor momento da sua vida nos braços de Anthony e agora estava tão magoada e envergonhada que se pudesse se atirar na frente da primeira carruagem que visse, Lucy faria sem hesitar. Mas ela percebeu que Anthony estava firme, decidido. Sua voz não vacilou e ele não recuou diante do olhar desafiador que seu pai lançou sobre eles.
— Não vou tolerar mais esse tipo de comportamento.
— Não vai tolerar? – Vincent riu – Quem você pensa que é?
— Você sabe muito bem, afinal foi você quem me criou.
— Pelo visto eu falhei com você.
— Peça desculpas à Lucy. – Anthony disse entredentes.
— O que? Tá maluco?
— Eu não estou brincando. – Vincent deu um passo à frente.
— Nem eu. – Anthony deu um passo também, não tão longo quanto o de seu pai, afinal Lucy estava bem ali atrás dele, tinha que protege-la.
— Não vou mais admitir que nos tratem como uma fonte de riqueza infinita. Não ligo se vocês fizeram acordos, se querem quebrar acordos... É a nossa vida. Não vão decidir por nós. Vamos nos casar, se nós quisermos. – impulsionada pela coragem de Anthony, Lucy se colocou ao lado dele e todos puderam ver que estavam de mãos dadas.
— Decidimos não cumprir o acordo.
— O que? – Anastácia perguntou.
— Anthony tem razão. Não quero me casar por conta de um acordo, quero me casar por amor.
— Ah, pelo amor de Deus – sua mãe levou a mão à testa e resmungou. De fato estava irritada, ela nunca resmungava em público. Lucy, por outro lado, tentou não ficar feliz com isso.
— Vocês não podem quebrar o acordo. – Nathan disse.
— Ah podemos sim. Não deviam nos envolver nisso. Se querem uma união entre as famílias, casem-se vocês. Nós estamos fora disso. – disse Anthony com ousadia.
— Você é um moleque. — Eu prefiro ser um moleque a ser ambicioso como o senhor. Dinheiro é o que menos importa em um casamento para mim. Eu só quero ser feliz. Lucy merece o mesmo.
— Eu estou orgulhosa meu filho – disse Lady St. Clair pela primeira vez – já era hora de acabar com essa palhaçada. Você não é um moleque. É um homem correto, justo e sensato. Eu não poderia estar mais feliz por quem se tornou.
— Não incentive Catherine.
— Ora Vincent sempre fui contra isso. Esse acordo é um absurdo. Não devia estar surpreso por meu posicionamento.
— Vocês estão esquecendo a principal questão – disse Nathan – Independente de ter um acordo ou não, Anthony beijou Lucy. Se ele não a pedir em casamento esta noite, ao amanhecer travaremos um duelo pela honra de minha filha. – Lucy apertou a mão de Anthony.
— Será que vocês poderiam nos deixar a sós? – Lucy pediu delicadamente.
— Pra vocês se atracarem de novo, alguém ver e vocês serem realmente obrigados a se casar? – Vincent perguntou
— Eu acho que não mocinha.
— Eu posso ficar por perto – disse Catherine. – Vocês podem ir lá pra dentro, se despedirem do príncipe enquanto acalmam os nervos. Eles conversam e pela manhã decidimos o que fazer. Pode ser assim?
— Amanhã? – Nathan perguntou.
— Paciência conde Kress, paciência. É a maior virtude dos homens.
— Conversem o quanto quiserem – cedeu o pai de Lucy – mas se não houver um pedido de casamento dentro de 24 horas, haverá um duelo. Torça para ter uma boa pontaria Anthony.
Contrariados, os pais de Lucy e o pai de Anthony os deixaram.
— Eu sinto muito por tudo isso. – disse Lady Catherine.
— Vocês têm muito que conversar. Não se preocupem comigo. Estarei por ai, fingindo que estou observando vocês, mas longe o suficiente para não ouvi-los. – ela se virou para sair, mas retornou – Lutem pela felicidade de vocês, independente de estarem juntos ou não... Lutem pela felicidade. – então ela partiu. Anthony se virou para Lucy e a abraçou bem forte. Ele era bem mais alto que ela, de modo que quando a alinhou em seu peito, repousou seu queixo no alto da cabeça dela.
— Você está gelada – disse beijando a testa dela e a apertando ainda mais nos seus braços. – e tremendo.
— Vai ficar tudo bem.
— Vai sim.
— O que vamos fazer Anthony? Meu pai te desafiou em um duelo. Eu estou com medo.
— Fique tranquila. Não tenho a menor pretensão de duelar com ele. – ela se soltou de seu abraço e olhou para ele.
— Então vai se casar comigo?
— Não vou força-la a nada. Se você não quiser, não se sinta na obrigação. Darei um jeito. Ser duque deve servir pra alguma coisa.
— Um casamento por amor... – Lucy refletiu.
— É como tem que ser. Eu sinto muito. Fui muito descuidado.
— Com o que?
— Você sabe... nosso beijo.
— Tá se desculpando por ter me beijado? – Anthony viu a dor em seus olhos – Você se arrepende?
— Não! De forma alguma. Como eu disse, há muito tempo eu ansiava por isso. Mas eu devia ter verificado se havia alguém por perto. Por sorte foram nossos pais.
— Sorte?
— Se fosse qualquer outro, daria um escândalo. Tenho certeza que nos matariam.
— Sua mãe lidou bem com a situação.
— Graças a Deus ela é bem mais sensata que meu pai.
Um silêncio se instalou. A verdade, Lucy pensou, é que assim como ela, Anthony estaria procurando uma alternativa de fugir de um casamento por obrigação, sem ter que ir a um duelo com seu pai. Ela gostaria de ter uma resposta, de saber como agir. Olhou para as mãos que ainda estavam entrelaçadas com as de Anthony e de repente não quis mais saber a resposta. Não seria um casamento por obrigação, pelo menos não pra ela. Ela respirou fundo e puxou Anthony de volta para o banco onde há pouco se beijaram. Não estava cansada, só tinha que fazer alguma coisa. Talvez resgatar um pouco dos instantes mágicos que teve naquele mesmo banco uns minutos atrás.
— Lucy, eu... – Anthony parou e engoliu seco.
— Você?
— Preciso conversar com você.
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