Whatever It Takes escrita por Dark Sweet


Capítulo 20
Jantar




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Theo estava dormindo quando retornamos para a Terra. O que me fez soltar um suspiro de alívio, pois eu teria até o dia seguinte para escolher as palavras certas para a conversa que teria com ele.

O clima não estava nada bom, como era de se esperar.

Parecia que tínhamos levado outra surra do Thanos, como aconteceu há três semanas. E, bem, basicamente foi isso que aconteceu. A berinjela tinha nos vencido, de novo.

Pepper tinha nos recebido. Aparentemente Tony ainda estava sofrendo os efeitos do sedativo e permanecia dormindo. Ela disse que tinha comida na geladeira, bastava esquentar, mas ninguém estava no clima nem mesmo para isso. Menos eu, claro.

Não tinha clima ruim que me fizesse parar de comer.

—Melinda? — observei Pepper entrar na cozinha e se aproximar da mesa, sentando-se a minha frente.

—Oi, Peps. — disse após ingerir um pedaço do pão com pasta de amendoim. — Aconteceu alguma coisa? —

—Tinha janta na geladeira era só... —

—Ah, eu sei. Eu já comi, mas continuei com fome e resolvi fazer mais um lanchinho. — expliquei. — Eu fiz mais de um, você quer? — empurrei o prato com os sanduíches em sua direção.

—É, você fez mais de um mesmo. — disse, encarando a pilha com 5 sanduíches. — Eu não estou com fome, obrigada. Na verdade, eu vim ver como você estava. —

—Ah, estou bem. Arrasada por não ter as joias e não poder trazer todos de volta, mas um pouco feliz por ter conseguido socar a cara daquela beterraba antes do Thor ter arrancado a cabeça dele. — dei de ombros. — Não vou negar que é satisfatório saber que ele não poderá estragar nossos planos quando formos tentar de novo, sabe? —

—Então você ainda acha que tem como trazer todos de volta? — Pepper indagou, pegando um guardanapo e começando a dobrar o papel.

—Sim, a gente só não sabe como ainda. — dei uma mordida no meu sanduíche, deixando meus ombros caírem. — Na real, essa linha tênue de esperança que restou em mim só se mantém de pé por causa do Theo, mas daqui uns dias, talvez semanas, ela irá se desfazer enquanto eu tenho uma recaída. —

—Sabe que se precisar... — sorri, a interrompendo.

—Eu sei, Peps. — peguei meu copo de suco, bebendo um generoso gole. — Então, quando e como pretende contar ao Toninho a novidade? — observei um sorriso pequeno nascer em seus lábios.

—Eu não sei. Provavelmente contarei amanhã para tentar amenizar o clima de... —

—Fracosso e derrota total. — completei.

—É, mas acho que será da maneira mais simples possível. Não estou com cabeça para pensar numa forma criativa para contar que estou grávida. — ela dobrou mais um pedaço do guardanapo e só notei agora que ela estava fazendo um origami.

—Você me contou que ele sonhou que vocês tinham um filho antes do mago aparecer e jogar aquela bomba no colo de vocês. — disse, pegando mais um sanduíche do prato. — Então tenta algo do tipo: "hey, Tony. Lembra de quando você sonhou que tínhamos um filho e eu disse que você estava redondamente enganado? Então, vim te dizer que eu não conhecia meu próprio corpo e só soube da novidade quando a Melinda estava me caçando para saber se eu tinha virado pó ou não. É isso, querido, nós iremos ter um bebê e não é uma alpaca" — Pepper soltou uma risada.

—Por que uma alpaca? —

—Theo estava pesquisando sobre alguns animais outro dia e ele estava vendo a diferença entre uma lhama e uma alpaca. — respondi, comendo um pedaço do sanduíche. — Seria legal e nada convencional ter uma alpaca. Poderia substituir um cachorro, caso vocês pensassem em ter um. —

—Não iremos ter uma alpaca e nem um cachorro, Melinda. — falou, sorrindo. — E definitivamente não irei contar ao Tony desse jeito. —

—Você quem estará perdendo, porque se fosse eu no seu lugar, contaria a ele desse jeito. — sorri.

—Contar o que? —

Pepper e eu viramos de supetão na direção da porta da cozinha, encontrando um Tony ainda com o roupão de mais cedo em pé, parado enquanto nos encarava.

—Minha deixa. — falei, largando o sanduíche no prato com os outros quatro e pegando o copo de suco ao mesmo tempo que pegava o prato. — Boa noite, casal. — comecei a caminhar.

—Adorei o pijama, pirralha. —

—O Garfield agradece. — sorri, desaparecendo no corredor.

Subi as escadas e parei em frente ao meu quarto, cogitando a ideia de dormir no quarto de Theo. Seria melhor para ele acordar e ver que eu já tinha retornado.

Terminei de comer, deixando o prato e o copo em cima da banquinha e me deitei ao lado de Theo que dormia tranquilamente. Sorri, acariciando seu rostinho com a expressão serena e fechei meus olhos, deixando o sono tormar conta de mim.

***

Eu acordei com a sensação de estar sendo observada. Ao abrir meus olhos vi que estava certa.

Estava sendo observada por uma criaturinha de 3 anos que estava deitado ao meu ainda com remela no canto dos olhos castanhos esverdeados. Sorri, esfregando meus olhos e me espreguiçando.

—Bom dia, papito. — o encarei.

—Bom dia, tia. — levei minha mão até seu rosto, passando meu polegar no canto do seu olho direito, o limpando.

—Pronto. Bem melhor. —

O garotinho pressionou os lábios antes de questionar sem rodeios:

—Não deu certo, não é? —

—Não. Eu sinto muito, pequeno. —

—Está tudo bem, tia. — neguei, sentando na cama e observando ele fazer o mesmo.

—Não está tudo bem, Theo. Não era para eu estar tendo esse tipo de conversa com você, porque não era para você estar passando por esse tipo de situação. Nem você e nem ninguém. — falei, passando a mão pelo rosto. — E eu me odeio por isso, porque se eu tivesse tomado mais cuidado com aquele alienígena que enfiou a lâmina na minha perna e evitado que isso acontecesse, talvez eu tivesse conseguido segurar a berinjela por tempo suficiente para o Thor... —

—Tia. — Theo me interrompeu, ficando de joelhos na cama e segurando meu rosto entre suas mãos. — Está tudo bem. Sério. — ele falou baixinho. — O papai me ensinou que era bom saber perder também e... eu ainda tenho você, não é? — tombou a cabeça para o lado, sorrindo. — E você disse que se dessa vez não desse certo, íamos encontrar outra forma, não foi? Ou você estava mentindo? —

—Não, papito. Eu estava falando sério. — garanti. — Algo dentro de mim me diz que tem outro jeito, mas eu só não sei como. —

—Então a gente vai encontrar juntos, está bem? —

Soltei uma risada com a sensatez desse garoto. Uma criança estava conseguindo ser mais sensato e compreensível que eu mesma, uma mulher adulta já de 21 anos.

—Mas você vai ter que me ajudar, ok? Não podemos parar nossas vidas por causa disso, entende? Quando suas aulas voltarem, você terá que me ajudar a fazer as coisas do jeito certo. Como por exemplo te ajudar nas atividades para casa, preparar seu lanche e te levar no horário certo. —

—Eu tenho que voltar para a escola mesmo? —

—Mas é óbvio. Se eu não te levasse para a escola os outros Vingadores me comeriam com farofa, assim como seus pais. — Theo bufou, jogando o corpo para trás e caindo deitado na cama.

—Está bem. — resmungou. — Mas você vai me ensinar a lutar, né? Você prometeu. —

Respirei fundo, lembrando da façanha de Theo alguns dias atrás.

—Eu sei, eu sei. Nada de objetos pontiagudos até seus 5 anos, vai ser apenas luta corporal. —

—Três anos e meio. — contrapôs. Arqueei a sobrancelha.

—Não venha querer me enrolar, mocinho. Daqui uns meses você faz 4 anos ou você acha que eu não sei? — coloquei as mãos na cintura. — Cinco anos e não se fala mais nisso. —

—Nada de objetos pontiagudos até eu conseguir fazer uma pegadinha com você. — falou com um sorriso ambicioso que me fez semicerrar os olhos na direção dele.

—Sem a ajuda de ninguém? — sondei.

—Sim! E se eu conseguir você vai pintar o cabelo de verde. — ele se ajoelhou na cama novamente, fazendo-me soltar uma risada.

—Só metade do cabelo. — coloquei.

—Mas o resto vai ter que continuar com o azul. — abri a boca incrédula.

—Quem te ensinou a negociar desse jeito? —

—Você. — soltou uma risada. — Feito? — estendeu a mão na minha direção.

—Se você não conseguir essa façanha até seus 6 anos, você vai ter que me dá sua sobremesa por três meses inteiros. — blefei.

—Tudo isso? E você disse 5 anos! — reclamou, puxando a mão de volta.

—Você impôs suas regras e eu as minhas. — sorri, estendendo minha mão. — É pegar ou largar, papito. —

—Está bem. Eu vou ganhar mesmo. — ele sorriu, dando de ombros enquanto apertava minha mão.

—É o que veremos. Agora anda. Vai tomar banho que eu vou preparar o café. —

***

A notícia da gravidez da Pepper já tinha se espalhado e combinamos de fazer um jantar de comemoração. Todos tinham concordado de deixar os problemas e o sentimento de derrota de lado só por hoje. Afinal, uma criança vindo ao mundo sempre era motivo de comemoração, palavras do Steve.

Theo ficou feliz em saber que tem uma criança a caminho para ele brincar. Isso me fez pensar que devia ser solitário para ele viver numa casa apenas com adultos, mesmo esses adultos sendo super heróis muitos legais e que não se importam em interpretar um personagem qualquer para entrar nas brincadeiras.

O clima entre Tony e Steve continuava tenso, mas ninguém falou nada. Acho que seria pedir demais que eles resolvessem os rolos agora, de uma hora para outra. No entanto, o Capitão desejou felicitações aos novos papais. Happy estava a caminho para participar do jantar também.

A propósito, eu e Rhodes tínhamos preparado o jantar e a sobremesa tinha ficado por conta de Natasha. Steve, Bruce e Thor arrumaram a mesa e quando tudo ficou pronto fomos todos nos arrumar.

Theo disse que já estava grande o suficiente para se arrumar sozinho e não fui eu quem discordou. Fui para meu quarto, tomei um banho e vesti uma saia jeans solta cintura alta, uma regata preta justa e uma jaqueta jeans. Calcei um vans preto, optei por uma maquiagem apenas de batom claro e rímel e deixei meu cabelo solto.

Sai do quarto indo até o de Theo e o encontrando já arrumado. Ele usava uma bermuda branca, uma camisa social azul de manga 3/4 e calçava um sapatênis também branco.

—Uau. Quem é esse gatinho aí? — sorri, me aproximando dele.

—Você gostou, mama? — indagou, dando uma volta. — Eu tinha escolhido uma camisa branca, mas a tia Carol passou pelo quarto e disse que a azul combinava mais comigo. —

—E ela acertou em cheio. — disse, tirando alguns fios de cabelo de seu rosto. — Vamos cortar esse cabelo qualquer dia? —

—Eu estava querendo deixar ele crescer. —

—Sério? —

—Uhum. Quero ver se fica legal. —

—Tudo bem, então. Já está todo pronto mesmo? Podemos ir? —

Theo assentiu, segurando minha mão e começando a caminhar para fora do quarto em direção a sala de jantar.

E ocorreu tudo bem.

Tínhamos conseguido deixar os problemas de lado pelo resto da noite. Rimos, comemos, bebemos, contamos histórias uns dos outros. Todos estávamos relativamente bem naquela noite, mas mal sabíamos que aquela seria uma das poucas noites que estaríamos todos juntos pelos anos que se seguiram.


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