Um amor de contrato escrita por Andye


Capítulo 1
A mudança


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!! Bem-vindos de volta! Espero que esse período de alguns capítulos a serem postados seja muito legal para nós! Um excelente fim de domingo e uma semana maravilhosa a tod@s!



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Havia sete anos que a vida de Hermione Jean Granger não era mais simples e tranquila. A jovem, conhecida por sua inteligência excepcional, fora arrancada de seus projetos por um rompante delirante no auge de seus 23 anos, quando estava prestes a terminar seus estudos na Universidade Local de Literatura.

Seu sonho: tornar-se escritora de romances, mas como sabia que aquilo era um sonho muito alto e complicado para almejar, contentava-se em nutrir o desejo de ser revisora em uma grande editora publicadora de livros. Aquele era, sem dúvidas, o emprego ideal para uma pessoa viciada em leitura como a jovem.

Mas nada seguiu como ela planejou. O jovem e belo Córmaco Mclaggen, cheio de encantos e promessas, conseguiu ludibriar a jovem ao máximo. Ela, perdidamente apaixonada e deslumbrada por viver um romance daqueles que ela só conhecia dos livros, se entregou até o limite em seu amor, ou o que achava que era amor.

Às portas de concluir o curso, faltando pouco mais de quatro meses, Hermione, ao entrar no quarto em que o namorado residia na universidade, viu seu príncipe encantado tornando-se um sapo diante dos seus olhos enquanto beijava com ferocidade uma moça loira qualquer, uma que ela não recordava o nome, mas sabia que fazia coleção de ficantes.

Não que Hermione condenasse a atitude. Pelo contrário. Tinha admiração pela moça ser tão desinibida e despreocupada, afinal, as mulheres têm o direito de fazerem o que bem entenderem, embora não tivesse coragem para se aventurar daquela forma. 

Todavia, ver o seu, até então, namorado entrar para a lista da ousada jovem não era o que ela imaginava para o seu futuro, afinal, não negava que já planejava em seus sonhos de princesa o casamento perfeito com Córmaco. Aparentemente, tudo seria apenas sonho. Ele, sequer, tentou impedir que ela o agredisse, que o xingasse... não revidou quando ela terminou e não a procurou quando ela saiu do quarto para nunca mais.

É... Foi um sonho. Porém, as marcas ficariam para sempre.

— Mione, você tá tão estranha... – Gina comentou sem maldade, mas Harry revidou.

— Ela terminou faz uns 15 dias, Gina. O que você queria? Que ela estivesse soltando fogos de artifício e dançando lambada por aí?

— Você é bem grosso quando quer, sabia? — a jovem reclamou irritada — Espero que você não trate seus clientes com essa delicadeza ou não vai ter muito futuro como advogado. Eu mesma, jamais te contrataria.

— Pode não contratar como advogado, mas já contratou como seu companheiro para a vida toda — Hermione falou levemente divertida e os dois a encararam.

— Você é tão romântica que dói — a moça falou — O Harry que tem sorte de me ter como namorada. Jamais que ele conseguiria outra como eu por aí.

— Não discordo — Hermione olhou para a amiga e sorriu — Mas por que acha que estou estranha?

— Sei lá... Olho pra você e meu sexto sentido fica me cutucando, dizendo que tem alguma coisa errada.

— Não deve ser nada, não se preocupa — a outra tranquilizou — Deve ser a aproximação do fim. Logo iremos nos distanciar... Acho que é normal ter essa sensação.

Mas não era uma simples sensação, era uma previsão. E Hermione se lembrou dessa conversa enquanto organizava as contas do mês. Apartamento, transporte e escola de Rose, pediatra, cesta básica, água, luz, internet e telefone.

Os dedos trabalhavam freneticamente na calculadora tentando fechar entradas e despesas positivamente, mas, como sempre, as despesas estavam sobressaindo, mesmo com a ajuda secreta do pai.

Não tinha jeito. Era dolorido, mas precisaria tirar a filha das aulas de judô que fazia na escola. Suspirou enquanto pensava que as coisas não eram fáceis para as duas, e a menina, em seus bem vividos seis anos, já tinha uma boa noção do que significava “trocas” e a importância de escolher o que realmente é necessário. 

Dessa vez seria o judô. Meses atrás havia sido a natação. Sabia que ela iria espernear, era típico da personalidade forte que fora herdada dos Granger e Rose, muito mais do que ela, não negava a avó que tinha. A diferença era que Rose demonstrava amor. A avó nunca se deu ao trabalho de conhecer a neta. 

— Como você pode ser tão estúpida, Hermione? — ouviu sua mãe praticamente gritar quando chegou em casa. A barriga levemente saltada indicava uma gestação de aproximadamente três meses — Eu paguei aquela universidade para que minha filha se formasse, voltasse para casa com um diploma, uma profissão. Não com uma criança.

— Querida...

— Não tente defender a sua filha, Jonathan — a mulher esbravejou — Não há nada que você possa dizer para mudar essa situação. E você — continuou se virando para a jovem — Vou marcar uma consulta para você amanhã mesmo. Você não vai ter essa criança.

— Mamãe...

— Isabel...

— Não há nada o que conversar. Não há argumentos, Hermione — a mulher falou se aproximando do telefone na sala — Essa é a solução lógica. Um filho, sem ter emprego, de um homem qualquer... Que decepção, Hermione... Que decepção.

— Eu não vou tirar o meu bebê, mamãe.

Hermione reuniu toda a força que havia dentro dela para verbalizar aquelas palavras. Sabia que era difícil lutar contra Isabel Mary Granger. Sabia que ir contra as vontades da mulher resultava em dores de cabeça duradouras. E sabia ainda mais que estava comprando uma briga da qual ela seria a perdedora.

— O que você disse, garota estúpida? — a senhora perguntou em um tom firme e contrariado.

— Não vou fazer um aborto. Eu quero ter o meu bebê.

— Que estupidez é essa, menina?

— Isabel...

— Você está ouvindo isso, Jonathan? Está ouvindo o que a idiota da sua filha está falando?

— Não precisa falar assim, querida. Vamos conversar e nos entendermos melhor. Sei que encontraremos uma solução...

— Que solução vamos encontrar, Jonathan? Sua filha quer ter o filho de um vagabundo qualquer que ela conheceu. Ela quer destruir a vida tendo uma criança para carregar nas costas pelo resto da vida...

— Eu destruí a sua vida, mamãe? — Hermione perguntou ofendida.

— É claro que não, garota! — a senhora respondeu com altivez — Não destruiu a minha vida porque seu pai e eu planejamos o momento certo para termos você. Nós te aceitamos com carinho e você nos dá esse desgosto...

— Mas eu aceito o meu bebê com carinho. Pode não ter sido o momento certo, mas eu quero e vou ter o meu bebê.

— E como vai fazer? Como vai cuidar de uma criança, trabalhar, se sustentar?

— Não sei...

— Está pensando que vou abrir os meus braços para essa criança e cuidar dela enquanto você trabalha?

— Jamais esperaria isso da senhora... Não sei como tudo vai ser, mas darei um jeito...

— Pois dê o seu jeito bem longe de mim...

— Isabel...

— Não quero saber de você nem dessa criança. Você tem 24h para sair da minha casa.

— E eu vou pra onde, mamãe? — o desespero tomou conta da jovem.

— Não sei... Você disse que daria um jeito.

— Papai...

— Essa casa ainda é minha e eu mando nela — a senhora continuou — Se não vai terminar com isso, então continue longe dos meus olhos...

Hermione lia atentamente os classificados do dia. As aulas de reforço não iriam manter as duas por muito mais tempo. Precisava de algo mais, de um emprego certo que lhe garantisse um salário digno, mas tudo era mais complicado quando se tinha um filho.

Ela desviou o olhar para a menina dormindo sobre a enorme cama que dividiam desde o seu nascimento. Queria poder fazer mais por ela, dar mais para a pequena, mas agradecia o pouco que tinha e os amigos sinceros que encontrou durante o curso. 

Gina e Harry não eram casados, mas decidiram morar juntos logo após a formatura e continuavam juntos. Eram o tipo de casal perfeito porque o que faltava em um, o outro tinha.

O pequeno espaço que dividia com a filha foi conseguido graças aos amigos. Gina, que na época já tinha uma boa reputação no ramo imobiliário, formalizou as referências da amiga e conseguiu alugar uma kitnet em uma área próxima ao centro com um baixo custo. Foi ela também quem conseguiu grande parte do enxoval de Rose com uma colega de trabalho que estava doando as roupinhas da sua filha por não mais servirem.

Harry, pouco depois, conseguiu, com um amigo e cliente, alguns móveis aos quais ele estava se desfazendo. Alegando que era para uma amiga que estava precisando naquele momento, conseguiu arrematar tudo por um preço bem abaixo do comercial, afinal, como ele disse “Meu cliente é ranzinza, mas tem bom coração”. Assim, o rapaz colocou uma cama de casal - que quase não coube - com colchão, uma mesa e duas poltronas no espaço.

Dessa forma, com a ajuda dos dois e com as aulas de reforço que ela começou a ministrar, antes que a filha nascesse já tinha um fogão, uma geladeira, móveis e muito amor.

Olhou o celular que havia vibrado e leu a mensagem do pai; permaneciam se encontrando anonimamente, porém sabiam que a senhora Isabel estava ciente, mas não queria se envolver.

Acabei de depositar uma quantia para vocês. Não reclame. Não vou deixar de ajudar como puder. Espero que sirva de alguma forma. Como vai a Rose? Faz tempo que não me manda fotos. Vamos marcar uma fugida e nos vermos? Mande notícias que estou com saudades. Papai!

Era complicado, ela não negava. Às vezes as forças minguavam e ela tinha vontade de desistir de tudo, de jogar tudo para o alto e mudar de vida, viver de outra forma. Vislumbrava o sonho de ser revisora, o melhor salário que ela poderia ter, mas continuava ali, sentada diante dos classificados com sua caneta vermelha, circulando vagas em escolas infantis, berçários, reforços e qualquer coisa do tipo que lhe rendesse um dinheiro extra.

Tudo parecia melhorar quando ela via o sorriso de Rose. Tudo mudava de cor e se tornava mais colorido e perfumado quando a pequena lhe oferecia seus abraços e beijos. Tudo voltava a fazer sentido quando escutava o “eu te amo, mamãe” que a pequena falava desde que aprendera a administrar as palavras.

Olhando para Rose, deitada em seu tão profundo sono, pensou se, talvez, a menina estaria sonhando mais uma vez que sobrevoava a cidade ou se estava morando naquela casa enorme que mais parecia um castelo, com cavalos e pôneis, cachorros, gatos e mais uma infinidade de animais, o lugar onde tudo era tão grande e bonito que não dava vontade de acordar.

Queria realizar os sonhos da filha. Queria ser capaz de mantê-la sempre bem e protegida, ser capaz de lhe oferecer tudo e mais um pouco. Mas as coisas nem sempre eram como ela queria e, por vezes, ela pensava nas palavras ditas pela mãe anos atrás. 

Ela estava certa ao dizer que tudo seria difícil, que ela iria se cansar de trabalhar e nunca conseguiria nada bom, de fato. Ela só errou em um ponto: Hermione jamais se arrependeu de ter sua pequena rosa. Era por Rose que ela se mantinha firme e era por Rose que ela seria capaz de fazer o que fosse preciso. 


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Notas finais do capítulo

E ai? Curtiu? Não curtiu? Independentemente, deixa teu review!!! Até domingo.



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